ANO DE 1974

 

Fatos que são do conhecimento de, pelo menos, duas pessoas, não são mais segredos! ( 8-1-74)

 

Renúncia e “renúncia” ¾ No primeiro caso a criatura humana abre mão de uma vantagem a favor de alguém ou de alguma situação... No segundo é despojada de um direito e prefere, covardemente,baixar a cabeça e retirar-se do campo de luta... ( 11-1-74)

 

A vida é curta demais para ser mal vivida, tanto mais sabendo-se que a sua história sim é que poderá durar uma eternidade. Apenas dois exemplos: (I) Cristo e Iscariotes e (II) Tiradentes e Silvério. ( 8-2-74)

 

Para muitos, a morte é como um sono prolongado e sem fim... ( 10-2-74)

 

O pobre homem necessita de muitas coisas para viver; mas para ser feliz precisa, sobretudo, de paz e amor. ( 22-3-74)

 

Quando se tem muita dúvida sobre qual o caminho a seguir, o melhor que se faz é parar um pouco, meditar, indagar, silenciar se preciso... mais tarde poderemos verificar que, dos que seguiram precipitadamente, muitos sofreram decepções irremediáveis... E os poucos que, agindo de uma outra forma, acertaram, esses mereceriam as bênçãos de Deus e o respeito dos homens. ( 11-4-74)

 

Retroceder ¾ Avançar todos querem, mas, às vezes, é indispensável, nobremente, dar um passo para trás... para reconhecer um erro, ajudar alguém, ouvir reclamarem contra nós, e, assim buscar, depois, a verdadeira felicidade. ( 30-5-74)

 

Pior que os erros que as criaturas humanas cometem ( Errare humanum est) é o fato dos faltosos, querendo fazer boa figura, apresentam desculpas, as mais rasteiras, pretendendo, com isso, justificar os seus erros. Pobre mundo! Quem reconhece um erro, fazendo propósito de não o repetir, está se redimindo. Mas quando, querendo defender-se, apresenta argumentação inadmissível, mas difícil de contradizer, esse está forjando uma sociedade de velhacos. ( 7-8-74)

 

Hoje não existe mais quem construa pirâmides e outras obras monumentais, não existem mais os heróicos Miquelângelos com suas morosíssimas e eternas esculturas; os Da Vinci e Van Gogh com as suas imortais pinturas; os Alighieres, Camões, Shakespeares, Cervantes, Castro Alves com a sua literatura gigantesca; não mais se vê na praças e avenidas das cidades a edificação de catedrais e igrejas como as da Sé, Candelária e Bom Fim, no Brasil, São Pedro e São Marcos na Itália, Notre Dame na França, etc. Tudo porque agora os jornais, revistas, rádio, televisão e computadores sufocam nos homens aquela divina inspiração que antigamente os tornava gênios. ( 15-9-74)

 

É nesta moderna sociedade de consumo que se enchem os homens de títulos e honrarias!... Entretanto, o que restou? Ao excelso Sócrates: a condenação; a Jesus, Divino Mestre: o martírio; a Dante Alighieri: a prisão; a Cristóvão Colombo: o ostracismo; a Luiz de Camões; o abandono; a William Shakespeare: o anonimato; a Espinosa: a excomunhão; a Aleijadinho: a miséria; a Victor Hugo: o desterro; a Van Gogh: o suicídio. Mas esses, que não obtiveram o devido reconhecimento pela maioria dos homens ilustres de suas épocas, tem a sua memória perpetuada nas volumosas páginas da História e da Posteridade. ( 13-10-74

 

Quando duas ou mais pessoas ¾ conduzindo um grande negócio ou embarcação ¾ se postam com os olhos fixos num mesmo rumo, avançam obstinadamente, e não param um pouco para dialogar, olhar para trás, verificar como vão as coisas, é possível que, assim vencendo distâncias, ou percam a tramontana ou cometam alguma temeridade. ( 17-11-74)

 

Um pouco de paciência,  de serenidade, de ponderação e de renúncia, e quanto bem estar seria causado aos corações humanos. Se lembrássemos que, às vezes, inofensivos atos ou palavras imprudentes, poderão provocar violenta reação no espírito de pessoas neurastênicas ou sofridas, de certo teríamos mais cuidado em nosso modo de tratar com os homens... Nessa mesma linha de idéias, devemos concordar que uma simples ultrapassagem, na estrada, por um carro igual ou inferior ao nosso, em maior velocidade, pode parecer uma provocação, e eis aí gerada a competição e o desejo de revanche... ( 8-12-74)