ANO DE 1959

Aos fracos e humildes, nossa bondade e nosso apoio. Aos maldosos e falsos, nossa justiça e nossa punição.(28-5-59)

Existem três tipos de negócios:
a) Conversado, que pode não ser concluído;
b) Tratado, que deve ser cumprido;
c) Contratado, que precisa, por força de lei ou da honra, ser levado a bom termo, sob pena de profundas complicações para as partes. (14-6-59)

O mentiroso e velhaco são piores que os ladrões e assassinos. Estes podem ter-se tornado criminosos por necessidade ou em momentos de desequilíbrio mental. Mas o mentiroso, quando oculta faltas, será capaz de roubar ou de matar e esconder-se depois sob o manto vistoso da hipocrisia. Existem, porém, pequenas e piedosas mentiras, como as dos médicos, dos amigos, das mães, dos filhos, etc., que evitam transmitir notícias angustiantes... Há ainda os que são vítimas de pequenas falhas e, envergonhando-se, guardam silêncio... Serão capazes de chorar de arrependimento...Em nome da nobreza de espírito, merecem perdão! Mas, o mentiroso contumaz, relapso, trapaceiro, desse livrai-nos Deus! (14-6-59)

Meditação sobre o erro. Quem comete um erro pela segunda vez é reincidente, pela terceira vez é relapso e digno de lástima ou até severa punição, conforme o caso. O estudante por três vezes reprovado é posto fora da escola com um diploma de "jubilado". Em três lances se encerra um leilão. Geralmente ao terceiro sinal são determinadas as largadas nas provas esportivas. Enfim diz o provérbio: "Errar é humano e preservar no erro é demoníaco". Se o próprio Jesus disse "afastai-vos de mim, malditos para o fogo eterno" aos incorrigíveis e maus, que preferiram morrer em pecado mortal, surdos às maravilhas da virtude, da bondade e da justiça, que diríamos nós, pobres mortais, dos que, teimosos, insistem em errar reiteradas vezes, causando preocupação aos seus familiares e amigos? ( 26-6-59)

Tudo obedece a um controle permanente. Ao iniciar-se um novo dia, após o repouso noturno, nossas primeiras idéias sofrem o controle das convenções sociais. Depois, desde o vestuário à primeira alimentação, dos primeiros atos às grandes resoluções, tudo obedece a um controle adequado.Assim, a sociedade conjugal, comercial, social, a vida do indivíduo, o funcionamento das máquinas e aparelhos, a existência de todas as coisas ficam sob um regime adequado e que não cerceia as preferências que, de direito, devem ser desfrutadas pelos nossos semelhantes.Quebrado o necessário controle, surgem os defeitos, a decadência, o desastre, salvo se a tempo, tudo for reconduzido à normalidade tradicional. (20-6-59)

O Direito é absoluto--- a lei o garante; o Dever é relativo ---nem sempre a lei o exige com toda clareza. O "dever moral", "social", "doméstico", e outros deveres são comumente desrespeitados, sem nenhuma punição para os faltosos, em face das circunstâncias que cercam os acontecimentos... Muitas vezes temos o dever de agir, mas o direito não nos ampara. Assim ocorre com o criminoso que havendo ferido sua vítima, resolve, arrependido socorre-la, não tem o direito de faze-lo, pois ninguém acreditará em suas intenções... O socorro deve, de preferência, ser confiado a quem tem inclusive o direito de assistir ao ferido. Na permanência de um cargo eletivo temos, além do dever, o direito de irmos até o final do mandato. "Quem não defende seus direitos, não defende sua honra, sua própria vida", diz o velho provérbio. O Direito aliado ao Dever é poderoso. O Dever aliado ao direito é heróico. O direito aparece quando somos ameaçados; o dever é necessário quando a desventura atinge alguém. (24-6-59)

