ANO DE 1968

Como é bom!

Ser bom,

Ser justo, 

Ser honesto

E sincero.

Ser pontual,

Ser cordial,

Ser meigo

E tolerante.

Ser austero,

Ser forte,

Ser destemido

E nobre.

Ser bem visto,

Ser saudado,

Ser lembrado

E feliz! ( 13-1-68)

felicidade, como fruto de nossas próprias ações é, em suma, uma criação nossa, e assim uma situação por nós almejada ou prevista, que vimos nascer, crescer, adquirir perfil, forma e enfim existir em sua plenitude. Um dia poderá, entretanto, afastar-se de nós, por nossa culpa ou omissão, ou ainda, por culpa ou omissão de quem, conosco,ajudou a construir esse “sentimento de felicidade”. Mas, como o Filho Pródigo da Bíblia ( que não cometera nenhuma falta grave) tal felicidade deverá um dia voltar e aí então, em vez de zangas, justo será demonstrarmos grande e verdadeiro contentamento, indo até às lágrimas, reflexo de santas alegrias, usufruídas por aqueles cuja ventura esteve extraviada por algum tempo e depois foi re-encontrada. ( 14-1-68)

Nada levamos desta vida, além da boa ou má história daquilo que deixamos. ( 15-1-68)

Ninguém alivia as próprias dores, criando ou aumentando as dores alheias. Quanto muito poderia ter, depois, motivos para comparação e consolações... Mas, e o remorso não é uma dor enorme? E se o mal alheio por nós causado estiver magoando parentese amigos sinceros, não estaremos nós também, reflexivamente, sendo atingidos? Isso porque tais criaturas seriam, quando em boa situação, as primeiras com deveres de nos socorrer. Vem, a propósito, aqueles versos de poeta anônimo: “Paga com todo o bem que puderdes, todo o mal que não farias”. ( 26-1-68)

Quando duas pessoas divergem e discutem sobre um caso verídico e lógico, de tal evidência que qualquer humilde testemunha diria tratar-se de “ponto pacífico”, então uma dessas duas pessoas começou a caducar e a outra é muito burra, por manter a teima. ( 29-1-68)

Duas explicações para o caso de pessoas que se tornaram ricas nos negócios: ou trabalharam bem ( isto é, tiveram espírito de observação, pontualidade, honestidade, horário, controle, apoio financeiro, economia, organização) ou tiveram sorte ( ou seja, compraram por acaso, “no escuro”, mercadorias ou coisas cuja procura, por fatores os mais diversos e imprevisíveis,as valorizou muito). Sendo assim, o melhor é confiar na primeira hipótese, certo que a segunda sendo fruto da “sorte ingrata” pode um dia voltar-se contra nós... ( 3-2-68)

homem não deve deixar de importar-se com o valor das “pequenas coisas” pois, que, muitas vezes, um humilde botão pode manter-lhe alinhada a camisa ou evitar que lhe caiam as calças.

( 6-2-68)

Diante do horror que se constata vendo e lendo jornais e revistas que trazem notícias da guerra no Vietnã, qualquer pobre mortal chega a fazer conjeturas assim: --- Estará certo o Governo Americano em continuar intervindo nessa luta horripilante no extremo asiático? Pergunta-se, por que lá estão morrendo centenas e centenas de pobres jovens “yankees” e milhares e milhares de miseráveis, civis e militares, filhos de ambos os malogrados vietnamitas... Em primeiro lugar, errados estão todos os participantes e incentivadores da luta, por falta de solidariedade humana! E, quem sabe, pensando conciliatoriamente, estariam menos errados os americanos se desistissem e sua intervenção e apressassem, desse modo, o fim dessa guerra desumana e cruel. De certo, depois disso, aqueles povos --- que são da mesma raça --- viveriam em paz, mesmo que, no início, houvessem vencidos e vencedores... Mas como ninguém lucra com a prática do mal logo os vitoriosos compreenderiam que, para bem governar, é necessário tratar com dignidade humana os governados. Mesmo que o recuo dos Estados Unidos propiciasse, no mundo, um avanço da ideologia comunista... Paciência! O horror que se verifica no Vietnã está invadindo a área do inconcebível. Quem sabe, um dia, o regime comunista venha a abrandar-se, transformando-se num socialismo cristão. Terminada a luta inglória do Vietnã, haja o que houver, se o futurogoverno tornar-se tirânico e pernicioso, o próprio povo ( soldado também é povo) procurará “derrubar o regime”, como tem caído todos os governos em que o povo, no país, não consiga ter uma vida digna da criatura humana, inteligente e racional que é feita à imagem de Deus (12-2-68)

