RIO DAS PEDRAS
"Situação de fato, situação de direito" - Assim, relativamente a dois anseios da minha querida Rio das Pedras, penso que depois
de instalada a Usina de açúcar, conforme processo em andamento, esta passará a
ter direito a um grande aumento na arrecadação de impostos no município, bem
como depois de terminada a construção do Hospital e Maternidade São Vicente de
Paula este passará a merecer auxílios dos poderes públicos capazes de manter
sua subsistência. ( 7-6-51)
O pouco que eu,
com as graças de Deus, tiver feito de bom na vida, será uma prova da estima que
devotei ao meu torrão natal - Rio das Pedras - e representará, para mim,
na hora derradeira:
1. Um agradecimento aos meus pais;
2. Um exemplo a meus filhos;
3. Uma homenagem a Vitor Hugo. ( 13-6-51)
Política local - Se vencer o nosso adversário político e vier a fazer um bom governo,
então teremos de nos convencer de que nós e que estávamos enganados, sendo portanto nosso dever, em benefício de Rio das Pedras,
prestigia-lo estimulando-o a melhor trabalhar. Se porém,
vencedor, fizer um mau governo, teremos igualmente de nos conformar porque
afinal fôramos nós próprios os culpados pela sua vitória eleitoral; culpados
por não termos oferecido ao povo maior soma de realizações e culpados ainda por
não termos difundido instrução elevada bastante capaz de conduzir a consciência
popular a um julgamento espontâneo e correto. Se para muitos, uma derrota
"seria uma ingratidão", eu penso que representaria o fruto de nossa
própria incúria, ou a "voz de Deus" na democrática palavra do povo. ( 26-6-51 )
Rio das Pedras e o seu progresso - Rio das Pedras, se não melhorar de
situação, apesar dos esforços de uma minoria dedicada, mais parecerá uma cidade
mal-assombrada, onde a maioria do povo "vê coisas" e, temendo a cada passo
insucessos e fracassos, não toma nenhuma iniciativa, até que "os tempos
melhorem" e destrói, paradoxalmente, os planos dos poucos progressistas.
Tudo é encarado com pessimismo e as boas ações são depreciadas, com imputação
de "falsas" e "segundas" intenções. Oxalá, Rio das
Pedras, principie a progredir, agora, sob a influência das várias usinas de
açúcar, que estão se instalando no município e venha, mesmo tarde, a
enquadrar-se, na sendo do progresso entre a quase totalidade das cidades
paulistas. (Fim do 1º quadrimestre da vereança - 20-12-51)
"Descentralização da administração pública e maior distribuição dos bens da
riqueza", eis a fórmula capaz de promover a prosperidade de Rio das
Pedras. Enquanto a política administrativa estiver enfeixada nas mãos de
poucas pessoas, as quais como monopolistas, não encaram com simpatia a
possibilidade de outros elementos participarem dessa administração, e enquanto
os lucros dos negócios continuarem atribuídos a poucos anti-progressistas
cidadãos - Rio das Pedras continuará vegetando, isto é, estacionária.
Para que haja harmonia e prosperidade municipal é preciso que todos se sintam
com direito e no dever de trabalhar pelo bem da coletividade! Que os lucros não
sejam privilégio de poucos e que esses lucros sejam aplicados no meio que os
produziu. Só assim haverá estímulo, trabalho, produção e progresso. E o
fantasma do pessimismo e do terrorismo que asfixia as cidades pequenas se
afastará de Rio das Pedras. É preciso união e fraternidade. Rio das
Pedras fraca e desunida será uma expressão negativa, decadente. Nota: nesta
data já se observa a marcante influência das 3 usinas
(Sta. Helena, Bom Jesus e São José) e mais a São Jorge,
( 20-1-53 )
Colaboração-Protesto enviada à Revista VISÃO, publicada em 13 de julho de 1962. ---CUSTO DE VIDA ---Como leitor assíduo da prestigiosa VISÃO,
desejo dizer duas palavras sobre o inveterado problema do CUSTO DE VIDA. Fui
vereador durante doze anos ( 1948/59) num dos menores
municípios do Estado de São Paulo e acostumei-me, com tristeza, a testemunhar o
desamparo em que vive relegado o meu pequeno município, porque "era pobre
e não possuía grande número de eleitores". E o problema do custo de vida
elevado se resume hoje na falta de assistência aos agricultores, isto é, aos
habitantes dos municípios. Já em junho de
Meditações do pobre homem: Se Deus bondoso me concedeu tanta "sorte grande" na vida, tais
como um bom casamento, quatro filhos admiráveis, além de uma pequena fortuna de
valor financeiro, como não haveria de meditar, agora, em virtude de tudo isso
sobre a realização de alguma obra que venha, no futuro, patentear o meu preito
de gratidão a minha generosa terra natal --- Rio das Pedras --- berço de
todos nós e promotora do nosso bem estar social.
