ANO DE 1972
Assim pensava o “pobre homem”: como a quase
totalidade dos homens, eu também não desejaria afastar-me do convívio de minha
família, dos meus amigos, antes dos 70/80 anos de idade. Mas, se for vontade do
Criador que eu não chegue a tanto, as pessoas que comigo tem convivido serão
testemunhas que há cerca de vinte anos (“terno preto”; “terno de casamento”)
estou preparado para a “grande viagem”, certo que eu já poderia tê-la feito
antes não fosse a mão do Todo Poderoso que já me amparou, positivamente, pelo menos
em dois quase acidentes 9 estrada de Rio Claro e estrada Sta.
Helena-Piracicaba), nestas minhas pobres andanças por este mundo de Deus.(
4-1-72)
A experiência própria, pessoal, sai muitas
vezes cara, quando o campo de ação é por nós desconhecido e a situação complexa, diz a sabedoria
popular. O melhor seria conseguirmos uma experiência assistida, caso em que,
embora sejamos nós a principal figura no empreendimento, exista ao alcance de
nossa comunicação uma equipe, da qual fazemos parte, pronta a nos dizer, nos
momentos críticos, o que é valentia e o
que é temeridade, o que é razoável e o
que seria contraproducente, enfim, no momento em que nos achando frente a um
problema novo e imprevisto devemos descobrir qual seria a solução “menos ruim”.
( 15-1-72)
A felicidade dos jovens, homens e mulheres,
entre em perigo se, ao completarem 25/30 anos, podendo casar-se, não procuram
realizar esse ideal, construindo um lar feliz, apoiado na honradez e na
austeridade. É na família que se sustenta todo o futuro, definido e venturoso,
da criatura humana. O próprio Jesus, Deus feito homem, teve a sua família. (
28-1-72)
O jeito é disfarçar. Se o homem sentir alguma
deficiência, seja intelectual, psíquica, orgânica, física, financeira, social,
política, etc., deficiência que, de qualquer modo, provoque uma perturbação em
sua vida rotineira, em conseqüência disso, começar a fazer pequenas e veladas
divulgações do que lhe vem acontecendo... em breve perceberá que “todo mundo
sabe disso”... Em seguida ocorre a diminuição de seu prestígio... E a sua
situação, e a sua personalidade, até então respeitáveis , passam a ser postas
em dúvida... Por isso que a voz do povo diz que “todo homem é bom e perfeito
até que surjam provas ou indícios ao contrário... E pronto! É mais um homem
fracassado!
“Hoje ou nunca!” O amanhã não existe... se o
não construirmos hoje. ( 2-2-72)
Pessoas há que, possuindo poucos estudos, mas
bons ledores de jornais e revistas comuns e, também, bons observadores do que
acontece na vida, adquirem autodidaticamente relativos conhecimentos sobre
vários assuntos e problemas. Seriam até capazes de discutir com técnicos e
especialistas em certas matérias... Mas, se o debate aprofundar-se,
encrespando-se os ânimos, então tais abelhudos poderão soçobrar. E como um bom
nadador, acostumado a se exibir em piscinas e lagos serenos que um dia entende
que também poderá fazer as mesmas proezas na águas do mar, mesmo quando as
ondas começam a encapelar-se... ( 20-2072)
Quando ouvimos dizerem: “fulano está louco”,
mas vemos depois o pobre diabo circulando por aí, concluímos que nada existe de
pior; entretanto, se disserem: “fulano está fazendo loucuras, então o caso é
mais grave... e a clara verdade, como o sol, logo surgirá no horizonte... (
14-2-72)
Comodismo... é a atitude mais fácil de ser
adotada...Porque a ação imediata começaria a causar, desde logo, receios de
fracassos... Algumas vezes as realizações, quando incompreendida a sua
urgência, podem causar decepções. Por isso os pusilânimes preferem aguardar o dia
de amanhã... o amanhã que nunca chega! Pobre mundo! ( 21-3-72)
Em se tratando de trabalho de equipe, ninguém
tem o direito de criticar o seu “companheiro” por produzir pouco ou nada;
entretanto poderia, apenas isso, lamentar a falta de colaboração quando, como
líder, estiver realizando, declarada e positivamente, um serviço de interesse
comum e em que todos tem a obrigação de participar. ( 12-4-72)
Só dá certo a coisa certa. Caso contrário,
não sendo feita com a máxima habilidade, o vexame é imediato... ( 14-2-72)
Quem não pode gozar a glória de demonstrar a
“paciência de Jô”, depois de sofrer ofensas e ingratidões, repetidas e
repetidas vezes, que demonstre então a “Justiça de Cristo” chicoteando os
teimosos usurpadores dos direitos de que são indignos de possuir... ( 23-4-72)
As aparências enganam...” Mas, em
desconfortável caminhão “pau de arara” que transporta esquálidas criaturas que,
de sol a sol, trabalham na roça, quando é ultrapassado na estrada, por um
vistoso ônibus que conduz estudantes que realizam pesquisas no campo, dá bem a
idéia de como, muitas vezes, as aparências são tristes verdades, que vão
ficando para trás... (24-4-72)
O homem, enquanto mais ou menos moço, não
acredita que vai morrer, um dia... O tempo implacável, porém, vai passando,
passando e procura deixar transparecer, como nas demais coisas da natureza os
estigmas da velhice, do cansaço, da exaustão, do fim... E o pobre homem, nessas
circunstâncias, começa a meditar sobre
o que sentiram, o que pensaram, o que queriam dizer as criaturas humanas que,
de repente, se viram na hora do adeus! Por isso que é bom repetirmos, à guisa
de oração: “Precisamos ter fé no futuro como se jamais devêssemos morrer, e
simultaneamente, estarmos preparados para o dia de amanhã, como se fosse o último...”