Lendo as revistas que trazem reportagens sobre gastos em festas carnavalescas, em salões grãfinos das grandes cidades, vem-nos o desejo de fazer a seguinte indagação: Tais pessoas, homens e mulheres, naturalmente como possuidoras de grandes fortunas, tem inúmeros servidores, sejam eles empregados domésticos ou operários de fábricas... Pois bem; tais foliões, que numa noite de orgia dissipam o valor de vários “salários mínimos” estarão pagando apenas um trinta avos do minguado “salário mínimo nacional”; por um dia inteiro de serviço às suas empregadas domésticas?! E dispensarão eles, os “senhores patrões”, os seus empregados mais modestos e necessitados, de suas lojas ou fábricas, a atenção que merece uma criatura humana? Talvez nem isso? Seja como for, pelo menos, não deveriam tais gozadores, permitir que revistas e jornais populares estampassem ( falando de mulheres e homens seminus e alcoolizados) instantâneos de suas pagodeiras e perdularidades, pois esses espetáculos servem apenas para evidenciar, ainda mais, quanto gozam uns poucos privilegiados, enquanto por esses cortiços e sertões do Brasil vivem à mingua milhões de pobres e subdesenvolvidas criaturas. ( 24.2.68)

os velhos?...

O homem velho, maltrapilho, faminto, perece, via de regra, por falta de assistência. Quando pede, cambaleante, na rua ou na porta das casas pensam logo até que está babado. Por outro lado é comovente ver uma criança desamparada e muitos estendem suas mãos dadivosas e assim se resolve, razoavelmente, seu problema. É chocante ver uma criança mendigando! Mas... e os pobres velhos?! Depois de ajuda-los, com má vontade, é muito comum o “generoso” perguntar: “Não vai, com esse dinheiro, comprar pinga?”... E se for mulher: “A senhora ( ou você) não tem parentes?”... Pobres velhos!... ( 3.3.68)

Quando um homem pode considerar-se realizado? É muito relativo o problema. Se perguntarem isso a um jovem, que então já poderá ter idéias de homem feito, o mesmo dirá que é “tirar o diploma”, exercer uma profissão agradável e lucrativa,e assim colocar-se na vida e vencer. Para outro jovem seria casar-se com a mulher de seus sonhos e daí passar a viver no céu... Para um homem chefe de família é ver seus filhos emancipados e auto-suficientes,em alto nível. Na maior categoria estão os que querem ver seus descendentes casados e bem. Mas, como existem cidadãos que não se casam, os seus pais não deixarão de ser “homens realizados”, devido o celibato dos próprios filhos. Entretanto, para a maioria, “homem realizado” deve ser aquele que, tendo vivido mais de 50 anos ( idade comum de aposentadoria), sente, dia a dia, todas as alegrias e emoções de uma existência honesta, difícil, útil, e que, portanto, no dizer do poeta: “Não passou pela vida em branca nuvem”... ( 6.3.68)

Muitas vezes, a pobre criatura humana precisa desviar-se de seu melhor itinerário para evitar complicações e dissabores... ( 12.3.68)

Quem tem superficial conhecimento de um assunto, o melhor que faz, não sendo frontalmente convidado a manifestar-se, é ficar como ouvinte, pois “bancando o sabichão” poderá sofrer vexames ao ser corrigido... ( 17.3.68)

expressão dos olhos, “espelho d’alma”, é o que mais identifica e distingue as criaturas humanas. ( 20.3.68)

“Vale mais quem quer do que quem vale”, isto dentro dos velhos ditados: “Querer é poder”, “Quem quer fazer bem feito, vai faze-lo; quem não o quer, manda”; “Deus ajuda quem cedo madruga”, etc. (21.3.68)

“Cuidado com os mentirosos”, dizia o pobre homem. Pois é mais fácil furtar do que mentir, uma vez que o furto comum se faz às escondidas, sorrateiramente, e a mentira com suas famigeradas pernas curtas, precisa ser impingida de público ou aos ouvidos de alguém... 

