Como
é bom!
Ser bom,
Ser justo,
Ser honesto
E sincero.
Ser pontual,
Ser cordial,
Ser meigo
E tolerante.
Ser austero,
Ser forte,
Ser destemido
E nobre.
Ser bem visto,
Ser saudado,
Ser lembrado
E feliz! ( 13-1-68)
A felicidade,
como fruto de nossas próprias ações é, em suma,
uma criação nossa, e assim uma situação por
nós almejada ou prevista, que vimos nascer, crescer, adquirir perfil,
forma e enfim existir em sua plenitude. Um dia poderá, entretanto,
afastar-se de nós, por nossa culpa ou omissão, ou ainda,
por culpa ou omissão de quem, conosco,ajudou
a construir esse “sentimento de felicidade”. Mas, como o Filho Pródigo
da Bíblia ( que não cometera nenhuma falta grave) tal felicidade
deverá um dia voltar e aí então, em vez de zangas,
justo será demonstrarmos grande e verdadeiro contentamento, indo
até às lágrimas, reflexo de santas alegrias, usufruídas
por aqueles cuja ventura esteve extraviada por algum tempo e depois foi
re-encontrada. ( 14-1-68)
Nada
levamos desta vida, além da boa ou má história daquilo
que deixamos. ( 15-1-68)
Ninguém
alivia as próprias dores, criando ou aumentando as dores alheias.
Quanto muito poderia ter, depois, motivos para comparação
e consolações... Mas, e o remorso não é uma
dor enorme? E se o mal alheio por nós causado estiver magoando parentese
amigos sinceros, não estaremos nós também, reflexivamente,
sendo atingidos? Isso porque tais criaturas seriam, quando em boa situação,
as primeiras com deveres de nos socorrer. Vem, a propósito, aqueles
versos de poeta anônimo: “Paga com todo o bem que puderdes, todo
o mal que não farias”. ( 26-1-68)
Quando
duas pessoas divergem e discutem sobre um caso verídico e lógico,
de tal evidência que qualquer humilde testemunha diria tratar-se
de “ponto pacífico”, então uma dessas duas pessoas começou
a caducar e a outra é muito burra, por manter a teima. ( 29-1-68)
Duas
explicações para o caso de pessoas que se tornaram ricas
nos negócios: ou trabalharam bem ( isto é, tiveram espírito
de observação, pontualidade, honestidade, horário,
controle, apoio financeiro, economia, organização) ou tiveram
sorte ( ou seja, compraram por acaso, “no escuro”, mercadorias ou coisas
cuja procura, por fatores os mais diversos e imprevisíveis,as valorizou
muito). Sendo assim, o melhor é confiar na primeira hipótese,
certo que a segunda sendo fruto da “sorte ingrata” pode um dia voltar-se
contra nós... ( 3-2-68)
O homem
não deve deixar de importar-se com o valor das “pequenas coisas”
pois, que, muitas vezes, um humilde botão pode manter-lhe alinhada
a camisa ou evitar que lhe caiam as calças.
( 6-2-68)
Diante
do horror que se constata vendo e lendo jornais e revistas que trazem notícias
da guerra no Vietnã, qualquer pobre mortal chega a fazer conjeturas
assim: ---
Estará certo o Governo Americano em continuar intervindo nessa luta
horripilante no extremo asiático? Pergunta-se, por que lá
estão morrendo centenas e centenas de pobres jovens “yankees” e
milhares e milhares de miseráveis, civis e militares, filhos de
ambos os malogrados vietnamitas... Em primeiro lugar, errados estão
todos os participantes e incentivadores da luta, por falta de solidariedade
humana! E, quem sabe, pensando conciliatoriamente, estariam menos errados
os americanos se desistissem e sua intervenção e apressassem,
desse modo, o fim dessa guerra desumana e cruel. De certo, depois disso,
aqueles povos ---
que são da mesma raça ---
viveriam em paz, mesmo que, no início, houvessem vencidos e vencedores...
