TRABALHO

O trabalho físico não cansa se executado com moral vigorosa. Assim que sentimos redobradas nossas forças quando nossa atividade é aplicada em misteres nobres, eficientes e lucrativos. Quando, porém, sentimos dúvidas quanto aos resultados finais, quando antevemos que nosso trabalho pode redundar em fracasso, aí então, nossas forças esmorecem e sentimos um suor gélido a brotar no rosto, enquanto que, dentro do peito, uma espécie de mágoa nos aperta o coração. (7-6-52)

“Descentralização da administração pública e maior distribuição dos bens da riqueza”, eis a fórmula capaz de promover a prosperidade de Rio das Pedras. Enquanto a política administrativa estiver enfeixada nas mãos de poucas pessoas, as quais como monopolistas, não encaram com simpatia a possibilidade de outros elementos participarem dessa administração, e enquanto os lucros dos negócios continuarem atribuídos a poucos anti-progressistas cidadãos — Rio das Pedras continuará vegetando, isto é, estacionária. Para que haja harmonia e prosperidade municipal é preciso que todos se sintam com  direito e no dever de trabalhar pelo bem da coletividade! Que os lucros não sejam privilégio de poucos e que esses lucros sejam aplicados no meio que os produziu. Só assim haverá estímulo, trabalho, produção e progresso. E o fantasma do pessimismo e do terrorismo que asfixia as cidades pequenas se afastará de Rio das Pedras. É preciso união e fraternidade. Rio das Pedras fraca e desunida será uma expressão negativa, decadente. Nota: nesta data já se observa a marcante influência das 3 usinas (Sta. Helena, Bom Jesus e São José) e mais a São Jorge, em instalação. Em todos os cantos da cidade surgem casas novas, com aluguéis sem precedentes, podendo-se crer que Rio das Pedras está “despertando”.

( 20-1-53 )

Política — Para salvar a situação econômica do País seria preciso que todos os maus brasileiros, e entre eles muitos são políticos, outros negocistas, magnatas do comércio e indústria, funcionários públicos, enfim que todos invés de cooperarem para a grandeza da nação — sugam-lhe os minguados recursos como fazem hoje, sentirem como que em meio de um cataclisma universal e, nada mais podendo esperar da vida, renunciassem a todos os excessos mundanos em benefício daquilo que se resume em: patriotismo, trabalho e fraternidade! ( 20-10-54 )

 

inda sobre a imitação — O pensador expõe suas teorias, tendo, às vezes, sem o perceber, por base as idéias de outras criaturas humanas, cujos pontos de vista conhecera por leitura ou “ouvir dizer”. Não só na vida espiritual como no mundo material: o arquiteto que cria novas estruturas, tem como ponto de partida as proporções e  dimensões  ensinadas pelos mestres em que estudou. O pintor nem mesmo fabrica as tintas deslumbrantes que usa; apenas as mistura e nisso, continua ou copia trabalhos de outros semelhantes, vivos ou mortos. Para produzir, o homem precisa de luz — primeiro a de Deus, que fornece gratuitamente do sol, e depois das lâmpadas construídas pelos homens. Mas quem fabrica as lâmpadas não fornece o azeite ou a eletricidade e vice-versa. Por isso se compreende bem o “nada de novo sobre  a face da terra” , certo que ninguém constrói nada sozinho material ou intelectualmente. ( 29-4-61)

No começo os homens mais fortes dominavam os mais fracos. Depois, entre os povos guerreiros, os vencedores escravizavam os vencidos. Mais tarde, com o advento do cristianismo, foram os brancos admitindo que “eram todos irmãos”, mas continuaram explorando os negros. Por fim, as leis oriundas da civilização foram reconhecendo a igualdade entre os homens, sem distinção de cor ou raça. Mas continuou o domínio do “rico contra o pobre”, isto é do capital contra o trabalho. Hoje essas duas forças — patrão e empregados — começam a se tratar como “sócios”. E queira Deus que, numa velocidade desenfreada, não venha a imperar em toda a parte o autoritarismo ateu e ditatorial, em que os homens terão escravizadores a dominá-los como na era pré-histórica até o advento do humanismo cristão dos tempos modernos ( 12-6-61)