( 24.3.68)

É incrível como homens que não se dizem ateus deixam de empenhar-se a, pelo menos, assistir a uma cerimônia religiosa semanal, quando teriam oportunidade, pelo tempo inferior a uma hora, de permanecer em orações, meditações e até recolhimento, junto ao mistério insondável a que chamamos Deus, Criador, Divino Mestre, Pai Celestial! No entanto, paradoxalmente, essas mesmas criaturas ficam duas horas ou mais, numa platéia de cinema, teatro, etc., em silêncio e com muita atenção para poder compreender o enredo da peça ou coisa parecida... ( 3.4.68)

“Os extremos se encontram”, diz um ditado popular. Isso significa que quem é capaz de possuir muita calma e serenidade, poderá, por outro lado, quando provocado, ofendido, espezinhado, ser tomado de surpreendente exasperação. Por isso que é preciso cuidado com a extrema calma demonstrada por uma pessoa, pois a sua reação explosiva, causar espanto. 

( 8.4.68)

Quem não for “peão” não deve arriscar-se a viajar no lombo de um burro xucro. Se for teimoso, terá, depois do fiasco, de continuar, a viagem a pé e, dando-se por feliz se apenas mancando. Aqui se aplica o ditado: ”Quem não tem competência não se estabelece” ( 13.4.68)

Benditos os que, junto com os problemas em que somos parte, trouxerem-nos, também e previamente, uma solução satisfatória. ( 15.4.68)

Cada indivíduo, agindo dentro de sua especialidade, faz o que sabe ou pode. Uns semeiam, cultivam, colhem e outros, depois, comercializam a produção. Se os primeiros fazem o sabem ou podem, os outros com seus recursos e atividades, completam o ciclo: produção-consumo. Mas, infelizmente, os comerciantes, no final da história, por fatores os mais diversos, acabam sendo chamados de atravessadores, tubarões, ladrões!... ( 20.4.68)

Dizia o velho Ângelo Scroca: “Quem não defende seus direitos, não defende sua honra”, ou a própria vida! E o direito de dizer a verdade deve ser exercido mesmo quando essa verdade representa um elogio a um nosso ente querido e, em caso imperioso e esclarecedor, a nós mesmos. ( 28.4.68)

“Não julgueis para que não sejais julgados” ( Mateus 7,1). Isso que dizer: cuidado comjulgamentos precipitados, injustos, vexatórios! O seu semelhante guardará, depois disso, profunda mágoa e poderá, um dia, até por omissão, “pagar o mal com o mal”, segundo a Lei de Moisés: “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Êxodo 21,24) (4.5.68)

Como ninguém consegue dirigir sem contrariar interesses incontentáveis, console-se que a arte de dirigir é a arte de saber discordar. ( 5.5.68)

Admitir que uma pessoa repare o erro material, indenizando apenas o seu valor intrínseco, isentando-a de justa e severa advertência para não repetir a falta cometida, é o mesmo que dar-lhe alvará para praticar novos abusos. Tal pessoa ficará ainda com a probabilidade, no futuro, de reincidir vantajosamente, diante da não percepção do fato, pelo prejudicado... Para isso seria necessário “modificar os códigos” no sentido de que, devolvendo os objetos roubados ou os apenas reclamados, os ladrões logo seriam soltos... para roubarem de novo. ( 7.5.68)

Às vezes sofremos maus modos e até ingratidões de crianças e velhos, criaturas às quais procuramos ajudar, dentro de nossos deveres de solidariedade humana. Tais crianças, se seus parentes mais próximos não conseguirem lhes corrigir os instintos, poderão mais tarde tornar-sedelinqüentes, enquanto que os velhos, já no ocaso de suas existências , com a maturidade que a idade naturalmente lhes dá, poderão retornar a nós, como pobres pecadores arrependidos, e receber redobrado apoio! ( 7.5.68)

Passando em frente daquela casa, o pobre homem pensou com os seus botões: “Este jardim é semelhante a certas sepulturas rasas, de famílias de muitos parentes vivos,e na qual, cada um, de vez em quando, vem plantar mudas de flores, de todas as variedades, fazendo com que umas empurrem as outras... ( 7.5.68)

Fracassa talvez mais depressa o técnico vagabundo do que o leigo observador e esforçado. 

