BONDADE

 

Se um falso amigo nosso, que nos houvesse ofendido e caluniado, viesse um dia, com a consciência iluminada pela bondade de Deus, a praticar um ato meritório, nós esqueceríamos o homem para louvar o ato. Isto porque aprendemos a julgar, colocando o nosso pensamento acima dos nossos próprios ressentimentos. ( 25-5-51)

Eu morreria imensamente feliz se, no momento extremo, o Bom Deus me permitisse observar em meus filhos três virtudes preciosas: Saúde — Bondade — Sabedoria.

“O maior dos ingratos é aquele que jamais sofreu uma ingratidão” — Assim é... Se o Divino Mestre, invés, de crucificado pela ingratidão dos homens, tivesse recebido o justo prêmio de seus méritos e findado seus excelsos dias, glorificado por reis e plebeus, rodeado de homenagens que merecem os heróis e os santos, pessoas essas que fazem o bem até aos seus próprios inimigos, talvez que, hoje, fosse Ele considerado apenas um “herói” ou um “santo homem”. Vítima, porém, da ingratidão humana, foi mais que isso; foi Mártir. Foi herói pelo procedimento, santo pela bondade e seu martírio, agindo a guisa de contraste, realçou, de modo inconfundível e para todo o sempre, a sua figura de Homem-Deus. ( 10-2-52 )

Religiões – Como há imitações de tudo quanto existe, inventaram também várias de Deus e deram-lhe o nome de “religião”. Como qualquer imitação, as do Criador Todo Poderoso revestem-se de todas as virtudes do próprio Deus; assim, qualquer religião é por origem e fundação, boa, mas no fundo não deixa de ser imitação, e não escapa, se estudada atentamente, de ter defeitos congênitos. Por isso não combato nenhuma religião e reconheço que Deus é Deus, suprema perfeição, sabedoria e bondade! E dizer-se que, neste mundo, há homens letrados, que se dizem sábios (pobres sábios) que não crêem em Deus! ( 6-10-52 )

A morte – O falecimento é uma questão de tempo. Ninguém deveria se alarmar com a chegada da grande ceifadora. É pena que a morte viesse interromper uma juventude feliz, sonhadora, quando a criatura já tem mais de 15 e menos de 26! Morrer, isso é fatal! Uns agora, outros depois; “cada dia que vivemos é um dia a menos de vida”... “cada passo na vida é um passo a mais ao encontro da morte”. Mas, afinal, há de existir, no além túmulo, uma “continuação” desta vida! Não pode desaparecer no nada, assim simplisticamente, a inteligência e a bondade de tanta criatura humana (exceção a nós que nada estudamos, nada sabemos e nada fizemos). Cristo, Vitor Hugo, Santos Dumont, Marconi, Castro Alves, que, por suas palavras e atos desejaram um mundo melhor, não desapareceram assim, como folhas mortas, levadas pela correnteza dos tempos! Não! Como existe o despertar do sono dos vivos, há de existir o despertar do sono dos mortos. Qualquer coisa, enfim, que seja continuação ou pura conseqüência da existência terrena   ( 12-12-52 )

“O que é a verdade?” — É o objeto ser 100% igual à qualificação que se lhe dá. Mas, a verdade, pura e simples, há de ser a situação ideal, isto é, a perfeição, sob todos os aspectos. Assim, quando Jesus disse “Eu sou a verdade”, afirmou: “Eu sou a justiça, a virtude, a bondade, a coragem, a fortuna, a serviço do bem comum” ( 10-7-56 )

Aos fracos e humildes, nossa bondade e nosso apoio. Aos maldosos e falsos, nossa justiça e nossa punição. (28-5-59)

Meditação sobre o erro. Quem comete um erro pela segunda vez é reincidente, pela terceira vez é relapso e digno de lástima ou até severa punição, conforme o caso. O estudante por três vezes reprovado é posto fora da escola com um diploma de “jubilado”. Em três lances se encerra um leilão. Geralmente ao terceiro sinal são determinadas as largadas nas provas esportivas. Enfim diz o provérbio: “Errar é humano e preservar no erro é demoníaco”. Se o próprio Jesus disse “afastai-vos de mim, malditos para o fogo eterno” aos incorrigíveis e maus, que preferiram morrer em pecado mortal, surdos às maravilhas da virtude, da bondade e da justiça, que diríamos nós, pobres mortais, dos que, teimosos, insistem em errar reiteradas vezes, causando preocupação aos seus familiares e amigos? ( 26-6-59)

A Bondade sem Justiça poderá produzir o efeito do relâmpago ou do fogo fátuo, que por falta de consistência iluminam ou aquecem ilusória e instantemente, agravando depois as trevas ou a penúria ambiente. ( 15-11-60)

