AMOR

 

Pesadelo

Quando te vejo de mim distante

Sinto-me alegre e... depois magoado:

De longe exalto-me delirante,

Ou perto, calo-me desenganado.

 

Depois que passas, por um instante,

Pensando em ti fico transtornado;

E só um prazer me é triunfante,

Que é pensar em ser por ti amado.

 

Entretanto, como posso amar-te

Se ignoras o meu santo amor?...

E nem te posso, ao menos, descrevê-lo!...

 

Assim, resta-me apenas contemplar-te

E sentir no coração a grande dor

De viver neste eterno pesadelo! ( 15-11-30)

 

Soneto ( a Vitor Hugo – 1802-1885)

Se hoje somos efêmeros mortais,

Pobres criaturas, sínteses o nada,

Não devemos levar a vida malfadada

Ao negro abismo das ilusões fatais.

 

Somos  vivos, amanhã não seremos mais,

Nossa vida é pobre  gota dependurada

Que hoje nos braços do mundo está ligada

E se amanhã cair não brilhará jamais.

 

Amo a vida, porque é feita de amor!

Só vive e é feliz quem souber querer bem!

Sofra ou goze: “Amor não avilta ninguém”!

 

Devemos amar; amor é o sol da vida!

Devemos sofrer; a vida é bela na dor!

Devemos rir, para ter a alma florida! ( 1-11-31)

 

Soneto ( a Vitor Hugo)

Chega-te a mim e escuta no meu peito

Palpitar em agonia o meu coração!

Porque eu quero que desfrutes o efeito

Da pobre experiência da minha solidão.

 

E com amor os meus conselhos enfeito:

Sê bondoso e terás dos justos a gratidão;

Sê justo e terás dos fortes o respeito;

Sê forte e vencerás afinal com tua razão.

 

Sincero, rejeita sempre a hipocrisia

Que é capaz de iluminar a escuridão

Ou ainda ofuscar a luz do dia.

 

Não aceites nem desprezes um aviso:

Pesa-o com prudência, amor e juízo

E siga a lei nascente do teu coração. ( 20-11-31)

 

Soneto

Jovem e belo, ainda no verdor dos anos

O pobre monge era o símbolo da paciência;

Não chorava, mas o mistério da sua existência

Fazia supô-lo vítima de desenganos.

 

É que uma vez sentira no peito os arcanos

Do amor na sua esplendorosa essência!

Mas o amor que julgara igual à providência

Fora-lhe o calvário dos martírios mais insanos.

 

E enclausurado naquele austero convento

Procurara em vão minorar seu sofrimento...

E, um dia, ajoelhado aos pés do leito

 

Rezou, desesperado, esta lúgubre oração:

“Arrancai-me oh! Deus, este amor do coração,

Ou, louco, arrancarei o coração do peito!” ( 10-12-31)

 

A maior parte  dos homens prefere agradar a maioria poderosa! Se Pilatos, que dispunha do poderio, quisesse ter sido honesto, teria impedido a morte de Jesus. E assim, pelo contrário, deveria ter ordenado que o povo seguisse o Mestre, seus ensinamentos de paz, amor e perdão! Mas, é que a populaça, cúmplice dos despeitados sacerdotes, estava possuída da volúpia do mal e ao governador da Judéia interessou mais a sua posição política perante os homens, do que  a sua consciência perante a verdade, perante Deus! ( 10-9-52 )

 

Existem três categorias de homens inatacáveis. Os indiferentes, os virtuosos e os caridosos. Há, porém, uma quarta categoria que é realmente digna de lembrança, a dos abnegados.Senão vejamos: os indiferentes são os que vivem à margem dos fatos, não trabalham, não são a favor nem contra as iniciativas de seus semelhantes. Cumprem seus deveres, nada mais. Os virtuosos são os que, por suas práticas religiosas e sociais bem demonstram seu amor a Deus e seu respeito aos direitos dos cidadãos. Os caridosos são os que, sem serem indiferentes ou apenas virtuosos, praticam o sagrado dever da caridade, auxiliando seus semelhantes a carregarem o pesado fardo da vida. Porém a quarta categoria, além de virtuosos e caridosos, são abnegados e progressistas e acima de seus interesses pessoais colocam o interesse da coletividade, parte integrante que são da mesma coletividade e beneficiários, portanto, de um almejado mundo melhor. (10-11-52)

 

Das virtudes isoladas a mais gloriosa — porque é altiva e autônoma e impossível de ser criticada — é a Justiça; naturalmente a Justiça ensinada e recomendada por Jesus. A honestidade, o amor, a fé, o estoicismo, o perdão e até a coragem e a caridade serão insustentáveis se lhes faltar o amparo da Justiça — sentimento ativo e demarcador de qualidade. A Justiça, inspiração divina, tem sobre si apenas a Verdade, que é uma virtude coletiva, reunião de todas as virtudes, inclusive a própria Justiça. Mas, a verdade, sendo um conjunto, exige definições explicativas, enquanto que a Justiça, por ser absoluta, tem de ser acatada, mesmo quando ferir a minoria incontentável. Por isso que se diz que a Justiça é como o sol: pode encobrir-se, tardar,mas ao surgir convencerá plenamente. ( 18-7-61)

 

