ANO DE 1970

 

Oh! Quantas vezes caímos no "conto do vigário" em pequenas coisas, na vida! Por isso, o certo é não fugirmos nunca da linha da honestidade e da correção, mesmo quando, aparentemente, estamos levando vantagem na solução proposta e defendida pela outra parte... Fazendo-nos de desentendidos  em certos casos, em que parece estarmos lucrando, até por insistência e burrice do "prejudicado", pode acontecer que, mais tarde, venhamos a constatar que, em verdade, nós é que fomos logrados! E se formos reclamar faremos o ridículo papel do famigerado "otário mal intencionado"... (5-1-70)

 

Conforme cresce, verticalmente, em valor e em méritos, deve a criatura humana apoiar-se, no sentido horizontal, em bases de segurança e precaução. "Quanto mais alto é o vôo, tanto mais perigosa seria a queda, se ocorresse..." (10-1-70)

 

"Por mais fraca e insuficiente que seja a criatura humana, deve tentar solucionar os problemas que se deparam" disse Victor Hugo. E acrescentamos: tanto mais se puder evidenciar os seus bons propósitos, com os quais visa o bem comum, jamais pretendendo prejudicar ninguém . ( 19-1-70)

 

Ao final de uma longa existência, o "pobre homem" receberia uma enorme e sincera homenagem póstuma de seus familiares, amigos,  vizinhos e pessoas com as quais conviveu pudessem dizer a seu respeito: "Essa humilde criatura sempre procurou cumprir com seus deveres, em tudo e par com todos.". Nada, além disso! ( 24-1-70)

 

Em política, todos que lutam por um ideal, e mesmo que esses ideais sejam de extrema esquerda, merecem respeito. Sempre há um pouco de razão nas suas teorias, uma vez que do "outro lado", existem, em verdade, imperfeições e erros possíveis de correções... Se assim não fosse, tais idealistas seriam apenas débeis mentais, candidatos e futuros internos de manicômios... Entretanto, como interessa aos governos "defender os interesses do povo", é mais que certo, logo se implantará um "regime conciliatório", acatando parte daquilo que os "esquerdistas"  pretendiam e desse modo estarão sendo diminuídas as denunciadas desigualdades sociais... desigualdades que a história vem comprovando serem, gradualmente, sempre menores... ( 3-2-70)

 

O que certos homens precisam é reconhecer, com humildade, que os "outros" tem direito também de estarem com a razão... Cabe, portanto, aos que se julgam infalíveis (!) terem um pouco mais de paciência, deixando de interromper seus opositores, quando estes desejam provar, também, que não estão errados... Cortando-se, antes do seu término, a exposição de um problemas e de suas respectivas argumentações, a solução superveniente corre o risco de ser taxada de prematura e desastrosa... (8-2-70)

 

Um dos meios que o homem poderia adotar para a manutenção de sua boa saúde, seria a "volta à natureza", isto é, alimentação reforçada com frutas , andanças ao ar livre e banhos de sol... ( 16-2-70)

 

No começo o homem comunicava-se  com os seus semelhantes por meio de gestos. Depois por palavras  gaguejadas. Depois por traços e desenhos nas pedras. Depois por letras rabiscadas nos papiros. Há 500 anos surgiu a imprensa, graças à Gutenberg.  Depois a máquina de escrever, o telégrafo, o rádio, a televisão.. Agora os cálculos são feitos  por cérebros eletrônicos. As mensagens, som e imagem, são transmitidas instantaneamente para qualquer parte do globo. Os transportes são feitos em aviões com velocidade supersônica e logo mais em foguetes interplanetários... Se além disso tudo, os homens tivessem um pouco mais de "amor ao próximo" poderiam encontrar, em verdade, o bem estar aqui mesmo, neste magnífico mundo de Deus! ( 26-2-70)

 

