CRÍTICA

 

Para as críticas que eu merecer, não desejo que respeitem nem o espaço nem o tempo; prefiro-as de frente e imediatamente. Se, porém, vier a fazer jus a algum elogio, mais do que a presença — o espaço — desejaria aguardassem a posteridade — o tempo. ( 5-12-51)

“Nada se cria, nada se perde; tudo se transforma” (Lavoisier) — Diante dessa lógica, consola-me poder continuar anotando nesta caderneta os pensamentos, que, despidos de sabedoria, assomam ao meu cérebro. Essas minhas pobres idéias, não escaparão à crítica de que são frutos de plágios. Ademais, como admirador de Sócrates, que em tudo pensou e  nada escreveu, eu reconheço a minha ignorância, pois nada aprendi de filosofia, literatura, história, e como poderia eu saber quem teria, desde que o mundo é mundo, expendido, pela primeira vez, as “idéias-mães” destas minhas idéias. ( 28-12-51 )

Negócios novos que devam ser cuidados por aqueles que já os possuem muitos, alguns mal assistidos, são como filhos adotivos em lares pobres, sem recursos suficientes para os seus. Poderão as crianças adotadas, desde logo, trazer alegrias e mais tarde até recompensas, mas de imediato ficarão os tutores sujeitos a críticas e, no futuro, a remorsos se a realidade vier a desdourar a insólita iniciativa. ( 12-6-62)

Deixar uma pessoa de recursos de desfrutar seus bens (casa bonita, carro novo, roupas elegantes, jóias finas) a fim de não provocar falatórios nas rodas sociais não está certo. Afinal, fazendo-o sem ostentação, sem prejuízo de ninguém, nenhum mal pode existir. As críticas até poderiam dar ensejo ao aparecimento da “contra-partida”, em ato de generosidade, ação social e espírito público. O contrário, isto é, possuir fortuna e demonstrar miséria, deixando de ajudar seus semelhantes sob alegação de ausência de recursos, isso sim seria uma hipocrisia e uma burla. ( 12-6-62)

É fácil ser bom. Basta poder... e querer! às vezes nem querer é preciso: a omissão, o silêncio, a covardia são formas de comodismo que evitam complicações... deixando que até os maldosos fiquem felizes! Para ser justo, entretanto, não basta poder e querer; é necessário saber! Raciocinando e tomando atitudes positivas. Defendendo uns para condenar outros. Ou simplesmente contrariar e ser vítima depois de críticas de alguns. ( 20-01-63)

É natural, quase inevitável, que os bons ( não os santos, que são exceções) sofram incompreensões, pois não podendo ser bondosos com todos, nem pacientes durante todo o tempo, hão de sofrer, como criaturas humanas, críticas e até calúnias, partidas dos eternos descontentes.

(18-02-65)

“Espírito de contradição” possui quem, não tendo iniciativa para abordar um assunto, espera uma palavra, uma situação, para fazer a crítica que trazia no subconsciente, destruindo, nos outros, as idéias mais otimistas e bem intencionadas. Possuem essas pessoas o condão de, com suas opiniões de “amigo da onça”, matar qualquer assunto... mesmo os que, em certos momentos, apenas se desejaria fossem abordados em seu lado bom e agradável. ( 04-04-65)

Espírito de sacrifício, destemor às responsabilidades, renúncia ao comodismo, otimismo equilibrado, bom senso e agilidade mental, honradez, pontualidade e atenção aos prazos e tratos ¾ eis a explicação para muitas fortunas que foram feitas rapidamente  por modestos negociantes. Afinal, depois de tudo isso, não seria o certo atribuir-lhes louvores, em vez de críticas?

( 25-05-65)

“Ninguém é infalível” . Por isso é uma temeridade um pobre cristão arvorar-se em censor de seus semelhantes. A difícil missão de criticar deve estar afeta apenas aqueles que tem a atribuição, por lei ou por ofício, de pronunciar julgamentos. “não mal julgueis porque, depois, assim ou pior, sereis julgados”, dizem os sábios. Por isso que ao julgar o seu próximo, precisa a criatura ter o máximo cuidado para não errar. “Ser generoso no elogio e comedido na crítica” diz um dos artigos do Código de Ética do Leonismo. ( 06-03-67)

Num corpo administrativo da sociedade composta por muitas e diferentes pessoas deve ser evitado o parentesco entre alguns de seus gerentes, a fim de evitar a quebra do espírito democrático. As indagações ou as críticas são passíveis de desvirtuamento quando girarem em torno de atos praticados por elementos ligados entre si por afinidades sanguíneas. A “voz do sangue” unirá com extrema facilidade os parentes, que logo passarão a entender que está havendo “desconfiança” e “segundas intenções” pelos sócios que estão do “lado de lá”.( 20-3-67)

As realizações pioneiras costumam sofrer críticas e até combates. Entretanto, se Colombo tivesse retrocedido, não teria descoberto a América... ( 30.8.68)

Não basta estarmos bem acompanhados ou sermos bons acompanhantes... É preciso falar e querer ouvir! Pobres e imperfeitas criaturas humanas, devemos receber com serenidade as críticas, discordâncias e até negativas de nossos verdadeiros amigos, e quando isso se tornar indispensável devemos fazer o mesmo, corajosamente, também em relação àqueles a quem mais estimamos! ( 18-12-68)

Ouvimos tanto e tantas vezes queixas sobre o procedimento de pessoas que só fazem donativos aos necessitados ¾ adultos e crianças ¾ com festinhas, brinquedos, agasalhos, mantimentos, etc., por ocasião do Natal... que chegamos a ter sérias dúvidas sobre a legitimidade ou não de tais críticas... Mas, depois, chegamos à conclusão, louvado seja Deus, que melhor seria que tais reclamantes agradecessem, sinceramente, aos que fazem tais generosidades, pelo menos uma vez ao ano, certo que há os que nada fazem, anos e anos, e entre estes podem estar, embora poucos, aqueles que só sabem criticar... ( 30-12-79)

 

Tem pessoas que gostam de comparar a própria situação financeira com a de alguns de seus semelhantes, destacando particularmente os que consideram mais prósperos...No fundo, tais comparações evidenciam uma ponta de inveja, de despeito... Infelizmente, tais comparações, acabam aparentando uma crítica ou condenação dos seus familiares, que acabam por ser responsabilizados pela má colocação em que se posicionam, sem nenhuma razão, os queixosos...(10-3-85)

Pensando em boas ações. Devemos concluir que cada um faz o que pode. E disso deve dar graças ao Bom Deus. Se existem os que fizeram ou fazem menos ou mais, não deves ser censurados ou elogiados, ruidosamente, isto é, em público e de maneira até constrangedora. Dos dois casos sempre existirão criaturas que verão nesses julgamentos crítica ou ironia. O aconselhável é deixar cada um envolvidos tranqüilos, dentro de sua capacidade de ação, estimulando-os entretanto,  a se esforçarem, singelamente, na busca do almejado mundo melhor, para o qual cada um pode, a seu modo, contribuir. ( 17-4-88)