Pesadelo I —  O país havia sofrido profundas modificações em sua estrutura política e social. O povo havia deposto o governo com o apoio das forças armadas. Fora preciso decretar lei marcial para conter o delírio popular em seus saques e depredações aos armazéns, fábricas, escritórios e residências dos chamados “capitalistas”. Todas as suas propriedades foram declaradas pertencentes ao Estado e todos os seus bens confiscados. Passada a tormenta, começaram os ditadores, civis e militares, a procurar disciplinar a vida da nação. E aquele pobre homem despojado de todos os seus bens e haveres, mantinha-se humildemente na extensa fila, aguardando a sua vez de ser ouvido pelo “Comitê Revolucionário”. Todos deveriam apresentar-se para dizer de suas habilidades, como trabalhadores. Perguntado sobre o que sabia fazer, respondera que era guarda-livros, meio datilógrafo e com alguma prática no serviço de cerâmica... “Ótimo!” , lhe dissera intempestivamente aquele sargento inquisidor — “Ótimo! O governo popular precisa de tijolos e o senhor está inscrito como oleiro”. “E os meus filhos?...Eles até hoje não trabalharam em nada. Só sabem estudar. O mais velho estava se preparando para ingressar no curso superior. Dois no ginásio e o menor...”. “Nada disso! De agora em diante só poderão estudar os que eram pobres e, por isso, não estudavam. Os outros, os antigos ricos, que por certo já aprenderam demais, vão ficar nisso e começarão a trabalhar...” . “Senhor, eles são crianças ainda, não tem forças para serviços rudes; além disso, com a inteligência em formação, assimilando e gravando na memória as lições seriam mais tarde úteis à Nação, até mesmo ensinando também. Dissipando-se a ignorância, dissipa-se a miséria e...”. “Velhas histórias que os senhores com os seus recursos apenas exaltavam no seio de suas próprias famílias, enquanto que os outros... mas deixemos de conversas e trabalhemos!”. “Eu trabalharei horas redobradas e farei também a parte dos meus filhos, inexperientes que são...”. “Não pode ser! Ademais a jornada de trabalho baixam para seis horas diárias. Completando a idade de cinqüenta anos o cidadão será aposentado e passará a constituir ônus para o Estado. Por isso todos os moços tem de trabalhar”. “Então permita-me fazer um acordo: em vez de seis, trabalharei dose, quinze ou mais se puder. Renunciarei, expressamente, a aposentadoria aos cinqüenta anos e continuarei até os últimos dias de minha vida. No começo, como agora, trabalharei em quaisquer serviços pesados, sem escolher terrenos. Minhas pernas e braços são vigorosos e tanto trabalharei em lugares altos, como descerei ao fundo das cisternas. Depois, já bem velho, quando as pernas fraquejarem, farei serviços manuais. Mais tarde, se as mãos não puderem fazer serviços úteis, serei porteiro das fábricas, fazendo respeitar os regulamentos e transmitindo avisos e recados. Assim irei trabalhando, trabalhando para compensar o tempo que meus filhos perderam estudando, estudando para ganhar  a maior glória da vida: a sabedoria! E assim continuarei trabalhando e quando a velhice imobilizar os meus membros do corpo, agirei com a voz e com a expressão dos olhos, orientado pelos ouvidos e pelo raciocínio. Depois, não mais falando nem enxergando, continuarei escutando os últimos sons da vida terrestre e as primeiras moradas da morada eterna. Aí permanecerei trabalhando com o pensamento — vínculo do espírito à matéria — trabalhando com minhas orações ao Todo Poderoso, pela felicidade dos meus filhos, da minha família, dos meus amigos, de todo o povo brasileiro, de todas as nações do mundo, para que os homens sejam, indistintamente, todos justos e bondosos. Assim, os meus pobres filhos, membros de nossa humanidade feliz serão igualmente felizes. Deixai, senhor, que meus queridos filhos continuem estudando... bem vedes que ofereço minha vida...”. Nesse momento, o pobre homem despertou e suspirou aliviado e venturoso,e  mais ainda por recordar-se que, mesmo em sonho, havia preferido os maiores sacrifícios para garantir o futuro de seus filhos e descendentes.

( 12-8-61)

Serei justo! Embora tenha que defrontar com um malandro, impostor ou velhaco. Pelo contrário, em vez de castiga-lo fisicamente, se possível, deverei aliviar-lhe a fome ou curar-lhe as feridas. Por isso sou contra o regime da chibata, a prisão com trabalhos forçados e a pena de morte. ( 28-9-61)

Acerto de contas — Que a humanidade está dividida em dois mundos ideológicos, ninguém ignora: capitalista e comunista, dois extremos. Como meio termo, o socialismo seria o ideal. Ou melhor: “Democracia socializada”. Mas enquanto o socialismo não consegue harmonizar a situação, a coletividade fica ameaçada agora do predomínio do extremismo vermelho. Ontem, a

o capitalismo dominava 100%. Hoje o comunismo desalojou-o parcialmente ,conquistando muitas de suas antigas posições. Amanhã poderá dominar sozinho, invertendo-se os papéis. Para evitar que isso aconteça, precisa haver um “acerto de contas”. Hoje, os capitalistas, que são donos das fábricas, das casas comerciais, das propriedades agrícolas, dos poços petrolíferos, dos arranha-céus, da imprensa falada e escrita, de alguns hospitais e de muitos automóveis de luxo, esses capitalistas que ganharam  em pouco tempo fortunas nababescas devem agora, para não perder tudo em breve, renunciar a uma parte dos seus bens, tanto dos existentes como parte das rendas futuras. Tudo por culpa da “máquina” que acelerou e facilitou a produção, o transporte, a comunicação e a contabilização. A máquina é uma espécie de alavanca. Quem teve uma e contando sobretudo com o apoio de Deus, da inteligência, do trabalho, ficou rico depressa. Entretanto, muitos homens, quase todos, ficaram pobres, embora fossem inteligentes, trabalhadores e crentes em Deus. Ou não dispunham de uma “alavanca” da industrialização do mundo, ou ficaram para trás por culpa de seu país, de sua cidade, ou da sua família, que, pobre, só poderia produzir em elemento igual. Por isso, agora é tempo de se fazer um “acerto de contas”, e que se resumirá na renúncia de parte de ganhos e lucros excessivos em favor dos menos favorecidos pela fortuna. Assim será entre os homens de um país e entre as nações do mundo. Uns enriqueceram excessivamente porque venderam ou cobraram muito caro daquilo que dispunham e que era disputado pela maioria necessitada. O “acerto de contas” não pode propiciar a igualação de recursos, o que seria impossível. Mas, também não pode, na casa dos pobres, crianças perecerem por falta de leite, e este continuar prodigalizado a cães, gatos e cavalos de corrida dos ricos. Uma organização internacional no mundo, e um governo local em cada nação cobrarão impostos a fim de que os riquíssimos, pelo menos, paralisassem nas suas grandiosidades e com o que os miseráveis sejam arrancados, com urgência, da sub-sociedade em que vivem. Esse acerto será feito pela inteligência e justiça da minoria, sob pena de ser realizado pela ignorância e desespero da quase totalidade. É preciso que a qualidade socorra a quantidade, senão esta, unida, possuirá uma força sobre-humana capaz de destruir inclusive o que, aparentando luxo e beleza, era útil e necessário ao bem comum. ( 19-4-62)