Mas como ninguém lucra com a prática do mal logo os vitoriosos
compreenderiam que, para bem governar, é necessário tratar
com dignidade humana os governados. Mesmo que o recuo dos Estados Unidos
propiciasse, no mundo, um avanço da ideologia comunista... Paciência!
O horror que se verifica no Vietnã está invadindo a área
do inconcebível. Quem sabe, um dia, o regime comunista venha a abrandar-se,
transformando-se num socialismo cristão. Terminada a luta inglória
do Vietnã, haja o que houver, se o futurogoverno
tornar-se tirânico e pernicioso, o próprio povo ( soldado
também é povo) procurará “derrubar o regime”, como
tem caído todos os governos em que o povo, no país, não
consiga ter uma vida digna da criatura humana, inteligente e racional que
é feita à imagem de Deus (12-2-68)
Lendo
as revistas que trazem reportagens sobre gastos em festas carnavalescas,
em salões grãfinos das grandes cidades, vem-nos o desejo
de fazer a seguinte indagação: Tais pessoas, homens e mulheres,
naturalmente como possuidoras de grandes fortunas, tem inúmeros
servidores, sejam eles empregados domésticos ou operários
de fábricas... Pois bem; tais foliões, que numa noite de
orgia dissipam o valor de vários “salários mínimos”
estarão pagando apenas um trinta avos do minguado “salário
mínimo nacional”; por um dia inteiro de serviço às
suas empregadas domésticas?! E dispensarão eles, os “senhores
patrões”, os seus empregados mais modestos e necessitados, de suas
lojas ou fábricas, a atenção que merece uma criatura
humana? Talvez nem isso? Seja como for, pelo menos, não deveriam
tais gozadores, permitir que revistas e jornais populares estampassem (
falando de mulheres e homens seminus e alcoolizados) instantâneos
de suas pagodeiras e perdularidades, pois esses espetáculos servem
apenas para evidenciar, ainda mais, quanto gozam uns poucos privilegiados,
enquanto por esses cortiços e sertões do Brasil vivem à
mingua milhões de pobres e subdesenvolvidas criaturas. ( 24.2.68)
E os
velhos?...
O homem velho, maltrapilho, faminto, perece,
via de regra, por falta de assistência. Quando pede, cambaleante,
na rua ou na porta das casas pensam logo até que está babado.
Por outro lado é comovente ver uma criança desamparada e
muitos estendem suas mãos dadivosas e assim se resolve, razoavelmente,
seu problema. É chocante ver uma criança mendigando! Mas...
e os pobres velhos?! Depois de ajuda-los, com má vontade, é
muito comum o “generoso” perguntar: “Não vai, com esse dinheiro,
comprar pinga?”... E se for mulher: “A senhora ( ou você) não
tem parentes?”... Pobres velhos!... ( 3.3.68)
Quando
um homem pode considerar-se realizado? É muito relativo o problema.
Se perguntarem isso a um jovem, que então já poderá
ter idéias de homem feito, o mesmo dirá que é “tirar
o diploma”, exercer uma profissão agradável e lucrativa,e
assim colocar-se na vida e vencer. Para outro jovem seria casar-se com
a mulher de seus sonhos e daí passar a viver no céu... Para
um homem chefe de família é ver seus filhos emancipados e
auto-suficientes,em alto nível. Na maior categoria estão
os que querem ver seus descendentes casados e bem. Mas, como existem cidadãos
que não se casam, os seus pais não deixarão de ser
“homens realizados”, devido o celibato dos próprios filhos. Entretanto,
para a maioria, “homem realizado” deve ser aquele que, tendo vivido mais
de 50 anos ( idade comum de aposentadoria), sente, dia a dia, todas as
alegrias e emoções de uma existência honesta, difícil,
útil, e que, portanto, no dizer do poeta: “Não passou pela
vida em branca nuvem”... ( 6.3.68)
Muitas
vezes, a pobre criatura humana precisa desviar-se de seu melhor itinerário
para evitar complicações e dissabores... ( 12.3.68)
Quem
tem superficial conhecimento de um assunto, o melhor que faz, não
sendo frontalmente convidado a manifestar-se, é ficar como ouvinte,
pois “bancando o sabichão” poderá sofrer vexames ao ser corrigido...