A felicidade é, em primeiro lugar, um estado de alma em que a criatura sente uma espécie de heróico conforto após o cumprimento do dever. Por isso que a saúde, a beleza, o bem estar, a boa forma são apenas complementos. Esses atributos não garantem, sozinhos, a felicidade que, entretanto pode subsistir independente dos mesmos. Basta que a criatura humana, apesar de sofredora, sinta-se tangida por um idealismo sublime para considerar-se eufórica, feliz, na mesma situação em que sorridentes enfrentavam a morte os mártires cristãos, nas arenas romanas. Ao contrário da alegria gargalhante, a felicidade verdadeira não é transitória, porque se funda no estoicismo, na bondade, na justiça e na firme crença em Deus. ( 12-3-61)

Somos colhedores — Tudo o que sentimos, possuímos, é fruto, colheita de nossos atos passados. “Igual gera igual”. Mas quando sofremos uma ingratidão, ai existe a sagrada vontade de Deus que nos escolheu para exemplo de nossos semelhantes, aos quais devemos estimular a caminharem pela estrada espinhosa da resignação, da virtude, da bondade , da justiça, em suma, da Verdade. ( 30-4-1961)

Muitos homens importantes disseram, na fora da morte, frases que foram, depois, lembradas e às vezes relembradas, tornando-se até célebres. Qualquer homem pode ser “importante”  para os seus familiares, por isso que são chorados quando se vão desta vida. Bancando importância, o pobre homem deixou três palavras, como últimas, para a suprema meditação e diretriz de seus amigos: “Sabedoria – Justiça – Bondade”. ( 3-10-61)

“O materialismo está dominando todos os setores da vida humana...” ¾ meditava o pobre homem, desconsoladamente. “Ningém tem tempo para nada. É tudo feito em alta velocidade; os que viajavam de trem, agora preferem automóveis. Muitos possuem avião particular. Outros vão em aeroplanos a jato, rapidíssimos. Logo pretenderão utilizar-se de foguetes estratosféricos, desses que desenvolvem mais de 40.000 quilômetros horários”. “Por outro lado, tais criaturas, quando procuradas para reuniões de cunho altruístico, vão logo dizendo: “Estou cheio de serviço!”. “Não dou conta!e vão se desculpando de pequenas subscrições que fazem em “Livros de Ouro” porque todos os dias são procurados por promotores de campanhas, concursos, festas de formatura, etc., etc. A  cooperação então é dada ou prometida sem apreciar o mérito das campanhas, correspondendo no mesmo pé de igualdade, sejam os beneficiários crianças órfãs ou integrantes do time de futebol. Se deveriam comparecer a reuniões sociais omitem-se, quase sempre, com ou sem justificativa. Depois, o pobre homem, refletindo melhor, ponderou: “Mas, desde que a criatura humana apareceu na face da terra, a vida tem sido assim mesmo: a ambição pessoal sobrepondo-se ao interesse da coletividade. Caim sacrificando Abel; os descendentes de Noé querendo galgar o céu através da Torre de Babel; Moisés quebrando as Tábuas  da Lei diante do seu povo que, esquecido de Deus, materializava-se na adoração do Bezerro de Ouro; César, Napoleão, Hitler, invadindo terras de outros povos... tudo isso é demonstração e confirmação de que “materialismo não é novidade”. E benditos, pois,  são os homens que acreditam e fazem com que os outros acreditem na sobrevivência eterna do lado oposto: espiritualismo de Bondade, de Justiça, de Amor. ( 08-12-62)

O “mundo melhor” só virá quando a Honestidade, a Bondade  e a Justiça forem, não apenas virtudes, mas obrigações. De sorte que quem não as praticasse seria punido, na forma da lei. Nada de sonegação, nada de suborno, nada de enriquecimento ilícito, nada de protecionismo, nada de sinecura, nada de ociosidade, nada de logro, nada de falta aos compromissos, nada de descaso aos fracos, nada de indiferença aos necessitados. O governo arrecadando bastante e aplicando bem, faria sobrar recursos para toda a espécie de assistência, desde a criança ao velho, desde o analfabeto ao letrado, desde ao enfermo ao vigoroso, desde o consumidor ao produtor. E cadeia e vexame aos faltosos! ( 30-12-62)

Sobre a bondade e a justiça:

Pela sua Bondade você colherá flores na Terra... A Bondade é o dever magnânimo.

Pela sua Justiça você colherá flores no Céu...A justiça é o bom senso puro.

É que a Bondade ajuda sempre  e perdoa a todos... até os maldosos...

