JUSTIÇA

 

Os maiores bens que uma criatura humana pode possuir na vida são: a honra e  a saúde, ambas aureoladas pela coragem, pela força e pela justiça. Com a primeira merecerá a estima dos bons e com a segunda conquistará o respeito dos mesmos. (6-6-50)

Da mesma forma que existem tribunais de justiça para condenar ou absolver réus, deveria existi-los para conferir ou negar haveres aos bons que, isentos de crimes ou vícios trabalham silenciosamente a favor do bem comum. É que neste mundo atribulado os homens sentem mais prazer, volúpia até, em julgar apenas os defeitos de seus semelhantes, jamais as virtudes que costumam ser deslembradas, diminuídas e, às vezes, enxovalhadas. (16-4-51)

Que adianta a vida? — Quem, em sã consciência  e espírito de observação, analisar as inúmeras e diferentes situações em que as criaturas humanas se debatem — uns labutando para ganhar o pão de cada dia,outros esforçando-se para aumentar as suas fortunas, muitos desperdiçando as suas forças físicas em ociosidade e vícios, e outros ainda se mortificando para recuperar a saúde combalida — concluirá, talvez, que nenhuma justificativa existe para isso tudo! E perguntamos? Existe uma recompensa para os bons? E um castigo para os maus? Os milhões de habitantes do mundo que se apagaram na morte, há séculos e séculos, obtiveram em suas épocas o tratamento, bom ou mau, que mereceram? Os milhares de maus que iludiram, declarada ou subrepticialmente, o povo e ficaram impunes, e outros tantos bons, cujos méritos permaneceram desconhecidos ou subestimados, e ainda as vítimas das injustiças do mundo, foram todos julgados, um por um, pelos seus contemporâneos ou pela posteridade? Diante dessas conjeturas, terríveis e insondáveis, é forçoso acreditar-se em Deus, Suprema Vontade, que tudo dirige da melhor maneira, ou... não crendo em coisa alguma precipitar o pensamento no turbilhão da dúvida, do caos, do nada! Eu prefiro crer em Deus! ( 30-10-51)

A justiça pune a todos e não premia ninguém; pune a todos que a não respeitam e não glorifica os que a cumprem. Portanto uma medida legal que visa a todos em geral e ninguém em particular. (15-1-52)

Povo: aglomeração onde uma ou duas pessoas começam a expor as suas idéias, como líderes e os outros apóiam, formando uma espécie de tribunal de julgamento. Varias dessas aglomerações poderão, com idéias e atos, praticar injustiças e esta fomentar rebeliões( Assim foi com Jesus, Revolução Francesa, etc.) (22-1-52)

Elevar-se é se transformar em alvo! Assim o homem que, por seus méritos, conseguir destacar-se de seus semelhantes, logo será olhado com despeito e inveja pelos maus e apenas os poucos justos o poderão louvar. O mesmo acontece com os que ocupam lugar de juiz, chefe, patrão, etc.; muitos em sua volta pleitearão favores e beneplácitos e os que não puderem ser atendidos formarão o grupo dos descontentes  caluniadores. Uma leve censura dirigida a um mau elemento provocará um gesto de revolta e aquele que pretendeu fazer justiça logo será acoimado de carrasco. E isso só poderá deixar de acontecer quando as luzes da instrução e da honestidade, iluminando as consciências, conseguirem estabelecer uma recíproca compreensão entre os homens. (20-6-52)

Riqueza – É engraçada a vida que a gente, que muita gente leva. É, como se costuma dizer, uma luta! Tem-se 10 cruzeiros e se deseja 20. Sendo 100 se ambiciona 1.000. Quem possui um milhão, da mesma forma deseja mais. Diz o homem rico: “o que tenho é meu e não posso perder; se alguém tentar me prejudicar, recorrerei à justiça”. Assim, muitos vivem em sobressaltos. Uns para ganhar, outros para não perder. Porque somar é uma forma de não deixar diminuir. De qualquer forma é sempre uma luta. Se, entretanto, achamo-nos em perigo de perder 100, então lutaremos para perder só 5. E, no final, tenha o que tiver, o homem deixará tudo! É possível que o corpo ainda não esteja gelado e já se tenha iniciada uma outra luta: a da partilha! E não seria para se indagar: teria importância deixar 10, 20% a mais ou a menos? Entretanto, as criaturas humanas vivem em constante luta: a defesa do dinheiro! ( 20-8-52 )

Todos nós temos Direitos e Deveres. Cada dever que cumprimos é um peso colocado num prato de balança de justiça. Mais peso no prato dos Deveres mais alto se elevará o prato dos Direitos. Quem quiser cumprir suas obrigações sociais terá que descer à terra, aos seus semelhantes. E, como uma semeadura generosa, verá brotar do solo a semente germinada e vendo-a crescer para o céu, para Deus, colherá do alto os seus frutos abençoados. (20-9-52)

Tudo e todos tem seus defeitos. Desde a Justiça até a Religião. Foi por isso que os homens, há 2.000 anos não compreendendo Jesus, pensaram fazer justiça exigindo de Pilatos o seu sacrifico na cruz. (10-3-53 )

“O que é a verdade?” — É o objeto ser 100% igual à qualificação que se lhe dá. Mas, a verdade, pura e simples, há de ser a situação ideal, isto é, a perfeição, sob todos os aspectos. Assim, quando Jesus disse “Eu sou a verdade”, afirmou: “Eu sou a justiça, a virtude, a bondade, a coragem, a fortuna, a serviço do bem comum” ( 10-7-56 )

Suportamos as injustiças, as calúnias, as infâmias, quando vindas dos salões, das praças públicas e das sarjetas. Duro, doloroso, aniquilante, é ter que sofrer essas afrontas quando partindo daqueles que, nossos amigos, e, às vezes, nossos beneficiários, deveriam ser os primeiros a defender-nos. A isso se dá o nome de ingratidão. (26-1-57)

Recompensas — Quem rouba vai preso, seja porque furtou uma nota de cem cruzeiros ou porque se apossou de uma galinha alheia. Se descoberto é condenado. Pela justiça e pela opinião pública. Quem nega um auxílio a quem lhe solicita também é acusado pela consciência daquele que não foi atendido. Entretanto os que dão esmolas generosas ou mandam auxílios espontâneos aos necessitados, quase sempre ficam ignorados. Os primeiros, ladrões, pagam em vida seus crimes; os outros, os benfeitores, só depois de mortos tem seus gestos reconhecidos. ( 28-4-57)

No progresso é inglória a tirania construtora, da mesma forma que a caridade não produz benefício integral se praticada com menosprezo. Em tudo há de existir Justiça, sem violência nem vexames, trabalhar pelo bem comum é obrigação das criaturas humanas. Por isso a esmola não deve ser interpretada como ato generoso ou um favor. Seria um verdadeiro traidor aquele que não cumprisse seus deveres. (16-7-58)

Aos fracos e humildes, nossa bondade e nosso apoio. Aos maldosos e falsos, nossa justiça e nossa punição. (28-5-59)