Não convém aos pais deixarem aos filhos grandes fortunas. Interessante seria deixar-lhes algumas economias e pequenas  propriedades, a fim de continuarem trabalhando para a aquisição de novos bens. Enquanto que excessiva herança poderia afastar dos filhos o estímulo ao trabalho, que deve sempre ser considerado prodigioso espantalho a todos os males e o grande predicado  que o Bom Deus impôs a Adão e Eva ao expulsa-los do paraíso. ( 12-6-62)

Saúde, trabalho e inteligência são atributos capazes de proporcionar ao homem honesto alguma fortuna, conforme  as oportunidades e meios com que puder contar — sempre que esteja desenvolvendo suas atividades num país onde exista a verdadeira democracia. Mas, isso jamais se daria numa nação sob regime ditatorial, onde o homem do povo é uma espécie máquina-animal, e assim todos os excedentes, além do “pão e circo” vão para o governo. Aí, nessa pobre nação, os frutos do trabalho humano, os lucros da produção das fábricas, as rendas das colheitas dos campos, os vultosos saldos da balança alfandegária, tudo será canalizado aos cofres governamentais, cujos chefes aplicarão depois essas reservas em material bélico e político destinados a manter o povo debaixo da “bandeira” da opressão e submissão. E, o que é pior, essa “bandeira” será mais tarde conduzida fanaticamente em campanhas da conquista, como faziam as legiões romanas, nazistas e já o fazem agora as bolchevistas. ( 8-10-62)

Continuação da meditação do “pobre homem” quanto aos perigos de uma mudança na estrutura econômica e social do País — Sendo o trabalho a primeira demonstração de capacidade individual, feliz a criança que, desde tenra idade, já encontra dedicação e perseverança nos estudos. O pequeno estudante, assim trabalhando, com método e esforço, perceberá os primeiros salários em conhecimentos e personalidade. Uma criança de seis ou sete anos, que não sabe ainda o que significa a honra, o patriotismo e a civilidade, principia a trabalhar muito e proveitosamente se for estudiosa. O trabalho não é apenas o esforço muscular. Os feitos dos intelectuais e cientistas resistirão infinitamente mais que as sólidas obras de engenharia e arquitetura. As suas realizações diretas ou reflexivas, jamais serão desbotadas ou carcomidas pelo tempo. E no entanto muitos pensadores foram, em vida, considerados ociosos. Os estudos, as meditações, os cálculos, as pesquisas, sobretudo quando resultam em escritos ou elementos palpáveis, são trabalhos importantíssimos  porque sobre os seus alicerces se assentarão os edifícios da produção, do progresso, da prosperidade. Ademais o trabalho é um dever social do homem. O inverso poderia e deveria sempre ser considerado contravenção penal. Além disso estão certos os que afirmam que o trabalho é um remédio para todos os males, uma solução para todos os problemas. Em verdade o trabalho é de inspiração divina. Basta olhar a vegetação das plantas, o desabrochar das flores e o amadurecimento dos frutos para sentir o maravilhoso trabalho do Senhor. Para vencer na vida basta apenas e principalmente ser trabalhador. Não é o bastante ter saúde, ser ajuizado e virtuoso. Temos mesmo que reconhecer, com pesar, ser muito comum vencerem os velhacos e tratantes, graças às suas condenáveis atividades, Mas vencem,e, imiscuindo-se entre os trabalhadores honestos, conseguem fazer boa figura e desfrutar de algum respeito. E poderão inclusive, um dia, iluminados pelo Altíssimo, abandonar a “estrada de Damasco” e penitenciando-se e dignificados ser admitidos no convívio dos justos. Enquanto que os outros, os vagabundos e negligentes, sem que se possa xinga-los de desonestos, afundar-se-ão no desprestígio, na miséria e, muitas vezes, na senda dos vícios, como conseqüência da ociosidade... E assim concluiu o “pobre homem”: Por que hei de preocupar-me com a situação política nacional, mesmo que o Brasil venha a ser uma segunda Cuba se, quando moço e até agora continuo trabalhando. Alguns bens que recebi de herança foram preciosas sementes que multipliquei com o meu trabalho. E meus filhos, melhor defendidos do que eu na vida --- pois se Deus quiser possuirão inclusive estudos e diplomas --- não desmentirão a tradição e o sistema de trabalho de seus ancestrais, e por certo continuarão nesse afã, seja qual for o regime no futuro, também prosperarão e terão direito à felicidade. ( 18-5-63)