( 26-4-72)
Em se querendo, tudo se conseguirá!
Almejando, com perseverança, mesmo que o objetivo seja quase impossível,
descobrir-se-á um jeito de realizar o prodígio, confirmando-se assim que o
“Querer faz Milagres”! ( 15-5-72)
A Bondade sem Justiça não conduz a nada!
Seria o mesmo que estendermos a mão negligente, pusilânime e vazia... a alguém
que anseia por uma ajuda! O justo
trabalha e exige que outros façam o mesmo... Pratica o bem e conclama os demais
a o seguirem... Cumpre com os seus deveres e denuncia os relapsos... ( 30-7-72)
Meditando sobre calúnias e difamações,
reconhecemos que ninguém de valor perde o seu precioso em denegrir os méritos
das pessoas que os não possuem! Nessa corrente de idéias devemos admitir que
nem mesmo crianças traquinas atiram pedras em árvores que não possuem bons e
sazonados frutos. ( 8-8-72)
Cada missão é um encargo e representa uma
etapa de nossa vida. Ao final de tudo, voltando os olhos ao passado, devemos
agradecer, mais uma vez ao Bom Deus pelos mínimos êxitos alcançados, e estender
a nossa gratidão aos nossos pais, aos nossos irmãos, ao nosso cônjuge, aos
nossos filhos e aos nossos amigos. Eis aí formada a grande árvore que,
entrelaçada a outros troncos e ramagens, familiares e amigos, constitui sociedade
no bairro, na cidade, na nação. Aquele que alcançou a velhice e viveu bem no
seio da família e da sociedade deverá, na hora extrema, erguer os olhos ao alto
e repetir: “Obrigado meu Deus!”. ( 31-8-72)
Não somos julgadores; somos julgados. Um
homem sozinho não pode julgar ninguém, pois se ao fazê-lo, pedir a opinião de
outra pessoa, poderá ser taxado de precipitado e errôneo em seu julgamento, com
a alternativa até de, o “réu” passar,
desde logo, ser considerado “vítima”... Entretanto o homem sozinho está sempre
sendo julgado pelos outros. Esses outros não precisam estar em grupo de dois ou
mais. Os outros, um de cada vez, estarão nos julgando, mentalmente, pelo que
fizermos de inoportuno, inconveniente, irregular, absurdo, ilegal, condenável.