Meditação sobre o erro. Quem comete um erro pela segunda vez é reincidente, pela terceira vez é relapso e digno de lástima ou até severa punição, conforme o caso. O estudante por três vezes reprovado é posto fora da escola com um diploma de “jubilado”. Em três lances se encerra um leilão. Geralmente ao terceiro sinal são determinadas as largadas nas provas esportivas. Enfim diz o provérbio: “Errar é humano e preservar no erro é demoníaco”. Se o próprio Jesus disse “afastai-vos de mim, malditos para o fogo eterno” aos incorrigíveis e maus, que preferiram morrer em pecado mortal, surdos às maravilhas da virtude, da bondade e da justiça, que diríamos nós, pobres mortais, dos que, teimosos, insistem em errar reiteradas vezes, causando preocupação aos seus familiares e amigos? ( 26-6-59)

Pena de Morte — A justiça não pode, a  princípio, perdoar os criminosos. Seu funcionamento há de ser como o de um filtro, que, deixando passar a pureza, separará a maldade. Se os maus obtivessem livramento acabariam desestimulando, pervertendo ou exterminando os bons. Mas nada de pena de morte! “É uma vingança estúpida praticada em nome da justiça”, cuja missão, em verdade, é absolver ou condenar, sem matar ninguém. E perguntamos: será a morte uma condenação? Não seria, para o criminoso, o fim de seus sofrimentos e (...) , em prisão perpétua, mas vivo. Morto, talvez, seja esquecido mais depressa, perdendo-se, inclusive, para sempre, a possibilidade de faze-lo arrepender-se e “trazer aos Céus mais alegrias pela sua conversão do que a perseverança de 99 justos”. Portanto, criminosos verdadeiros são ( ou serão considerados em futuro próximo) os juízes, os sábios, os doutores da lei que demorada e meticulosamente  deliberaram interromper a vida de um semelhante — criatura de Deus! Não! A justiça que sacrificou Jesus, Joana D’Arc, Tiradentes, não era no seu tempo “justiça!? Não! Neste século XX, em que o homem revelou tanta inteligência, inventando, criando, descobrindo e aperfeiçoando prodigiosas maravilhas em benefício da humanidade, e chega agora ao supremo interesse de sondar se existe vida em outro planeta, não poderia, esse mesmo homem querer, aqui na terra, voluntariamente, matar o seu irmão! ( 16-7-59)

As Quatro Colunas — A coletividade humana vive como que num planalto, que chamaríamos de “planalto de moral”, onde todas as  criaturas, por princípios éticos, religiosos ou psicopatológicos, procuram justificar, cada um de per si, suas diferentes maneiras de proceder. Por terem sido criados à semelhança de Deus — portanto superiores aos animais irracionais — os homens, desde os extremados conservadorismos até aos insolentes existencialistas, esforçam-se em provar que suas atitudes são as mais justas, certas e convenientes possíveis. Esse “planalto” é sustentado por quatro colunas mestras constituídas por cidadãos que, por suas teorias, competências, procedimentos ou missões, devem afastar-se da turba para poder reflexivamente orientá-la, classificá-la, ensiná-la, ampará-la. As quatro colunas são: os Filósofos, os Juízes, os Professores e os Sacerdotes, cuja linha de conduta, salvo pequenas e inevitáveis exceções, tem sido e continuará sendo exemplo de pureza, clarividência, sabedoria a abnegação. São quatro categorias de indivíduos que, pelo desassombro de suas elevadas faculdades, não se envolvem em transações escusas ou conchavos indignos. Altruístas, são capazes de todos os sacrifícios e desprendimentos, não permitindo que a desonra manche a alvíssima vestimenta das sua concepções ideológicas. Eis que, sobre o grande planalto, todos querem ter razão: os que erram e depois são punidos julgam-se injustiçados, vítimas da maldade humana; os viciosos dizem que não tem forças para reagir; os que não trabalham alegam que não tem disposição para isso; os que não pagam as suas dívidas afirmam que ganham pouco, ou sofreram afrontosas cobranças; os que não cumprem seus compromissos  justificam-se com “motivos de força maior”; os que se exasperam com facilidade e ofendem os que estão em derredor defendem-se com alegações de que “ficaram cegos de raiva” e quando isso acontece “perdem o controle”. E assim todos querem ter razão... Entretanto se as quatro colunas fraquejam, não resistindo ao impacto da corrupção, então virá abaixo o edifício da sociedade humana. É verdade que existem, entre a coletividade humana, criaturas que, embora sem nenhuma instrução, manifestam idéias realmente sábias e estóicas; há os que, sem conhecimento dos códigos e das leis, demonstram critério e bom senso próprios de juízes; ainda os que, não possuindo cátedra, vivem a distribuir ensinamentos aos que o cercam; e finalmente, os que, sem ter recebido ordenação religiosa, são verdadeiros apóstolos, tal a sagrada missão que desempenham, amando seus semelhantes, na prática da caridade, da bem-querença e do perdão! Estas anônimas “boas almas” compensam, certamente com sobras, os possíveis desfalques que os responsáveis pelas quatro colunas sofrem, às vezes em suas hostes, por deserção de uns ou decadências de outros. Mas, como nas lutas santas, apesar das baixas, a resistência continua e continuará sempre! E que seria da humanidade sem Filosofia, Sem Justiça, sem Ensino, sem Deus? ( 25-1-60)

A Bondade sem Justiça poderá produzir o efeito do relâmpago ou do fogo fátuo, que por falta de consistência iluminam ou aquecem ilusória e instantemente, agravando depois as trevas ou a penúria ambiente. ( 15-11-60)

Há pessoas que esquecem o preceito bíblico: “Quem se exalta se humilha” e exorbitam de seus direitos. Censurados ou punidos decaem de prestígio, como os ladrões, que pilhados, além de compelidos a devolverem a coisa furtada, devem provar na justiça, através de advogados, que agiram “impensadamente”, “sem má fé”, etc., etc. ( 30-11-60)

A felicidade é, em primeiro lugar, um estado de alma em que a criatura sente uma espécie de heróico conforto após o cumprimento do dever. Por isso que a saúde, a beleza, o bem estar, a boa forma são apenas complementos. Esses atributos não garantem, sozinhos, a felicidade que, entretanto pode subsistir independente dos mesmos. Basta que a criatura humana, apesar de sofredora, sinta-se tangida por um idealismo sublime para considerar-se eufórica, feliz, na mesma situação em que sorridentes enfrentavam a morte os mártires cristãos, nas arenas romanas. Ao contrário da alegria gargalhante, a felicidade verdadeira não é transitória, porque se funda no estoicismo, na bondade, na justiça e na firme crença em Deus. ( 12-3-61)

Democracia:

              I.      Direito do povo escolher seus governantes, para períodos certos, no Município, no Estado, na União;

           II.      Direito de criticar em reuniões públicas ou privadas e pela imprensa e rádio, e solicitar a intervenção da Justiça para coibir abusos e punir os eleitos ou nomeados quando relapsos na execução de suas atribuições  — todas elas voltadas para o bem social e prosperidade da Nação;

         III.      Direito de, através de seus representantes — executivos e legislativos —, destituir extemporaneamente os administradores que se revelarem incapazes e indignos;