( 17.3.68)
A expressão
dos olhos, “espelho d’alma”, é o que mais identifica e distingue
as criaturas humanas. ( 20.3.68)
“Vale
mais quem quer do que quem vale”, isto dentro dos velhos ditados: “Querer
é poder”, “Quem quer fazer bem feito, vai faze-lo; quem não
o quer, manda”; “Deus ajuda quem cedo madruga”, etc. (21.3.68)
“Cuidado
com os mentirosos”, dizia o pobre homem. Pois é mais fácil
furtar do que mentir, uma vez que o furto comum se faz às escondidas,
sorrateiramente, e a mentira com suas famigeradas pernas curtas, precisa
ser impingida de público ou aos ouvidos de alguém...
( 24.3.68)
É incrível
como homens que não se dizem ateus deixam de empenhar-se a, pelo
menos, assistir a uma cerimônia religiosa semanal, quando teriam
oportunidade, pelo tempo inferior a uma hora, de permanecer em orações,
meditações e até recolhimento, junto ao mistério
insondável a que chamamos Deus, Criador, Divino Mestre, Pai Celestial!
No entanto, paradoxalmente, essas mesmas criaturas ficam duas horas ou
mais, numa platéia de cinema, teatro, etc., em silêncio e
com muita atenção para poder compreender o enredo da peça
ou coisa parecida... ( 3.4.68)
“Os
extremos se encontram”, diz um ditado popular. Isso significa que quem
é capaz de possuir muita calma e serenidade, poderá, por
outro lado, quando provocado, ofendido, espezinhado, ser tomado de surpreendente
exasperação. Por isso que é preciso cuidado com a
extrema calma demonstrada por uma pessoa, pois a sua reação
explosiva, causar espanto.
( 8.4.68)
Quem
não for “peão” não deve arriscar-se a viajar no lombo
de um burro xucro. Se for teimoso, terá, depois do fiasco, de continuar,
a viagem a pé e, dando-se por feliz se apenas mancando. Aqui se
aplica o ditado: ”Quem não tem competência não se estabelece”
( 13.4.68)
Benditos
os que, junto com os problemas em que somos parte, trouxerem-nos, também
e previamente, uma solução satisfatória. ( 15.4.68)
Cada
indivíduo, agindo dentro de sua especialidade, faz o que sabe ou
pode. Uns semeiam, cultivam, colhem e outros, depois, comercializam a produção.
Se os primeiros fazem o sabem ou podem, os outros com seus recursos e atividades,
completam o ciclo: produção-consumo. Mas, infelizmente, os
comerciantes, no final da história, por fatores os mais diversos,
acabam sendo chamados de atravessadores, tubarões, ladrões!...
( 20.4.68)
Dizia
o velho Ângelo Scroca: “Quem não defende seus direitos, não
defende sua honra”, ou a própria vida! E o direito de dizer a verdade
deve ser exercido mesmo quando essa verdade representa um elogio a um nosso
ente querido e, em caso imperioso e esclarecedor, a nós mesmos.