É porque a Justiça atua segundo os méritos dos indivíduos, exaltando uns e rebaixando outros, produz descontentes...

Por isso que, os que colhem flores no Céu, andaram sobre espinhos na Terra..

A Terra é a vida... O Céu é a posteridade... ( 11-02-63)

Somos construtores de um futuro e o “nosso futuro” nada mais é senão o dia de amanhã, com a realização de nossas esperanças. Ninguém se preocupa obstinadamente em mudar de estatura ou de fisionomia, conformand0-se os homens salvo raríssimas exceções, com os defeitos físicos com que Deus os fez. Mas, desejar todos possuir novos objetos ou adquirir novos bens materiais que proporcionem comodismo ou evidenciem prosperidade. Infelizmente costumamos esquecer que o “nosso futuro”, isto é, a prosperidade é fruto principalmente de nosso trabalho modesto e cotidiano, enobrecido pela bondade e perseverança. ( 12-10-63)

Ao analfabeto não pode ser tolhido o direito de voto numa democracia autêntica. O analfabetismo geralmente é produto da herança dos pais, como um atributo negativo. E os culpados por essa situação humilhante, em extensas áreas do Brasil, são os homens do governo, e também, por equidade e tácita indiferença, grande parte da classe burguesa. Não podem, por isso, reclamar os políticos e os temerosos neo-proprietários contra o perigo que o voto do analfabeto poderá representar quanto ao advento do comunismo ¾ regime odioso ¾ e que é, infelizmente, fruto do desamparo em que tem vivido essa classe de “desclassificados”. O melhor é atribuir o direito de voto aos “sem escola” e acelerar a alfabetização cristã das massas populares, fazendo-se agora à guisa de “remédio” aquilo que não se fez, até ontem, como “preventivo”. Mas é preciso agir rapidamnete, cabendo ao governo proporcionar instrução e justiça social, e aos homens entre si e principalmente  entre “grandes” e “pequenos” mais consideração e espírito de bondade, em nome de Deus. ( 22-03-64)

A felicidade ¾ Lendo nos jornais a notícia da tentativa de suicídio da famosíssima cantora Ângela Maria, vem-nos à memória a lembrança do fim trágico da não menos famosa e bela artista Marylin Monroe e de outros eternos incontentados que possuindo todos os predicados para a conquista da felicidade, não a desfrutaram, preferindo, pelo contrário, pelos próprios atos, afundar-se no desespero... A felicidade verdadeira, em vez de ser fruto da beleza exterior, da riqueza material, da fama, dos aplausos do mundo, é, isso sim, aquele estado d’alma que sente a pessoa que leva um padrão de vida normal, respeitável, dentro dos preceitos cristãos de trabalho, honradez e, sobretudo, de bondade e tolerância para com os seus semelhantes. ( 14-09-65)

Nadam escreveram... ¾ Sócrates, símbolo da sabedoria humana e Jesus, símbolo da bondade divina, nada escreveram e, no entanto, as suas doutrinas são as que maior repercussão encontraram no seio da civilização. ( 07-11-65)

Bondade, Sabedoria, Tolerância ¾ eis  três grandes predicados para a conquista da felicidade na face da terra, principalmente quando vivemos entre pessoas que desfrutam dos mesmos predicados. ( 20-12-65)

A sabedoria quando obtida e aplicada com espírito de justiça e bondade é uma das maiores glórias que pode a criatura humana desfrutar na face da terra. ( 17-07-66)

A primeira atividade voluntária de Jesus, de que se tem notícia é a de ter ido, à revelia de seus pais, ao Templo discutir leis com os doutores. Só mesmo um Deus poderia ter dado tão gloriosa lição: aparecer entre os Juízes e com eles discutir assuntos de interesse do povo. Ensinou mais tarde, aos 33 anos de idade, a Caridade e a Justiça ¾ a Bondade criteriosa enfim. Antes de Jesus, os fortes e poderosos só desejavam escravizar os fracos, e por isso estes odiavam aqueles. Pregou “Amai-vos uns aos outros”, “Somos todos irmãos”, “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, “Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. (  20-11-66)

Feliz aquele que, na fatalíssima hora extrema, quando a voz de Deus, que é ao mesmo tempo a voz da própria consciência, penetrando-lhe na pobre alma, fizer a indagação bíblica de: “O que fizeste a teus irmãos?” puder responder: “Procurei tirar-lhes as pedras do caminho e até os ajudar na caminhada, sob os princípios da bondade e da justiça”. ( 17-11-67)