( 29.5.68)

Quando se tratar de pessoa amiga, ou que nos é cara, “não corrija; colabore com ela”, na solução de seus enganos e mal entendidos, dizia ao pobre homem. Sim, porque a censura intempestiva irrita a outra parte, que, ofendida,em seu amor próprio, preferirá sustar o que vinha fazendo errado em vez de proceder à necessária modificação... ( 7.5.68)

pintor que tentar executar retratos de pessoas conhecidas e não conseguir dar-lhes a sua autêntica expressão fisionômica... então que pinte flores e objetos que, embora semelhantes, não precisam ser iguais... ( 13.5.68)

À procura da perfeição, inatingível para os pobres mortais, devem os homens empenhar-se, dentro de suas competências e missões, em realizar suas obras com a exatidão possível, e esse esforço será o grande consolo e sustentáculo para aqueles que almejam o decantado “mundo melhor”. ( 20.5.68)

homem deve ser justo, bondosamente justo, e quando necessário, em austeridade.. E Jesus disse: I) “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra, e ao que te haver tirado a capa, nemtúnica recuses” (Lucas 6,29) ---II) “A minha casa será chamada casa de oração --- mas vós a tendes transformado em covil de ladrões (Mateus 21,13) Por isso “Jesus expulsou todo os que vendiam e compravam no templo e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas” ( Mateus 21,12) (29.5.68)

Para as provas de apreço, prática de atenções e carinho, que poderemos dispensar aos nossos entes queridos, devemos aproveitar os momentos enquanto viverem. Depois de mortos, as pobres criaturas, pouco consolo sentirão se, em sua memória, forem levantados mausoléus e feitas choradeiras, etc. especialmente por aqueles que, durante a sua existência em comum as desassistiram e, por isso, foram ingratos e impiedosos, como às vezes, lamentavelmente ouve-se contar que acontece por esse mundo de Deus. ( 4.6.68)

Três são os ramos comuns em que o homem pode, com intenções lucrativas, aplicar suas atividades cotidianas: comércio, indústria e agricultura. Dos três, que possuem milhares de variações, o comércio é o que menos riscos oferece ao seu praticante, que necessita apenas de bom senso na escolha dos produtos adquiridos, quanto a sua aceitação, qualidade, preços, etc., certo que agora a moda é vender a vista, em supermercados, ou pelo crediário, com fiadores e juros extorsivos! Enquanto isso, à indústria e à agricultura, depois da conseqüência de enfrentarem os desajustes das máquinas e as intempéries nas lavouras, cabe produzir, com perfeição, os poucos artigos que, depois obterão ou não a preferência dos varejistas e revendedores, sempre exigentes, pois são também “tubarões”. Por outro lado, os negociantes, que não precisam preocupar-se com os problemas da produção e a colheita, podem dispor de milhares de mercadorias, para as mais variadas aplicações e utilidades, de interesse de uma infinidade de consumidores, que, em seguida, vão se diluindo no anonimato do grande mundo... ( 7.6.68)

Não está longe o tempo em que o homem não conseguirá obter a colaboração de outro homem, sem repartir com ele, honestamente, os lucros havidos no negócio. ( 19.6.68)

palavra que distingue o racional, tem a sua maior expressão nos livros, que devem ser guardados como relíquias, por quem, através dele, adquiriu alguma instrução. A parte material dos livros, o papel, pouco vale, mas o que aí se escreveu, por idéias próprias ou influência alheia, jamais perecerá. Por isso, guardemos nós, nos homens velhos, os preciosos livros, que, iluminando os nossos pensamentos desde a juventude, mantém-nos salvos até hoje, inclusive nos fugazes momentos de desventura. ( 24.6.68)

Quando vieram dizer ao “pobre homem” que alguns de seus amigos pretendiam patrocinar-lhe uma homenagem, essa foi a sua resposta: “Não devem tentar efetivá-la, pois essa simples tentativa já seria um exagero, um erro. E se insistirem terei de dizer que não aceitarei, para não cometer um logro contra meus próprios semelhantes. Todos aqueles que, como eu, praticaram ações meritórias, sobretudo por dever, estarão mais que pagos com o singelo registro e não esquecimento do feito. Mas uma homenagem seria uma compensação exorbitante, que viria me colocar em situação quase antagônica à atual, isto é, passaria de “quite” a “devedor”, o que enfim, seria até humilhante para quem, com suas teorias, considera absurda a idéia de se atribuírem prêmios e pagamentos em favor de quem, não tendo cometido ato de heroísmo, não faz jus a quaisquer ruidosas congratulações” ( 1.7.68)

homem honesto, trabalhador, organizado, vence, muitas vezes, guindando-se e consolidando-se em posições de destaque. Desse mesmo modo vencem também certos e humildes grileiros que, apropriado-se de terrenos improdutivos e semi-abandonados conseguem transformá-los em fontes de renda, com os quais serão capazes, mais tarde, de comprovar a sua competência e soberania, resgatando o valor da área grilada. Quem terá moral de reclamar contra tais homens deixando de lhes reconhecer seus méritos?! ( 3.7.68)