( 28.4.68)
“Não
julgueis para que não sejais julgados” ( Mateus 7,1). Isso que dizer:
cuidado comjulgamentos precipitados,
injustos, vexatórios! O seu semelhante guardará, depois disso,
profunda mágoa e poderá, um dia, até por omissão,
“pagar o mal com o mal”, segundo a Lei de Moisés: “Olho por olho,
dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Êxodo
21,24) (4.5.68)
Como
ninguém consegue dirigir sem contrariar interesses incontentáveis,
console-se que a arte de dirigir é a arte de saber discordar. (
5.5.68)
Admitir
que uma pessoa repare o erro material, indenizando apenas o seu valor intrínseco,
isentando-a de justa e severa advertência para não repetir
a falta cometida, é o mesmo que dar-lhe alvará para praticar
novos abusos. Tal pessoa ficará ainda com a probabilidade, no futuro,
de reincidir vantajosamente, diante da não percepção
do fato, pelo prejudicado... Para isso seria necessário “modificar
os códigos” no sentido de que, devolvendo os objetos roubados ou
os apenas reclamados, os ladrões logo seriam soltos... para roubarem
de novo. ( 7.5.68)
Às
vezes sofremos maus modos e até ingratidões de crianças
e velhos, criaturas às quais procuramos ajudar, dentro de nossos
deveres de solidariedade humana. Tais crianças, se seus parentes
mais próximos não conseguirem lhes corrigir os instintos,
poderão mais tarde tornar-sedelinqüentes,
enquanto que os velhos, já no ocaso de suas existências ,
com a maturidade que a idade naturalmente lhes dá, poderão
retornar a nós, como pobres pecadores arrependidos, e receber redobrado
apoio! ( 7.5.68)
Passando
em frente daquela casa, o pobre homem pensou com os seus botões:
“Este jardim é semelhante a certas sepulturas rasas, de famílias
de muitos parentes vivos,e na qual, cada um, de vez em quando, vem plantar
mudas de flores, de todas as variedades, fazendo com que umas empurrem
as outras... ( 7.5.68)
Fracassa
talvez mais depressa o técnico vagabundo do que o leigo observador
e esforçado.
( 29.5.68)
Quando
se tratar de pessoa amiga, ou que nos é cara, “não corrija;
colabore com ela”, na solução de seus enganos e mal entendidos,
dizia ao pobre homem. Sim, porque a censura intempestiva irrita a outra
parte, que, ofendida,em seu amor próprio, preferirá sustar
o que vinha fazendo errado em vez de proceder à necessária
modificação... ( 7.5.68)
O pintor
que tentar executar retratos de pessoas conhecidas e não conseguir
dar-lhes a sua autêntica expressão fisionômica... então
que pinte flores e objetos que, embora semelhantes, não precisam
ser iguais... ( 13.5.68)
À procura
da perfeição, inatingível para os pobres mortais,
devem os homens empenhar-se, dentro de suas competências e missões,
em realizar suas obras com a exatidão possível, e esse esforço
será o grande consolo e sustentáculo para aqueles que almejam
o decantado “mundo melhor”. ( 20.5.68)
O homem
deve ser justo, bondosamente justo, e quando necessário, em austeridade..