        IV.      Direito de limitar os lucros percentuais das classes patronais, de cujas rendas líquidas os empregados honestos e eficientes deverão participar no sentido de obterem, dentro da moral cristã, alimentação, vestiário e habitação própria e condigna;

           V.      Direito de defesa plena, pública, em todas as questões sociais, patronais e familiares, entre os indivíduos, julgadas sempre por juízes idôneos e da confiança da população. ( 18-3-61)

Somos colhedores — Tudo o que sentimos, possuímos, é fruto, colheita de nossos atos passados. “Igual gera igual”. Mas quando sofremos uma ingratidão, ai existe a sagrada vontade de Deus que nos escolheu para exemplo de nossos semelhantes, aos quais devemos estimular a caminharem pela estrada espinhosa da resignação, da virtude, da bondade , da justiça, em suma, da Verdade. ( 30-4-1961)

As religiões, inspiradoras e inspiradas nos preceitos bíblicos, em cuja amplidão se destacam as doutrinas de Moises e Jesus Cristo, devem orientar-se dentro da Moral, Justiça e Fraternidade. Basta ler o conceito dos “Dez Mandamentos”, “Sinal da Cruz”, “Ave Maria” e “Padre Nosso” para convencer-se disso. ( 15-6-61)

Das virtudes isoladas a mais gloriosa — porque é altiva e autônoma e impossível de ser criticada — é a Justiça; naturalmente a Justiça ensinada e recomendada por Jesus. A honestidade, o amor, a fé, o estoicismo, o perdão e até a coragem e a caridade serão insustentáveis se lhes faltar o amparo da Justiça — sentimento ativo e demarcador de qualidade. A Justiça, inspiração divina, tem sobre si apenas a Verdade, que é uma virtude coletiva, reunião de todas as virtudes, inclusive a própria Justiça. Mas, a verdade, sendo um conjunto, exige definições explicativas, enquanto que a Justiça, por ser absoluta, tem de ser acatada, mesmo quando ferir a minoria incontentável. Por isso que se diz que a Justiça é como o sol: pode encobrir-se, tardar,mas ao surgir convencerá plenamente. ( 18-7-61)

Muitos homens importantes disseram, na fora da morte, frases que foram, depois, lembradas e às vezes relembradas, tornando-se até célebres. Qualquer homem pode ser “importante”  para os seus familiares, por isso que são chorados quando se vão desta vida. Bancando importância, o pobre homem deixou três palavras, como últimas, para a suprema meditação e diretriz de seus amigos: “Sabedoria – Justiça – Bondade”. ( 3-10-61)

E quando lhe disseram que não devia desagradar as pessoas e que nenhuma vantagem existia em arranjar inimigos, o pobre homem respondeu: “Possuo duas condições essenciais para perder a estima do povo, isto é, perder amigos: a) Todo ano enriqueço um pouco, em virtude dos lucros das empresas que participo; b) Sou dirigente dessas firmas. Mas “inimigos” quem é que os teve maiores na vida? — Jesus! Tivesse Ele sido hipócrita e usasse evasivas no caso dos tributos a Cezar, ajudasse agravar e apedrejar a mulher adúltera, não fizesse a purificação do Templo, não condenasse os escândalos da corte romana, elogiasse os fariseus e os escribas, não pronunciasse o Sermão da Montanha nem fizesse outras pregações de moral através de santas parábolas, viveria, no mínimo 100% mais, isto é, 66 anos. No entanto os seus inimigos, que puseram em realce a sua Justiça, o fizeram viver até agora cerca de 6.000% mais, e viverá pelos séculos a dentro, numa exaltação crescente, enquanto o mundo existir. Portanto, que posso eu, minúscula criatura, para que o povo me queira sempre bem? Se para manter eventuais amigos é necessário tornar-me hipócrita, prefiro perdê-los”. ( 6-10-61)

Acerto de contas — Que a humanidade está dividida em dois mundos ideológicos, ninguém ignora: capitalista e comunista, dois extremos. Como meio termo, o socialismo seria o ideal. Ou melhor: “Democracia socializada”. Mas enquanto o socialismo não consegue harmonizar a situação, a coletividade fica ameaçada agora do predomínio do extremismo vermelho. Ontem, a

o capitalismo dominava 100%. Hoje o comunismo desalojou-o parcialmente ,conquistando muitas de suas antigas posições. Amanhã poderá dominar sozinho, invertendo-se os papéis. Para evitar que isso aconteça, precisa haver um “acerto de contas”. Hoje, os capitalistas, que são donos das fábricas, das casas comerciais, das propriedades agrícolas, dos poços petrolíferos, dos arranha-céus, da imprensa falada e escrita, de alguns hospitais e de muitos automóveis de luxo, esses capitalistas que ganharam  em pouco tempo fortunas nababescas devem agora, para não perder tudo em breve, renunciar a uma parte dos seus bens, tanto dos existentes como parte das rendas futuras. Tudo por culpa da “máquina” que acelerou e facilitou a produção, o transporte, a comunicação e a contabilização. A máquina é uma espécie de alavanca. Quem teve uma e contando sobretudo com o apoio de Deus, da inteligência, do trabalho, ficou rico depressa. Entretanto, muitos homens, quase todos, ficaram pobres, embora fossem inteligentes, trabalhadores e crentes em Deus. Ou não dispunham de uma “alavanca” da industrialização do mundo, ou ficaram para trás por culpa de seu país, de sua cidade, ou da sua família, que, pobre, só poderia produzir em elemento igual. Por isso, agora é tempo de se fazer um “acerto de contas”, e que se resumirá na renúncia de parte de ganhos e lucros excessivos em favor dos menos favorecidos pela fortuna. Assim será entre os homens de um país e entre as nações do mundo. Uns enriqueceram excessivamente porque venderam ou cobraram muito caro daquilo que dispunham e que era disputado pela maioria necessitada. O “acerto de contas” não pode propiciar a igualação de recursos, o que seria impossível. Mas, também não pode, na casa dos pobres, crianças perecerem por falta de leite, e este continuar prodigalizado a cães, gatos e cavalos de corrida dos ricos. Uma organização internacional no mundo, e um governo local em cada nação cobrarão impostos a fim de que os riquíssimos, pelo menos, paralisassem nas suas grandiosidades e com o que os miseráveis sejam arrancados, com urgência, da sub-sociedade em que vivem. Esse acerto será feito pela inteligência e justiça da minoria, sob pena de ser realizado pela ignorância e desespero da quase totalidade. É preciso que a qualidade socorra a quantidade, senão esta, unida, possuirá uma força sobre-humana capaz de destruir inclusive o que, aparentando luxo e beleza, era útil e necessário ao bem comum. ( 19-4-62)