“Olhos, espelho d’alma” --- Sim, pela expressão do olhar se reconhece ser ou não uma pessoa ela própria” ( 9.7.68)

De acordo com uma conhecida fábula, a coruja-mãe achava que seus filhinhos eram as criaturas mais lindas e perfeitas que poderiam ser encontradas no mundo. Dentro dessa mesma moral, também os filhos assim pensam de seus pais. Nas famílias felizes, onde o bom entendimento é completo, os seus componentes consideram-se, entre si, modéstia à parte, “as pessoas mais inteligentes, criteriosas, honestas, felizardas, etc., etc. que existem “por aí a fora”. Esses predicados escasseiam, entretanto,nos “outros”, dos quais ouvem falar mal, sem aquela reserva conveniente se, os “outros” fossem parentes... É que, paradoxalmente, dentro da outra moral: “ a família é sempre a última a saber”, fazem-se segredos, aos próprios interessados, de suas deficiências e azares, e, por outro lado, como boa norma de educação, exaltam-se-lhes apenas as suas virtudes... Santa inocência! ( 9.7.68)

Existem pessoas que, por seu espírito de desmancha-prazeres e de contradição, possuem palavras como gelo: esfriam qualquer conversa... ( 17.7.68)

má situação deve ser combatida com firmeza e afinal convertida em algum bem. Lamentável se a sua permanência deixar impressão de havermos nós aderido a ela... ( 25.7.68)

Os que choram a falta de alguma coisa, esses são os verdadeiros pobres. ( 25.7.68)

Muitas vezes o homem comete temeridades, arriscando a própria vida ou vidas alheias... A fatalidade deixa de acontecer por mera coincidência salvadora: ausência ou super-precaução do outro fator colidente... Mas, um dia pode acontecer a outra coincidência, a inversa e desastrosa, e depois da tragédia, sempre alguém há de dizer que nisso houve “culpa do destino”... ( 26.7.68)

Para se pintor amador ou músico“de ouvido” não é necessário ser erudito nessas matérias, podendo entreter e até agradar as pessoas que vierem a conhecer as suas produções. Mas “poeta” e “escritor” que não conhecem profundamente a gramática e cometer, por isso mesmo, pequenos erros de grafia, concordância, etc., esse cairá, indubitavelmente, no ridículo... ( 26.7.68)

Existem duas maneiras de ganhar dinheiro trabalhando: I) ser pago para trabalhar; II) trabalhar para progredir. Na primeira ocupação pode a pessoa não enriquecer, mas, em compensação, poderá viver sem sobressaltos ou preocupações e até comodamente. E se for funcionário público não precisará de muitas horas nem a severa pontualidade no comparecimento ao serviço. Na segunda ocupação, como empregado ou por conta própria, pode ser promovido, prosperar, mas, então, quanto mais elevada for a sua posição, maior terá de ser a dose de boa vontade, dedicação e trabalho. Se não, em breve, entrará em decadência e isso constituirá uma decepção em sua família e um fracasso na sociedade. ( 2.8.68)

Infelizmente a coisa é assim mesmo. Os dirigentes e o pessoal de comando de uma fábrica precisam ser bem remunerados, porque assim estimulados trabalharão tendo “olhos de donos”, colaborando para que a produção tenha melhor qualidade e evitando, ao máximo, o desperdício de tempo e de matéria prima. ( 8.8.68)

As realizações pioneiras costumam sofrer críticas e até combates. Entretanto, se Colombo tivesse retrocedido, não teria descoberto a América... ( 30.8.68)

