HONESTIDADE

 

Tudo na vida é como um sonho! Noutro dia, em minhas andanças, visitando o nosso cemitério, deparei num túmulo aberto com os restos de um esqueleto e lendo a inscrição na lápide deslocada verifiquei que a pessoa havia falecido antes do meu nascimento. E pensei: essa criatura viveu? Sentiu? Sonhou? Amou? Sofreu? Compreendeu? Que resta de  sua existência? Sei apenas que na tumba constava um nome e dentro dela restavam ossos que pertenceram a alguém...A vida é assim para todos. Um sonho que termina no pó dos nossos ossos desfeitos pelo tempo... Deixemos pois a vida correr a vontade do Criador Todo Poderoso, e enquanto vivermos façamos todos os bens possíveis, nos conformemos com os males que nos ferirem. Dos bens terrenos que nos fiquem, enquanto vivermos, a saúde do corpo e do espírito e uma fé em Deus, para que, trabalhando ganhemos mais para os nossos do que para nós, o pão de cada dia, com coragem, altruísmo e honestidade (13-11-50)

Elevar-se é se transformar em alvo! Assim o homem que, por seus méritos, conseguir destacar-se de seus semelhantes, logo será olhado com despeito e inveja pelos maus e apenas os poucos justos o poderão louvar. O mesmo acontece com os que ocupam lugar de juiz, chefe, patrão, etc.; muitos em sua volta pleitearão favores e beneplácitos e os que não puderem ser atendidos formarão o grupo dos descontentes  caluniadores. Uma leve censura dirigida a um mau elemento provocará um gesto de revolta e aquele que pretendeu fazer justiça logo será acoimado de carrasco. E isso só poderá deixar de acontecer quando as luzes da instrução e da honestidade, iluminando as consciências, conseguirem estabelecer uma recíproca compreensão entre os homens. (20-6-52)

Das virtudes isoladas a mais gloriosa — porque é altiva e autônoma e impossível de ser criticada — é a Justiça; naturalmente a Justiça ensinada e recomendada por Jesus. A honestidade, o amor, a fé, o estoicismo, o perdão e até a coragem e a caridade serão insustentáveis se lhes faltar o amparo da Justiça — sentimento ativo e demarcador de qualidade. A Justiça, inspiração divina, tem sobre si apenas a Verdade, que é uma virtude coletiva, reunião de todas as virtudes, inclusive a própria Justiça. Mas, a verdade, sendo um conjunto, exige definições explicativas, enquanto que a Justiça, por ser absoluta, tem de ser acatada, mesmo quando ferir a minoria incontentável. Por isso que se diz que a Justiça é como o sol: pode encobrir-se, tardar,mas ao surgir convencerá plenamente. ( 18-7-61)

Vencer com honestidade e alegrar-se é próprio do Homem.Ser derrotado, após haver lutado valorosa e meritoriamente e conformar-se é próprio de um Santo. No primeiro caso, o Homem conquistará a admiração de seus semelhantes e no segundo obterá as bênçãos de Deus ( 27-2-62)

No momento a solução dos problemas sociais do Brasil poderia ser encontrada mediante a adoção de duas providências por parte do governo: honestidade e policiamento. ( 16-8-62)

O “mundo melhor” só virá quando a Honestidade, a Bondade  e a Justiça forem, não apenas virtudes, mas obrigações. De sorte que quem não as praticasse seria punido, na forma da lei. Nada de sonegação, nada de suborno, nada de enriquecimento ilícito, nada de protecionismo, nada de sinecura, nada de ociosidade, nada de logro, nada de falta aos compromissos, nada de descaso aos fracos, nada de indiferença aos necessitados. O governo arrecadando bastante e aplicando bem, faria sobrar recursos para toda a espécie de assistência, desde a criança ao velho, desde o analfabeto ao letrado, desde ao enfermo ao vigoroso, desde o consumidor ao produtor. E cadeia e vexame aos faltosos! ( 30-12-62)

