ANO DE 1982
Antigamente
(tempo dos Faraós, Império Romano,
Revolução francesa, etc.) as guerras eram vencidas pelos homens. Atualmente, os
homens são vencidos pelas bombas... ( 10-1-82)
O trabalho
é fator de prosperidade pessoal, mas o
que tem dado resultado rápido e substancial é quando esse trabalho é executado
na arregimentação, supervisão e organização do trabalho alheio, constante e
eficiente por parte de gerentes, funcionários e operários, a serviço do trabalhador chefe,
popularmente chamado de “patrão”. ( 17-1-82)
Se os
homens infelizes que, em vida,
realizaram grandes obras, sejam na filosofia, literatura,
escultura, pintura, música, filantropia, humanismo, etc., e que, muitos
morreram no anonimato, ostracismo, penúria, martírio, pudessem reviver no mundo
de hoje e avaliar os benefícios que, imorredouramente,
o seu estado de sofrimento produziu, de certo, se sentiriam compensados, em
incontáveis vezes, agradecendo até ao Bom Deus por ter-lhes concedido, naqueles
amargos e saudosos tempos, tanta sabedoria e acerto... ( 14-2-82)
Antigamente
a “lei de oferta e procura” funcionava
de maneira simples e natural. Os meios de produção eram acionados
desordenadamente, sem pesquisa de mercado, tanto para o consumo interno, como
para exportação. E ocorria, mormente com os produtos agrícolas ( pobre agricultura!!!) que, na época das colheitas, os seus
preços eram reduzidos até abaixo dos custos das sementes, da mão de obra dispendida no seu plantio, cultivo e assim os lavradores,
muitas vezes, preferiam deixar perder-se no campo a produção, para não agravar
ainda mais os seus prejuízos... Hoje, neste início do octagésimo
segundo ano do Século XX, vemos com algum alívio que os decantados “preços
mínimos”, prometidos e re-prometidos desde os primórdios do “governo dos
Estados Unidos do Brasil” está realmente, começando a funcionar ¾
garantidos agora pelo Banco do Brasil, que os adquire ou financia,
depositando-os nos armazéns gerais da União. Até que enfim, graças a Deus!
Quanto aos produtos industriais, esses então são defendidos pelos próprios
fabricantes ou suas associações de classes, que procuram regular a produção
dentro dos parâmetros do consumo nacional e da possível exportação, não
permitindo assim a baixa aviltante dos preços de mercado. Infelizmente, uma das
conseqüências dessa política é o desemprego, às vezes “em massa”, estourando a
corda do lado “mais fraco”, agravando sempre mais a penúria do desassistido operário brasileiro... ( 28-2-82)
O velho
costume de deixar para o último dia,
para a última hora, a feitura de serviço necessário, pode acarretar problemas e
sérios aborrecimentos nas horas extremas... ( 12-3-82)
A perfeição
é alcançada, a maioria das vezes,
depois de falhas experimentais, erros e aparentes fracassos... Só o Bom Deus
age e cria as coisas, de maneira impecável. Em assim pensando, o “pobre homem”
deve admitir, temporariamente, os próprios erros e os de seus semelhantes,
convicto de que seus tropeços, “quedas do cavalo” é muito difícil alguma coisa
ou alguém, de início, despontar com a perfeição ideal. ( 21-3-82)
A consciência
do homem é como um mini-Deus ( isso, não do homem pecador, farisaico, hipócrita, mas do
homem crente) porque acha que Deus é a extensão da própria consciência. Esse
homem-consciência, quando comparecer diante de Deus para prestar contas de sua
vida terrena, poderá julgar-se feliz se puder afirmar: “Senhor, fui prejudicado
mais do que prejudiquei os meus semelhantes, talvez sem querer ou por omissão e
não guardei rancor de ninguém. Perdão, Senhor!”. ( 24-04-82)
“Não
é bom que o homem esteja só” ( Velho Testamento).
“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles” ( Evangelho). Nos momentos de desânimo, segundo antiga
teoria, se o homem, mesmo estando no escuro, acender uma humilde velinha e tiver fé, vale muito mais que reclamar contra a
escuridão e adversidade. Isso já o disse alguém. Se, em vez de apenas uma vela,
forem 5, 10, 20, 50 ou mais, então o ambiente estará
iluminado tanto quanto se a lâmpada elétrica estivesse acesa. Quando o imortal
Charles Chaplin festejou o seu octagésimo
aniversário, quis que ─ no lugar de duas velas, uma com o número 8 e
outra com o zero ( como fazem hoje em plena era eletrônica) ─ acendessem
oitenta, clareando tanto os semblante de seus familiares e amigos, que ele disse,
quanto o convidaram para assoprar as velinhas: “ Que beleza! Até se esqueceram de apagar as
luzes”. ( 9-5-82)
Ninguém
cria nada de nada, nem nada faz sem o apoio de coisas ou elementos existentes.
