ANO DE 1986
Desde o momento em que as crianças ou os
passarinhos procurarem se afastar de uma situação ou de um lugar, convém
admitirmos que algo de mau pode acontecer por ali. (12-1-86)
Gente existe que, sendo abastada,
mas avarenta, passa pela vida precariamente, para ao morrer, possam seus
conhecidos, ao menos, dizer: “Morreu rico!” (19-1-86)
“Encher o saco” é uma expressão chula
que se usa muito no Brasil e que significa uma pessoa aborrecer, importunar,
repetidamente outra pessoa... O que os críticos ou reclamantes nem sempre se
lembram é de que essa é uma forma com que certos agressores (salvos os “chatos”
por índole) tentam esvaziar o próprio “saco”, saturado que está com um ou mais
eventos e que precisam desabafar, descarregando-os em outras pessoas, especialmente
nos supostos ou reais causadores dos problemas... (23-2-86)
Agora que estamos às vésperas de
nova constituinte, em que, não apenas políticos carreiristas e depois tidos
como profissionais, mas também homens do povo que vivem reclamando do governo,
dos seus três poderes ─ Executivo, Legislativo e Judiciário ─ devem
nela tomar parte, propondo, discutindo legislação e interpretações que
assegurem a todos os brasileiros ( e não somente a uma minoria privilegiada) situação
de bem estar e prosperidade, aponto de desfrutarem dos seus direitos e se
curvarem, todos, sem discriminação, ao cumprimento dos seus deveres. ( 16-3-86)
Felicidade, Oh! Felicidade!
Andas nos votos de tanta gente,
E no entanto estás tão ausente
Que a poucos pareces verdade! ( 22-4-86)
É comum nos entristecermos quando
pessoas amigas e até parentes, que circulam constantemente ao nosso derredor,
divergem da nossa opinião, sobre assunto sério e importante, e quando
convidados a votar, votam contra nós, velada ou frontalmente! Mas se nos determos
a analisar os fatos, nos convencemos que, não sendo infalíveis, apesar de nossa
honestidade e da nossa boa vontade, podemos estar errados, portanto os nossos
opositores merecem estar certos... (
25-5-86)
Como não existem animais
domésticos soltos pelas ruas, principalmente, das cidades brasileiras de médio
e pequeno porte, por que então pobres criaturas humanas, em especial crianças,
perambulam por aí, maltrapilhos, famintos, de déu em déu? Será porque os irracionais se recolhidos e bem
tratados poderão depois importar em interesses pecuniários ou de posse de seus
“benfeitores”, enquanto que os infelizes menores, ao
contrário, só problemas acarretariam às pessoas que se preocupassem com o seu
destino? Ou seria por culpa dos membros do governo, particularmente federal e
estadual, que só cuidam mesmo é das vantagens pessoais próprias e de seus
familiares, e de seus apaniguados, que tudo isso
acontece? A escassez de assistência social, honesta e
devotada, no nosso querido Brasil, é simplesmente desumana e revoltante.
( 15-6-86)
Na Rússia, na China, em Cuba e em
outros países comunistas, ninguém morre de fome ou por falta de assistência,
dizem por aí... É que nessas nações, apesar do indesejável regime ditatorial
que as avassala, as leis são respeitadas com seriedade e as verbas honestamente
aplicadas, sob risco até de pena capital. E no Brasil, o que tem acontecido? “A
lei, ora a lei”, vem sendo repetido desde os tempos de
Getúlio Vargas, que, por certo, devia estar saturado pelos clamores contra a
primeira república, duramente vergastada, a partir de seus primórdios por Rui
Barbosa e outros patriotas brasileiros. (22-6-86)