ANO DE 1973
“É uma vergonha: existe fome, existe guerra,
existe proliferação da toxicomania, existe a decadência dos costumes”. Muitos condenam... Mas dos acusadores,
quantos estão cumprindo a sua parte, colaborando positiva, valentes e abnegadamente
para a solução desses angustiantes problemas? Quantos são os que na hora do
balanço da verdade podem provar que, de
sua parte, tomaram a iniciativa de socorrer os seus “mais próximos”
necessitados, perdoaram os que os provocaram para iniciarem uma demanda tola,
vigiaram e orientaram, até ao sacrifício, os seus dependentes impúberes, quando
ao atingirem a idade de 13 a 15 anos, começaram a enfrentar as tentações desse mundo de deslumbramentos, de falsas
amizades e de corrupção? Os que condenam e clamam agora, compareceram antes
disso com a sua cota de generosidade, de advertências, de ensinamentos para a
segurança da família e da sociedade que julgam em perigo? Os que puderam
responder “sim”, esses merecem as bênçãos de Deus! ( 30-1-73)
Será, Deus meu, que foi pecado de orgulho o
fato deste pobre pai haver anunciado que estava comprando lotes de terrenos
porque possuía um filho recém-formado Engenheiro Civil, o qual, proximamente,
montaria aqui em Piracicaba uma empresa construtora? Perdoai-nos, por isso, meu
Deus, e permiti que ele, lá do Céu, continue transmitindo aos seus entes
queridos as necessárias forças e inspiração para levarem avante aquela sua
carinhosa idéia. ( 9-2-73)
Oração ¾ Perdoai-nos,
ó Deus nosso, se a partir das 22 horas do último domingo, dia quatro, quando
uma grade dor se abateu sobre nossas vidas de pai e mãe. Sim, perdoai-nos, ó
Deus onipotente, se em face do enorme sofrimento de nossos corações, junto com
os soluços que subiam do nosso peito, junto com as lágrimas que continuam
inundando os nossos olhos, perdoai-nos, ó Deus misericordioso, se, nesses
momentos, não contivemos as nossas queixas e, elevando o nosso pensamento ao
Alto, perguntamos algumas vezes: Por que, ó Deu nosso, castigaste-nos tão
rudemente? Perdoai-nos, por isso, ó Pai Nosso, que estais no Céu, e que
guardais agora, junto de Vós, o nosso querido filho José Carlos, e vos pedimos
dizer-lhe que mantemos a sacrossanta esperança
de também, um dia, quando formos convocados por Vós, podermos estar
novamente ao seu lado e assim ir tributa-lhe tantos beijos quantos, dia a dia,
momento a momento, lhes estamos enviando daqui de baixo, daqui deste “vale de
lágrimas”, onde, aqueles outros entes queridos que ele tanto amou e ama ainda,
continuam precisando de nós. Perdoai-nos, Senhor, e não permitais que se
afastem dele e dos demais ente queridos as Vossas e as nossas eternas bênçãos.
Augusto e Mile, 11-2-73
E assim continuou pensando o pobre homem: já
que o Bom Deus determinou fizéssemos doação de uma preciosidade destacada das
raras e imensuráveis que possuímos nesta vida, não devemos lamentar a dura
sorte... sob pena de praticarmos o feio pecado do egoísmo e arrependimento. (
24-2-73)
De repente, observamos que uma criatura
humana mudou de hábito, especialmente em público: já não anda tão depressa, com
a cabeça erguida, não mais saúda os seus amigos à distância, evita encarar as
pessoas... É que algum grande sofrimento passou a torturar-lhe a pobre alma. Só
o tempo, grande médico, grande arquiteto, grande professor, poderá, com a ajuda
de Deus, colaborar para restabelecer, no que for possível, a situação anterior.