Às vezes os “inocentes” se importam demais com os falatórios e suspeitas contra a sua pessoa e chegam até às lágrimas quando, simultaneamente surgem tênues indícios de sua culpabilidade... Isso acontece porque, é óbvio, no fundo, bem no fundo da sua consciência alguma maroteira existe, e isso o coloca em permanente sobressalto... É o drama dealma dos hipócritas e dos culpados que zangam quando alguém provoca a sua “dignidade”... Entretanto, quando o cidadão é 100% honesto, costuma manter a sua imperturbável serenidade, devendo meditar, a exemplo de Jesus: “Perdoai os infelizes que não sabem o que fazem...” ( 19-8-68)

Os que começam mais de baixo, isto é, um pouco atrás, poderão, em breve, alcançar e ultrapassar os demais porque lhes sobra aquel espaço para o arranque, para o pulo!!! ( 30-8-68)

Ao fazermos uma coisa é de nosso dever faze-la bem feita. Não obstante, se algo sair errado, devemos proceder a necessária correção com urgência, mesmo com prejuízo de tempo e de material. Paciência! Senão o reflexo da “coisa errada” permanecerá< diante de nossos olhos, como uma eterna reprimenda! (21-8-68)

Mau administrador é aquele que, por omissão ou negligência, afrouxa o seu trabalho de defesa dos interesses de sua empresa. Desviando a sua atenção e dedicação, permite que seus colaboradores façam o mesmo. A firma, então, entra em duplo prejuízo e, dentro da dança dos pontos, faz com que, cada ponto perdido, passe para o lado oposto, estabelecendo a diferença em dobro... É o organismo enfermo que parando de produzir passa a causar despesas forçadas... Paradoxo! ( 4-9-68)

Se a perfeição pudesse ser atingida pela criatura humana decerto Michelangelo não teria chamado, insatisfeito: “ Por que não falas?!” ao contemplar e ferir com o cinzel a sua obra prima, Moisés. ( 8-9-68)

euforia do lucro, da boa situação, da felicidade é péssima companheira para o homem de negócios se, por sua causa, negligenciar o dever se sua presença ou delegação nos serviços de sua empresa. Desse modo estaria, sem o perceber, substimando a capacidade de seus competidores e, como tudo é relativo, em breve a sua firma entrará em prejuízo e decadência porque deixou de vigiar e estimular as próprias fontes de produção. ( 18-9-68)

Não são os sofrimentos nesta terra nem as boas ações aqui praticadas que, simplesmente, garantem aos homens a sua entrada no reino de Deus. É que o sofredor pode ser um revoltado, blasfemo, e até vingativo, do mesmo modo que o “generoso”pode ser um hipócrita, demagogo e até velhaco. Assim, só merecerão os Céus – perante Deus e a própria consciência – aqueles que sofrerem estoicamente e praticarem com espírito cristão, sinceras boas ações, possíveis a todas as criaturas, sejam elas ricas ou pobres, felizes ou desventuradas. ( 26-9-68)

“Ordem é ordem” e, em caso de dúvida deve ser cumprida, desde que não prejudique ninguém, nem mesmo os próprios elementos da execução... Existem sempre, em torno das coisas, certas particularidades que só o maior interessado conhece! Por isso que se diz: “Somente o sombra sabe segredos e mistérios que se escondem no coração humano...” ( 29-9-68)

Assistindo a peça “Dois perdidos numa noite suja” de autoria e co-interpretação de Plínio marcos, chega-se à conclusão de que a sua mensagem: “Tomar dos outros pela violência, aquilo de que se necessita” não passa de pura ideologia comunista. No caso “os outros”, se trabalharam honestamente para ter o que tem, estariam sendo roubados, espoliados. Esses “outros”, inclusive, não tem culpa da miséria e subdesenvolvimento de alguns de seus semelhantes assaltantes, que poderão, eles próprios, ter uma parte de responsabilidade pela lamentável situação em que se encontram. Dizemos “parte da responsabilidade” porque a outra, aliás a parte grande, deve ser atribuída ao governo que não distribuiu escola e instrução aos jovens nem justiça social ao povo para que pudessem defender melhor os seus salários e direitos. Portanto, a maior parcela de culpa cabe mesmo ao governo que fez má aplicação das receitas de impostos. No caso específico da peça: “Um jovem (Paco) não consegue emprego, por falta de instrução, e o outro jovem (Tonho), por falta de um par de sapatos novos,nem vaia procura de trabalho, pois apesar de possuir instrução ginasial considera “uma vergonha” apresentar-se ao futuro patrão com os sapatos rotos...” Em resumo, a mensagem é, como se diz corretamente, subversiva, e não se justifica a sua pregação, certo que a totalidade dos assaltos praticados até hoje, à mão armada, é de autoria de marginais e viciados inveterados, jamais por pessoas normais, em estado de necessidade. Os culpados por este tipo de delinqüência são três: a) o governo que não distribui instrução e assistência; b) os familiares dos próprios marginais que descuram de sua educação; c) eles próprios, os transviados, pelo seu mau instinto e vagabundagem... Portanto, a praticam do “palavrão” tem que ser combatida, como qualquer decadência moral ou educacional. Muito dos espectadores riram quando os “palavrões” foram ditos no palco, entre os atores; mas em seus lares a reação seria diferente, pois tais “gracinhas” ofendem sempre, mesmo quando vindas de “crianças bonitinhas”, as quais se costuma ensinar a dar pontapés, murros e dizer “nomes feios”... (4-10-68)