Pesadelo II — Havia estourado nova revolta popular. O terror imperava na cidade. As autoridades todas haviam sido fuziladas, pisoteadas. A turba, sedenta de sangue, proclamava que só pouparia  os proletários do campo e da cidade. Os outros, ou pelo menos uma pessoa  de cada família, seriam “justiçados”. Era o tributo com que pagariam as passadas alegrias em seus lares, onde nunca faltou pão. O pelotão de fuzilamento achava-se em frente de sua casa. A algazarra da rua era ensurdecedora. Os soldados com os uniformes em desalinho, olhares flamejantes de ódio, apontavam os fusis, com as baionetas caladas, para todos os lados. Pedradas faziam as portas e janelas se abrirem com estrondos. Móveis eram incendiados assim que atirados à rua, clareando com luz bruxoleante semblantes suarentos. Gritos de histerismo se misturavam com choros de crianças apavoradas, num tumulto indescritível. No céu escuro da cidade fumarenta explodiam focos de luz, como pirilampos ruidosos. Outras bombas mais fortes estouravam iluminando o espaço, depois de levadas ao alto por serpentes faiscantes que se desfaziam como milhares de minúsculas estrelas cadentes. Tudo aquilo dava impressão de uma festa macabra e infernal. Foi quando um homem corpulento, estremecendo-se todo, bradando uma, duas, três vezes, erguendo-se e girando na ponta dos pés: “Silêncio! Silêncio! Silêncio!” . Aos empurrões formou-se em seu redor um vazio e o brutamontes ficou sozinho como que num picadeiro e ameaçando disparar o fusil-metralhadora que portava, foi conclamando: “Agora eu quero silêncio! Vamos subjugar mais um ‘granfino’. Silêncio! O primeiro que atirar mais uma pedra receberá uma rajada de balas”. Já então todos os olhares convergiam para o terraço da casa, onde um homem de meia idade, com os braços abertos, adiantou-se,e com voz firme, falou: “Estou pronto para sofrer a condenação...”. “Não, o candidato a morrer não é você , mas seu filho, que desacatou o nosso regulamento. Em vez de entregar a chave do seu automóvel,  atirou-a fora fazendo com que a mesma se perdesse nos destroços  das sarjetas” . Quem deve morrer sou eu. Sou responsável pela educação e até pelo temperamento do meu filho. Ele tem o meu sangue e a minha alma”. “Mas você tem outros filhos para criar”. “Um irmão criará o outro irmão. Na falta de irmãos, a Sociedade ou o Estado avocará a si a obrigação da defesa das crianças. Ninguém é insubstituível, repito aqui”. “Entretanto, no novo regime, todas as famílias deverão ter um chefe; o governo não manterá nem orfanatos, nem albergues, nem asilos...”. “A chefia, como quaisquer ações, vem em função da necessidade. Um adolescente investido de autoridade cumprirá seus deveres com bravura”. E os seus negócios? Só você os conhece...” . “Os que ficarem ou vierem depois vasculharão livros e consciências e decifrarão todos os mistérios aparentes. Ademais, os moços precisam viver. Eles tem o idealismo no cérebro e o gérmen do progresso nos músculos. Os velhos poderão apenas ministrar ensinamentos. Mas a sabedoria não é patrimônio de ninguém. É um edifício imenso, que vem sendo construído desde a aurora do mundo, com milhões de pequenas pedras — idéias que se renovam em busca da perfeição. E os moços, imbuídos dessas idéias lutarão por um mundo melhor, procurando fazer com que a fraternidade se aposse  de todos os corações e assim...”. Ninguém mais, nem ele próprio, podia ouvir as suas palavras; começou com a impaciência em todos os olhares, depois cochichos, depois acotovelamentos, depois esfregação de pés no asfalto, depois vozerio, depois altos brados uníssonos, simultâneos com gestos cadenciados e o clamor de “morra o velho! Morra o velho!” foi crescendo avassaladoramente como se fosse um furacão. Nesse momento houve como um estremecimento e o pobre homem despertou, sentindo escorrer-lhe pelo corpo o suor frio dos agonizantes enquanto dentro do peito seu coração palpitava com aquela heróica alegria que deve dar sentido aos mártires na hora da morte. ( 19-4-62)

Mendigos — É possível que existam falsos mendigos, principalmente nas cidades grandes. Mas, em matéria de injustiça ( dar a quem não merece e negar a quem precisa) é preferível errar noventa e nove vezes dando esmolas, do que uma vez negando-a. Naturalmente, em termos, conforme as posses do solicitado e as aparências dos pedintes, excluídos os embriagados e vadios que, em vez de dinheiro, deverão receber conselhos. A dor, entretanto, que sentiria o faminto que sofresse uma negativa pesaria mais, nos pratos das balanças divinas e humanas, que as noventa e nove vezes que beneficiamos os hipócritas em nossa porta.. ( 12-6-62)

“O materialismo está dominando todos os setores da vida humana...” ¾ meditava o pobre homem, desconsoladamente. “Ningém tem tempo para nada. É tudo feito em alta velocidade; os que viajavam de trem, agora preferem automóveis. Muitos possuem avião particular. Outros vão em aeroplanos a jato, rapidíssimos. Logo pretenderão utilizar-se de foguetes estratosféricos, desses que desenvolvem mais de 40.000 quilômetros horários”. “Por outro lado, tais criaturas, quando procuradas para reuniões de cunho altruístico, vão logo dizendo: “Estou cheio de serviço!”. “Não dou conta!e vão se desculpando de pequenas subscrições que fazem em “Livros de Ouro” porque todos os dias são procurados por promotores de campanhas, concursos, festas de formatura, etc., etc. A  cooperação então é dada ou prometida sem apreciar o mérito das campanhas, correspondendo no mesmo pé de igualdade, sejam os beneficiários crianças órfãs ou integrantes do time de futebol. Se deveriam comparecer a reuniões sociais omitem-se, quase sempre, com ou sem justificativa. Depois, o pobre homem, refletindo melhor, ponderou: “Mas, desde que a criatura humana apareceu na face da terra, a vida tem sido assim mesmo: a ambição pessoal sobrepondo-se ao interesse da coletividade. Caim sacrificando Abel; os descendentes de Noé querendo galgar o céu através da Torre de Babel; Moisés quebrando as Tábuas  da Lei diante do seu povo que, esquecido de Deus, materializava-se na adoração do Bezerro de Ouro; César, Napoleão, Hitler, invadindo terras de outros povos... tudo isso é demonstração e confirmação de que “materialismo não é novidade”. E benditos, pois,  são os homens que acreditam e fazem com que os outros acreditem na sobrevivência eterna do lado oposto: espiritualismo de Bondade, de Justiça, de Amor. ( 08-12-62)

O “mundo melhor” só virá quando a Honestidade, a Bondade  e a Justiça forem, não apenas virtudes, mas obrigações. De sorte que quem não as praticasse seria punido, na forma da lei. Nada de sonegação, nada de suborno, nada de enriquecimento ilícito, nada de protecionismo, nada de sinecura, nada de ociosidade, nada de logro, nada de falta aos compromissos, nada de descaso aos fracos, nada de indiferença aos necessitados. O governo arrecadando bastante e aplicando bem, faria sobrar recursos para toda a espécie de assistência, desde a criança ao velho, desde o analfabeto ao letrado, desde ao enfermo ao vigoroso, desde o consumidor ao produtor. E cadeia e vexame aos faltosos! ( 30-12-62)

Sobre a bondade e a justiça:

Pela sua Bondade você colherá flores na Terra... A Bondade é o dever magnânimo.

Pela sua Justiça você colherá flores no Céu...A justiça é o bom senso puro.