( 11-3-73)
Todas a alegrias que podíamos receber de um
filho, até o momento em que o Bom Deus o chamou ao seu reino, foram nos
proporcionadas, bem como julgamos lhe havermos proporcionado todos motivos de
felicidade possíveis a um casal de pobre velhos pais, como nós. ( 11-3-1973)
Ontem, hoje, amanhã ¾ Nossa
vida, nosso amor, nossas lágrimas... Se não reagirmos o que será de nosso
futuro... futuro de nossos queridos que tem, em nós, a fonte dos principais
exemplos que podem e devem receber em sua existência. ( 8-4-73)
As estradas, como as selvas insondáveis, são
cheias de perigos e surpresas... Andando-se nelas, as pobres criaturas de Deus,
em trânsito por esta vida, estarão sujeitas, a todos momentos, a pequenas e
grandes fatalidades. ( 13-5-73)
“As palavras são punhais”... quando procuram,
inutilmente, consolar as grandes dores, irremediáveis! ( 23-5-73)
Nascer...
Crescer...
Viver...
Chegar!
Mas, chegar aonde?
- Ao momento presente!
Todas vibrações desta vida,
Tendo aquilo que a alma sente,
Está no instante que passa,
Está no momento presente!
Depois...
Depois, na confusão das
ansiedades,
Tudo termina, só restando as
saudades! ( 9-6-73)
Existem dois grandes remédios para os males
do coração: o Amor e o Tempo. ( 12-7-73)
A grande dor, a dor que atinge a alma é muda!
Portanto, deveria provocar, apenas, soluços sufocados e lágrimas disfarçadas...
Nada de nossos ferimentos com lamúrias e choradeiras que, inclusive podem
perturbar as pessoas que, embora muitas vezes mais afastadas do nosso grande
sofrimento, circulam ao nosso derredor... ( 23-8-73)
Pessoas existem que, em momentos de dor e
desespero, segredam aos seus amigos e confidentes, que seria preferível ver
morto um filho muito querido que, transviado, perdido na senda do vício, do
desrespeito,enche de vergonha toda a família, mesmo estando, muitas vezes, por
traz das grades de uma prisão... Perdoa-lhes, Senhor, a esses pobres
sofredores, que não sabem o que dizem,
uma vez que, com a Vossa divina graça e com o passar dos dias, poderia, aquela
ovelha desgarrada, retornar ao bom caminho e até como São Paulo Apóstolo, se
transformar em defensor do bem e da virtude. ( 18-9-73)
A vida
A vida
Tão Querida,
Como o tempo que passa,
É igual à fumaça,
Que esvoaça,
Para depois subir
E no espaço sumir...
Mas a saudade,
Essa imensa verdade
Que conosco fica,
Se edifica,
Em nosso pensamento
E em nenhum momento
Nos deixa,
Apesar de nossa desejosa
queixa
De olhar aos Céus
E perguntar a Deus:
Por que?...
... Por que?! ( 10-10-73)
“Ide e batizai todas as criaturas do mundo,
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo o
que vos mandei. E eis que estou convosco todos os dias até o fim do Mundo”.
Mateus 28, 19-20. Sim, é obrigação dos cristãos atuais colaborarem na reforma
das “Casas de Deus” ( como a da nossa querida Rio das Pedras) a fim de que
nelas as criaturas humanas possam, genuflexas, orar e fazer votos de altruísmo, paciência, humildade,
renúncia, perdão, e se disporem, depois, a trabalhar e colaborar a favor dos
necessitados, dos desesperados, de todos enfim, especialmente daqueles que, por
ignorarem a doutrina de Cristo, poderiam perder-se nos inúmeros lamaçais de
corrupção, de desonra, de miséria e de loucura existentes no mundo.
É preferível fazer uma “coisa certa” com
imperfeição, do que nada fazer com medo de errar. ( 30-11-73)
As grandes leituras, os pequenos escritos, as
visitas, as reuniões amigas, e quantas coisas importantes vão agora ficando para
trás, por causa de alguns “instrutivos e informativos” ou apenas fantasiosos
programas de televisão. ( 12-12-73)
Após bilhões de anos, depois que a terra, o
mar, os rios passaram a possuir plantas e animais vivos... surgiu a criatura
humana, e, para os que crêem, feita a imagem e semelhança de Deus. Desde então
o homem, com sua capacidade de raciocínio, de comunicação e de edificação,
começou a registrar a história do mundo em pedras, madeiras, papéis,
fotografias, filmes, gravadores, computadores, etc.... ( 30-12-73)