E Jesus disse: I) “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também
a outra, e ao que te haver tirado a capa, nemtúnica
recuses” (Lucas 6,29) ---II)
“A minha casa será chamada casa de oração ---
mas vós a tendes transformado em covil de ladrões (Mateus
21,13) Por isso “Jesus expulsou todo os que vendiam e compravam no templo
e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas”
( Mateus 21,12) (29.5.68)
Para
as provas de apreço, prática de atenções e
carinho, que poderemos dispensar aos nossos entes queridos, devemos aproveitar
os momentos enquanto viverem. Depois de mortos, as pobres criaturas, pouco
consolo sentirão se, em sua memória, forem levantados mausoléus
e feitas choradeiras, etc. especialmente por aqueles que, durante a sua
existência em comum as desassistiram e, por isso, foram ingratos
e impiedosos, como às vezes, lamentavelmente ouve-se contar que
acontece por esse mundo de Deus. ( 4.6.68)
Três
são os ramos comuns em que o homem pode, com intenções
lucrativas, aplicar suas atividades cotidianas: comércio, indústria
e agricultura. Dos três, que possuem milhares de variações,
o comércio é o que menos riscos oferece ao seu praticante,
que necessita apenas de bom senso na escolha dos produtos adquiridos, quanto
a sua aceitação, qualidade, preços, etc., certo que
agora a moda é vender a vista, em supermercados, ou pelo crediário,
com fiadores e juros extorsivos! Enquanto isso, à indústria
e à agricultura, depois da conseqüência de enfrentarem
os desajustes das máquinas e as intempéries nas lavouras,
cabe produzir, com perfeição, os poucos artigos que, depois
obterão ou não a preferência dos varejistas e revendedores,
sempre exigentes, pois são também “tubarões”. Por
outro lado, os negociantes, que não precisam preocupar-se com os
problemas da produção e a colheita, podem dispor de milhares
de mercadorias, para as mais variadas aplicações e utilidades,
de interesse de uma infinidade de consumidores, que, em seguida, vão
se diluindo no anonimato do grande mundo... ( 7.6.68)
Não
está longe o tempo em que o homem não conseguirá obter
a colaboração de outro homem, sem repartir com ele, honestamente,
os lucros havidos no negócio. ( 19.6.68)
A palavra
que distingue o racional, tem a sua maior expressão nos livros,
que devem ser guardados como relíquias, por quem, através
dele, adquiriu alguma instrução. A parte material dos livros,
o papel, pouco vale, mas o que aí se escreveu, por idéias
próprias ou influência alheia, jamais perecerá. Por
isso, guardemos nós, nos homens velhos, os preciosos livros, que,
iluminando os nossos pensamentos desde a juventude, mantém-nos salvos
até hoje, inclusive nos fugazes momentos de desventura. ( 24.6.68)
Quando
vieram dizer ao “pobre homem” que alguns de seus amigos pretendiam patrocinar-lhe
uma homenagem, essa foi a sua resposta: “Não devem tentar efetivá-la,
pois essa simples tentativa já seria um exagero, um erro. E se insistirem
terei de dizer que não aceitarei, para não cometer um logro
contra meus próprios semelhantes. Todos aqueles que, como eu, praticaram
ações meritórias, sobretudo por dever, estarão
mais que pagos com o singelo registro e não esquecimento do feito.
Mas uma homenagem seria uma compensação exorbitante, que
viria me colocar em situação quase antagônica à
atual, isto é, passaria de “quite” a “devedor”, o que enfim, seria
até humilhante para quem, com suas teorias, considera absurda a
idéia de se atribuírem prêmios e pagamentos em favor
de quem, não tendo cometido ato de heroísmo, não faz
jus a quaisquer ruidosas congratulações” ( 1.7.68)
O homem
honesto, trabalhador, organizado, vence, muitas vezes, guindando-se e consolidando-se
em posições de destaque. Desse mesmo modo vencem também
certos e humildes grileiros que, apropriado-se de terrenos improdutivos
e semi-abandonados conseguem transformá-los em fontes de renda,
com os quais serão capazes, mais tarde, de comprovar a sua competência
e soberania, resgatando o valor da área grilada. Quem terá
moral de reclamar contra tais homens deixando de lhes reconhecer seus méritos?!