A criatura humana vive em torno de ideais. A Esperança é o caminho que conduz  todos os ideais e a Felicidade é o ideal supremo. Todos nossos pensamentos, manifestações e realizações giram em torno de ideais. A saúde, a inteligência, o amor, a beleza, a fortuna, o poder, a consideração de que desfruta uma pessoa, tudo isso é  uma espécie de concretização do ideal de felicidade terrena. As crianças, os jovens, os noivos, os esposos, os pais, os avós, os velhos, todos tem um ideal a palpitar-lhes n’alma. Diferente na época, mas igual no objetivo: Felicidade! Praza o Bom Deus que possamos todos os homens realizar os seus ideais. ( 23-11-62)

 

“O materialismo está dominando todos os setores da vida humana...” ¾ meditava o pobre homem, desconsoladamente. “Ningém tem tempo para nada. É tudo feito em alta velocidade; os que viajavam de trem, agora preferem automóveis. Muitos possuem avião particular. Outros vão em aeroplanos a jato, rapidíssimos. Logo pretenderão utilizar-se de foguetes estratosféricos, desses que desenvolvem mais de 40.000 quilômetros horários”. “Por outro lado, tais criaturas, quando procuradas para reuniões de cunho altruístico, vão logo dizendo: “Estou cheio de serviço!”. “Não dou conta!” e vão se desculpando de pequenas subscrições que fazem em “Livros de Ouro” porque todos os dias são procurados por promotores de campanhas, concursos, festas de formatura, etc., etc. A  cooperação então é dada ou prometida sem apreciar o mérito das campanhas, correspondendo no mesmo pé de igualdade, sejam os beneficiários crianças órfãs ou integrantes do time de futebol. Se deveriam comparecer a reuniões sociais omitem-se, quase sempre, com ou sem justificativa. Depois, o pobre homem, refletindo melhor, ponderou: “Mas, desde que a criatura humana apareceu na face da terra, a vida tem sido assim mesmo: a ambição pessoal sobrepondo-se ao interesse da coletividade. Caim sacrificando Abel; os descendentes de Noé querendo galgar o céu através da Torre de Babel; Moisés quebrando as Tábuas  da Lei diante do seu povo que, esquecido de Deus, materializava-se na adoração do Bezerro de Ouro; César, Napoleão, Hitler, invadindo terras de outros povos... tudo isso é demonstração e confirmação de que “materialismo não é novidade”. E benditos, pois,  são os homens que acreditam e fazem com que os outros acreditem na sobrevivência eterna do lado oposto: espiritualismo de Bondade, de Justiça, de Amor. ( 08-12-62)

 

Ser... ou não ser... (Shakespeare) ¾  “Ser ou não ser... eis a questão!” Afinal, o que é mais nobre para a alma: a cabeça curvar  ante os golpes da fortuna, ultraje ou tentar resistir-lhe enfrentando em um mar de dor? Melhor seria morrer...talvez dormir...não mais que isso... E pensar que assim dormindo poríamos fim aos males do coração e as mil torturas naturais que são a herança da carne! Quem não almejaria esse desfecho com fervor? Morrer... dormir... dormir? Talvez sonhar!... Sim, nisto é que está a dificuldade: o não sabermos que sonhos advirão do sono da morte, quando nos livrarmos das aperturas da vida terrena... É esta idéia que nos preocupa, diante do infortúnio de nossos dias, e que torna nossa existência tão longa! Quem suportaria as flagelações e os escárnios do mundo... as injustiças dos mais fortes... os maus tratos dos tolos... a humilhação da pobreza... as angústias do amor contrariado... a insolência dos poderosos... as tardanças das leis... as implicâncias dos chefes...cuja inépcia desmerece nosso mérito paciente? Quem suportaria, com efeito, tudo isso se com um simples golpe de punhal, no peito, obtivesse sossego? Quem continuaria, gemendo, a carregar, suado, os pesados fardos da vida?... Só o receio do desconhecido, do além túmulo, região inexplorada donde ninguém voltou, receio que turva a vontade, e torna covarde a consciência... só esse receio é capaz de obscurecer os mais límpidos pensamentos e desviar de seu curso os mais enérgicos planos fazendo a ação perder o próprio nome. ( 09-11-64)

 

Mas afinal, onde estão os culpados? Acontece que todos somos os próprios culpados. Desde o presidente da república  até o mais humilde eleitor. Aquele porque prometeu sem seus discursos e programas  ( agoras sim!) a fórmula milagrosa de salvar a pátria, fórmula “estilo novo, verdadeira, honesta, diferente das usadas pelos outros...” Este porque vota na candidato da escolha de seu líder político ou em troca de um agrado que é, costumeiramente, um suborno. Todos reclamam. Até os maiores sonegadores e entre os quais se destacam os contrabandistas, os velhacos, os ociosos, os perdulários, os sinecuristas, etc. quando conversam acusam “os outros” como culpados pela situação. Se cada um, entretanto, tivesse um pouco menos de prosa e um pouco mais de probidade e de amor aos seus semelhantes talvez a nação brasileira pudesse, desde logo, ufanar-se do patriotismo do seu povo. ( 3-12-67)

 

Quando se tratar de pessoa amiga, ou que nos é cara, “não corrija; colabore com ela”, na solução de seus enganos e mal entendidos, dizia ao pobre homem. Sim, porque a censura intempestiva irrita a outra parte, que, ofendida,em seu amor próprio, preferirá sustar o que vinha fazendo errado em vez de proceder à necessária modificação... ( 7.5.68)