É que a Bondade ajuda sempre  e perdoa a todos... até os maldosos...

É porque a Justiça atua segundo os méritos dos indivíduos, exaltando uns e rebaixando outros, produz descontentes...

Por isso que, os que colhem flores no Céu, andaram sobre espinhos na Terra..

A Terra é a vida... O Céu é a posteridade... ( 11-02-63)

Equilíbrio ¾ É representado por um ponto de apoio central e dois lados que podem ou tendem a precipitar cada qual a um extremo. Por isso quanto maior a vantagem, maior a responsabilidade, a fim de manter o equilíbrio.

Maior poderio = maior justiça;

Maior força = maior brandura;

Maior riqueza = maior generosidade;

Maior liberdade = maior respeito;

Enfim, maiores direitos, maiores deveres.

Não sendo assim, estaria estabelecido o desequilíbrio e não tardaria o reconhecimento de que os grandes males para certas criaturas foi desfrutarem de grandes bens, descontroladamente. ( 18-08-63)

Os que hoje proclamam as ameaças de que “o povo fará justiça pelas próprias mãos”, serão amanhã os primeiros demagogos e incendiários a cumpri-las! ( 30-12-63)

Ao analfabeto não pode ser tolhido o direito de voto numa democracia autêntica. O analfabetismo geralmente é produto da herança dos pais, como um atributo negativo. E os culpados por essa situação humilhante, em extensas áreas do Brasil, são os homens do governo, e também, por equidade e tácita indiferença, grande parte da classe burguesa. Não podem, por isso, reclamar os políticos e os temerosos neo-proprietários contra o perigo que o voto do analfabeto poderá representar quanto ao advento do comunismo ¾ regime odioso ¾ e que é, infelizmente, fruto do desamparo em que tem vivido essa classe de “desclassificados”. O melhor é atribuir o direito de voto aos “sem escola” e acelerar a alfabetização cristã das massas populares, fazendo-se agora à guisa de “remédio” aquilo que não se fez, até ontem, como “preventivo”. Mas é preciso agir rapidamnete, cabendo ao governo proporcionar instrução e justiça social, e aos homens entre si e principalmente  entre “grandes” e “pequenos” mais consideração e espírito de bondade, em nome de Deus. ( 22-03-64)

Ser... ou não ser... (Shakespeare) ¾  “Ser ou não ser... eis a questão!” Afinal, o que é mais nobre para a alma: a cabeça curvar  ante os golpes da fortuna, ultraje ou tentar resistir-lhe enfrentando em um mar de dor? Melhor seria morrer...talvez dormir...não mais que isso... E pensar que assim dormindo poríamos fim aos males do coração e as mil torturas naturais que são a herança da carne! Quem não almejaria esse desfecho com fervor? Morrer... dormir... dormir? Talvez sonhar!... Sim, nisto é que está a dificuldade: o não sabermos que sonhos advirão do sono da morte, quando nos livrarmos das aperturas da vida terrena... É esta idéia que nos preocupa, diante do infortúnio de nossos dias, e que torna nossa existência tão longa! Quem suportaria as flagelações e os escárnios do mundo... as injustiças dos mais fortes... os maus tratos dos tolos... a humilhação da pobreza... as angústias do amor contrariado... a insolência dos poderosos... as tardanças das leis... as implicâncias dos chefes...cuja inépcia desmerece nosso mérito paciente? Quem suportaria, com efeito, tudo isso se com um simples golpe de punhal, no peito, obtivesse sossego? Quem continuaria, gemendo, a carregar, suado, os pesados fardos da vida?... Só o receio do desconhecido, do além túmulo, região inexplorada donde ninguém voltou, receio que turva a vontade, e torna covarde a consciência... esse receio é capaz de obscurecer os mais límpidos pensamentos e desviar de seu curso os mais enérgicos planos fazendo a ação perder o próprio nome. ( 09-11-64)

A sabedoria quando obtida e aplicada com espírito de justiça e bondade é uma das maiores glórias que pode a criatura humana desfrutar na face da terra. ( 17-07-66)

A primeira atividade voluntária de Jesus, de que se tem notícia é a de ter ido, à revelia de seus pais, ao Templo discutir leis com os doutores. Só mesmo um Deus poderia ter dado tão gloriosa lição: aparecer entre os Juízes e com eles discutir assuntos de interesse do povo. Ensinou mais tarde, aos 33 anos de idade, a Caridade e a Justiça ¾ a Bondade criteriosa enfim. Antes de Jesus, os fortes e poderosos só desejavam escravizar os fracos, e por isso estes odiavam aqueles. Pregou “Amai-vos uns aos outros”, “Somos todos irmãos”, “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, “Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. (  20-11-66)

Feliz aquele que, na fatalíssima hora extrema, quando a voz de Deus, que é ao mesmo tempo a voz da própria consciência, penetrando-lhe na pobre alma, fizer a indagação bíblica de: “O que fizeste a teus irmãos?” puder responder: “Procurei tirar-lhes as pedras do caminho e até os ajudar na caminhada, sob os princípios da bondade e da justiça”. ( 17-11-67)

Assistindo a peça “Dois perdidos numa noite suja” de autoria e co-interpretação de Plínio marcos, chega-se à conclusão de que a sua mensagem: “Tomar dos outros pela violência, aquilo de que se necessita” não passa de pura ideologia comunista. No caso “os outros”, se trabalharam honestamente para ter o que tem, estariam sendo roubados, espoliados. Esses “outros”, inclusive, não tem culpa da miséria e subdesenvolvimento de alguns de seus semelhantes assaltantes, que poderão, eles próprios, ter uma parte de responsabilidade pela lamentável situação em que se encontram. Dizemos “parte da responsabilidade” porque a outra, aliás a parte grande, deve ser atribuída ao governo que não distribuiu escola e instrução aos jovens nem justiça social ao povo para que pudessem defender melhor os seus salários e direitos. Portanto, a maior parcela de culpa cabe mesmo ao governo que fez má aplicação das receitas de impostos. No caso específico da peça: “Um jovem (Paco) não consegue emprego, por falta de instrução, e o outro jovem (Tonho), por falta de um par de sapatos novos,nem vaia procura de trabalho, pois apesar de possuir instrução ginasial considera “uma vergonha” apresentar-se ao futuro patrão com os sapatos rotos...” Em resumo, a mensagem é, como se diz corretamente, subversiva, e não se justifica a sua pregação, certo que a totalidade dos assaltos praticados até hoje, à mão armada, é de autoria de marginais e viciados inveterados, jamais por pessoas normais, em estado de necessidade. Os culpados por este tipo de delinqüência são três: a) o governo que não distribui instrução e assistência; b) os familiares dos próprios marginais que descuram de sua educação; c) eles próprios, os transviados, pelo seu mau instinto e vagabundagem... Portanto, a praticam do “palavrão” tem que ser combatida, como qualquer decadência moral ou educacional. Muito dos espectadores riram quando os “palavrões” foram ditos no palco, entre os atores; mas em seus lares a reação seria diferente, pois tais “gracinhas” ofendem sempre, mesmo quando vindas de “crianças bonitinhas”, as quais se costuma ensinar a dar pontapés, murros e dizer “nomes feios”... (4-10-68)

