ANO DE 1950
Pobreza - É pobre quem tem falta de alimento, de agasalho, de habitação. Essa é a pobreza total. Mas, também, são pobres outras pessoas, que embora ricas ou pertencentes a famílias abastadas, sofrem angustiantes necessidades: faltam-lhes os carinhos dos parentes a amigos; é escassa a harmonia no seu lar; minguam-lhes a saúde e a resistência física; fracassam-lhes os sonhos e os planos que tanta felicidade os fizeram antever; as contrariedades se sobrepõem aos seus desejos de bem-estar; e choram! (3-5-50)
Esmola - Os ricos dando bastante, dão pouco, porque despendem uma parcela ínfima do muito que lhes sobra; os pobres dando alguma coisa, dão muito, porque desfalcam os meios de adquirir coisas que muito lhes faltam. Portanto, enquanto os ricos assim procedendo cumprem um dever sagrado, os pobres praticam um ato digno dos maiores louvores. Relativamente dão mais esmolas os que não tem posses para fazê-lo, do que os que, sendo abastados, tem o dever precípuo de praticar a caridade. (5-5-50)
Os maiores bens que uma criatura humana pode possuir na vida são: a honra e a saúde, ambas aureoladas pela coragem, pela força e pela justiça. Com a primeira merecerá a estima dos bons e com a segunda conquistará o respeito dos mesmos. (6-6-50)
Tudo na vida é como um sonho! Noutro dia, em minhas andanças, visitando o nosso cemitério, deparei num túmulo aberto com os restos de um esqueleto e lendo a inscrição na lápide deslocada verifiquei que a pessoa havia falecido antes do meu nascimento. E pensei: essa criatura viveu? Sentiu? Sonhou? Amou? Sofreu? Compreendeu? Que resta de sua existência? Sei apenas que na tumba constava um nome e dentro dela restavam ossos que pertenceram a alguém...A vida é assim para todos. Um sonho que termina no pó dos nossos ossos desfeitos pelo tempo... Deixemos pois a vida correr a vontade do Criador Todo Poderoso, e enquanto vivermos façamos todos os bens possíveis, nos conformemos com os males que nos ferirem. Dos bens terrenos que nos fiquem, enquanto vivermos, a saúde do corpo e do espírito e uma fé em Deus, para que, trabalhando ganhemos mais para os nossos do que para nós, o pão de cada dia, com coragem, altruísmo e honestidade (13-11-50)
Que nos instantes derradeiros da vida, sentindo-nos menos ricos que alguns de nossos amigos ou contemporâneos, possamos nos recordar de havermos colaborado em favor de idéias elevadas e havermos trabalhado, sem vaidade, pelo bem da coletividade. (24-11-50)