O verdadeiro amor cristão deve ser "dinâmico" e não apenas "estático". Damos abaixo alguns sinônimos de amor-dinâmico-cristão que chamamos de Virtudes: 1) Amizade; 2) Lealdade; 3) Caridade; 4) Ensinamento; 5) Vigilância; 6) Inquirição; 7) Defesa; 8) Coragem; 9) Renúncia; 10) Perdão. De “amor-estático” temos apenas 5 sinônimos:  1) Egoísmo; 2) Omissão; 3) Pusilanimidade; 4) Angústia; 5) Intolerância. Sobre o assunto poderiam ser escritas centenas e centenas de páginas, mas daremos apenas dois simples exemplos: 1) Pai, que por estimar demais seu “filho querido”, dá-lhe uma situação acima de suas posses e briga com os outros quando o mesmo faz diabruras na rua; 2) Mãe que prende o seu filho à barra de sua saia para livra-lo dos “perigos das más companhias” despersonalizando-o. ( 4-3-70)

 

Quando um homem trabalhador tem a saúde abalada deve, até por imposição médica, entrar em repouso, aliviando, desde logo, o volume de suas atividades. Da mesma foram, quando uma firma comercial vem sofrendo pequenas crises financeiras, sem soluções imediatas e satisfatórias, o que devem fazer os responsáveis é parar e meditar um pouco e, em resguardo, evitar o peso de novos encargos, os quais, uns após outros, poderão levar o complexo todo a uma situação insustentável. ( 13-3-70)

 

Na vida sempre há alguém procurando ajudar alguém! Portanto, toda criatura, vez por vez, é “alguém” que precisa ser ajudado, se não puder ajudar ninguém! Assim, havendo compreensão dessa verdade, não haverá interrupção da corrente da solidariedade humana! ( 20-3-70)

 

Benditos aqueles que, ao sentirem findar sua existência terrena, deixando então obras por terminar, podem deixar também o apelo dos bons propósitos, para que seus seguidores sintam-se estimulados a levarem avante o fogo sagrado da honestidade, do trabalho, da perseverança e das realizações, muitas destas inatingíveis, como a Perfeição. ( 25-3-70)

 

Homens há que ganham na loteria adquirindo bilhetes... Outros acertam nos negócios, trabalhando muito e arriscando suas economias iniciais e o seu prestígio...Uns e outros , principalmente os últimos, enriquecem, assim, da “noite para o dia”... E afinal de contas fazem ridículo papel os despeitados que pretendem denegrir-lhes os méritos e a “boa sorte”! ( 4-4-70)

 

Em matéria de caridade, todos temos nossos “necessitados particulares” muitos dos quais comparecem habitualmente a nossa porta, pedindo roupas usadas, alimentos,e algumas dessas pessoas são até nossas conhecidas antigas, compadres, “parentes longes”... Mas isso não pode, em absoluto, motivo de recusa de colaboração aos necessitados avulsos, ou as campanhas populares que se fazem no Natal, no inverno, bem como aquelas que, ocorrendo uma calamidade pública (enchentes, secas, incêndios, desabamentos) são promovidas para minorar os sofrimentos dos atingidos pelo infortúnio. Em verdade, é uma grande desgraça que os governantes ( federais, estaduais, municipais, etc.) não tomem a si, na maior parte, a obrigação de socorrer aos necessitados em geral, forçando-os então a, humilhados, recorrerem à “generosidade popular”... Entrementes, é uma desventura ainda maior aquela provocada, nessas ocasiões, pela atitude de certos “ricos” ¾ os tais a que se referiu Jesus Cristo no Sermão da Montanha ¾  e que, também por isso, não estarão no Reino dos Céus! (12-4-70)

 

Assim pensava o pobre homem: “Nada sei de cor. Tudo o que digo ou escrevo aprendi nos ensinamentos dos livros que pude ler. Só os sábios podem criar idéias e teorias novas e polemiza-las depois, por conta própria. Entretanto, este não é o meu caso!” (24-4-70)

 

Ao ter que interpretar o significado de uma leitura, cujo sentido poderá suscitar  controvérsias, o certo é, antes de emitirmos nossa opinião, meditarmos um pouco sobre aquilo que quis ou não quis dizer o autor... A dedução precipitada poderá nos conduzir a afirmativas errôneas e injustas, diferentes do que, em verdade, foi escrito! (8-5-70)

 