Somos construtores de um futuro e o “nosso futuro” nada mais é senão o dia de amanhã, com a realização de nossas esperanças. Ninguém se preocupa obstinadamente em mudar de estatura ou de fisionomia, conformand0-se os homens salvo raríssimas exceções, com os defeitos físicos com que Deus os fez. Mas, desejar todos possuir novos objetos ou adquirir novos bens materiais que proporcionem comodismo ou evidenciem prosperidade. Infelizmente costumamos esquecer que o “nosso futuro”, isto é, a prosperidade é fruto principalmente de nosso trabalho modesto e cotidiano, enobrecido pela bondade e perseverança. ( 12-10-63)

O bem material que uma pessoa recebe ou obtém deve ser defendido como o faziam os antigos soldados “porta-bandeira” nos campos de batalha. Sacrificavam a própria vida para não perderem ou desonrarem o estandarte sob sua responsabilidade. Todo bem é um símbolo. Ou é fruto do trabalho alheio (doador) ou do próprio trabalho, muitas vezes de muitos anos. Portanto, como um patrimônio, não dever ser desperdiçado ou menosprezado. O dono de um bem em perigo deve agir como o comandante do navio naufragante: só o abandonará na hora extrema ou preferirá ir ao fundo com ele! Toda vantagem que se possui é um bem, merecedor de resguardo e carinho. Qualquer bem que possuamos deverá ser usado dignificantemente, podendo ser cedido ou transferido a outros desde que razões legais ou morais assim o recomendem. Jamais poderá ser arrebatado por malandros, ou utilizado em obras nocivas à coletividade ou ainda desbaratado perdulariamente. ( 12-12-63)

Reforma Agrária ¾ Os ditos: “ou trabalha ou morre”, “ou funciona ou emperra” e “ou consome ou perde” continuam em evidência. Portanto, as extensas áreas de terras férteis mas incultas, devem ser expropriadas em favor de quem deseja fazê-las produzir, com seu próprio trabalho. Os que receiam a desapropriação, que as façam frutificarem e permanecerão incólumes. ( 22-03-64)

“Não deixe para amanhã aquilo que pode ser cumprido hoje”, uma vez que, no outro dia, em cima do prazo fatal, os imprevistos poderão criar situações de prejuízo, dificuldade e vexame.. E como boa norma o dito: “fazer hoje o que poderia ser feito amanhã” deve aplicar-se, por analogia, a todos os compromissos, responsabilidades e trabalhos com data certa, no sentido de que os mesmos sejam providenciados e executados com uma antecedência da metade do tempo sobre  o “último dia” evitando-se assim os lamentáveis atropelos e más impressões que causam os serviços realizados “ao apagar das luzes...”, Istoé, na penumbra. “Abyssus abyssun invocat”: uma falta atrai outra! ( 18-08-65)

A felicidade ¾ Lendo nos jornais a notícia da tentativa de suicídio da famosíssima cantora Ângela Maria, vem-nos à memória a lembrança do fim trágico da não menos famosa e bela artista Marylin Monroe e de outros eternos incontentados que possuindo todos os predicados para a conquista da felicidade, não a desfrutaram, preferindo, pelo contrário, pelos próprios atos, afundar-se no desespero... A felicidade verdadeira, em vez de ser fruto da beleza exterior, da riqueza material, da fama, dos aplausos do mundo, é, isso sim, aquele estado d’alma que sente a pessoa que leva um padrão de vida normal, respeitável, dentro dos preceitos cristãos de trabalho, honradez e, sobretudo, de bondade e tolerância para com os seus semelhantes. ( 14-09-65)

O homem, criatura racional, assim moldado por Deus para ter sob seu inteligente domínio as demais espécies animais, todas irracionais, tem de pautar o seu procedimento dentro dos sãos princípios da moral, tanto mais alevantada quanto maior for o grau de instrução que conseguir amealhar. Portanto, nestes dias em que vivemos e nos quais tanto se fala de depravação, corrupção, decadência dos costumes, etc., necessário se torna que os chamados moralistas. Ainda que em minoria, ergam a sua voz em veemente protesto contra o procedimento dos cínicos e contra também o desânimo dos honestos, impedindo que a derrocada leve maus e bons, de roldão pelo abismo da desonra e da imoralidade. Mas se, não obstante, vencessem os derrotistas e negativistas então teríamos aquilo contra o que já se ergueram, muitas vezes, no passado, filósofos e pensadores. Felizmente isso nunca acontecerá, porque o instinto materno e paterno, de proteção à prole, foi e será sempre o mesmo, e defendendo a família defenderá a sociedade. Seria medonho pensar-se em fatos inverossímeis como estes: filhos não respeitando as mães, pais ignorando quais são seus filhos, lares invadidos, famílias desmanteladas, crianças sem parentes, tudo em abandono, igrejas e escolas destruídas, ninguém com deveres perante seus semelhantes, todos sem direitos que possam defender, nada de trabalho, nada de produção, nada de economia, o caos enfim, a cuja situação repugnaria a mais humilde criatura meditar um instante sequer.