Os que, escandalosamente, blasonam que a sociedade está em decomposição e que, dentro em breve, a corrupção terá destruído também a família...  esses serão os primeiros a rebelar-se contra a “idéia absurda” de que, num futuro não muito distante possam, os seus filhos, netos, bisnetos, vir a nascer parecidos, não com os próprios pais, mas com os dom-juanescos vizinhos ou caminheiros, inclusive, poderão ser de outras raças!... É que esses infelizes esquecem-se de que para todo o bem, ou para todo o mal, que os homens praticarem na face da terra, sobrevirão os prêmios ou castigos correspondentes, debaixo da implacável justiça divina. Entrementes... muita coisa poderá vir a ser corrompida...Mas, a inteligência e compreensão, enfim a alma humana, essa continuará usufruindo os mistérios de Deus, esses mistérios que fazem  com que o homem se sinta comovido em face da beleza majestosa de uma criança e se reconheça demais pequeno diante da grandiosidade de uma noit estrelada! ( 10-3-69)

A perseverança é muito importante, mas deve prender-se a uma situação assentada em base de Justiça e Bondade. É reprovável o espírito de inconstância, por isso antes de tomar uma decisão convém usar cuidadosa ponderação, para não precisar retroceder depois!... ( 16-9-69)

"As aparências enganam" diz o velho refrão. Mas, infelizmente, por causa das aparências e da sádica maledicência humana, muitos dissabores e padecimentos tem atingido pobres mortais, vítimas de sua própria boa fé, imprudência ou falta de sorte ocasional. Por isso que a história, desde as mais antigas civilizações, está repleta de calúnias, injustiças e até erros judiciários. ( 4-10-69)

A melhor fórmula para o homem ser "mal visto" e impopular é ele pretender, lealmente, praticar a justiça. ( 5-10-69)

Assim pensava o pobre homem: “Das pequenas coisas cuidemos nós, particularmente, porque das grandes, sejam boas ou más, solicitam-nos cuidarmos delas os nossos amigos e parentes... e até a própria justiça, se o caso envolver interesses de terceiros. ( 29-6-70)

Para ser bondoso, caridoso, basta ao homem ser um indivíduo comum. Para ser justo, entretanto, é necessário elevar-se um pouco e achar-se num pedestal de juiz, de líder, de chefe, de cônjuge, de pai, de filho, de irmão, de colega, de cidadão, colocando-se, enfim, em posição na qual terá obrigação de praticar atos em conseqüência dos quais outras criaturas de Deus tenham seus direitos e deveres, virtudes ou defeitos proclamados! Portanto, para a criatura humana, é fácil e agradável a prática da bondade podendo mesmo escusar-se  a ela sob alegação de falta de tempo ou de recursos; mas quando estiver em jogo a prática da justiça, imperiosa e impreterível, até a omissão é considerada um crime! (3-7-70)

Antes do advento da imprensa, do telégrafo, do telefone, do rádio, da televisão, etc. era a comunicação coletiva praticamente inexistente, precisando as notícias serem levadas através dos arautos das casa reais, ou transmitidas de boca em boca, à guisa de boatos, entre os elementos  do grande povo... Até então, as informações, por dificuldades de propagação, eram obscuras, confusas, gerando nas almas das criaturas, superstições e temores... Os propaladores de notícias contra os senhores do governo eram logo descobertos, presos, espancados, martirizados. Depois que Espinosa, Voltaire, Victor Hugo e outros líderes do humanitarismo ergueram suas vozes em defesa da instrução e da justiça social, os próprios líderes religiosos passaram a sentir que o verdadeiro cristianismo era o pregado pelo Evangelho de Cristo, cujas normas estão hoje, afinal, ao alcance de qualquer criatura, incutindo-lhe na alma o moderno conceito de que “a igreja sou eu”! Vagarosa mas implacavelmente vão se dissipando os preconceitos e superstições, criando-se, entre os homens uma conscientização capaz de, num futuro bem próximo, eliminar, da face da terra, insustentáveis diferenças de classe e de fortuna, que Jesus, há 2.000 anos, combateu dizendo: “Deixai vir a mim os pequeninos”, certo de que estes são os preferidos de meu Pai. (2-9-71)

Quem não pode gozar a glória de demonstrar a “paciência de Jô”, depois de sofrer ofensas e ingratidões, repetidas e repetidas vezes, que demonstre então a “Justiça de Cristo” chicoteando os teimosos usurpadores dos direitos de que são indignos de possuir... ( 23-4-72)

A Bondade sem Justiça não conduz a nada! Seria o mesmo que estendermos a mão negligente, pusilânime e vazia... a alguém que anseia por  uma ajuda! O justo trabalha e exige que outros façam o mesmo... Pratica o bem e conclama os demais a o seguirem... Cumpre com os seus deveres e denuncia os relapsos... ( 30-7-72)

Espírito negativista, possui aquele que sempre afirma que “os outros não quiseram fazer coisas úteis” ou que “só preferiram fazer coisas más”. Sua satisfação é criticar e censurar homens e coisas, poupando palavras elogiosas mesmo quando existam motivos para isso. Espírito positivista é aquele que sempre proclama o que de bom foi produzido e reconhece publicamente o que de mau deixou de ser feito pelo seu semelhante. Ao elogiar o faz com sinceridade e espírito de justiça e só critica um fato  quando disso algum grande benefício pode advir para alguém. ( 17-12-72)

Os artistas deixam lembranças de suas vidas através do testemunho e suas obras. E os pobres homens comuns? Para eles seria consolador se, em vida, tivessem deixado provas, pelo menos, de seu espírito de justiça e de honestidade. ( 8-12-76)

Lógica e Ética ¾ “Contra a força não há resistência” porque, conforme a resistência aumenta, a ela se sobrepõe a força... O coração tem razões que a própria razão desconhece. Assim, o pensamento do homem ¾ ou seja, o seu coração, a sua consciência, a sua lógica, a sua ética, o seu bom senso, o seu critério, etc., etc. ¾ quando amparado e impulsionado por escusas razões, usa e abusa de argumentos inaceitáveis e incompreendidos pelos seus semelhantes... Restaria , para os que crêem, como nós, na sobrevivência da alma, apenas o seu julgamento pela justiça de Deus. ( 19-6-77)

Perguntas... ¾ Você está sendo, na vida, um homem de pensamento, isto é, escritor, poeta, compositor, jornalista, filósofo?; ou um pintor, desenhista, escultor, músico, cantor, esportista; ou um cientista, descobridor, inventor, incentivador de causas justas e benfazejas?; ou um político de procedimento honesto e abnegado, renunciando às vantagens pessoais?; ou pertence a uma associação de filantropia e é ativo em obras de justiça e bondade?; ou praticou ação altruísta e até heróica em defesa do seu semelhante necessitado ou em perigo?; ou é propagador de normas de sabedoria e humanismo, segundo a moral cristã e de outras crenças puras? Se você respondeu “não” a tudo isso e quejandos, então sua vida, ao final, será considerada inútil e após a sua morte você será logo esquecido... não obstante sua notoriedade e até os títulos nobiliárquicos que, em decorrência de sua posição social ou de fortuna, granjeou ou lhe foram adulatoriamente atribuídos. ( 15-1-78)