O sofrimento humano é agora muito menor do que há 100 anos, quando Fleming (1881-1955) não havia ainda nascido e Pasteur (1822-1895) começava a desvendar os mistérios dos microrganismos e punha em prática eficientes  métodos de prevenção e combate às infecções bacterianas. Portanto faz pouquíssimo tempo que o mundo sofredor passou a se beneficiar com as descobertas da moderna medicina. Aqui mesmo, em nosso querido Brasil, no início desta fabuloso século XX, quase houve uma revolução, quando a maioria da população da Capital de República recusava-se a aceitar a política saneadora do diretor da saúde pública, Oswaldo Cruz ( 1892-1917) que havia, com o apoio do presidente Rodrigues Alves instituído a vacina obrigatória. Tal disposição teve de ser revogada em 1904 sob ameaça de derrubada do Governo! Mas, como dizíamos, não há dúvida que o sofrimento humano é agora menor do que mesmo há 50/100 anos. No passado ¾ além da ignorância, da miséria, do desamparo social, do atraso da medicina, da ausência da eletrônica e da moderna mecânica ¾ o homem era explorado pelo próprio homem porque não existiam leis que condenassem tal exploração. Hoje, entretanto, em pleno último terço do século XX, como as velozes máquinas de produção fazem riquezas gigantescas e são poucos os homens que fazem fortuna assim rapidamente, os outros, os operários, que ficam muito para trás, analisam a situação e reclamam, comparando-se com os poucos privilegiados... E os que reclamam, protestam, fazem escândalo, não são os “miseráveis”, certo que estes, inclusive, são tímidos, apáticos, parecendo até conformados... A verdade é que o mundo de hoje é menos sofredor que o de ontem e o mundo do amanhã estará mais próximo da inatingível perfeição... Só o tempo poderá ir corrigindo a mentalidade daqueles que, por culpa própria, não entendem que “somos todos irmãos” (25-5-70)

 

Admite-se que uma pessoa pratique bobagens por erros de imaginação, mas seria imperdoável que cometesse loucura diante de manifestação adversa, visível e palpável por qualquer pessoa, portadora de elementar bom senso! (6-6-70)

 

Sem dinheiro, o “homem de visão” se reduz à condição de pretenso adivinho, farsante ou visionário... (22-6-70)

 

Por sermos bondosos, ainda que de modo facultativo ou quando formos procurados, poderemos ganhar o céu. Mas se não formos justos e honestos, sempre, além de excluirmos de nosso futuro a obtenção do céu, iremos, inapelavelmente ao inferno... nesta e na outra vida! ( 18-6-70)

 

A “visão” de um homem de negócio é uma faculdade intelectual. Para possuí-la é necessário apenas: agilidade mental, bom senso, espírito de observação, estudo e boa memória. (22-6-70)

 

Assim pensava o pobre homem: “Das pequenas coisas cuidemos nós, particularmente, porque das grandes, sejam boas ou más, solicitam-nos cuidarmos delas os nossos amigos e parentes... e até a própria justiça, se o caso envolver interesses de terceiros. ( 29-6-70)

 

Para ser bondoso, caridoso, basta ao homem ser um indivíduo comum. Para ser justo, entretanto, é necessário elevar-se um pouco e achar-se num pedestal de juiz, de líder, de chefe, de cônjuge, de pai, de filho, de irmão, de colega, de cidadão, colocando-se, enfim, em posição na qual terá obrigação de praticar atos em conseqüência dos quais outras criaturas de Deus tenham seus direitos e deveres, virtudes ou defeitos proclamados! Portanto, para a criatura humana, é fácil e agradável a prática da bondade podendo mesmo escusar-se  a ela sob alegação de falta de tempo ou de recursos; mas quando estiver em jogo a prática da justiça, imperiosa e impreterível, até a omissão é considerada um crime! (3-7-70)

 

Assim pensava o pobre homem: “O pouco de bom que tenho conseguido realizar na vida é fruto de minha grande fé em Deus, bem como da observância das minhas pobres teorias, nem sempre bem compreendidas por amigos queridos... Por causa das minhas atitudes suportarei, mais tarde, se preciso, mas sempre estoicamente, o peso do julgamento da posteridade!” ( 3-7-70)

Gostaria de, enquanto pudesse pedir a um dos meus quatro queridos filhos, que guardasse com bondade e respeito,  estas duas cadernetas, onde, depois de momentos de profunda meditação, venho anotando minhas pobres idéias... na esperança de, na velhice, com a graça de Deus, escolher algumas razoáveis e transcrevê-las, para que, quando lidas depois por alguém — essa boa criatura pudesse entender melhor os pensamentos do “pobre homem” que os escreveu.