 

Se à criatura humana não é atribuído o dom de fazer milagres, não há dúvida de que o Bom Deus poderá conceder a essa mesma criatura a virtude milagrosa do amor, da paciência, do perdão. (20-3-69)

 

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” ( João 13:34, Mateus 22:39) eis o novo, o grande, o eterno mandamento, a mais linda oração que Jesus nos poderia ter ensinado! Cristo proferindo esse apelo aos seus apóstolos, há dois milênios, recomendou para todo o sempre, às criaturas humanas, aquele amor que somente as mães, os pais, os filhos, os amigos sinceros podem sentir em relação aos seus entes queridos! Isto é, amor humilde, amor espontâneo, amor corajoso, amor comovido! As tradicionais orações e demais práticas religiosas, em verdade, são excelsas, quando traduzem votos, renúncia, sacrifício, e não apenas “papagaiadas e macaquices” como, infelizmente fazem muitos “boatos de fancaria”... (3-4-69)

 

No tempo dos faraós, talvez se explicassem as disciplinas vingativas do Velho Testamento ( Êxodo 20:5; 21:12,15,16,23 a 25; 22:18). Entretanto, milênios depois, quando a civilização já se fazia presente, como nos faz crer  a literatura grega que chegou até aos nossos dias, tornava-se necessário o milagre do aparecimento de Cristo, implantando a Sua doutrina nova baseada no amor fraterno. E hoje, mais do que nunca, com a industrialização galopante, em que as máquinas produzem riquezas de hora em hora, é imperioso que o “amai-vos uns aos outros” (João 13:34; Marcos 12:31; Mateus 22:39) seja seguido a fim de abrandar as diferenças entre pobres e ricos, fracos e fortes, doutores e analfabetos. (20-5-69)

 

Três exemplos de como nasce o amor: I) No romance “Homens do mar” de Victor Hugo, quando Gilliat leu no chão o seu nome, escrito por Deruchett; II) No poema “Juca Mulato” de Menotti Del Picchia, quando Juca “sentiu mais quente” o olhar indiferente da filha da patroa; III) No romance “Nossa Senhora de Paris” de Victor Hugo, quando Cláudio Frolo sentiu a beleza do olhar, que o fixara de relance, da cigana Esmeralda que, lá embaixo, na praça, dançava graciosa e provocativamente. ( 8-6-69)

 

O homem que se gaba de ser virtuoso. Não pode apenas aparentar uma pilha carregada de energia e reações benéficas. Precisa, isso sim, como tal, acoplar-se como a uma lâmpada e expandir-se em irradiações de luz, de amor, de ajuda, para poder ser cristão e irmão de seus semelhantes! (26-9-69)

 

No começo o homem comunicava-se  com os seus semelhantes por meio de gestos. Depois por palavras  gaguejadas. Depois por traços e desenhos nas pedras. Depois por letras rabiscadas nos papiros. Há 500 anos surgiu a imprensa, graças à Gutenberg.  Depois a máquina de escrever, o telégrafo, o rádio, a televisão.. Agora os cálculos são feitos  por cérebros eletrônicos. As mensagens, som e imagem, são transmitidas instantaneamente para qualquer parte do globo. Os transportes são feitos em aviões com velocidade supersônica e logo mais em foguetes interplanetários... Se além disso tudo, os homens tivessem um pouco mais de "amor ao próximo" poderiam encontrar, em verdade, o bem estar aqui mesmo, neste magnífico mundo de Deus! ( 26-2-70)

 

O verdadeiro amor cristão deve ser "dinâmico" e não apenas "estático". Damos abaixo alguns sinônimos de amor-dinâmico-cristão que chamamos de Virtudes: 1) Amizade; 2) Lealdade; 3) Caridade; 4) Ensinamento; 5) Vigilância; 6) Inquirição; 7) Defesa; 8) Coragem; 9) Renúncia; 10) Perdão. De “amor-estático” temos apenas 5 sinônimos:  1) Egoísmo; 2) Omissão; 3) Pusilanimidade; 4) Angústia; 5) Intolerância. Sobre o assunto poderiam ser escritas centenas e centenas de páginas, mas daremos apenas dois simples exemplos: 1) Pai, que por estimar demais seu “filho querido”, dá-lhe uma situação acima de suas posses e briga com os outros quando o mesmo faz diabruras na rua; 2) Mãe que prende o seu filho à barra de sua saia para livra-lo dos “perigos das más companhias” despersonalizando-o. ( 4-3-70)

 

O casamento, como uma Sociedade Conjugal, está sujeito a percalços próprios a quaisquer sociedade. Infelizes os lares em que o casamento, desde o tempo de noivado, alicerçou-se em bases de “negócios” ou de “acomodação”. Diferente e venturoso é o matrimônio que realizado sob as bênçãos de Deus, constituem-se  numa Sociedade Familiar, em que o cumprimento dos altos deveres dos pais, traduzidos em reiteradas provas de amor e de renúncia, são testemunhos de retidão, austeridade, estoicismo e bondade...(11-41-70)

 

Soneto

Afinal, o pobre homem descansa em paz;

Ei-lo, agora, mãos cruzadas sobre o peito,

Como quem, estendido em seu leito,

Invoca a última oração de que é capaz.

 

Que restam dos sonhos dos tempos de rapaz?