A crise político-ideológica nacional poderia ser solucionada com duas medidas: 1) Governo e Povo ( Coletor e Contribuinte) compreenderem que o melhor regime é o democrático e que para mantê-lo precisariam, todos, cumprir com honestidade e altruísmo seus deveres, inclusive compelidos pelo medo de uma revolução social, debaixo de cujo clima de terror poderia imperar desde o confisco de bens até o sacrifício de vidas, a exemplo do sucedido recentemente em Cuba. 2) As Forças Armadas, com brio e austeridade, começassem a punir os agitadores, exigindo-lhes o respeito às leis em vigor no País, deportando sumariamente os estrangeiros envolvidos em quaisquer movimentos extremistas. Mas, enquanto isso, o melhor que se pode fazer no momento é reduzir a aplicação de capital em nossas empresas comerciais ou industriais e, em seu lugar adquirir propriedades para desfrute da família, reservas que seriam, na pior das hipóteses, as últimas a sofrerem desapropriação. ( 26-3-63)

Transparência ¾ Um fator importante para a prática da honestidade é, paradoxalmente,o receio de, agindo-se inversamente, venha a ocorrer o rompimento do sigilo e daí as notícias desabonadoras... Ah, como seria o mundo correto e feliz se todos os atos da criatura humana¾ate os mais secretos e escabrosos ¾ pudessem ser revelados através de “radio-pecados-gráficos”... Com esse recurso estariam eliminadas 99% das safadezas que muitos “homens de bem” praticam por ai, impunemente... ( 06-10-66)

Quando se reclama que, no momento, o Brasil padece de falta de “valores humanos” é oportuno lembrar que são apenas três os seus componentes: Honestidade, Trabalho e Inteligência, sendo os dois primeiros predicados uma obrigação de todos e o último, quando escasso, substituível, em parte, e às vezes com vantagem, pelo “bom senso” ou mesmo “boa vontade”.

(10-04-67)

A verdade é que, pelo menos, duas coisas são propícias e indispensáveis para o homem vencer espetaculosamente na vida: honestidade e dinheiro. Mas, depois, se um destes dois atributos faltar, começa a periclitar a vitória da prosperidade... ( 7-7-67)

Entre os fatores de sucesso na vida de um homem destaca-se o trabalho, que não depende exclusivamente da sua vontade. Se são muitos os predicados ¾  honestidade, inteligência, dinamismo, saúde ¾ necessários à vitória da criatura humana, somente o trabalho depende da vontade exclusiva do indivíduo. Assim, nem mesmo a honestidade depende só do homem, pois que estando doente, em estado patológico, pode deixar de ser honesto sem o saber ¾ enquanto que trabalhador sempre será, de alguma forma, querendo,embora sentindo-se  parcialmente enfermo. ( 3-8-67)

Duas explicações para o caso de pessoas que se tornaram ricas nos negócios: ou trabalharam bem ( isto é, tiveram espírito de observação, pontualidade, honestidade, horário, controle, apoio financeiro, economia, organização) ou tiveram sorte ( ou seja, compraram por acaso, “no escuro”, mercadorias ou coisas cuja procura, por fatores os mais diversos e imprevisíveis,as valorizou muito). Sendo assim, o melhor é confiar na primeira hipótese, certo que a segunda sendo fruto da “sorte ingrata” pode um dia voltar-se contra nós... ( 3-2-68)

A produção é realmente econômica quando seus responsáveis cuidam dela com devotamento e exigem dos demais colaboradores que façam o mesmo. É tudo uma questão de aproveitamento de tempo e material. Quando um bom artífice trabalha, sozinho, em serviço de seu interesse exclusivo, poderá executar uma produção econômica em quase 100%. Entretanto, quando no cargo ou função de sócio, gerente, encarregado, chefe de secção, oficial, auxiliar, aprendiz, servente, etc., aquela percentagem, variando de homem para homem, segundo seu brio, honestidade, disposição, etc. poderá ir caindo, caindo, de degrau em degrau, sistematicamente... E se faltar a austera vigilância dos próprios donos ou seus fiéis prepostos, a produção poderá baixar a menos de 50% da real capacidade da empresa, caso em que os resultados econômicos passam a deficitários e contraproducentes... ( 11-10-68)

