ANO DE 1976
Soneto
Era um novo dia. O sol
nascente,
Refletindo no horizonte o seu
clarão,
Dourava, lá longe, com luz
crescente,
O céu e afastava da terra a
escuridão.
Pássaros já cantavam
alegremente,
Mas, o seu piar, entre a
entonação
Dos ruídos que acordavam toda
gente,
Ia sumindo no novo dia em
confusão.
E o pobre homem, triste e
apreensivo,
Iniciando mais um dia de
trabalho,
Retinha a dor que o tornava
pensativo.
Meditando sobre o tempo que
vivera,
Recordando seu passado, em
cada atalho,
Sofria por males que não
cometera. ( 8-2-76)
Cada dia é um novo dia. O dia de amanhã é uma
nova esperança e por isso no dia de hoje nada há plenamente perfeito e acabado.
Vivemos de esperança! Penso que nada é insolúvel neste mundo e nada é
irremediável enquanto houver vida. ( 4-9-76)
Ninguém deve tentar fazer algo absolutamente
perfeito, pela simples razão que “perfeição” não é da atribuição da criatura
humana. Por isso sempre restará na obra feita algo a acrescentar, conservar,
aperfeiçoar. ( 4-9-76)
O nosso mundo é a nossa terra, a nossa
casa, a nossa gente. O nosso tempo é o
momento que passa, entrelaçado ao nosso amanhã sem receios e ao nosso ontem sem
arrependimentos. E tudo isso só será verdade se, crendo em Deus, aceitarmos sua
onipotente vontade e agirmos segundo seus sacrossantos preceitos. ( 4-9-76)
Se o homem não puder praticar boas ações que
lhe proporcionem depois, algumas honrarias, pelos menos que não viva de maneira
a sentir, de imediato, sensações de remorso. ( 10-10-76)
Se a criatura humana que estivesse propensa a
praticar um ato considerável indagasse, se sua própria consciência, como a
mesma reagiria diante de um evento semelhante, que viesse a ser executado por
um seu amigo, pessoa muito amada, de certo que desistiria da idéia, horrorizada!
( 14-11-76)
Os artistas deixam lembranças de suas vidas
através do testemunho e suas obras. E os pobres homens comuns? Para eles seria
consolador se, em vida, tivessem deixado provas, pelo menos, de seu espírito de
justiça e de honestidade. ( 8-12-76)