Nos momentos de perigo e responsabilidades, muitos homens se fizeram heróis e nos momentos de bondade e sacrifício outros se fizeram santos. ( 31-12-67)

Oh! Como é infeliz a criatura que se julgando merecedora de um pouco de atenção, de uma palavra, de um gesto de gratidão, sente-se no final , frustrada diante da indiferença ou má vontade daquele a quem procurou, por dever ou por bondade, favorecer... (2-8-69)

A perseverança é muito importante, mas deve prender-se a uma situação assentada em base de Justiça e Bondade. É reprovável o espírito de inconstância, por isso antes de tomar uma decisão convém usar cuidadosa ponderação, para não precisar retroceder depois!... ( 16-9-69)

Para ser bondoso, caridoso, basta ao homem ser um indivíduo comum. Para ser justo, entretanto, é necessário elevar-se um pouco e achar-se num pedestal de juiz, de líder, de chefe, de cônjuge, de pai, de filho, de irmão, de colega, de cidadão, colocando-se, enfim, em posição na qual terá obrigação de praticar atos em conseqüência dos quais outras criaturas de Deus tenham seus direitos e deveres, virtudes ou defeitos proclamados! Portanto, para a criatura humana, é fácil e agradável a prática da bondade podendo mesmo escusar-se  a ela sob alegação de falta de tempo ou de recursos; mas quando estiver em jogo a prática da justiça, imperiosa e impreterível, até a omissão é considerada um crime! (3-7-70)

Gostaria de, enquanto pudesse pedir a um dos meus quatro queridos filhos, que guardasse com bondade e respeito,  estas duas cadernetas, onde, depois de momentos de profunda meditação, venho anotando minhas pobres idéias... na esperança de, na velhice, com a graça de Deus, escolher algumas razoáveis e transcrevê-las, para que, quando lidas depois por alguém — essa boa criatura pudesse entender melhor os pensamentos do “pobre homem” que os escreveu.

( 7-7-70)

O casamento, como uma Sociedade Conjugal, está sujeito a percalços próprios a quaisquer sociedade. Infelizes os lares em que o casamento, desde o tempo de noivado, alicerçou-se em bases de “negócios” ou de “acomodação”. Diferente e venturoso é o matrimônio que realizado sob as bênçãos de Deus, constituem-se  numa Sociedade Familiar, em que o cumprimento dos altos deveres dos pais, traduzidos em reiteradas provas de amor e de renúncia, são testemunhos de retidão, austeridade, estoicismo e bondade...(11-41-70)

Devemos prestar atenção nas verdades nuas que as crianças dizem através de suas perguntas inocentes. Muitas vezes os adultos ocultam, por delicadeza e bondade, as nossas deficiências intelectuais e físicas e comentam depois, à boca pequena, tais anormalidades... Mas, as crianças, que tudo observam, com as suas indagações ingênuas, costumam, à queima roupa, desvendar segredos... e nisso fazem concorrência às pessoas chamadas “pobres de espírito”. ( 26-5-71)

A Bondade sem Justiça não conduz a nada! Seria o mesmo que estendermos a mão negligente, pusilânime e vazia... a alguém que anseia por  uma ajuda! O justo trabalha e exige que outros façam o mesmo... Pratica o bem e conclama os demais a o seguirem... Cumpre com os seus deveres e denuncia os relapsos... ( 30-7-72)

Perguntas... ¾ Você está sendo, na vida, um homem de pensamento, isto é, escritor, poeta, compositor, jornalista, filósofo?; ou um pintor, desenhista, escultor, músico, cantor, esportista; ou um cientista, descobridor, inventor, incentivador de causas justas e benfazejas?; ou um político de procedimento honesto e abnegado, renunciando às vantagens pessoais?; ou pertence a uma associação de filantropia e é ativo em obras de justiça e bondade?; ou praticou ação altruísta e até heróica em defesa do seu semelhante necessitado ou em perigo?; ou é propagador de normas de sabedoria e humanismo, segundo a moral cristã e de outras crenças puras? Se você respondeu “não” a tudo isso e quejandos, então sua vida, ao final, será considerada inútil e após a sua morte você será logo esquecido... não obstante sua notoriedade e até os títulos nobiliárquicos que, em decorrência de sua posição social ou de fortuna, granjeou ou lhe foram adulatoriamente atribuídos. ( 15-1-78)