Disso, somente o Bom Deus, que não teve principio nem terá fim, é capaz. O
próprio filho de Deus, Jesus, Deus feito homem, contou, em sua vida pública,
com a cooperação e assistência de apóstolos e discípulos, criaturas humanas
imperfeitas, algumas das quais não creram nele e até o renegaram, de início.
Para fazer o seu primeiro milagre, nas festas da bodas de Canaã, contou com a
ajuda dos empregados dos noivos, que lhe trouxeram jarros contendo água pura,
quando o vinho que era servido se havia acabado... Por isso, enganam-se,
redondamente, os homens que se julgam donos da verdade, mais sábios e capazes
do que seus semelhantes. Muitas vezes, quando simples problemas, sujeitos a
várias interpretações, lhe são apresentadas, impõem soluções precipitadas e
condenáveis, invés de, com um pouco de humildade, solicitar a opinião de outros interessados e
conhecedores do assunto, procurando assim encontrar a solução final, se não
absolutamente correta, pelo menos a melhor no momento, em face da situação e
com a vantagem de dividir responsabilidades... ( 20-5-82)
Mocidade
moderna ─ Pais e filhos. Os pobres
pais se indagam aos seus parentes, amigos, vizinhos, o que fazer para que os
filhos adolescentes não sejam envolvidos pelas más companhias e tentações que
cercam o chamado “mundo moderno”, instável e corrupto, que
infelicitam tanto criaturas e lares... O que fazer? Primeiro, confiar em
Deus e nos ensinamentos de virtude e pureza de Cristo Jesus. Depois, sair da
situação de mero espectador e dar bons conselhos e, principalmente, bons
exemplos. Praticar boas ações e ajudar o seu próximo necessitado. Esquecer o
passado, se for o caso, e praticar o “bom combate”, como São Paulo Apóstolo.
Lembrar que Cristo é perdão, amor, misericórdia. Nada de represálias, inveja,
egoísmo, menosprezo! Orientar, com palavras carinhosas, seus companheiros e
bons amigos, aconselhando-os a se desviarem das ciladas que a própria vida arma
constantemente, contra inexperientes e principiantes... Depois, os pais, que se
mantenham na confiança em Deus e nas lições do Evangelho, e se ainda, no final,
novas provocações sobreviverem, não perder, jamais, a sublime esperança de que,
um dia, o Divino Mestre, ouvirá nossas preces e não nos deixará faltar suas
sacrossantas consolações, pois Ele mesmo disse “os que preservarem até o fim
serão salvos”. ( 12-6-82)
As
crianças e os velhos não devem ter segredos; as crianças tudo esperam dos
homens, os velhos devem ter muito a temer a Deus. ( 28-6-82)
Somente
agora ─ quase dois mil anos depois que o Divino Mestre legou a todos os
povos a sua sacrossanta doutrina, defendida primeiro por seus apóstolos de
discípulos, depois divulgada pelos seus quatro evangelistas, por São Paulo e
por milhares de outros homens de fé e de letras ─ é que a filosofia
cristão vem sendo posta em prática em sua essência. E hoje, na maioria das
vezes, contra o poder de
governantes ditatoriais, voltando assim as suas verdadeiras origens, em defesa
das criaturas carentes de pão e de justiça. Durante os primeiros trezentos anos
os ensinamentos do Divino Mestre viveram quase que na clandestinidade, até quando
o imperador Constantino, pelo Édito de Milão, no ano de 313, considerou a
religião cristã como oficial do Império Romano, atribuindo-se, entretanto,
“oficialmente”, a condição de grande pontífice e chefe da nova Igreja,
proclamando, desde logo, que seu governo monárquico era de “direito divino”.
