AMIZADE

 

Precisamos reconhecer que nossos defeitos são defeitos e que as virtudes dos outros são virtudes. Do contrário não existirá o espírito de compreensão e amizade. (10-1-53)

Qualidades essenciais.

I)                   Saúde: vida do corpo (física e mental);

II)                 Amizade: vida do indivíduo (social);

III)              Fé em Deus: vida espiritual.

A (I) é necessária, a (II) é decisiva e a (III) é indispensável. O resto é ilusão e fantasia...

(10-4-56)

“Os últimos são os primeiros” — Eis o trinômio: Deus-Pátria-Família. A Família estando em último lugar é a primeira colocada em nossos anseios, em nossas preocupações. É a nossa amizade, nosso porvir, na palpitação de cada momento de nossa vida presente. Sem família, isto é, sem passado, sem futuro, a criatura humana se iguala a míseros irracionais, sem afeto, sem um nome. Depois vem a Pátria, que os “políticos” roubam, os capitalistas ludibriam, os burgueses criticam e os proletários amaldiçoam. Pobre Pátria! Por último “Deus” que por ser o primeiro, d’Ele só nos lembramos na hora do perigo, da amargura, da morte. O Criador, nos recônditos mistérios do infinito, nos há de perdoar e abençoar, se tivermos sido na vida terrena, pelo menos, justos. ( 20-1-60)

Todas associações são úteis. A primeira é da família: marido, mulher e filhos. Vem depois a da amizade, constituída pelas famílias dos parentes, dos vizinhos e dos conhecidos circunstanciais. Depois as instituições beneficentes do bairro. Depois as associações da cidade. Depois as que se entrosam com as congêneres de outros municípios. Mas de todas, as maiores e mais úteis são as de caráter religioso que congregam as pessoas em torno de um ideal elevado, cuja moral, em todos os tempos, é o temor a Deus e a prática do bem. ( 2-6-62)

Antigamente as criaturas humanas se conheciam melhor, pois através de visitas recíprocas faziam um entrelaçamento de sinceras amizades. E muitas pessoas faziam as suas andanças a pé ou sentavam-se em cadeiras ou bancos colocados em frente de suas casas, onde vizinhos ou conhecidos paravam para “aumentar a roda”. Hoje, por causa dos programas de televisão ninguém visita ninguém; quando alguém sai de casa, o faz de automóvel, e com isso nem os vizinhos da frente ou dos lados recebem o “bom dia” amável, e todos culpam a velocidade dos tempos... ( 5-7-71)

A criatura humana possui uma porção de predicados, próprios ou adquiridos, que se constituem em elementos positivos, ou seja, demonstração de força e, em caso contrário, não os possuindo, a situação passa a ser negativa e de fraqueza. Esses elementos positivos uma vez bem aplicados, ou mal disfarçados se ausentes, poderão conduzir a mesma criatura ao êxito ou ao fracasso: 1) Vigor físico; 2) Inteligência; 3) Boa postura; 4) Tradição de honradez; 5) Belos traços fisionômicos e bom senso; 6) Gênio artístico; 7) Bens de fortuna; 8) Padrão de vida exemplar na família e na sociedade; 9) Influência de boas amizades; 10) Crença em Deus e respeito às coisas sagradas. ( 10-12-72)

Meditações em tempo de Natal ¾ I) Não há, no mundo, ninguém que não precise de ninguém, assim como não existe ninguém que não possa ser útil a alguém. II) Ah! Se a vida, o mundo fosse como um grande lago plácido, sereno, iluminado pelos albores de um novo dia, em cujo céu existissem nuvens, umas claras  e outras escuras, por vontade de Deus, e ao caírem as primeiras gotas de uma chuva sem vento estas formassem milhares de milhares de círculos harmônicos, irradiantes, uns ligando-se aos outros sem entrechoques, sem ciúmes, sem despeitos, mas entrelaçando-se com amizade, com renúncia, com amor. III) Em se falando de solidariedade humana, o ideal seria que os homens afastassem de seus corações as antipatias que sentem por determinadas pessoas ¾ que em nada contribuíram para  isso ¾ bem como não permitissem que a indiferença pelas necessidades de seus semelhantes, especialmente vizinhos, amigos, parentes, edificasse em suas almas uma muralha de apatia e egoísmo! IV) É, infelizmente, comum deixarmos de ser simpáticos para certos “amigos” desde o momento que os procuramos para pedir-lhes algum favor ou atenção que lhes importe, embora tão somente, em perda de tempo e, quiçá, de comodismo. Igualmente são considerados inteligentes, dignas de estima, as pessoas prósperas em seus negócios e acontecendo o inverso até os “amigos” que se diziam mais íntimos praticar o feio pecado do descaso e da ingratidão.( 24-12-72)