Pouco caso -É uma deslealdade e uma falta de consideração porque ocorre necessariamente entre pessoas amigas. Do contrário, não seria "pouco caso". Se ocorrer entre fornecedor e cliente, entre patrão e empregado, entre jovens enamorados, entre aluno e professor, entre homens de negócio - tudo se resolve com rompimentos ou aplicação de represálias... Mas entre familiares, sócios, amigos a situação é grave e as conseqüências avolumando-se qual bola de neve, rolando montanha abaixo, poderá produzir males incríveis e insanáveis.(24-6-59 )

Pena de Morte - A justiça não pode, a princípio, perdoar os criminosos. Seu funcionamento há de ser como o de um filtro, que, deixando passar a pureza, separará a maldade. Se os maus obtivessem livramento acabariam desestimulando, pervertendo ou exterminando os bons. Mas nada de pena de morte! "É uma vingança estúpida praticada em nome da justiça", cuja missão, em verdade, é absolver ou condenar, sem matar ninguém. E perguntamos: será a morte uma condenação? Não seria, para o criminoso, o fim de seus sofrimentos e (...) , em prisão perpétua, mas vivo. Morto, talvez, seja esquecido mais depressa, perdendo-se, inclusive, para sempre, a possibilidade de faze-lo arrepender-se e "trazer aos Céus mais alegrias pela sua conversão do que a perseverança de 99 justos". Portanto, criminosos verdadeiros são ( ou serão considerados em futuro próximo) os juízes, os sábios, os doutores da lei que demorada e meticulosamente deliberaram interromper a vida de um semelhante - criatura de Deus! Não! A justiça que sacrificou Jesus, Joana D'Arc, Tiradentes, não era no seu tempo "justiça"!? Não! Neste século XX, em que o homem revelou tanta inteligência, inventando, criando, descobrindo e aperfeiçoando prodigiosas maravilhas em benefício da humanidade, e chega agora ao supremo interesse de sondar se existe vida em outro planeta, não poderia, esse mesmo homem querer, aqui na terra, voluntariamente, matar o seu irmão! ( 16-7-59)

A ser mau padre, médico charlatão, conselheiro perverso, é preferível ao homem ser simples enxadeiro ou vagabundo. Pelo menos, percebendo humilde salário ou passando fome, não desgraçará vidas alheias. ( 16-7-59)

Perguntas e Repostas - I)Alguém perguntou a um cientista japonês como seria a 3ª Guerra Mundial e obteve a seguinte resposta: "Não sei! Mas posso assegurar que a 4ª seria a paus e pedras, como tempo dos homens primitivos..." II)Respondendo porque era contra a implantação da pena de morte no Brasil, disse D. Herber: "Porque aqui só seriam executados os condenados pobres".

A modéstia não deve ocultar a verdade necessária. (4-8-59)

A punição ao criminoso, embora corporal - perda da liberdade, etc. - deveria ter como objetivo primordial fazer chegar-lhe à alma a convicção de que "o crime não compensa". Só o irracional deve ser chicoteado, quando conduzido ou amestrado; mesmo assim há de se tentar a persuasão por palavras ou gestos. Por isso não compreendemos como pode a criatura humana ser vítima da pena de morte. ( 20-8-59)

Decadências causadas pelo progresso:
Cinema em vem de Teatro;
Fotografia em vez de Pintura;
Vitrola em vez de Orquestra;
Moldagem em vez de Escultura. ( 20-8-59)

Como as cicatrizes do corpo recordam sempre as lesões que as causaram, as cicatrizes da alma - visíveis aos olhos da consciência - não nos deixam esquecer as afrontas recebidas. Embora tenhamos perdoado, continuará em nossa recordação o vestígio-cicatriz do fato ( 10-9-59)

A perseverança é o mesmo que a teimosia no bem, a teimosia igualmente a perseverança no mal. ( 15-10-59)

A religião pode ser comparada a uma grande firma internacional, com agências, filiais, sucursais, representantes em todas as praças. O seu poder está na pujança dos ramais partidos do grande tronco - o Vaticano. É uma força poderosa, como as grandes organizações comerciais com a diferença que a Religião "vende" fé, esperança e caridade! ( 20-12-59)