produção é realmente econômica quando seus responsáveis cuidam dela com devotamento e exigem dos demais colaboradores que façam o mesmo. É tudo uma questão de aproveitamento de tempo e material. Quando um bom artífice trabalha, sozinho, em serviço de seu interesse exclusivo, poderá executar uma produção econômica em quase 100%. Entretanto, quando no cargo ou função de sócio, gerente, encarregado, chefe de secção, oficial, auxiliar, aprendiz, servente, etc., aquela percentagem, variando de homem para homem, segundo seu brio, honestidade, disposição, etc. poderá ir caindo, caindo, de degrau em degrau, sistematicamente... E se faltar a austera vigilância dos próprios donos ou seus fiéis prepostos, a produção poderá baixar a menos de 50% da real capacidade da empresa, caso em que os resultados econômicos passam a deficitários e contraproducentes... ( 11-10-68)

Antes de concretizar qualquer compra, de valor apreciável ou fora da rotina cotidiana, devemos analisar os pontos positivos e os pontos negativos do negócio em si. Muitas vezes o fator “preço” é o que menos importa. O dinheiro que se ganha ao comprar barato ou que se perde por pagar caro, dentro de pouco tempo nada significará. O que tem valor realmente são conveniências e possibilidades da transação, em face de uma operação exeqüível e futurosa. Não é bom negócio e sim uma temeridade, comprar barato o desnecessário, só porque o preço é baixo, ou assumir compromissos acima das reais capacidades de solvência, por motivo de “necessidade premente”... (19-10-68)

 

fera torna-se mil vezes mais perigosa quando ferida levemente! ( 28-10-68) 

Cuidado com os homens que sabendo e podendo falar, responder, advertir, protestar, ameaçar, jurar... preferem permanecer em silêncio, equilibrados! É que sendo o caso grave demais, qualquer precipitação descamba em explosão! ( 6-11-68)

Todos nossos atos são semeaduras! Por Deus, preparai bem as vossas colheitas, ( 8-11-68)

Existem homens capazes de atos de renúncias quando em jogo seus interesses materiais; mas jamais renunciarão aos seus pontos de vista, principalmenteos relativos à defesa da moral mesmo em face das alternativas de grandes conveniências ou prejuízos. (15-11-68)

Aquele que dispensa ao seu “semelhante” consideração igual aquela que dispensaria a um animal, devia lembrar-se que, frente a frente a uma criatura humana, ele próprio é que está sendo um animal ( 29-11-68)

Estais rindo?! Tanto pior: só podereis vos entristecer depois... Estais chorando?! Consolai-vos: a tempestade não poderá durar sempre e, logicamente, virá depois a bonança! ( 7-12-68)

Não basta estarmos bem acompanhados ou sermos bons acompanhantes... É preciso falar e querer ouvir! Pobres e imperfeitas criaturas humanas, devemos receber com serenidade as críticas, discordâncias e até negativas de nossos verdadeiros amigos, e quando isso se tornar indispensável devemos fazer o mesmo, corajosamente, também em relação àqueles a quem mais estimamos! ( 18-12-68)

Dizem que as criaturas humanas voltam, na velhice, à idade de crianças... Por isso que os velhos choram facilmente, tem,às vezes, vontade de cantarolar e fazer uns rabiscos, como quando pequeninos... Nas crianças, com o correr dos dias, vem a percepção dos sentidos ea possível compreensão das coisas... Na velhice vai acontecendo o inverso até o total esquecimento... Bendito os que crêem em Deus! ( 29-12-68)