( 3.7.68)
“Olhos,
espelho d’alma” ---
Sim, pela expressão do olhar se reconhece ser ou não uma
pessoa ela própria” ( 9.7.68)
De
acordo com uma conhecida fábula, a coruja-mãe achava que
seus filhinhos eram as criaturas mais lindas e perfeitas que poderiam ser
encontradas no mundo. Dentro dessa mesma moral, também os filhos
assim pensam de seus pais. Nas famílias felizes, onde o bom entendimento
é completo, os seus componentes consideram-se, entre si, modéstia
à parte, “as pessoas mais inteligentes, criteriosas, honestas, felizardas,
etc., etc. que existem “por aí a fora”. Esses predicados escasseiam,
entretanto,nos “outros”, dos quais ouvem falar mal, sem aquela reserva
conveniente se, os “outros” fossem parentes... É que, paradoxalmente,
dentro da outra moral: “ a família é sempre a última
a saber”, fazem-se segredos, aos próprios interessados, de suas
deficiências e azares, e, por outro lado, como boa norma de educação,
exaltam-se-lhes apenas as suas virtudes... Santa inocência! ( 9.7.68)
Existem
pessoas que, por seu espírito de desmancha-prazeres e de contradição,
possuem palavras como gelo: esfriam qualquer conversa... ( 17.7.68)
A má
situação deve ser combatida com firmeza e afinal convertida
em algum bem. Lamentável se a sua permanência deixar impressão
de havermos nós aderido a ela... ( 25.7.68)
Os
que choram a falta de alguma coisa, esses são os verdadeiros pobres.
( 25.7.68)
Muitas
vezes o homem comete temeridades, arriscando a própria vida ou vidas
alheias... A fatalidade deixa de acontecer por mera coincidência
salvadora: ausência ou super-precaução do outro fator
colidente... Mas, um dia pode acontecer a outra coincidência, a inversa
e desastrosa, e depois da tragédia, sempre alguém há
de dizer que nisso houve “culpa do destino”... ( 26.7.68)
Para
se pintor amador ou músico“de
ouvido” não é necessário ser erudito nessas matérias,
podendo entreter e até agradar as pessoas que vierem a conhecer
as suas produções. Mas “poeta” e “escritor” que não
conhecem profundamente a gramática e cometer, por isso mesmo, pequenos
erros de grafia, concordância, etc., esse cairá, indubitavelmente,
no ridículo... ( 26.7.68)
Existem
duas maneiras de ganhar dinheiro trabalhando: I) ser pago para trabalhar;
II) trabalhar para progredir. Na primeira ocupação pode a
pessoa não enriquecer, mas, em compensação, poderá
viver sem sobressaltos ou preocupações e até comodamente.
E se for funcionário público não precisará
de muitas horas nem a severa pontualidade no comparecimento ao serviço.
Na segunda ocupação, como empregado ou por conta própria,
pode ser promovido, prosperar, mas, então, quanto mais elevada for
a sua posição, maior terá de ser a dose de boa vontade,
dedicação e trabalho. Se não, em breve, entrará
em decadência e isso constituirá uma decepção
em sua família e um fracasso na sociedade. ( 2.8.68)
Infelizmente
a coisa é assim mesmo. Os dirigentes e o pessoal de comando de uma
fábrica precisam ser bem remunerados, porque assim estimulados trabalharão
tendo “olhos de donos”, colaborando para que a produção tenha
melhor qualidade e evitando, ao máximo, o desperdício de
tempo e de matéria prima. ( 8.8.68)
As
realizações pioneiras costumam sofrer críticas e até
combates. Entretanto, se Colombo tivesse retrocedido, não teria
descoberto a América... ( 30.8.68)
Às
vezes os “inocentes” se importam demais com os falatórios e suspeitas
contra a sua pessoa e chegam até às lágrimas quando,
simultaneamente surgem tênues indícios de sua culpabilidade...
Isso acontece porque, é óbvio, no fundo, bem no fundo da
sua consciência alguma maroteira existe, e isso o coloca em permanente
sobressalto... É o drama dealma
dos hipócritas e dos culpados que zangam quando alguém provoca
a sua “dignidade”... Entretanto, quando o cidadão é 100%
honesto, costuma manter a sua imperturbável serenidade, devendo
meditar, a exemplo de Jesus: “Perdoai os infelizes que não sabem
o que fazem...” ( 19-8-68)
Os
que começam mais de baixo, isto é, um pouco atrás,
poderão, em breve, alcançar e ultrapassar os demais porque
lhes sobra aquel espaço para o arranque, para o pulo!!! ( 30-8-68)
Ao
fazermos uma coisa é de nosso dever faze-la bem feita. Não
obstante, se algo sair errado, devemos proceder a necessária correção
com urgência, mesmo com prejuízo de tempo e de material. Paciência!