Sim, em verdade, a vida é uma luta: enquanto jovens procuram as criaturas humanas prosperar a fim de ganhar algum recurso para o futuro, quando suas forças escassearem... Mas, atingindo o homem a idade de 55/60 anos, se viveu com saúde, honestidade, inteligência e proteção divina, e com isso pode guardar algum bem material, é lógico que deve começar a pensar em diminuir a intensidade do seu trabalho lucrativo... e abrigar-se  num recanto acolhedor,de onde, descansando um pouco, poderia observar e orientar,e abençoar a luta dos que ainda são moços! Se não, mais tarde, bem no fim da vida, teria que reconhecer que a sua “luta” foi inglória e impiedosa... (18-4-69)

Oh! Quantas vezes caímos no "conto do vigário" em pequenas coisas, na vida! Por isso, o certo é não fugirmos nunca da linha da honestidade e da correção, mesmo quando, aparentemente, estamos levando vantagem na solução proposta e defendida pela outra parte... Fazendo-nos de desentendidos  em certos casos, em que parece estarmos lucrando, até por insistência e burrice do "prejudicado", pode acontecer que, mais tarde, venhamos a constatar que, em verdade, nós é que fomos logrados! E se formos reclamar faremos o ridículo papel do famigerado "otário mal intencionado"... (5-1-70)

Benditos aqueles que, ao sentirem findar sua existência terrena, deixando então obras por terminar, podem deixar também o apelo dos bons propósitos, para que seus seguidores sintam-se estimulados a levarem avante o fogo sagrado da honestidade, do trabalho, da perseverança e das realizações, muitas destas inatingíveis, como a Perfeição. ( 25-3-70)

A íntima convicção de honestidade é muito boa para qualquer criatura humana, principalmente para aquela que se encontra no fim da vida. Muito tolo e inocente, porém, é sempre quem,por se julgar honesto, se sente desobrigado de rebater os comentários desairosos que, a seu respeito, dizem que fizeram por aí... O melhor mesmo é procurarmos transmitir aos outros, não apenas a impressão, mas, se possível, também as demonstrações claras e indubitáveis de nosso bom procedimento. ( 1-12-70)

Os artistas deixam lembranças de suas vidas através do testemunho e suas obras. E os pobres homens comuns? Para eles seria consolador se, em vida, tivessem deixado provas, pelo menos, de seu espírito de justiça e de honestidade. ( 8-12-76)

Governo no indivíduo; Governo na família; Governo na empresa; Governo na sociedade; e Governo no governo. Quando esses cinco governos forem desempenhados com honestidade, trabalho, sabedoria, eficiência, perseverança, tolerância e fraternidade e em que fique comprovado, sobretudo, o desejo de assegurar a própria sobrevivência através da sobrevivência dos demais membros de suas comunidades, então o decantado “mundo melhor” estará, certamente, sendo concretizado. ( 7-5-78)