Infelizmente, já naquele tempo, o sacrossanto símbolo cristão, a cruz, começou
a ser utilizada para fins belicistas, havendo o
próprio Constantino mandado desenhar a cruz em seus estandartes, adotando
também, o lema “In Hoc Signo Vencis”
recrudescendo então novas guerras de conquista, esquecendo, portanto, do que
havia afirmado o próprio Jesus diante de Pilatos:
“Meu reino não é deste mundo”. As próprias cruzada, que se arrastaram pela
Idade Média afora e que sacrificaram milhares de vidas inocentes, se desviaram
da filosofia de Cristo, expressa especialmente no Sermão da Montanha. Depois,
outra página negra foi escrita em nome do catolicismo, ao tempo da nefanda
Inquisição, comandada por imperadores e, também, por altos dignatários
da própria Igreja, quando, a título de combater heresias, foram cometidas
inomináveis barbaridades, devendo aqui mencionar apenas um exemplo: o
sacrifício de Joana D’Arc, queimada em praça pública na cidade francesa de Rouen. Não devemos omitir as perseguições sofridas por
pensadores e filósofos nos últimos tempos, levadas a efeito pela tirânica
aliança Estado-Igreja, citando apenas três nomes:
Spinoza, no século XVII, Voltaire, no século XVIII e Victor Hugo, no século
XIX. Graças a Deus, principalmente depois da Encíclica do Papa Leão XIII, “Rerum Novarum”, publicada em
15.05.1891 e do Concílio Ecumênico Vaticano II, a posição assumida pela Igreja
Católica, em verdade. É de defesa dos humildes, dos carentes, dos sofredores,
dos injustiçados, recomendando a todos, ao mesmo tempo, pobres e ricos, fracos
e poderosos, a prática real da virtude, do amor e do perdão, segundo os
ensinamentos de Cristo Jesus. Disso vem dando provas, as mais evidentes e
insofismáveis, o Papa João Paulo II, que atacado e mortalmente ferido pelo
terrorista turco Mehemet Ali Agca,
durante uma concentração na Praça de São Pedro, em 13.05.81, já no hospital e
ainda sob sério risco de vida ─ disse, referindo-se ao criminoso: “ Dele
não guardo mágoas e sinceramente o perdôo”. Um ano depois, em Fátima, onde
comparecera para comemorar o 65° aniversário da aparição da Virgem Maria a três
jovens pastores ( 1..05.1917) o mesmo João Paulo II
fora novamente ameaçado e quase atingido a baioneta por um sacerdote
tradicionalista ( portanto a favor da mentalidade antiga da Igreja Romana)
ordenado que fora pelo bispo rebelde francês Marcel Lefèbvre.
Percebendo, o Santo Padre, que alguém havia tocado em sua batina, voltou-se e
fitando o seu agressor, já contido por policiais, o abençoou fazendo o sinal da
cruz. Finalmente, é digno de menção o que vem acontecendo com os padres
franceses Aristides Camiô e Francisco Gouriou, quando toda a Igreja do Brasil toma corajosa e
desassombrada posição contra o julgamento do Conselho de Sentença do Exército
da 8ª Circunscrição da Justiça Militar de Belém do Pará, que condenou ambos os
sacerdotes a 15 e 10 anos de prisão, respectivamente, e pretende agora que os
mesmos sejam expulsos do país. Mas a Igreja não cruzou os braços diante disso e
vem clamando por todos os meios ao seu alcance, inclusive pela imprensa falada
e escrita a favor de humildes roceiros marginalizados naquele longínquo Estado
da Federação e que vem seno amparados pelos dois padres
católicos em suas justas aspirações quanto a posse da terra devoluta onde moram
há muitos anos. Assim devemos todos reconhecer que agora a Igreja voltou a
cumprir e a recomendar obediência aos santos ensinamentos do Divino Mestre,
graças a Deus! (30.6.82)
A
expressão bíblica “expulsar demônios” deve-se mais à ignorância humana e
à crença de antigamente de que as doenças ─ febres, tremores, infecções,
etc. ─ eram obras do demônio contra pecadores, por si e por seus
antepassados. Com a descoberta do microscópio e, em conseqüência, das
bactérias, através dos exames de laboratório, bem como com o conhecimento das
doenças nervosas e mentais, a antiga crendice foi caindo em desuso. Ainda hoje,
quando um epiléptico entra em transe, estremecendo-se e pondo saliva pela boca,
é possível que alguém menos esclarecido afirme: “Está com a
diabo no corpo”. ( 11-7-82)
Existem
pessoas que podem ser consideradas grandes negociantes e até bons economistas,
porque sabem o que e como comprar, bem como o modo e tempo de como melhor
vender, mas são péssimos administradores de empresa, porque não sabendo
dialogar com seus sócios, assessores, gerentes, encarregados, etc. acabam