Senão o reflexo da “coisa errada” permanecerá< diante
de nossos olhos, como uma eterna reprimenda! (21-8-68)
Mau
administrador é aquele que, por omissão ou negligência,
afrouxa o seu trabalho de defesa dos interesses de sua empresa. Desviando
a sua atenção e dedicação, permite que seus
colaboradores façam o mesmo. A firma, então, entra em duplo
prejuízo e, dentro da dança dos pontos, faz com que, cada
ponto perdido, passe para o lado oposto, estabelecendo a diferença
em dobro... É o organismo enfermo que parando de produzir passa
a causar despesas forçadas... Paradoxo! ( 4-9-68)
Se
a perfeição pudesse ser atingida pela criatura humana decerto
Michelangelo não teria chamado, insatisfeito: “ Por que não
falas?!” ao contemplar e ferir com o cinzel a sua obra prima, Moisés.
( 8-9-68)
A euforia
do lucro, da boa situação, da felicidade é péssima
companheira para o homem de negócios se, por sua causa, negligenciar
o dever se sua presença ou delegação nos serviços
de sua empresa. Desse modo estaria, sem o perceber, substimando a capacidade
de seus competidores e, como tudo é relativo, em breve a sua firma
entrará em prejuízo e decadência porque deixou de vigiar
e estimular as próprias fontes de produção. ( 18-9-68)
Não
são os sofrimentos nesta terra nem as boas ações aqui
praticadas que, simplesmente, garantem aos homens a sua entrada no reino
de Deus. É que o sofredor pode ser um revoltado, blasfemo, e até
vingativo, do mesmo modo que o “generoso”pode
ser um hipócrita, demagogo e até velhaco. Assim, só
merecerão os Céus – perante Deus e a própria consciência
– aqueles que sofrerem estoicamente e praticarem com espírito cristão,
sinceras boas ações, possíveis a todas as criaturas,
sejam elas ricas ou pobres, felizes ou desventuradas. ( 26-9-68)
“Ordem
é ordem” e, em caso de dúvida deve ser cumprida, desde que
não prejudique ninguém, nem mesmo os próprios elementos
da execução... Existem sempre, em torno das coisas, certas
particularidades que só o maior interessado conhece! Por isso que
se diz: “Somente o sombra sabe segredos e mistérios que se escondem
no coração humano...” ( 29-9-68)
Assistindo
a peça “Dois perdidos numa noite suja” de autoria e co-interpretação
de Plínio marcos, chega-se à conclusão de que a sua
mensagem: “Tomar dos outros pela violência, aquilo de que se necessita”
não passa de pura ideologia comunista. No caso “os outros”, se trabalharam
honestamente para ter o que tem, estariam sendo roubados, espoliados. Esses
“outros”, inclusive, não tem culpa da miséria e subdesenvolvimento
de alguns de seus semelhantes assaltantes, que poderão, eles próprios,
ter uma parte de responsabilidade pela lamentável situação
em que se encontram. Dizemos “parte da responsabilidade” porque a outra,
aliás a parte grande, deve ser atribuída ao governo que não
distribuiu escola e instrução aos jovens nem justiça
social ao povo para que pudessem defender melhor os seus salários
e direitos. Portanto, a maior parcela de culpa cabe mesmo ao governo que
fez má aplicação das receitas de impostos. No caso
específico da peça: “Um jovem (Paco) não consegue
emprego, por falta de instrução, e o outro jovem (Tonho),
por falta de um par de sapatos novos,nem vaia procura de trabalho, pois
apesar de possuir instrução ginasial considera “uma vergonha”
apresentar-se ao futuro patrão com os sapatos rotos...” Em resumo,
a mensagem é, como se diz corretamente, subversiva, e não
se justifica a sua pregação, certo que a totalidade dos assaltos
praticados até hoje, à mão armada, é de autoria
de marginais e viciados inveterados, jamais por pessoas normais, em estado
de necessidade. Os culpados por este tipo de delinqüência são
três: a) o governo que não distribui instrução
e assistência; b) os familiares dos próprios marginais que
descuram de sua educação; c) eles próprios, os transviados,
pelo seu mau instinto e vagabundagem... Portanto, a praticam do “palavrão”
tem que ser combatida, como qualquer decadência moral ou educacional.