Minhas  Crenças ¾ I) Creio em Deus  II) Creio em dois Céus: no primeiro, de que nos fala a Bíblia e  do qual muitos duvidam; e no segundo, que todos devem respeitar, constituído pela consciência do Povo, que o concede ou o nega a cada um, segundo o seu procedimento durante a vida terrena. III) Creio nos milagres do amor: do amor de todos os amores, do amor sublime entre os homens, criaturas de Deus; do novo amor, que se inicia quando a jovem mãe sente pulsar em seu seio a vida do filhinho querido; do amor verdadeiro que sente o pobre velho quando, nos seus últimos momentos, deseja ter em torno de si todos aqueles a quem sempre trouxe em seu coração.  IV) Creio nos milagres da Humildade que faz o homem reconhecer no seu próximo um seu semelhante e, por isso, infunde em seu coração o desejo e o dever de dispensar-lhe fraterna e até abnegada consideração. Humildade que impõe ao homem teimar apenas sobre aquilo que sabe; não sonegar aos outros o que sabe e lhes é útil; confessar sua ignorância e perguntar, inclusive às criaturas mais simples , sobre o que tem obrigação ou necessidade de saber. V)  Creio nos milagres do Trabalho, honrado e perseverante, que, se antepondo ao desânimo, produz benefício a quem o executa e, ao mesmo tempo, extensivo aos seus próprios entes queridos, membros da comunidade universal. VI) Creio nos milagres da Honestidade, que desde os primórdios da criação do homem, vem sendo exaltada nas páginas da história, quanto aos que a praticam com nobreza e sinceridade. E há de continuar representando na existência de cada um, para a própria consciência, supremo conforto, ainda que as calúnias e as mentiras humanas pareçam deslustra-lhe a reputação.  VII) Creio nos milagres da Renúncia, que faz a pobre criatura tolerar e perdoar as ingratidões humanas, ainda que não as possa, voluntariamente, esquecer, talvez assim evitando sua maldosa reincidência; creio na renúncia de que nos  o Divino Mestre: “Ao que lhe disputar a túnica, cede-lhe também a capa’ ( Mateus 5:40).  VIII) Creio nos milagres da Bondade, que começa com um sorriso e termina com uma lágrima, bondade que torna melhor o nosso mundo interior e procura levar a possível felicidade ao mundo dos outros; bondade que é luz, calor, amparo, caridade, amor e que, em certos momentos, encherá nosso coração e emoção e nossos olhos de lágrimas, quando a dor, às vezes sem remédio, atingir vidas e coisas criadas por Deus para o bem estar da coletividade terrena.  IX) Creio nos milagres da Justiça, aureolada pela bondade cristã que, em nome da verdade, sem omissão e com honradez, procura exaltar a virtude e condenar o vício, infundido nas criaturas humanas fé e confiança no futuro, assegurando-lhes a proteção necessária e sã liberdade em suas andanças por este “vale de lágrimas”.   X) Creio, de novo, agora e sempre, em Deus, na sobrevivência da alma e na vida eterna, onde estarão juntas as pobres criaturas humanas que tanto se amaram neste mundo. ( 12-6-79)

Para os que acreditam na imortalidade da alma ( graças a Deus sou humildemente um desses bem-aventurados) a criatura humana, terrena, não morre, isto é, não desaparece enquanto permanecer na memória, no coração dos entes queridos, dos amigos, das pessoas enfim com as quais convivem. E essa lembrança envolve não apenas a fisionomia, os trajes, o perfil, o modo de andar, de gesticular, de falar, mas especialmente os feitos, as ações, tanto as boas como as más, realizadas em vida, com a vantagem de que a maioria dos seus conterrâneos costuma, cristãmente, relevar e quase esquecer, os defeitos daquele que se foi e até exaltar, às vezes, com alguma bondade, as suas poucas virtudes... ( 22-7-84)

Poderão, alguns dos que lerem as ponderações contidas nestas quatro pobres cadernetas, afirmar que são idéias inconseqüentes, apenas bem intencionadas... Seja! Mas ainda assim, é preferível a nada pensar, nada dizer, nada fazer. Se é “tempo perdido”, que o seja com propósitos otimistas!... “Desde que o mundo é mundo, existe dor, existe fome, existe guerra, existe o mal”, dirão e “assim será sempre!” Não! Não! Não! Pois se isso fosse verdade, verdade cruel e irremediável, melhor seria então destruir tudo o que foi feito de bom pelo homem, pondo abaixo todas as doutrinas de moral, de virtude, de bondade, de justiça. “Nada de artes, nada de ciência, nada de música, nada de poesia, nada de beleza, nada de ternura com as crianças, nada de respeito com os velhos! Morte para os famintos e infelizes! Rua para os enfermos! Para a infância, o desamparo e para a juventude, a corrupção!” Deus bondoso, perdoai tanta falta de caridade! Não! Mil vezes, não! Benditos os visionários que crêem e  lutam por um mundo melhor. (30-4-85)