Das esperanças de quando homem feito?

Ele que almejou, quem sabe, ser perfeito,

Deixa seus humildes enganos para trás...

 

Incompreendido às vezes, mas nos instantes

Em que caminhou em sua austera trilha

Quis provar serem estes os anseios seus:

 

Bem querer e respeitar seus semelhantes,

Amparar e defender a sua família,

Ser justo com todos, no santo amor de Deus!

(14-2-71)

 

Refletindo sobre as ingratidões humanas... Não direi como Carrier, terrorista francês por cuja crueldade fora condenado à guilhotina, quando, vendo-se diante da máquina sinistra e no momento em que era apupado pela população, pronunciara este terrível desabafo: “Oh! Povo ingrato e vil, quanto me arrependo de vos ter servido!”. Não. Não cabe a comparação, mas lembrar-me-ei apenas do Divino mestre, que depois de doar todo o seu amor e sua vida em favor da humanidade, fora crucificado pelo seu próprio povo, apesar da opinião contrária do procurador romano, Pôncio Pilatos. Pedirei ao Rei dos Judeus, ao excelso Cristo que me dê estoicismo para raciocinar assim: Em vez de queixas, agradecerei ao Bom Deus por haver destinado a mim tão altos cargos e dar-me também a oportunidade de tentar ser útil aos meus semelhantes. ( 23-10-71)

 

Pouco adianta a um homem querer abraçar o mundo; o importante é que o tente com amor. ( 7-11-71)

 

Finados ¾ O homem nasce! E chora porque alguma coisa mudou ou falta em sua vida! Depois vai crescendo! E começa a observar, a sentir, a pensar! E a querer bem a todos que o cercam, em primeiro lugar os mais próximos. Depois quer fazer-se entender com olhares, com sorrisos, com carrancas, com gestos, com palavras balbuciadas! E ao iniciar os primeiros passos mais parece um autômato desequilibrado... E demonstra ter medo do escuro, dos gritos, dos estrondos! E chora de novo! Depois, aprendendo com os outros, deseja distinguir as coisas boas das coisas más. Depois os mestres lhe ensinam as primeiras ciências, enquanto a própria vida vai ensinando as demais. Depois vem a juventude, as primeiras fascinações, os primeiros sonhos, os primeiros amores, as primeiras contrariedades, os primeiros desenganos. Depois, dentro da realidade do mundo, novos anseios e novas frustrações! E chora em segredo... Depois a procura da verdade! E, filosofando, analisa a própria existência e a dos seus semelhantes: quanta quimera, egoísmo, tristeza, desespero nos corações dos homens, que bem poderiam, todos eles, ser felizes. Há os que vencem e os que fracassam. Os que caem e depois se reerguem. Há os que tombam para sempre! Pausa! No fim, o obre homem, velhinho e com lágrimas nos olhos, volta o seu pensamento para o passado, já que não pode mais alcançar o amanhã inatingível! E para definitivamente... E, nesse momento, sempre haverá alguém, que com amizade e em nome de Deus, chorará por ele! ( 2-11-72)

 

Meditações em tempo de Natal ¾ I) Não há, no mundo, ninguém que não precise de ninguém, assim como não existe ninguém que não possa ser útil a alguém. II) Ah! Se a vida, o mundo fosse como um grande lago plácido, sereno, iluminado pelos albores de um novo dia, em cujo céu existissem nuvens, umas claras  e outras escuras, por vontade de Deus, e ao caírem as primeiras gotas de uma chuva sem vento estas formassem milhares de milhares de círculos harmônicos, irradiantes, uns ligando-se aos outros sem entrechoques, sem ciúmes, sem despeitos, mas entrelaçando-se com amizade, com renúncia, com amor. III) Em se falando de solidariedade humana, o ideal seria que os homens afastassem de seus corações as antipatias que sentem por determinadas pessoas ¾ que em nada contribuíram para  isso ¾ bem como não permitissem que a indiferença pelas necessidades de seus semelhantes, especialmente vizinhos, amigos, parentes, edificasse em suas almas uma muralha de apatia e egoísmo! IV) É, infelizmente, comum deixarmos de ser simpáticos para certos “amigos” desde o momento que os procuramos para pedir-lhes algum favor ou atenção que lhes importe, embora tão somente, em perda de tempo e, quiçá, de comodismo. Igualmente são considerados inteligentes, dignas de estima, as pessoas prósperas em seus negócios e acontecendo o inverso até os “amigos” que se diziam mais íntimos praticar o feio pecado do descaso e da ingratidão.( 24-12-72)

 

Ontem, hoje, amanhã ¾ Nossa vida, nosso amor, nossas lágrimas... Se não reagirmos o que será de nosso futuro... futuro de nossos queridos que tem, em nós, a fonte dos principais exemplos que podem e devem receber em sua existência. ( 8-4-73)

 

Existem dois grandes remédios para os males do coração: o Amor e o Tempo. ( 12-7-73)

 

O pobre homem necessita de muitas coisas para viver; mas para ser feliz precisa, sobretudo, de paz e amor. ( 22-3-74)

 