( 7-7-70)

 

Segundo Santo Agostinho: “O verdadeiro bem é aquele que nos torna melhores”. Portanto, isso em face da nossa própria consciência e em face da voz do povo, voz de Deus. ( 8-7-70)

 

Não basta à criatura humana pensar, falar, escrever sobre o bem. É preciso que faça alguma coisa de concreto nesse sentido, ou que sofra por não ter tido força, oportunidade, para levar avante os seus bons propósitos. ( 15-7-70)

 

“O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Mas essa liberdade, ao contrário da libertinagem, é benéfica a todos. Assim, cada um terá condições para defender seus direitos, manifestar suas idéias, aprovar o que estiver certo ou protestar contra o que, ferindo os interesses da coletividade, necessita de uma reparação urgente. O famoso “slogan” da Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” poderia resumir-se  apenas na palavra Liberdade, cujo império, no seio de um povo civilizado e honesto, garante tanto a existência da Igualdade como da Fraternidade. ( 20-7-70)

 

Muitas vezes, na vida, temos que deixa sangrar o próprio coração a fim de, com as suas gotas preciosas, alimentar as esperanças da Terra querida. ( 21-7-70)

 

É doloroso para nós, pobres criaturas humanas, termos que perdoar a quem, embora desvendando verdades, põe em relevo pequenas fraquezas nossas, que, a todo custo, desejávamos ficassem ocultas. ( 29-7-70)

 

De certo modo correspondemos mais em favor daqueles que nos admiram e que nos elogiam, pessoas estranhas e, às vezes, indecifráveis, do que em favor dos nossos próprios familiares, que amamos profundamente e pelos quais daríamos, se necessário, tudo o que temos e até a nossa vida. ( 8-8-70)

 

O que vale para o homem, no fim de tudo, é o ideal. É o que deixou planejado ou realizado em favor da honra, da nobreza e da solidariedade humana. A intenção, o firme propósito de colaborar em benefício de seus semelhantes, já é uma grande realização, em potencial. De ricos, oportunistas, gananciosos, ainda que inofensivos e felizardos, o mundo andou cheio... mas esqueceu! Entretanto, outros “humildes grandes homens”, esses ficaram na lembrança dos contemporâneos e, muitos, nas páginas da história. ( 13-8-70)

 

Altruísmo é um privilégio para quem estiver em condições de praticá-lo; “não-egoísmo” ¾ como símbolo de humildade, estoicismo e renúncia ¾ é apenas uma santa alegria ao alcance de todos quantos, grandes e pequenos, vivem em sociedade, com disposição de não magoar os seus semelhantes. ( 28-9-70)

 

A falta de luz impede a percepção da existência das coisas:desde o se tamanho  e cores até sua idade e serventia. Por falta de instrução ¾ luz, compreensão, dedução, recurso, solução ¾ o indígena brasileiro mora, agora, nos mesmos tipos de tabas de 470 anos passados. Suas idéias e costumes são hoje, nas selva virgens ¾ não há como duvidar ¾ os mesmo de milênios atrás. Por isso, é possível que o homem ¾ selvagem ¾ sem ser o “pré-histórico” das lendas, venha “vegetando” assim há milhões de anos... ( 6-9-70)

 

Quando percebemos que estamos trocando ou não recordando do nome de pessoas e coisas sentimos dificuldade em rememorar fatos ocorridos recentemente...então é natureza que nos adverte no sentido de controlarmos os passos... pois que o crepúsculo da vida vem se aproximando... e se a noite escura nos surpreender em lugares distantes, em meio dos percalços dos negócios e das preocupações... aí a situação seria ainda mais desagradável para todos. ( 27-9-70)

 