( 04-03-66)
“Ide e batizai todas as criaturas do mundo, em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo o que vos mandei. E eis que estou
convosco todos os dias até o fim do Mundo”. Mateus 28, 19-20. Sim, é
obrigação dos cristãos atuais colaborarem na reforma das “Casas de
Deus” ( como a da nossa querida Rio das
Pedras) a fim de que nelas as criaturas humanas possam, genuflexas, orar e
fazer votos de altruísmo, paciência, humildade, renúncia, perdão, e se
disporem, depois, a trabalhar e colaborar a favor dos necessitados, dos
desesperados, de todos enfim, especialmente daqueles que, por ignorarem a
doutrina de Cristo, poderiam perder-se nos inúmeros lamaçais de corrupção, de
desonra, de miséria e de loucura existentes no mundo. (10-10-73)
Colaboração-Protesto enviada ao jornal "O Estado de São Paulo" e publicada na COLUNA DOS
LEITORES em 19 de novembro de 1978 ¾ OS
DIREITOS MENOSPREZADOS ¾ Sr.
Redator. O Sr. F., Rio de Janeiro, ( o Estado
19/11/78) lembrou que os últimos escândalos financeiros acobertados pelo
GOVERNO, custaram 50 bilhões de cruzeiros, mais de duas mil vezes o prêmio da
loteca, ganho por um de seus recordistas... Sabe-se que daquela
gigantesca importância, ou 5 milhões de cruzeiros
foram desviados na famigerado desfalque do "Adubo-papel", e que
respeito aos Direitos Humanos, os nomes dos envolvidos no vultuoso escândalo
vem sendo sonegado ao conhecimento da imprensa. Sabendo-se que também que
a grande prejudicada foi a sofrida agricultura brasileira, não podemos deixar
de denunciar um fato em que os "direitos humanos" de um humilde
lavrador, autêntico "boia-fria", nosso
empregado agrícola, deveriam e não foram acolhidos e respeitados pelo Funrural ou seus prepostos. A empresa agro-industrial
da qual somos diretor recolheu ao Funrural, no
trimestre julho/setembro de 1978, mais de um milhão e seiscentos mil cruzeiros,
referentes a 2% de taxa fixa e 0,5% de seguro de acidentes do trabalho, sobre o
valor dos produtos agrícolas vendidos ou industrializados, o que resulta a
média mensal superior a Cr$ 533,00. Repetimos que 20% desse total foram pagos a
título de "seguro do trabalhador rural". Vamos ao fato: um nosso
trabalhador agrícola foi vítima de uma queda acidental no dia 20/10 e, na mesma
sexta feira atendido no hospital de Rio das Pedras e constatada fratura
do maxilar inferior foi transportado para o hospital de Rio Claro, distante
daqui mais de 50 ( cinquenta)
quilômetros. A nossa ambulância, transportando o acidentado, teve de passar
pela vizinha cidade de Piracicaba, distante apenas
Testemunhos ¾ 1)
Passei a considerar-me um homem totalmente realizado, quando, em 1951, nascia o
quarto ( 24.10.51) dos meus queridos filhos, frutos de
um matrimônio abençoado por Deus. Por coincidência, nesse mesmo ano ( 12.10.51), os planos de instalação da “sonhada usina
de açúcar” em Rio das Pedras, começavam a se tornar realidade. 2)
Eu me lembro, devia ter então cerca de 5 anos, que
tendo sido acometido de uma erupção de pele, denominada “cobreiro”.
A enfermidade que se iniciara nos pés, já ameaçava atingir o ventre, certa
manhã reuni todos os santinhos que minha irmã Mariquinha
me dava e o que havia ganho nas aulas de catecismo
e... quase chorando, beijava todas aquelas lindas
figurinhas de Menino Jesus, Nossa Senhora ( e Aparecida), São José, Santa
Terezinha e outros santos e pedia que não permitissem a minha morte visto que
desejava, quando crescesse, escrever um livro sobre a vida!... E hoje, aos 65
anos de idade, eu me pergunto: terei cumprido, em inexpressiva e pequena parte,
aquelas promessas de criança inocente, rabiscando ou transcrevendo estes pobres
pensamentos, nestes três cadernos? Queira Deus que o título “A Vida...O Mundo...”, escrito há 32 anos atrás, não
tenha sido muito desmerecido...Não posso deixar de mencionar aqui e render uma
singela homenagem a “velha Maguarecci”
que, com seus benzimentos e tinturas, também
colaborou para deter o avanço daquela enfermidade. ( 13-6-79)
Sem os meus velhos livros, que ficaram em Rio das pedras, na minha querida
“Chacrinha”, considero-me como que um aleijado, intelectualmente.