Minhas  Crenças ¾ I) Creio em Deus  II) Creio em dois Céus: no primeiro, de que nos fala a Bíblia e  do qual muitos duvidam; e no segundo, que todos devem respeitar, constituído pela consciência do Povo, que o concede ou o nega a cada um, segundo o seu procedimento durante a vida terrena. III) Creio nos milagres do amor: do amor de todos os amores, do amor sublime entre os homens, criaturas de Deus; do novo amor, que se inicia quando a jovem mãe sente pulsar em seu seio a vida do filhinho querido; do amor verdadeiro que sente o pobre velho quando, nos seus últimos momentos, deseja ter em torno de si todos aqueles a quem sempre trouxe em seu coração.  IV) Creio nos milagres da Humildade que faz o homem reconhecer no seu próximo um seu semelhante e, por isso, infunde em seu coração o desejo e o dever de dispensar-lhe fraterna e até abnegada consideração. Humildade que impõe ao homem teimar apenas sobre aquilo que sabe; não sonegar aos outros o que sabe e lhes é útil; confessar sua ignorância e perguntar, inclusive às criaturas mais simples , sobre o que tem obrigação ou necessidade de saber. V)  Creio nos milagres do Trabalho, honrado e perseverante, que, se antepondo ao desânimo, produz benefício a quem o executa e, ao mesmo tempo, extensivo aos seus próprios entes queridos, membros da comunidade universal. VI) Creio nos milagres da Honestidade, que desde os primórdios da criação do homem, vem sendo exaltada nas páginas da história, quanto aos que a praticam com nobreza e sinceridade. E há de continuar representando na existência de cada um, para a própria consciência, supremo conforto, ainda que as calúnias e as mentiras humanas pareçam deslustra-lhe a reputação.  VII) Creio nos milagres da Renúncia, que faz a pobre criatura tolerar e perdoar as ingratidões humanas, ainda que não as possa, voluntariamente, esquecer, talvez assim evitando sua maldosa reincidência; creio na renúncia de que nos  o Divino Mestre: “Ao que lhe disputar a túnica, cede-lhe também a capa’ ( Mateus 5:40).  VIII) Creio nos milagres da Bondade, que começa com um sorriso e termina com uma lágrima, bondade que torna melhor o nosso mundo interior e procura levar a possível felicidade ao mundo dos outros; bondade que é luz, calor, amparo, caridade, amor e que, em certos momentos, encherá nosso coração e emoção e nossos olhos de lágrimas, quando a dor, às vezes sem remédio, atingir vidas e coisas criadas por Deus para o bem estar da coletividade terrena.  IX) Creio nos milagres da Justiça, aureolada pela bondade cristã que, em nome da verdade, sem omissão e com honradez, procura exaltar a virtude e condenar o vício, infundido nas criaturas humanas fé e confiança no futuro, assegurando-lhes a proteção necessária e sã liberdade em suas andanças por este “vale de lágrimas”.   X) Creio, de novo, agora e sempre, em Deus, na sobrevivência da alma e na vida eterna, onde estarão juntas as pobres criaturas humanas que tanto se amaram neste mundo. ( 12-6-79)

 

Para um pobre homem, avançado em idade, uma das coisas mais importantes na vida ¾ depois de sua crença em Deus e amor a sua família, dentro da qual sempre há de incluir alguns bons amigos ¾ é  a realização, pelo menos em parte, dos seus ideais muitos deles alimentados em seu coração desde os primórdios de sua existência. ( 27-2-80)

 

Não é ateu aquele que, mesmo não crendo em Deus ¾ Criador, Onipotente e Onipresente ¾ acredita, com firmeza e amor, em determinadas coisas e teorias postas em dúvida pela grande  maioria dos homens. Essa crença já é uma demonstração anti-ateista. Ateu, em verdade, é aquele que, descrente de tudo, encara o mundo e a vida com indiferença e, até, aversão. ( 23-3-80)

 

Mocidade moderna ─ Pais  e filhos. Os pobres pais se indagam aos seus parentes, amigos, vizinhos, o que fazer para que os filhos adolescentes não sejam envolvidos pelas más companhias e tentações que cercam o chamado “mundo moderno”, instável e corrupto, que infelicitam tanto criaturas e lares... O que fazer? Primeiro, confiar em Deus e nos ensinamentos de virtude e pureza de Cristo Jesus. Depois, sair da situação de mero espectador e dar bons conselhos e, principalmente, bons exemplos. Praticar boas ações e ajudar o seu próximo necessitado. Esquecer o passado, se for o caso, e praticar o “bom combate”, como São Paulo Apóstolo. Lembrar que Cristo é perdão, amor, misericórdia. Nada de represálias, inveja, egoísmo, menosprezo! Orientar, com palavras carinhosas, seus companheiros e bons amigos, aconselhando-os a se desviarem das ciladas que a própria vida arma constantemente, contra inexperientes e principiantes... Depois, os pais, que se mantenham na confiança em Deus e nas lições do Evangelho, e se ainda, no final, novas provocações sobreviverem, não perder, jamais, a sublime esperança de que, um dia, o Divino Mestre, ouvirá nossas preces e não nos deixará faltar suas sacrossantas consolações, pois Ele mesmo disse “os que preservarem até o fim serão salvos”. ( 12-6-82)

 