impondo opiniões, perdendo a serenidade e assim acabando por desmontar,
destruir a “equipe de colaboradores”, só desnecessária quando o negócio gira
apenas dentro do estreito âmbito individual. ( 15-8-82)
Ninguém
alcança a glória se na sua caminhada precisar prejudicar seus semelhantes,
ainda que em pequeno número... A caminhada para a glória tem de ser mesclada
com humildade, compreensão, perdão, senão será uma glória militar que, quando
atingida, deixará atrás ou abaixo, os derrotados, que jamais esquecerão os
vencedores... impiedosos! ( 19-9-82)
Via
de regra, pouco ou quase nada adianta ao homem justo ser rico, milionário ou bilhardário. A posse de uma enorme fortuna pessoal, que
pode ser fruto de herança ou conseqüência de negócios ocasionalmente rendosos,
pouco o exaltará, intimamente, se for uma criatura humilde, dotada de
sentimento cristão e avesso a exibicionismo. O que vale mesmo a ele é possuir
relativa instrução, desfrutar de boa convivência familiar e social, possuir
alguns bens materiais que lhe proporcionem as comodidades e bem estar condignas
a qualquer criatura humana honesta, trabalhadora, organizada
e, sobretudo, crente na Providência Divina. O mais é pura ilusão. E muitos
poderiam perguntar: a) O que valeu para Hércules e Sansão, no final de suas
trágicas existências, toda a força de que eram possuidores? b) O que foi
construído de bom com toda a fortuna dos faraós do antigo Egito? c) O que
fizeram Cleópatra e Messalina com toda
suas belezas físicas? d) O que sobreviveu à marcha do tempo todo poderio
dos imperadores romanos? Histórias, lendas e nenhum exemplo a ser seguido,
simplesmente. ( 3-10-82)
Vale
mais quem faz do que quem dá ─ Quem dá alguma coisa a alguém, procurando
assim livrar-se da presença “incômoda” do necessitado ( suplicante ou não)faz,
em verdade, quase nada, o que, perante os Céus, às vezes, não passa de uma
heresia. O certo é fazer alguma coisa em favor de alguém, que sirva de
estímulo, de combate ao desânimo, de um novo ponto de partida. Se Luiz Vicente
de Souza Queiroz fizesse como a quase totalidade das criaturas e tivesse
naturalmente deixado a sua fazenda em Piracicaba, como herança a seus
sucessores legais, hoje os piracicabanos certamente
não teriam a sua gloriosa ESALQ, como outras cidades maiores, mais ricas ou
importantes do Brasil, não tem escolas como a nossa, tanto na história
benemérita de sua fundação como pelos extraordinários frutos produzidos, em
benefício da agricultura e especialmente do povo brasileiro. Mas Luiz de Queiroz
não a deixou simplesmente e sim a doou ao Estado com a condição altruística de
nela ser construída uma escola de agronomia, nos moldes das existentes, na
ocasião, em países da Europa que havia visitado. Falemos agora igualmente de
Alfredo Nobel ( Suécia 21.10.1833 e falecido na Itália
em 10.12.1896) que se tivesse dado toda a sua fortuna, ou a deixado aos seus
herdeiros, hoje seria mais um entre milhões de homens que fizeram ou inventaram
alguma coisa, morreram ricos ou pobres e o povo os esqueceu... Mas, Alfredo
Nobel preferiu deixar, por testamento, a maioria de seus bens (adquiridos com
os lucros de sua fábrica de dinamite gelatinosa industrial) a favor de uma
fundação a ser constituída, com a finalidade precípua de conferir prêmios
anuais aos homens e mulheres que se destacassem em qualquer parte do mundo, em
pesquisas, descobertas e realizações nos campos da Medicina, Química, Física,
Fisiologia, Literatura e Paz Mundial. E na temos, confessamos, conhecimento e
competência bastantes para comentar o que tem sido, em grandiosidade e êxito a
concessão periódica de tais prêmios, cujos fundos financeiros, milagrosa ou
inflacionariamente, crescem
de ano para no. Por tudo isso recordamos como é válido
o exemplo daquele homem que preferia fornecer varas, ensinando a pescar, invés
de, farisaicamente, “dar” o pescado a quem
solicitasse... (21-11-82)
Foi
preciso que, finalmente, Jesus fosse crucificado para poder deixar fundada a religião cristã, cujos ensinamentos ultrapassaram e
ultrapassarão todos os tempos. Enquanto que os imperadores sumérios,
assírios, egípcios, fenícios, persas, gregos, romanos e outros desde os mais
antigos aos mais modernos dominadores temporários de povos e nações, esses
todos serão apenas minúsculos capítulos nas imensas páginas da história da
humanidade. ( 19-12-82)