( 04-06-66)

“Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje” ¾ Sim, porque aquele que deixa para depois a execução de um bom trabalho, de interesse comum, embora esteja capacitado a realizá-lo de imediato, talvez assim proceda porque no seu sub-consciente exista a intenção de, havendo uma evasiva ou subterfúgio, fugir ao seu cumprimento... ( 28-08-66)

Menos que nada ¾ dizia eu que possui “menos que nada” aquele que, sendo pobre, tem dívidas a pagar, nem lhe pertencendo, livres, os futuros frutos do seu trabalho. Esse é o pobre absoluto. Mas aquele que, possuindo bens, deve importâncias superiores ao valor dos mesmos, esse também possui “menos que nada” mas como tem dívidas, e estas são indícios de crédito, poderá vencer, trabalhando e girando seus bens, honestamente, e, em breve, inverter sua situação para o lado positivo. ( 29-09-66)

Um trabalho só é cansativo se for anormal ou faltar-lhe o estímulo da saúde ou da conveniência. ( 18-12-66)

Nos dias atuais os homens de várias ocupações e muitos negócios sentem que duas coisas, televisão e telefone, geralmente são úteis, servem, às vezes, a primeira para diminuir-lhes o tempo de trabalho e a segunda para perturbar-lhes o sossego... ( 14-01-67)

Quando se reclama que, no momento, o Brasil padece de falta de “valores humanos” é oportuno lembrar que são apenas três os seus componentes: Honestidade, Trabalho e Inteligência, sendo os dois primeiros predicados uma obrigação de todos e o último, quando escasso, substituível, em parte, e às vezes com vantagem, pelo “bom senso” ou mesmo “boa vontade”.

(10-04-67)

Entre os fatores de sucesso na vida de um homem destaca-se o trabalho, que não depende exclusivamente da sua vontade. Se são muitos os predicados ¾  honestidade, inteligência, dinamismo, saúde ¾ necessários à vitória da criatura humana, somente o trabalho depende da vontade exclusiva do indivíduo. Assim, nem mesmo a honestidade depende só do homem, pois que estando doente, em estado patológico, pode deixar de ser honesto sem o saber ¾ enquanto que trabalhador sempre será, de alguma forma, querendo,embora sentindo-se  parcialmente enfermo. ( 3-8-67)

Existem duas maneiras de ganhar dinheiro trabalhando: I) ser pago para trabalhar; II) trabalhar para progredir. Na primeira ocupação pode a pessoa não enriquecer, mas, em compensação, poderá viver sem sobressaltos ou preocupações e até comodamente. E se for funcionário público não precisará de muitas horas nem a severa pontualidade no comparecimento ao serviço. Na segunda ocupação, como empregado ou por conta própria, pode ser promovido, prosperar, mas, então, quanto mais elevada for a sua posição, maior terá de ser a dose de boa vontade, dedicação e trabalho. Se não, em breve, entrará em decadência e isso constituirá uma decepção em sua família e um fracasso na sociedade. ( 2.8.68)

Mau administrador é aquele que, por omissão ou negligência, afrouxa o seu trabalho de defesa dos interesses de sua empresa. Desviando a sua atenção e dedicação, permite que seus colaboradores façam o mesmo. A firma, então, entra em duplo prejuízo e, dentro da dança dos pontos, faz com que, cada ponto perdido, passe para o lado oposto, estabelecendo a diferença em dobro... É o organismo enfermo que parando de produzir passa a causar despesas forçadas... Paradoxo! ( 4-9-68)

Assistindo a peça “Dois perdidos numa noite suja” de autoria e co-interpretação de Plínio marcos, chega-se à conclusão de que a sua mensagem: “Tomar dos outros pela violência, aquilo de que se necessita” não passa de pura ideologia comunista. No caso “os outros”, se trabalharam honestamente para ter o que tem, estariam sendo roubados, espoliados. Esses “outros”, inclusive, não tem culpa da miséria e subdesenvolvimento de alguns de seus semelhantes assaltantes, que poderão, eles próprios, ter uma parte de responsabilidade pela lamentável situação em que se encontram. Dizemos “parte da responsabilidade” porque a outra, aliás a parte grande, deve ser atribuída ao governo que não distribuiu escola e instrução aos jovens nem justiça social ao povo para que pudessem defender melhor os seus salários e direitos. Portanto, a maior parcela de culpa cabe mesmo ao governo que fez má aplicação das receitas de impostos. No caso específico da peça: “Um jovem (Paco) não consegue emprego, por falta de instrução, e o outro jovem (Tonho), por falta de um par de sapatos novos,nem vaia procura de trabalho, pois apesar de possuir instrução ginasial considera “uma vergonha” apresentar-se ao futuro patrão com os sapatos rotos...” Em resumo, a mensagem é, como se diz corretamente, subversiva, e não se justifica a sua pregação, certo que a totalidade dos assaltos praticados até hoje, à mão armada, é de autoria de marginais e viciados inveterados, jamais por pessoas normais, em estado de necessidade. Os culpados por este tipo de delinqüência são três: a) o governo que não distribui instrução e assistência; b) os familiares dos próprios marginais que descuram de sua educação; c) eles próprios, os transviados, pelo seu mau instinto e vagabundagem... Portanto, a praticam do “palavrão” tem que ser combatida, como qualquer decadência moral ou educacional. Muito dos espectadores riram quando os “palavrões” foram ditos no palco, entre os atores; mas em seus lares a reação seria diferente, pois tais “gracinhas” ofendem sempre, mesmo quando vindas de “crianças bonitinhas”, as quais se costuma ensinar a dar pontapés, murros e dizer “nomes feios”... (4-10-68)