Somente agora ─ quase dois mil anos depois que o Divino Mestre legou a todos os povos a sua sacrossanta doutrina, defendida primeiro por seus apóstolos de discípulos, depois divulgada pelos seus quatro evangelistas, por São Paulo e por milhares de outros homens de fé e de letras ─ é que a filosofia cristão vem sendo posta em prática em sua essência. E hoje, na maioria das vezes, contra o poder  de governantes ditatoriais, voltando assim as suas verdadeiras origens, em defesa das criaturas carentes de pão e de justiça. Durante os primeiros trezentos anos os ensinamentos do Divino Mestre viveram quase que na clandestinidade, até quando o imperador Constantino, pelo Édito de Milão, no ano de 313, considerou a religião cristã como oficial do Império Romano, atribuindo-se, entretanto, “oficialmente”, a condição de grande pontífice e chefe da nova Igreja, proclamando, desde logo, que seu governo monárquico era de “direito divino”. Infelizmente, já naquele tempo, o sacrossanto símbolo cristão, a cruz, começou a ser utilizada para fins belicistas, havendo o próprio Constantino mandado desenhar a cruz em seus estandartes, adotando também, o lema “In Hoc Signo Vencis” recrudescendo então novas guerras de conquista, esquecendo, portanto, do que havia afirmado o próprio Jesus diante de Pilatos: “Meu reino não é deste mundo”. As próprias cruzada, que se arrastaram pela Idade Média afora e que sacrificaram milhares de vidas inocentes, se desviaram da filosofia de Cristo, expressa especialmente no Sermão da Montanha. Depois, outra página negra foi escrita em nome do catolicismo, ao tempo da nefanda Inquisição, comandada por imperadores e, também, por altos dignatários da própria Igreja, quando, a título de combater heresias, foram cometidas inomináveis barbaridades, devendo aqui mencionar apenas um exemplo: o sacrifício de Joana D’Arc, queimada em praça pública na cidade francesa de Rouen. Não devemos omitir as perseguições sofridas por pensadores e filósofos nos últimos tempos, levadas a efeito pela tirânica aliança Estado-Igreja, citando apenas três nomes: Spinoza, no século XVII, Voltaire, no século XVIII e Victor Hugo, no século XIX. Graças a Deus, principalmente depois da Encíclica do Papa Leão XIII, “Rerum Novarum”, publicada em 15.05.1891 e do Concílio Ecumênico Vaticano II, a posição assumida pela Igreja Católica, em verdade. É de defesa dos humildes, dos carentes, dos sofredores, dos injustiçados, recomendando a todos, ao mesmo tempo, pobres e ricos, fracos e poderosos, a prática real da virtude, do amor e do perdão, segundo os ensinamentos de Cristo Jesus. Disso vem dando provas, as mais evidentes e insofismáveis, o Papa João Paulo II, que atacado e mortalmente ferido pelo terrorista turco Mehemet Ali Agca, durante uma concentração na Praça de São Pedro, em 13.05.81, já no hospital e ainda sob sério risco de vida ─ disse, referindo-se ao criminoso: “ Dele não guardo mágoas e sinceramente o perdôo”. Um ano depois, em Fátima, onde comparecera para comemorar o 65° aniversário da aparição da Virgem Maria a três jovens pastores ( 1..05.1917) o mesmo João Paulo II fora novamente ameaçado e quase atingido a baioneta por um sacerdote tradicionalista ( portanto a favor da mentalidade antiga da Igreja Romana) ordenado que fora pelo bispo rebelde francês Marcel Lefèbvre. Percebendo, o Santo Padre, que alguém havia tocado em sua batina, voltou-se e fitando o seu agressor, já contido por policiais, o abençoou fazendo o sinal da cruz. Finalmente, é digno de menção o que vem acontecendo com os padres franceses Aristides Camiô e Francisco Gouriou, quando toda a Igreja do Brasil toma corajosa e desassombrada posição contra o julgamento do Conselho de Sentença do Exército da 8ª Circunscrição da Justiça Militar de Belém do Pará, que condenou ambos os sacerdotes a 15 e 10 anos de prisão, respectivamente, e pretende agora que os mesmos sejam expulsos do país. Mas a Igreja não cruzou os braços diante disso e vem clamando por todos os meios ao seu alcance, inclusive pela imprensa falada e escrita a favor de humildes roceiros marginalizados naquele longínquo Estado da Federação e que vem seno amparados pelos dois padres católicos em suas justas aspirações quanto a posse da terra devoluta onde moram há muitos anos. Assim devemos todos reconhecer que agora a Igreja voltou a cumprir e a recomendar obediência aos santos ensinamentos do Divino Mestre, graças a Deus! (30.6.82)

 

A luz é o supremo bem! A luz é beleza, é amor! “Fiat lux”, disse Deus, após verificar que o mundo que acabara de criar encontrava-se mergulhado nas trevas. E Deus viu que a luz era boa. Diógenes, desencantado com os homens, seus contemporâneos, saiu em pleno dia, com uma lanterna acesa na mão, a procura de um homem honesto... Sem luz, sem calor, sem amor, nada sobrevive ao tempo implacável... ( 13-11-83)

em favor do decantado “mundo melhor”... ( 17-12-83)

 

Está na Bíblia: no sétimo dia, Deus descansou. Mas vendo Deus que o homem não era feliz, disse: “Não é bom que o homem esteja só”. E somente depois que Deus criou a mulher, e com ela o amor, é que o homem se sentiu completo... ( 23-12-83)

 