 

“É uma vergonha: existe fome, existe guerra, existe proliferação da toxicomania, existe a decadência dos costumes”.  Muitos condenam... Mas dos acusadores, quantos estão cumprindo a sua parte, colaborando positiva, valentes e abnegadamente para a solução desses angustiantes problemas? Quantos são os que na hora do balanço da  verdade podem provar que, de sua parte, tomaram a iniciativa de socorrer os seus “mais próximos” necessitados, perdoaram os que os provocaram para iniciarem uma demanda tola, vigiaram e orientaram, até ao sacrifício, os seus dependentes impúberes, quando ao atingirem a idade de 13 a 15 anos, começaram a enfrentar as tentações  desse mundo de deslumbramentos, de falsas amizades e de corrupção? Os que condenam e clamam agora, compareceram antes disso com a sua cota de generosidade, de advertências, de ensinamentos para a segurança da família e da sociedade que julgam em perigo? Os que puderam responder “sim”, esses merecem as bênçãos de Deus! ( 30-1-73)

Existem pessoas que se fazem antipáticas e inacessíveis, por absoluta falta de psicologia e cordialidade; dão até a impressão de que não gostam de ser cumprimentadas. Quando deparam com outras criaturas, não incluídas em suas reconhecidas relações de parentesco e amizade, disfarçam e voltam o rosto, como que imperceptivelmente... É pena! ( 22-8-78)

Somente em 1970, mais ou menos em março, depois que adquiri um Dodge-Dart modelo novo, um dos primeiros que foram expostos no salão de vendas de revendedor local ( Piracema). É que comecei a perceber, entre alguns velhos conhecidos,  a atribuição de relativo prestígio pessoal e então fui convidado, pela primeira vez,  depois de quase quinze anos ( 12-01-56) de Lions Club Piracaba-Centro, a ocupar um cargo de Diretoria ( 2º tesoureiro). E percebia que, em verdade, o “Zé-povão” prestava mais atenção em um Dodge-Dart-70 do que em mim próprio e foi a partir daí, associando minha pessoa, meu nome, como “dono do carrão novo”, é que comecei a ser considerado “respeitável”, “importante”, etc.... No ano seguinte fui eleito, surpresa enorme para mim e para minha querida “domadora”, presidente desse prestigioso clube de serviço, cujo cargo desempenhamos com significativas realizações e, ao final do mandato, em junho de 1972, comparecemos à Convenção Internacional na Cidade do México, e, depois de conhecer várias cidades mexicanas, fizemos um tour pelos Estados Unidos, em companhia de um grupo de Leões gaúchos, com os quais mantemos até hoje sincera amizade. Nosso ano leonístico (julho de 71 a junho de 72) foi para nós de muitas alegrias e, porque não dizê-lo, até de orgulho, pois fizemos novas amizades aqui em Piracicaba, mantidas até hoje,com muito carinho. Depois disso tenho sido até convidado a aceitar “honrarias” especiais, títulos nobiliárquicos, desses que, dizem, é possível obter-se pagando alguns milhares de cruzeiros, em troca... Felizmente, sempre recusei tais honorabilidades, mas do “prestígio” que comecei a desfrutar, a partir do “carrão novo”, não tenho podido desvencilhar-me , até hoje, quando me chamam de “doutor” e coisas mais!!! ( 21-04-81)