Existem pessoas que, possuindo dependentes ou subalternos tolhem-lhes toda a iniciativa e até a liberdade de ação, quando vigiando os seus trabalhos, censuram e  reformam intempestivamente tudo o que está sendo feito...Afinal, se o censurado for bronco, tratando-se de empregado, deve ser dispensado, depois de pagas todas seus haveres; em se tratando de um parente, quem deve discutir com ele é um médico psiquiatra... Por outro lado e em verdade, como “a criatura humana foi feita à semelhança de Deus”, há de ter, logicamente, probabilidade de, em alguma ocasião, escrever direito em linhas tortas, como fez muitas vezes o magnânimo Criador! Assim, o melhor é ter um pouco de paciência e aguardar... (6-4-69)

Sim, em verdade, a vida é uma luta: enquanto jovens procuram as criaturas humanas prosperar a fim de ganhar algum recurso para o futuro, quando suas forças escassearem... Mas, atingindo o homem a idade de 55/60 anos, se viveu com saúde, honestidade, inteligência e proteção divina, e com isso pode guardar algum bem material, é lógico que deve começar a pensar em diminuir a intensidade do seu trabalho lucrativo... e abrigar-se  num recanto acolhedor,de onde, descansando um pouco, poderia observar e orientar,e abençoar a luta dos que ainda são moços! Se não, mais tarde, bem no fim da vida, teria que reconhecer que a sua “luta” foi inglória e impiedosa... (18-4-69)

Assim pensava o pobre homem: "Quem trabalhou desde criança e nunca procurou ou quis prejudicar ninguém durante uma longa existência, deve ter direito, quando atingir a idade da aposentadoria, a passar a desfrutar pequena parte dos bens materiais economizados... Porque, se "deixar para depois, por motivo de que ainda é muito cedo", o desfrute daquilo que é de melhor qualidade, em breve verificará que, com o correr dos meses ( não mais dos anos) tudo será igual, descolorido, cinzento, sombrio. debaixo de crepúsculo que, um dia, há de chegar... (2-10-69)

É difícil fazer um trabalho bem feito... mas, depois, assim ficando feito, quantos e quantos dissabores evita aos nossos dias futuros. O trabalho mal feito, porém, pode complicar não só a nossa situação, mais tarde, como também a dos nossos sucessores... em obras ou funções por nós deixadas. ( 22-11-69)

Benditos aqueles que, ao sentirem findar sua existência terrena, deixando então obras por terminar, podem deixar também o apelo dos bons propósitos, para que seus seguidores sintam-se estimulados a levarem avante o fogo sagrado da honestidade, do trabalho, da perseverança e das realizações, muitas destas inatingíveis, como a Perfeição. ( 25-3-70)

Os poemas, bem como as obras teatrais em versos, exprimem “imagens” e não “enredos”. As imagens serão depois corporificadas por conclusões segundo as interpretações de cada criatura humana. Assim a “arte” escrita que não oferecer margem para reflexão e dedução, deixa de ser arte, para simples trabalho gramatical... Por isso que, também, qualquer coisa escrita incompreendida a até “misteriosa” e que de certo modo encerre motivo para interpretação futura, não deve ser destruída. ( 4-10-70)

Seria, ao final de sua existência terrena, um homem frustrado aquele que, podendo usufruir alguns bens da riqueza, conseguida através de longos anos de trabalho e retidão, foi deixando, deixando, tais desfrutes para depois... (19-11-70)

Em se tratando de trabalho de equipe, ninguém tem o direito de criticar o seu “companheiro” por produzir pouco ou nada; entretanto poderia, apenas isso, lamentar a falta de colaboração quando, como líder, estiver realizando, declarada e positivamente, um serviço de interesse comum e em que todos tem a obrigação de participar. ( 12-4-72)

Talentos ( Mateus 25, 14-30) ¾ “Servo mau e preguiçoso”, classificou o Cristo ao servo que recebendo um talento de seu patrão não o fez produzir, não trabalhou, não progrediu, enquanto os outros dois empregados, que haviam recebido 2 e 5 dinheiros cada um, os fizeram frutificar em dobro... Isso nos faz pensar que não fosse o progresso das ciências, das artes, das indústrias, do comércio, parte da humanidade estaria ainda na era da pedra lascada, a maioria dos homens habitando em cavernas e malocas, vestindo peles das caças abatidas para a própria alimentação, confeccionando os tecidos com a ajuda de agulhas feitas com ossos afiados, gente morrendo com “nó nas tripas”, hidrofobia, picadas de cobras, “mal de sete dias”, etc. As mensagens estariam ainda sendo transmitidas em papiros, levadas de mão em mão, os transportes feitos nos próprios ombros e no lombo de animais. Os portadores do mal de Lázaro circulando pelas estradas agitando matracas para avisar que os proscritos estavam passando...Os músicos tocando flautas de madeira e batendo em paus ocos. Os pintores e escultores sem ninguém que lhes comprasse suas “obras reles”... Consola-nos, porém, lembrar que há dois mil anos o próprio Filho de Deus já havia, em suas eternas parábolas, elogiado a quem, trabalhando, conseguirá progredir! ( 26-11-72)

Soneto

 

Era um novo dia. O sol nascente,

Refletindo no horizonte o seu clarão,

Dourava, lá longe, com luz crescente,

O céu e afastava da terra a escuridão.

 

Pássaros já cantavam alegremente,

Mas, o seu piar, entre a entonação

Dos ruídos que acordavam toda gente,

Ia sumindo no novo dia em confusão.

 

E o pobre homem, triste e apreensivo,

Iniciando mais um dia de trabalho,

Retinha a dor que o tornava pensativo.