É tudo uma luta... O escritor luta, luta noite adentro, isolando-se do borburinho mundano e escreve boas coisas... O pintor luta, luta isolando-se em clarabóias, em ateliers, em quartinhos de fundo de quintal e executa lindos quadros... O compositor luta, luta a maioria das vezes em recolhimento, buscando em horas mortas a inspiração e produz inolvidáveis peças musicais... O cientista luta, luta em pesquisas e experiências e conforta-se, ao final, constatando que seus esforços representam avanços para o bem da humanidade... O jornalista luta, luta principalmente quando a cidade começa a repousar para que, no dia seguinte, os leitores sejam informados sobre o que aconteceu nas cercanias e no mundo, sendo denunciados, paralelamente, os enganos, as mentiras, e promovida a defesa do bem, da verdade e da justiça... E assim, em centenas de outras atividades, as criaturas humanas procuram, no seu dia a dia, contribuir para que no grande mundo, homens, mulheres, crianças e idosos possam viver num sempre almejado mundo melhor. Mas, no fim ( todos teremos o nosso último momento na face da terra) se, um a um e todos nos deixarem, além dos generosos frutos  dos seus trabalhos e esforços, algo de bom em benefício também dos que não puderam ler os seus livros, admirar as suas pinturas, ouvir as suas músicas, desfrutar dos benefícios da ciência, ser alcançados pelas campanhas vitoriosas da imprensa, enfim usufruir um pouco das muitas coisas boas feitas, exibidas, promovidas por uma minoria de predestinados que, por suas missões, atribuições e funções se constituem numa espécie de elite da comunidade, então, repetimos, se estes não deixarem realizado algo em favor dos deserdados da sorte, que sempre existirão, pouco ou quase nada valeram os seus lindos trabalhos, os seus esforços, os seus suores, os seus sacrifícios, certo que, ao final, ficou esquecida a principal parte, a parte do amor ao próximo, traduzida na mensagem do Divino Mestre, quando recomendou” “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. E os ricos e os milionários, enfim os afortunados da indústria, do comércio, da agropecuária, do capitalismo, da oligarquia, do oportunismo e centenas de profissões autônomas e liberais que aqui não são mencionadas expressamente, em que ponto poderiam ser convocados a cumprirem seus de solidariedade humana? Mas não apenas com as migalhas que lhes caem de suas fartas mesas a que se refere o Evangelho de Cristo. Sinceramente ninguém sabe até onde, quando, como, quanto essa convocação poderia produzir seus resultados... Entretanto, uma coisa é certa: bastaria que a consciência de cada um, na fase crepuscular de sua vida, fosse tocada por uma voz do alto e sentisse como é importante até para os mais descrentes e ateus dos homens fecharem os olhos, na extrema hora,  sentindo  a convicção de que cumpriram, em vida, com os seus deveres  perante os seus  familiares, igualmente perante os seus amigos e conhecidos, inclusive seus semelhantes , criaturas anônimas, neste grande mundo de Deus. ( 16-1-84)

 

Por três vezes, no mínimo, Diógenes nos deu demonstração de sua descrença quanto aos homens do seu tempo, certo de que não lhes reconhecia, nem aos do povo nem aos do governo, qualquer respeitabilidade ou eficiência. 1ª) Quando saíra pelas ruas de Atenas, em pleno dia, conduzindo uma lanterna acesa, e perguntado o que significava aquilo, respondeu: “Procuro um homem honesto”. 2ª) Estando, de manhã, sentado ao sol, à porta de sua casa-tonel, veio visitá-lo o poderoso rei da Macedônia, Alexandre Magno, que colocando-se a sua frente, do alto do seu garboso corcel, lhe indagou; “O que podeis desejar de mim?” Replicou o filósofo: “Que não me tireis o que não podes me dar: o meu sol”. 3ª) Em outra ocasião bradou alto e bom som: “Ei! Homens!”. Quando várias pessoas acorreram ao seu encontro, expulsou-as clamando: “Chamei homens, não chamei vermes!”. Meditando sobre esses episódios, que aconteceram em lugares públicos, concluímos que vem de muitos séculos atrás o desconforto dos pensadores com relação aos homens do povo e dos governos. Verificamos que hoje muitos homens honestos ( “não vermes”) labutam  como que em trincheiras, na imprensa, no rádio, na televisão, em tribunas públicas ou reservadas, enfim através de palavras escritas ou faladas, por todos os meios, protestando contra as imoralidades, contra as injustiças, contra todos os egoísmos, e se cada um de nós, homens comuns, fizesse a sua parte, a partir do próprio lar, dignificando a família, com sólidos princípios de moral, de trabalho e de amor ao próximo, quem sabe se Diógenes redivivo poderia arrepender-se de suas idéias pessimistas quanto aos homens do povo e do governo ( 2-2-84)

 

Com mau humor, queixas, censuras, querelas, contestações, questiúnculas, contrariando assim lamentavelmente tudo aquilo que recomendou São Francisco de Assis em sua excelsa oração de defesa do amor, do perdão e do estoicismo, pouco e quase nada se construirá de bom a favor de um mundo melhor, que começa no ambiente familiar. ( 18-2-84)

 