Até Archimedes reclamava a falta de uma alavanca para poder mover o mundo. Sem
inspiração, sem apoio, o nosso pobre pensamento é como um satélite ignorado,
perdido nos confins do espaço... ( 13-12-80)
Era uma vez um menino, de nome Joãozinho, que morava num sítio bem arborizado, perto da
cidade. Como qualquer criança residente na zona suburbana, o menino possuía
algumas gaiolas com pequenos pássaros. E numa manhã, enquanto Joãozinho tomava
café com leite na cozinha de sua casa, estando a
janela aberta, ouviu um canto novo de passarinho e, saindo fora, viu um
pintassilgo solitário que, num galho alto da laranjeira trinava alegremente,
dando bem para ver o seu bico entreabrindo-se enquanto movia a cabecinha para
os lados. Nas manhãs seguintes o pintassilgo voltava a cantar na mesma
laranjeira e tão lindo eras seu canto que Joãozinho
perguntou ao pai como fazer para caçá-lo e assim poder, dando-lhe alpiste e
água limpa, nos dias seguintes, ouvir o seu lindo canto, em companhia de seus
amiguinhos. E, tendo feito como seu pai lhe ensinou, depois de prender o passarinho
no alçapão, transferiu-o para uma gaiola nova, na qual havia colocado antes uma
vasilha com alpiste e outra com água limpa. Mas.. o pobre pintassilgo não cantou mais, nem mesmo quando, a
conselho do pai, a gaiola era pendurada num galho daquela laranjeira perto da
cozinha. Às vezes, antes de recolher a gaiola para dentro da casa, a hora do
crepúsculo, Joãozinho tinha a impressão de ouvir seu querido pintassilgo cantar
baixinho, sem se mexer, dando a impressão de que estava dormindo... Mas, ao mais
leve ruído de sua aproximação, o pássaro estremecia e, a partir daí, só se
ouvia nas árvores vizinhas o piar de outros passarinhos que procuram abrigo nas
ramagens. Então Joãozinho recolhia a gaiola e na manhã seguinte a recolocava no
galho da laranjeira, sempre com esperança de que, ali, o seu passaria voltaria
a cantar... Os dias foram passando e numa tarde Joãozinho se esqueceu de
recolher a gaiola, e na manhã seguinte, com muito remorso e tristeza em seu
coração, verificou que o pássaro havia desaparecido da gaiola e achado até que
o malvado gato do vizinho o houvesse devorado... E a gaiola ficou
vazia muitos dias até que numa bela manhã escutou novamente, partindo daquela
laranjeira o canto de outro pintassilgo, tão afinado e forte como o do que
estivera preso por poucos meses. E sentiu em seu coração o desejo de armar de
novo o alçapão para caçá-lo, como fizera com o que havia desaparecido, Quando
isso aconteceu verificou por uma verruga que possuía na perninha esquerda que
era o mesmo pintassilgo e também porque ao ser colocado na gaiola não se
debateu, como fazem os pássaros recém capturados. Era igual em tudo, apenas com
a cabecinha mais preta, concluindo assim que efetivamente era o mesmo. Mas,
infelizmente, não voltou a cantar, como fazia até há poucos
dias, quando empoleirado no galho da laranjeira. E o pai, vendo o Joãozinho tão
triste com isso, deu-lhe este conselho: “Solte-o, pois a falta de
liberdade, ou seja daquilo que deseja, tira-lhe a
alegria e a vontade de cantar. Com as criaturas humanas também acontece o mesmo
quando lhes falta alguma coisa agradável, com a qual conviveram muito tempo,
perdem a inspiração e o desejo de demonstrar alegria”. E o autor dessa
humilde história continuava meditando: “Não serão os meus pobres livros , que ficaram em Rio das Pedras, na chácara,
uma espécie de arvoredo, onde minhas idéias gostariam de, novamente, beber
inspiração e respirar liberdade de meditação?” ( 22-3-81)
Hoje, em que os brasileiros se encontram a menos de 30 dias da posse do novo presidente da república
─ Fernando Collor de Mello ─ escolhido por votação direta, em dois
turnos, depois de quase 30 anos sem eleições legítimas, alteiam-se para a
maioria dos brasileiros novas esperanças. Novas esperanças, porque o atual
governo ─ Sarney ─ encontra-se em melancólico final, depois de
cinco anos de corrupção, sinecuras e impunidades. Por isso, neste momento,
gostaria de recordar que há mais de quarenta anos, quando era vereador em Rio
das Pedras, liderei a elaboração de uma mensagem ao Congresso Nacional e
que foi remetida em 12 de junho de 1948, em cinco extensas laudas. Quatorze
anos depois, em 13 de julho de