 

Meditando sobre o tempo que vivera,

Recordando seu passado, em cada atalho,

Sofria por males que não cometera. ( 8-2-76)

Governo no indivíduo; Governo na família; Governo na empresa; Governo na sociedade; e Governo no governo. Quando esses cinco governos forem desempenhados com honestidade, trabalho, sabedoria, eficiência, perseverança, tolerância e fraternidade e em que fique comprovado, sobretudo, o desejo de assegurar a própria sobrevivência através da sobrevivência dos demais membros de suas comunidades, então o decantado “mundo melhor” estará, certamente, sendo concretizado. ( 7-5-78)

Agora, já vivendo os primeiros momentos do meu sexagésimo sexto ano, é de meu desejo e dever: (I) Rogar ao Bom Deus proteção, sobretudo, para os meus dias futuros, prometendo-Lhe dedicar o máximo da minha capacidade de trabalho visando o bem estar de minha querida família; (II) Reconhecer que é bom ¾ não obstante a minha razoável disposição física e mental em participar de atividades associativas externas ¾ delas ir-me afastando, poupando assim aos meus amigos a obrigação de, a isso, brevemente me aconselharem ou exigirem; (III) Começar a dar prioridade a atividades em prol de obras filantrópicas, em especial em favor das crianças  e idosos, paralelamente aos meus trabalhos administrativos, os quais ainda são úteis e convenientes a minha saúde e minha manutenção; (IV) Reiterar minha confiança em Deus e em minha família, esperando que suas bênçãos e proteção amparem os meus pobres dias neste final de caminhada terrena. ( 13-10-78)

Analisando certas reuniões em que o insignificante comparecimento dos interessados deixa a impressão de um injustificado menosprezo, chega-se finalmente à conclusão de que a responsabilidade por tais insucessos é devida a falta de trabalho de liderança de seus organizadores. Em todos os empreendimentos em que devam participar várias pessoas existe sempre um líder, seja ele chefe, gerente, diretor, comandante ou simples encarregado e este deve, antes da reunião, tenha havido ou não convocação por escrito, fazer chegar ao conhecimento dos demais, novos lembretes, fazendo-os sentir a importância de suas presenças. Senão, depois ficarão as queixas que nada constroem... ( 19-11-78)

Colaboração-Protesto enviada ao jornal "O Estado de São Paulo" e publicada na COLUNA DOS LEITORES em 19 de novembro de 1978 ¾ OS DIREITOS MENOSPREZADOS ¾ Sr. Redator. O Sr. F., Rio de Janeiro, ( o Estado 19/11/78) lembrou que os últimos escândalos financeiros acobertados pelo GOVERNO, custaram 50 bilhões de cruzeiros, mais de duas mil vezes o prêmio da loteca, ganho por um de seus recordistas... Sabe-se que daquela  gigantesca importância, ou 5 milhões de cruzeiros foram desviados na famigerado desfalque do "Adubo-papel", e que respeito aos Direitos Humanos, os nomes dos envolvidos no vultuoso escândalo vem sendo sonegado ao conhecimento da imprensa. Sabendo-se que  também que a grande prejudicada foi a sofrida agricultura brasileira, não podemos deixar de denunciar um fato em que  os "direitos humanos" de um humilde lavrador, autêntico "boia-fria", nosso empregado agrícola, deveriam e não foram acolhidos e respeitados pelo Funrural ou seus prepostos. A empresa agro-industrial  da qual somos diretor recolheu ao Funrural, no trimestre julho/setembro de 1978, mais de um milhão e seiscentos mil cruzeiros, referentes a 2% de taxa fixa e 0,5% de seguro de acidentes do trabalho, sobre o valor dos produtos agrícolas vendidos ou industrializados, o que resulta a média mensal superior a Cr$ 533,00. Repetimos que 20% desse total foram pagos a título de "seguro do trabalhador rural". Vamos ao fato: um nosso trabalhador agrícola foi vítima de uma queda acidental no dia 20/10 e, na mesma sexta feira atendido no hospital de Rio das Pedras e constatada fratura do maxilar inferior foi transportado para o hospital de Rio Claro, distante daqui mais de 50 ( cinquenta) quilômetros. A nossa ambulância, transportando o acidentado, teve de passar pela vizinha cidade de Piracicaba, distante apenas 14 quilômetros ( onde existem uma santa casa, três hospitais e um sanatório) e rodar mais 36 quilômetros para chegar ao hospital de Rio Claro que mantém convênio com o Funrural! Lá chegando, ao em vez de ficar internado sob cuidados médicos enquanto aguardava a intervenção cirúrgica, o pobre lavrador foi mandado de volta, pela mesma ambulância que o levou, com recado para voltar na próxima segunda feira, dia 23, três dias depois, para ser operado. Com uma paciência de santo, o pobre homem aceitou a recomendação e regressou à fazenda onde mora, aí ficando esses três dias sem poder alimentar-se, só ingerindo líquidos, com dificuldade até para falar. Na recomendada segunda feira, nova via-crucis: a ambulância foi buscá-lo na fazenda, passou por Rio das Pedras, por Piracicaba, chegando ao hospital em Rio Claro logo pela manhã... ficando pelos corredores até 5 horas da tarde, quando foi finalmente informado de que não mais seria operado, simplesmente porque aquele hospital não possuía em seu corpo clínico um cirurgião especializado para tal intervenção. Foi-lhe então dada uma guia de transferência para outro hospital que também mantinha convênio com o Funrural, agora na vizinha cidade de Piracicaba. E até aí o pobre operário estava sem o mínimo tratamento, nem mesmo uma simples injeção...Sendo já quase noite, voltou a ambulância trazendo o paciente para Rio das Pedras ( novamente 50 quilômetros) para, na manhã seguinte procurar o hospital indicado em Piracicaba. Mas nem desta vez obteve sucesso, porque o cirurgião dentista contratado pelo Funrural em Piracicaba informou que não podia realizar a operação porque estava com viagem marcada a fim de comparecer a um congresso médico em Curitiba. Como solução do problema sugeriu fosse o acidentado procurar um médico particular ( e indicou um nome) e lhe pagasse os honorários... isto caso não pudesse esperar mais seis dias quando voltaria do Paraná. Aí então seria dia 30, dez dias após a ocorrência do acidente. E o pobre homem sofrendo dores e sem poder alimentar-se, como já dissemos! Diante de tão absurda e desumana sugestão ( esperar mais seis dias) deliberamos imediatamente autorizar os honorários médicos por conta de nossa empresa, não obstante o acidentado achar-se "amparado" junto ao Funrural por uma apólice de seguro contra acidentes de trabalho. Não podendo conter a nossa justa indignação, enviamos no mesmo dia 24 um memorial em cinco (5) laudas, tamanho ofício, ao diretor do Fundo Rural de Assistência ao Trabalhador Rural ¾ Funfural ¾ lamentando o inacreditável acontecimento e relatando outros fatos de interesse dos lavradores de Rio das Perdas e cujas soluções esperamos sejam encontradas. Em conclusão, perguntamos: os direitos humanos de um pobre lavrador estão assim menosprezados que ¾ ao contrário dos "respeitáveis" envolvidos no escândalo do "Adubo-papel" ¾ mesmo pagando taxas de seguro não devam ser respeitados? L. A. Barrichello - Rio das Pedras.