Segundo a opinião da maioria ou quase totalidade dos homens, este mundo não tem mesmo salvação, no que concerne a paz entre os homens. Os mais pessimistas remontam os fatos desde a criação do mundo, quando a primeira família não foi feliz por causa do egoísmo, da inveja, da ganância, da violência e dos dois “primeiros irmãos” quando um foi abatido pelo outro. Milênios e milênios depois, o Divino Mestre, mesmo sendo o Messias tão esperado, foi traído por um dos seus dozes apóstolos e, em seguida, negado por três vezes pelo mais valoroso dos seus primeiros seguidores... Ainda, o seu próprio povo pediu e exigiu o seu martírio na cruz, logo a Ele que recomendava paz, justiça, amor entre os homens... A história do mundo está repleta de episódios, antes e depois de Cristo, em que é evidenciada a falta de entendimento entre  governos, governantes e governados e porque assim não dizer, entre os povos? “Cada povo tem o governo que merece” é o refrão popular e milenar... Pelo visto, pouco adianta ficar reclamando, apenas citando exemplos. A melhor solução é cada um, dentro da sua família, do seu campo de atividades, do seu relacionamento, colocando de lado as suas rotineiras pregações de moral, procurar cumprir com seus deveres conforme a lei de Deus, e a dos homens puros... e se cada um fizer bem a sua parte, um dia, os governos serão obrigados a fazer, igualmente bem o que lhes compete! ( 17-6-84)

 

Já escrevi anteriormente que Proudhon muito exagerou quando afirmou: “A propriedade é um roubo”, uma vez que a grande maioria dos homens, principalmente os de bom senso, entende que os bens materiais, frutos do trabalho honesto, de qualquer natureza, ou ainda recebidos por herança, constituem, pelo contrário, direito legítimo de uso e posse, por parte de seus detentores, representando até incentivo para preservá-los e ampliá-los. Roubo seria desviar coisa do verdadeiro dono. Portanto, segundo Proudhon, se o que o proprietário tem foi roubado, entendo que as vítimas do roubo só podem ser os que não trabalharam, não herdaram, faltaram-lhe ou deixaram as oportunidades e, agora, nada possuem... Complicado, não?! Mas, na verdade, roubo é a sonegação, em qualquer parte do mundo, dos impostos devidos e, muito maior ainda, roubo vergonhoso ( criminoso e lamentavelmente no Brasil, e em outras republiquetas, impunes) é o peculato, a corrupção ativa e passiva, o suborno, o desfalque, as negociatas, as sinecuras, as “mordomias” e um sem número de descaminhos de coisas e valores pertencentes à nação, ao povo, não havendo dúvida de que uma centésima parte disso tudo valeria muito, se aplicada, criteriosamente, em socorro da pobreza desvalida. Roubo clamoroso é isso, por falta de consciência, por falta de amor ao próximo, por falta de respeito ao Bom Deus! (15-9-85)

 

Amor, eterno amor! ─ Lendo romances e histórias de amor vividas e descritas no passado e trazidas ao conhecimento das gerações deste final de século XX, fica-se meditando que o lirismo de antanho não mais existe nestes últimos anos. ( 25-9-89)

 

Em se falando de amor, é importante recordar-se que há cerca de vinte séculos Jesus já definiria bem, como se praticar a verdadeira estima ( Mateus 7:21 e Lucas 6:46). Assim não basta dizer que ama, mas sobretudo é preciso fazer a vontade da pessoa amada. Do contrário não é amor, é puro fingimento. ( 29-10-89)

 

 

Reflexões

Agora que a dor e a incerteza

Fazem sombra sobre o meu futuro,

Vejo-me como um pobre barco

A navegar pelo mar da vida,

Sem saber como a penosa viagem

Se conduzirá até o fim.

 

A madeira foi envelhecendo;

Já não pode sofrer impactos...

Até o sol que antigamente

Dourava suas graciosas linhas

Agora representa perigo

De acelerar sua deterioração.

 

Também a chuva e o orvalho

Que antes refrescavam seu lenho,

Hoje provocam danoso bolor

Que, a pouco e pouco, ameaça

Reduzir sua capacidade

De ir, de vir, resistir e viver...

 

Mas a vida da criatura

É quase igual para a maioria:

Passa a infância e a juventude,

Com uma rapidez sem conta,

E quando a maturidade chega

Os cuidados se tornam constantes.

 

É pena que boa parte não chega

À velhice consagradora,

E perece em plena caminhada,

Quando muitos dos seus lindos sonhos

Ainda não se haviam realizado...

Paciência! Deus nos consolará!

 

Um grande poeta brasileiro

Disse: “A perfeição é a morte” ( Olavo Bilac)

Outro grande poeta francês

Já havia anteriormente

Proclamado: “Morrer é nada;

Não viver é que é medonho” ( Victor Hugo)

Resta-nos, assim, a certeza

De que somente Deus é a salvação.

Pois a morte não poupará ninguém.

Deixando aqui apenas lembranças

Do que foi possível realizar,

Com amor, justiça e nobreza. ( 20-8-90)

 

As três molas propulsoras da felicidade humana são representadas por estas inegáveis forças: Amor, Saúde, Dinheiro. Essas três forças poderão proporcionar, a felicidade completa. O amor, essencialmente, é o relicário de todas as virtudes. Por isso, em quaisquer circunstâncias, o amor não,poderá deixar de estar presente no coração da criatura humana. O amor sozinho poderá trazer razoável felicidade, sobretudo espiritual. Por isso, o indivíduo, na face da terra, sem amor no coração e sem algum amor de seus semelhantes, esse, em verdade, será um desventurado. ( 23-2-91)