Minhas  Crenças ¾ I) Creio em Deus  II) Creio em dois Céus: no primeiro, de que nos fala a Bíblia e  do qual muitos duvidam; e no segundo, que todos devem respeitar, constituído pela consciência do Povo, que o concede ou o nega a cada um, segundo o seu procedimento durante a vida terrena. III) Creio nos milagres do amor: do amor de todos os amores, do amor sublime entre os homens, criaturas de Deus; do novo amor, que se inicia quando a jovem mãe sente pulsar em seu seio a vida do filhinho querido; do amor verdadeiro que sente o pobre velho quando, nos seus últimos momentos, deseja ter em torno de si todos aqueles a quem sempre trouxe em seu coração.  IV) Creio nos milagres da Humildade que faz o homem reconhecer no seu próximo um seu semelhante e, por isso, infunde em seu coração o desejo e o dever de dispensar-lhe fraterna e até abnegada consideração. Humildade que impõe ao homem teimar apenas sobre aquilo que sabe; não sonegar aos outros o que sabe e lhes é útil; confessar sua ignorância e perguntar, inclusive às criaturas mais simples , sobre o que tem obrigação ou necessidade de saber. V)  Creio nos milagres do Trabalho, honrado e perseverante, que, se antepondo ao desânimo, produz benefício a quem o executa e, ao mesmo tempo, extensivo aos seus próprios entes queridos, membros da comunidade universal. VI) Creio nos milagres da Honestidade, que desde os primórdios da criação do homem, vem sendo exaltada nas páginas da história, quanto aos que a praticam com nobreza e sinceridade. E há de continuar representando na existência de cada um, para a própria consciência, supremo conforto, ainda que as calúnias e as mentiras humanas pareçam deslustra-lhe a reputação.  VII) Creio nos milagres da Renúncia, que faz a pobre criatura tolerar e perdoar as ingratidões humanas, ainda que não as possa, voluntariamente, esquecer, talvez assim evitando sua maldosa reincidência; creio na renúncia de que nos  o Divino Mestre: “Ao que lhe disputar a túnica, cede-lhe também a capa’ ( Mateus 5:40).  VIII) Creio nos milagres da Bondade, que começa com um sorriso e termina com uma lágrima, bondade que torna melhor o nosso mundo interior e procura levar a possível felicidade ao mundo dos outros; bondade que é luz, calor, amparo, caridade, amor e que, em certos momentos, encherá nosso coração e emoção e nossos olhos de lágrimas, quando a dor, às vezes sem remédio, atingir vidas e coisas criadas por Deus para o bem estar da coletividade terrena.  IX) Creio nos milagres da Justiça, aureolada pela bondade cristã que, em nome da verdade, sem omissão e com honradez, procura exaltar a virtude e condenar o vício, infundido nas criaturas humanas fé e confiança no futuro, assegurando-lhes a proteção necessária e sã liberdade em suas andanças por este “vale de lágrimas”.   X) Creio, de novo, agora e sempre, em Deus, na sobrevivência da alma e na vida eterna, onde estarão juntas as pobres criaturas humanas que tanto se amaram neste mundo. ( 12-6-79)

É comum nos entristecermos quando pessoas amigas e até parentes, que circulam constantemente ao nosso derredor, divergem da nossa opinião, sobre assunto sério e importante, e quando convidados a votar, votam contra nós, velada ou frontalmente! Mas se nos determos a analisar os fatos, nos convencemos que, não sendo infalíveis, apesar de nossa honestidade e da nossa boa vontade, podemos estar errados, portanto os nossos opositores merecem estar certos... ( 25-5-86)

Brasil, paraíso? Da corrupção? Da sinecura? Da mordomia? Da ganância? Do Favoritismo? Da irresponsabilidade? Da Omissão? Do jeitinho? Da Impunidade? Do Mau exemplo?  De todas essas mazelas que infestam o organismo administrativo brasileiro, a pior mesmo é o mau exemplo, como fermentação maligna, que deteriora até as consciências mais puras e até insuspeitas. “Política”, segundo o Aurélio, “é a arte de bem governar os povos”. Portanto, tratando-se de democracia, os eleitos pelo povo devem praticar a arte do bom governo. Mas aí começa a infelicidade do povo brasileiro: no palanque, nos “santinhos”, etc. são promessas e mias promessas e depois de empossados, salvo nobre exceções, o que se verifica é o “venham a nós as vantagens  do Reino”, e o povo que os escolheu que se lixe. Entretanto o povo que teve o dever e o direito de eleger seus representantes, também lhe caberia tomar conhecimento, julgar e, diretamente destituir de seus cargos aqueles que se enquadrassem em duas ou mais das supracitadas mazelas. Dissemos “duas ou mais mazelas”, porque o mau exemplo, em suma encoraja a proliferação e adeptos e induz às indagações: Por que os políticos, lá em cima tem privilégios, praticam abusos e continuam impunes? “Cinqüenta  a cem salários mínimos, mais mordomias, para um deputado, é muito, enquanto a maioria de seus eleitores vegeta com menos de três mínimos”. Não havendo, por parte dos políticos, desprendimento, honestidade e patriotismo para se constituírem em bons exemplos, a nau dos brasileiros continuará sossobrando no oceano da inflação e da miséria. ( 13-8-89)