Minhas  Crenças ¾ I) Creio em Deus  II) Creio em dois Céus: no primeiro, de que nos fala a Bíblia e  do qual muitos duvidam; e no segundo, que todos devem respeitar, constituído pela consciência do Povo, que o concede ou o nega a cada um, segundo o seu procedimento durante a vida terrena. III) Creio nos milagres do amor: do amor de todos os amores, do amor sublime entre os homens, criaturas de Deus; do novo amor, que se inicia quando a jovem mãe sente pulsar em seu seio a vida do filhinho querido; do amor verdadeiro que sente o pobre velho quando, nos seus últimos momentos, deseja ter em torno de si todos aqueles a quem sempre trouxe em seu coração.  IV) Creio nos milagres da Humildade que faz o homem reconhecer no seu próximo um seu semelhante e, por isso, infunde em seu coração o desejo e o dever de dispensar-lhe fraterna e até abnegada consideração. Humildade que impõe ao homem teimar apenas sobre aquilo que sabe; não sonegar aos outros o que sabe e lhes é útil; confessar sua ignorância e perguntar, inclusive às criaturas mais simples , sobre o que tem obrigação ou necessidade de saber. V)  Creio nos milagres do Trabalho, honrado e perseverante, que, se antepondo ao desânimo, produz benefício a quem o executa e, ao mesmo tempo, extensivo aos seus próprios entes queridos, membros da comunidade universal. VI) Creio nos milagres da Honestidade, que desde os primórdios da criação do homem, vem sendo exaltada nas páginas da história, quanto aos que a praticam com nobreza e sinceridade. E há de continuar representando na existência de cada um, para a própria consciência, supremo conforto, ainda que as calúnias e as mentiras humanas pareçam deslustra-lhe a reputação.  VII) Creio nos milagres da Renúncia, que faz a pobre criatura tolerar e perdoar as ingratidões humanas, ainda que não as possa, voluntariamente, esquecer, talvez assim evitando sua maldosa reincidência; creio na renúncia de que nos  o Divino Mestre: “Ao que lhe disputar a túnica, cede-lhe também a capa’ ( Mateus 5:40).  VIII) Creio nos milagres da Bondade, que começa com um sorriso e termina com uma lágrima, bondade que torna melhor o nosso mundo interior e procura levar a possível felicidade ao mundo dos outros; bondade que é luz, calor, amparo, caridade, amor e que, em certos momentos, encherá nosso coração e emoção e nossos olhos de lágrimas, quando a dor, às vezes sem remédio, atingir vidas e coisas criadas por Deus para o bem estar da coletividade terrena.  IX) Creio nos milagres da Justiça, aureolada pela bondade cristã que, em nome da verdade, sem omissão e com honradez, procura exaltar a virtude e condenar o vício, infundido nas criaturas humanas fé e confiança no futuro, assegurando-lhes a proteção necessária e sã liberdade em suas andanças por este “vale de lágrimas”.   X) Creio, de novo, agora e sempre, em Deus, na sobrevivência da alma e na vida eterna, onde estarão juntas as pobres criaturas humanas que tanto se amaram neste mundo. ( 12-6-79)

A justiça, como a verdade, deve ser praticada e defendida, em quaisquer circunstâncias, ainda que o resultado disso venha a ser positivo ou negativo para o próprio agente. ( 21-9-80)

Não foram os ricos e sim os pobres que permaneceram na memória do povo e da atuação destes a História está hoje muito enriquecida, desde Sócrates, Jesus Cristo até os grandes homens da atualidade que, modesta e filosoficamente, clamaram e clamam contra as injustiças sociais, contra as guerras, contra a tirania, enfim, contra os poderosos de todos os tempos que, desde a época dos faraós construíram e ainda hoje constroem monumentos de pedra, de cimento, de aço e que serão fatalmente destruídos pelo tempo implacável... Somente as boas ações, as idéias altruísticas não perecerão! ( 18-7-81)

Não! Jamais entenderemos ou justificaremos a auto-destruição ─ o suicídio... Ainda que a infeliz criatura não tivesse um só parente, um simples amigo, a quem causasse sofrimento em face de seu tresloucado gesto, quem dele depois ─ por força da apuração e da divulgação dos fatos ─ tomasse conhecimento e perguntaria: “Porque, porque?”. O suicídio é uma questão de consciência mais para o que se vai do que para os que ficam... É uma falta de caridade para os que sobrevivem e sofrem diante de sua atitude de desespero e covardia. Todos os males terrenos tem remédio, paliativo, consolação... No momento extremo, de desespero, se alguém pudesse deter a consumação do desvairado ato, certamente que ambos, seriam aplaudidos pela justiça dos homens e pela clemência de Deus. ( 4-11-83)

É tudo uma luta... O escritor luta, luta noite adentro, isolando-se do borburinho mundano e escreve boas coisas... O pintor luta, luta isolando-se em clarabóias, em ateliers, em quartinhos de fundo de quintal e executa lindos quadros... O compositor luta, luta a maioria das vezes em recolhimento, buscando em horas mortas a inspiração e produz inolvidáveis peças musicais... O cientista luta, luta em pesquisas e experiências e conforta-se, ao final, constatando que seus esforços representam avanços para o bem da humanidade... O jornalista luta, luta principalmente quando a cidade começa a repousar para que, no dia seguinte, os leitores sejam informados sobre o que aconteceu nas cercanias e no mundo, sendo denunciados, paralelamente, os enganos, as mentiras, e promovida a defesa do bem, da verdade e da justiça... E assim, em centenas de outras atividades, as criaturas humanas procuram, no seu dia a dia, contribuir para que no grande mundo, homens, mulheres, crianças e idosos possam viver num sempre almejado mundo melhor. Mas, no fim ( todos teremos o nosso último momento na face da terra) se, um a um e todos nos deixarem, além dos generosos frutos  dos seus trabalhos e esforços, algo de bom em benefício também dos que não puderam ler os seus livros, admirar as suas pinturas, ouvir as suas músicas, desfrutar dos benefícios da ciência, ser alcançados pelas campanhas vitoriosas da imprensa, enfim usufruir um pouco das muitas coisas boas feitas, exibidas, promovidas por uma minoria de predestinados que, por suas missões, atribuições e funções se constituem numa espécie de elite da comunidade, então, repetimos, se estes não deixarem realizado algo em favor dos deserdados da sorte, que sempre existirão, pouco ou quase nada valeram os seus lindos trabalhos, os seus esforços, os seus suores, os seus sacrifícios, certo que, ao final, ficou esquecida a principal parte, a parte do amor ao próximo, traduzida na mensagem do Divino Mestre, quando recomendou” “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. E os ricos e os milionários, enfim os afortunados da indústria, do comércio, da agropecuária, do capitalismo, da oligarquia, do oportunismo e centenas de profissões autônomas e liberais que aqui não são mencionadas expressamente, em que ponto poderiam ser convocados a cumprirem seus de solidariedade humana? Mas não apenas com as migalhas que lhes caem de suas fartas mesas a que se refere o Evangelho de Cristo. Sinceramente ninguém sabe até onde, quando, como, quanto essa convocação poderia produzir seus resultados... Entretanto, uma coisa é certa: bastaria que a consciência de cada um, na fase crepuscular de sua vida, fosse tocada por uma voz do alto e sentisse como é importante até para os mais descrentes e ateus dos homens fecharem os olhos, na extrema hora,  sentindo  a convicção de que cumpriram, em vida, com os seus deveres  perante os seus  familiares, igualmente perante os seus amigos e conhecidos, inclusive seus semelhantes , criaturas anônimas, neste grande mundo de Deus. ( 16-1-84)