Ingratidão é um “generoso” reclamo contra um pobre, a quem tudo tem faltado, e por isso não compreende, de imediato, as coisas boas que lhe são “oferecidas”, algumas das quais tem recebido, mas sem total proveito... Por isso não agradece... ( 4-10-70)

 

Os poemas, bem como as obras teatrais em versos, exprimem “imagens” e não “enredos”. As imagens serão depois corporificadas por conclusões segundo as interpretações de cada criatura humana. Assim a “arte” escrita que não oferecer margem para reflexão e dedução, deixa de ser arte, para simples trabalho gramatical... Por isso que, também, qualquer coisa escrita incompreendida a até “misteriosa” e que de certo modo encerre motivo para interpretação futura, não deve ser destruída. ( 4-10-70)

 

O casamento, como uma Sociedade Conjugal, está sujeito a percalços próprios a quaisquer sociedade. Infelizes os lares em que o casamento, desde o tempo de noivado, alicerçou-se em bases de “negócios” ou de “acomodação”. Diferente e venturoso é o matrimônio que realizado sob as bênçãos de Deus, constituem-se  numa Sociedade Familiar, em que o cumprimento dos altos deveres dos pais, traduzidos em reiteradas provas de amor e de renúncia, são testemunhos de retidão, austeridade, estoicismo e bondade...(11-41-70)

 

O pensamento humano é tão livre como as aves no espaço, que podem voar para todos os lados, para baixo ou para cima, em linha reta ou sinuosa...( 25-10-70)

 

Seria, ao final de sua existência terrena, um homem frustrado aquele que, podendo usufruir alguns bens da riqueza, conseguida através de longos anos de trabalho e retidão, foi deixando, deixando, tais desfrutes para depois... (19-11-70)

 

Se não nos for possível, ao relatarmos fatos, dizer toda a verdade, pelo menos aquilo que dissermos que seja verdadeiro, ( 14-11-70)

 

A íntima convicção de honestidade é muito boa para qualquer criatura humana, principalmente para aquela que se encontra no fim da vida. Muito tolo e inocente, porém, é sempre quem,por se julgar honesto, se sente desobrigado de rebater os comentários desairosos que, a seu respeito, dizem que fizeram por aí... O melhor mesmo é procurarmos transmitir aos outros, não apenas a impressão, mas, se possível, também as demonstrações claras e indubitáveis de nosso bom procedimento. ( 1-12-70)

 

Quem não for justo, não tem o direito de ser bondoso. ( 5-12-70)

 

“As pobres crianças” e os “pobres velhos” ¾ Sempre as crianças tem pai e mãe, ainda que pobres e infelizes. Mas, os tem! Ou, pelo menos, padrinhos, ou tios, ou avôs, ou parentes longes. Às vezes, até certos vizinhos gostam de fazer um pouco de “santa demagogia”, protegendo crianças necessitadas... Na maioria dos casos, o problema urgente das crianças  se resolve com alimento e roupa, e para isso logo são lembradas e convocadas as inúmeras associações de assistência à infância que existem nas cidades grandes e pequenas. Por último há que se mencionar que as crianças, em virtude da potencialidade de seu físico juvenil, retornam facilmente à alegria e ao bem estar, querendo alguém... E os pobres velhos? Quase cegos, sem dentes, mãos trêmulas, enfim enfermos dos pés à cabeça, tem o pensamento perdido nas névoas das recordações distantes... de quando eram moços e trabalhavam, e amavam e sorriam, felizes, quem sabe?, na sua divertida pobreza!!! E agora quase que sozinhos, num asilo ou num quarto obscuro, ou de léu em léu, vão sentindo o peso da solidão e do abandono. Por vezes, complacentes e comovidos vão assistindo o tempo passar até que, após o momento extremo, alguns dos seus últimos amigos, venha comentar, referindo-se ao pobre morto que tem diante de si: “foi melhor assim... descansou... “  ( 5-12-70)

 

O homem que não cumprir em tempo e hora, quantitativa e qualitativamente, a parte que lhe toca nas responsabilidades sociais, esse será “passado para trás” na opinião do povo... Todos somos, bons ou maus, construtores do nosso futuro”. ( 20-12-70)