Muito dos espectadores riram quando os “palavrões” foram ditos no
palco, entre os atores; mas em seus lares a reação seria
diferente, pois tais “gracinhas” ofendem sempre, mesmo quando vindas de
“crianças bonitinhas”, as quais se costuma ensinar a dar pontapés,
murros e dizer “nomes feios”... (4-10-68)
A produção
é realmente econômica quando seus responsáveis cuidam
dela com devotamento e exigem dos demais colaboradores que façam
o mesmo. É tudo uma questão de aproveitamento de tempo e
material. Quando um bom artífice trabalha, sozinho, em serviço
de seu interesse exclusivo, poderá executar uma produção
econômica em quase 100%. Entretanto, quando no cargo ou função
de sócio, gerente, encarregado, chefe de secção, oficial,
auxiliar, aprendiz, servente, etc., aquela percentagem, variando de homem
para homem, segundo seu brio, honestidade, disposição, etc.
poderá ir caindo, caindo, de degrau em degrau, sistematicamente...
E se faltar a austera vigilância dos próprios donos ou seus
fiéis prepostos, a produção poderá baixar a
menos de 50% da real capacidade da empresa, caso em que os resultados econômicos
passam a deficitários e contraproducentes... ( 11-10-68)
Cuidado
com os homens que sabendo e podendo falar, responder, advertir, protestar,
ameaçar, jurar... preferem permanecer em silêncio, equilibrados!
É que sendo o caso grave demais, qualquer precipitação
descamba em explosão! ( 6-11-68)
Todos
nossos atos são semeaduras! Por Deus, preparai bem as vossas colheitas,
( 8-11-68)
Existem
homens capazes de atos de renúncias quando em jogo seus interesses
materiais; mas jamais renunciarão aos seus pontos de vista, principalmenteos
relativos à defesa da moral mesmo em face das alternativas de grandes
conveniências ou prejuízos. (15-11-68)
Aquele
que dispensa ao seu “semelhante” consideração igual aquela
que dispensaria a um animal, devia lembrar-se que, frente a frente a uma
criatura humana, ele próprio é que está sendo um animal
( 29-11-68)
Estais
rindo?! Tanto pior: só podereis vos entristecer depois... Estais
chorando?! Consolai-vos: a tempestade não poderá durar sempre
e, logicamente, virá depois a bonança! ( 7-12-68)
Não
basta estarmos bem acompanhados ou sermos bons acompanhantes... É
preciso falar e querer ouvir! Pobres e imperfeitas criaturas humanas, devemos
receber com serenidade as críticas, discordâncias e até
negativas de nossos verdadeiros amigos, e quando isso se tornar indispensável
devemos fazer o mesmo, corajosamente, também em relação
àqueles a quem mais estimamos! ( 18-12-68)
Dizem
que as criaturas humanas voltam, na velhice, à idade de crianças...
Por isso que os velhos choram facilmente, tem,às
vezes, vontade de cantarolar e fazer uns rabiscos, como quando pequeninos...
Nas crianças, com o correr dos dias, vem a percepção
dos sentidos ea possível
compreensão das coisas... Na velhice vai acontecendo o inverso até
o total esquecimento... Bendito os que crêem em Deus! ( 29-12-68)