Por três vezes, no mínimo, Diógenes nos deu demonstração de sua descrença quanto aos homens do seu tempo, certo de que não lhes reconhecia, nem aos do povo nem aos do governo, qualquer respeitabilidade ou eficiência. 1ª) Quando saíra pelas ruas de Atenas, em pleno dia, conduzindo uma lanterna acesa, e perguntado o que significava aquilo, respondeu: “Procuro um homem honesto”. 2ª) Estando, de manhã, sentado ao sol, à porta de sua casa-tonel, veio visitá-lo o poderoso rei da Macedônia, Alexandre Magno, que colocando-se a sua frente, do alto do seu garboso corcel, lhe indagou; “O que podeis desejar de mim?Replicou o filósofo: “Que não me tireis o que não podes me dar: o meu sol”. 3ª) Em outra ocasião bradou alto e bom som: “Ei! Homens!”. Quando várias pessoas acorreram ao seu encontro, expulsou-as clamando:Chamei homens, não chamei vermes!”. Meditando sobre esses episódios, que aconteceram em lugares públicos, concluímos que vem de muitos séculos atrás o desconforto dos pensadores com relação aos homens do povo e dos governos. Verificamos que hoje muitos homens honestos ( “não vermes”) labutam  como que em trincheiras, na imprensa, no rádio, na televisão, em tribunas públicas ou reservadas, enfim através de palavras escritas ou faladas, por todos os meios, protestando contra as imoralidades, contra as injustiças, contra todos os egoísmos, e se cada um de nós, homens comuns, fizesse a sua parte, a partir do próprio lar, dignificando a família, com sólidos princípios de moral, de trabalho e de amor ao próximo, quem sabe se Diógenes redivivo poderia arrepender-se de suas idéias pessimistas quanto aos homens do povo e do governo ( 2-2-84)

Segundo a opinião da maioria ou quase totalidade dos homens, este mundo não tem mesmo salvação, no que concerne a paz entre os homens. Os mais pessimistas remontam os fatos desde a criação do mundo, quando a primeira família não foi feliz por causa do egoísmo, da inveja, da ganância, da violência e dos dois “primeiros irmãos” quando um foi abatido pelo outro. Milênios e milênios depois, o Divino Mestre, mesmo sendo o Messias tão esperado, foi traído por um dos seus dozes apóstolos e, em seguida, negado por três vezes pelo mais valoroso dos seus primeiros seguidores... Ainda, o seu próprio povo pediu e exigiu o seu martírio na cruz, logo a Ele que recomendava paz, justiça, amor entre os homens... A história do mundo está repleta de episódios, antes e depois de Cristo, em que é evidenciada a falta de entendimento entre  governos, governantes e governados e porque assim não dizer, entre os povos? “Cada povo tem o governo que merece” é o refrão popular e milenar... Pelo visto, pouco adianta ficar reclamando, apenas citando exemplos. A melhor solução é cada um, dentro da sua família, do seu campo de atividades, do seu relacionamento, colocando de lado as suas rotineiras pregações de moral, procurar cumprir com seus deveres conforme a lei de Deus, e a dos homens puros... e se cada um fizer bem a sua parte, um dia, os governos serão obrigados a fazer, igualmente bem o que lhes compete! ( 17-6-84)

Poderão, alguns dos que lerem as ponderações contidas nestas quatro pobres cadernetas, afirmar que são idéias inconseqüentes, apenas bem intencionadas... Seja! Mas ainda assim, é preferível a nada pensar, nada dizer, nada fazer. Se é “tempo perdido”, que o seja com propósitos otimistas!... “Desde que o mundo é mundo, existe dor, existe fome, existe guerra, existe o mal”, dirão e “assim será sempre!” Não! Não! Não! Pois se isso fosse verdade, verdade cruel e irremediável, melhor seria então destruir tudo o que foi feito de bom pelo homem, pondo abaixo todas as doutrinas de moral, de virtude, de bondade, de justiça. “Nada de artes, nada de ciência, nada de música, nada de poesia, nada de beleza, nada de ternura com as crianças, nada de respeito com os velhos! Morte para os famintos e infelizes! Rua para os enfermos! Para a infância, o desamparo e para a juventude, a corrupção!” Deus bondoso, perdoai tanta falta de caridade! Não! Mil vezes, não! Benditos os visionários que crêem e  lutam por um mundo melhor. (30-4-85)

Olhando pelas janelas do mundo o panorama das cidades, observando do alto dos edifícios a “selva de pedra” que vem brotando do solo, analisando pelas rodovias e ruas asfaltadas modernos veículos transportando pessoas e mercadorias, é que constatamos, a todo momento, a enorme injustiça social, que clama aos céus, e que perdura no nosso querido Brasil... Aqui, elevada percentagem de pobres criaturas vegetam em favelas, cortiços, muitas perambulando ao léu, macilentas e em desalinho, até porque suas pobres famílias sofrem falta de alimento e, inclusive, de água pura!... (21-7-85)

Reflexões

Agora que a dor e a incerteza

Fazem sombra sobre o meu futuro,

Vejo-me como um pobre barco

A navegar pelo mar da vida,

Sem saber como a penosa viagem

Se conduzirá até o fim.

 

A madeira foi envelhecendo;

Já não pode sofrer impactos...

Até o sol que antigamente

Dourava suas graciosas linhas

Agora representa perigo

De acelerar sua deterioração.

 

Também a chuva e o orvalho

Que antes refrescavam seu lenho,

Hoje provocam danoso bolor

Que, a pouco e pouco, ameaça

Reduzir sua capacidade

De ir, de vir, resistir e viver...

 

Mas a vida da criatura

É quase igual para a maioria:

Passa a infância e a juventude,

Com uma rapidez sem conta,

E quando a maturidade chega

Os cuidados se tornam constantes.

 

É pena que boa parte não chega

À velhice consagradora,

E perece em plena caminhada,

Quando muitos dos seus lindos sonhos

Ainda não se haviam realizado...

Paciência! Deus nos consolará!

 

Um grande poeta brasileiro

Disse: “A perfeição é a morte” ( Olavo Bilac)

Outro grande poeta francês

Já havia anteriormente

Proclamado: “Morrer é nada;

Não viver é que é medonho( Victor Hugo)

Resta-nos, assim, a certeza

De que somente Deus é a salvação.

Pois a morte não poupará ninguém.

Deixando aqui apenas lembranças

Do que foi possível realizar,

Com amor, justiça e nobreza. ( 20-8-90)