Por isso que no dia a dia, hora a hora, momento a momento de nossa existência,
devemos estar bem com nossa consciência para não sermos acusados e condenados,
com razão pelos outros... que são os Juízes. ( 6-9-72)
Nossos planos para o futuro? Viver,
cristãmente, o dia de hoje a fim de poder receber, no dia de amanhã, o prêmio
da consciência tranqüila. O que é muito importante, no entanto, nesse dia a
dia, é conseguirmos proporcionar aos nossos filhos educação, instrução e bom
senso bastantes , para que possam merecer, dos que os cercam, o indispensável
acatamento e respeito. ( 18-9-72)
A pornografia e mau uso dos tóxicos e a
conseqüente decadência dos costumes tem suas profundas raízes ma ganância dos
lucros pecuniários... Depois, oh! Depois... são dolorosos fatos consumados! (
26-9-72)
O sentimento de felicidade, por parte da
criatura humana é, em suma, fruto do seu bem estar espiritual. Para que esse
estado de espírito seja completo é indispensável que a criatura possa, quando
em seu ambiente familiar ou social, observando as pessoas que a cercam, sentir
que está rodeada de amigos, em cujos olhares vê estampar-se ou satisfação pelos
seus êxitos ou conformação em face de suas adversidades perenes ou não. Por
outro lado, voltando a memória do passado, pode lembrar-se de haver praticado
apenas boas ações, inclusive muito se empenhando em corresponder aos anseios
razoáveis, justos ou exeqüíveis de seus semelhantes. Nessas circunstâncias,
aquele que desfrutar de tal estado de espírito, poderá, erguendo os olhos aos
Céus, dizer: Sou feliz! ( 8-10-72)
Pessoas existem que, sem o saberem, exercem
grande influência no espírito de seus semelhantes, tornando-os seus seguidores,
em seus atos e pontos de vista. Entretanto, como esses mestres e líderes são,
em suma, simples criaturas humanas, sujeitas aos erros comuns, é lamentável
que, às vezes, por imprudência e até por ingenuidade induzam outras pessoas à
prática de involuntários desacertos. ( 23-10-72)
Nenhum pai pode ser classificado como ótimo,
certo que todos tem essa obrigação. Excepcionais poderiam ser definidos os pais
infelizes, enfermos, que fazem anônima e heroicamente sacrifícios para
assegurar o bem estar dos filhos, e, afinal, às vezes, até mesmo sem resultado.
( 29-10-72)
A moderna mania de “machismo” ( exibição de
autonomia) é que é responsável por muita ingratidão que prolifera por aí... (
15-11-72)
Finados ¾ O homem nasce! E chora
porque alguma coisa mudou ou falta em sua vida! Depois vai crescendo! E começa
a observar, a sentir, a pensar! E a querer bem a todos que o cercam, em
primeiro lugar os mais próximos. Depois quer fazer-se entender com olhares, com
sorrisos, com carrancas, com gestos, com palavras balbuciadas! E ao iniciar os
primeiros passos mais parece um autômato desequilibrado... E demonstra ter medo
do escuro, dos gritos, dos estrondos! E chora de novo! Depois, aprendendo com
os outros, deseja distinguir as coisas boas das coisas más. Depois os mestres
lhe ensinam as primeiras ciências, enquanto a própria vida vai ensinando as
demais. Depois vem a juventude, as primeiras fascinações, os primeiros sonhos,
os primeiros amores, as primeiras contrariedades, os primeiros desenganos.
Depois, dentro da realidade do mundo, novos anseios e novas frustrações! E
chora em segredo... Depois a procura da verdade! E, filosofando, analisa a
própria existência e a dos seus semelhantes: quanta quimera, egoísmo, tristeza,
desespero nos corações dos homens, que bem poderiam, todos eles, ser felizes.
Há os que vencem e os que fracassam. Os que caem e depois se reerguem. Há os
que tombam para sempre! Pausa! No fim, o obre homem, velhinho e com lágrimas
nos olhos, volta o seu pensamento para o passado, já que não pode mais alcançar
o amanhã inatingível! E para definitivamente... E, nesse momento, sempre haverá
alguém, que com amizade e em nome de Deus, chorará por ele! ( 2-11-72)
Muita gente existe que vota “contra”, por
causa do sadismo político de ver o que acontece depois... ( 15-11-72)
Olhos, espelhos d’alma... Quando, em nossas
andanças cruzamos com certa pessoa que embora nos conhecendo, procura não nos
encarar, de frente, é porque esteve agindo contra nós, ou alimenta anda alguma
idéia que não mereceria a nossa aprovação. ( 16-11-72)
Os “ricos” são os que possuem bens, objetos e
posições, enfim partes daquilo que interessa a quase todos e que a muitos faz
falta. A mentalidade dos “não ricos” gira em torno da percepção de que para os
afortunados é tudo fácil e possível e que, portanto, querendo poderiam
solucionar todos os problemas lhes apresentados e que deixam de corresponder
aos anseios de seus solicitantes, por descaso e má vontade... A maioria dos
queixosos não é contra, propriamente à pessoa do “rico” ou de sua família, mas
não esconde o seu despeito quando os acontecimentos põem em destaque, ainda
mais, a sua boa situação. Por isso tudo, os “ricos” são muitas vezes
ludibriados pelos que, na vida comum, se dizem seus amigos. E como é muito
cômodo, pelo método simplista, fazer demagogia, responsabilizando uns pelas
dificuldades dos outros, os “não ricos” são, com extrema rapidez, convencidos a
engrossarem as fileiras daqueles que gostam de atirar pedras nos que estão mais
no alto! ( 18-11-72)
Talentos ( Mateus 25, 14-30) ¾ “Servo
mau e preguiçoso”, classificou o Cristo ao servo que recebendo um talento de
seu patrão não o fez produzir, não trabalhou, não progrediu, enquanto os outros
dois empregados, que haviam recebido 2 e 5 dinheiros cada um, os fizeram
frutificar em dobro... Isso nos faz pensar que não fosse o progresso das
ciências, das artes, das indústrias, do comércio, parte da humanidade estaria
ainda na era da pedra lascada, a maioria dos homens habitando em cavernas e
malocas, vestindo peles das caças abatidas para a própria alimentação,
confeccionando os tecidos com a ajuda de agulhas feitas com ossos afiados,
gente morrendo com “nó nas tripas”, hidrofobia, picadas de cobras, “mal de sete
dias”, etc. As mensagens estariam ainda sendo transmitidas em papiros, levadas
de mão em mão, os transportes feitos nos próprios ombros e no lombo de animais.
Os portadores do mal de Lázaro circulando pelas estradas agitando matracas para
avisar que os proscritos estavam passando...Os músicos tocando flautas de
madeira e batendo em paus ocos. Os pintores e escultores sem ninguém que lhes
comprasse suas “obras reles”... Consola-nos, porém, lembrar que há dois mil
anos o próprio Filho de Deus já havia, em suas eternas parábolas, elogiado a
quem, trabalhando, conseguirá progredir! ( 26-11-72)
A criatura humana possui uma porção de
predicados, próprios ou adquiridos, que se constituem em elementos positivos,
ou seja, demonstração de força e, em caso contrário, não os possuindo, a
situação passa a ser negativa e de fraqueza. Esses elementos positivos uma vez
bem aplicados, ou mal disfarçados se ausentes, poderão conduzir a mesma
criatura ao êxito ou ao fracasso: 1) Vigor físico; 2) Inteligência; 3) Boa
postura; 4) Tradição de honradez; 5) Belos traços fisionômicos e bom senso; 6)
Gênio artístico; 7) Bens de fortuna; 8) Padrão de vida exemplar na família e na
sociedade; 9) Influência de boas amizades; 10) Crença em Deus e respeito às
coisas sagradas. ( 10-12-72)
Espírito negativista, possui aquele que
sempre afirma que “os outros não quiseram fazer coisas úteis” ou que “só
preferiram fazer coisas más”. Sua satisfação é criticar e censurar homens e
coisas, poupando palavras elogiosas mesmo quando existam motivos para isso.
Espírito positivista é aquele que sempre proclama o que de bom foi produzido e
reconhece publicamente o que de mau deixou de ser feito pelo seu semelhante. Ao
elogiar o faz com sinceridade e espírito de justiça e só critica um fato quando disso algum grande benefício pode
advir para alguém. ( 17-12-72)
Meditações em tempo de Natal ¾ I)
Não há, no mundo, ninguém que não precise de ninguém, assim como não existe ninguém
que não possa ser útil a alguém. II) Ah! Se a vida, o mundo fosse como um
grande lago plácido, sereno, iluminado pelos albores de um novo dia, em cujo
céu existissem nuvens, umas claras e
outras escuras, por vontade de Deus, e ao caírem as primeiras gotas de uma
chuva sem vento estas formassem milhares de milhares de círculos harmônicos,
irradiantes, uns ligando-se aos outros sem entrechoques, sem ciúmes, sem
despeitos, mas entrelaçando-se com amizade, com renúncia, com amor. III) Em se
falando de solidariedade humana, o ideal seria que os homens afastassem de seus
corações as antipatias que sentem por determinadas pessoas ¾ que
em nada contribuíram para isso ¾ bem
como não permitissem que a indiferença pelas necessidades de seus semelhantes,
especialmente vizinhos, amigos, parentes, edificasse em suas almas uma muralha
de apatia e egoísmo! IV) É, infelizmente, comum deixarmos de ser simpáticos
para certos “amigos” desde o momento que os procuramos para pedir-lhes algum
favor ou atenção que lhes importe, embora tão somente, em perda de tempo e,
quiçá, de comodismo. Igualmente são considerados inteligentes, dignas de
estima, as pessoas prósperas em seus negócios e acontecendo o inverso até os
“amigos” que se diziam mais íntimos praticar o feio pecado do descaso e da
ingratidão.( 24-12-72)