Minhas  Crenças ¾ I) Creio em Deus  II) Creio em dois Céus: no primeiro, de que nos fala a Bíblia e  do qual muitos duvidam; e no segundo, que todos devem respeitar, constituído pela consciência do Povo, que o concede ou o nega a cada um, segundo o seu procedimento durante a vida terrena. III) Creio nos milagres do amor: do amor de todos os amores, do amor sublime entre os homens, criaturas de Deus; do novo amor, que se inicia quando a jovem mãe sente pulsar em seu seio a vida do filhinho querido; do amor verdadeiro que sente o pobre velho quando, nos seus últimos momentos, deseja ter em torno de si todos aqueles a quem sempre trouxe em seu coração.  IV) Creio nos milagres da Humildade que faz o homem reconhecer no seu próximo um seu semelhante e, por isso, infunde em seu coração o desejo e o dever de dispensar-lhe fraterna e até abnegada consideração. Humildade que impõe ao homem teimar apenas sobre aquilo que sabe; não sonegar aos outros o que sabe e lhes é útil; confessar sua ignorância e perguntar, inclusive às criaturas mais simples , sobre o que tem obrigação ou necessidade de saber. V)  Creio nos milagres do Trabalho, honrado e perseverante, que, se antepondo ao desânimo, produz benefício a quem o executa e, ao mesmo tempo, extensivo aos seus próprios entes queridos, membros da comunidade universal. VI) Creio nos milagres da Honestidade, que desde os primórdios da criação do homem, vem sendo exaltada nas páginas da história, quanto aos que a praticam com nobreza e sinceridade. E há de continuar representando na existência de cada um, para a própria consciência, supremo conforto, ainda que as calúnias e as mentiras humanas pareçam deslustra-lhe a reputação.  VII) Creio nos milagres da Renúncia, que faz a pobre criatura tolerar e perdoar as ingratidões humanas, ainda que não as possa, voluntariamente, esquecer, talvez assim evitando sua maldosa reincidência; creio na renúncia de que nos  o Divino Mestre: “Ao que lhe disputar a túnica, cede-lhe também a capa’ ( Mateus 5:40).  VIII) Creio nos milagres da Bondade, que começa com um sorriso e termina com uma lágrima, bondade que torna melhor o nosso mundo interior e procura levar a possível felicidade ao mundo dos outros; bondade que é luz, calor, amparo, caridade, amor e que, em certos momentos, encherá nosso coração e emoção e nossos olhos de lágrimas, quando a dor, às vezes sem remédio, atingir vidas e coisas criadas por Deus para o bem estar da coletividade terrena.  IX) Creio nos milagres da Justiça, aureolada pela bondade cristã que, em nome da verdade, sem omissão e com honradez, procura exaltar a virtude e condenar o vício, infundido nas criaturas humanas fé e confiança no futuro, assegurando-lhes a proteção necessária e sã liberdade em suas andanças por este “vale de lágrimas”.   X) Creio, de novo, agora e sempre, em Deus, na sobrevivência da alma e na vida eterna, onde estarão juntas as pobres criaturas humanas que tanto se amaram neste mundo. ( 12-6-79)

O trabalho é fator de prosperidade pessoal, mas o que tem dado resultado rápido e substancial é quando esse trabalho é executado na arregimentação, supervisão e organização do trabalho alheio, constante e eficiente por parte de gerentes, funcionários e operários,  a serviço do trabalhador chefe, popularmente chamado de “patrão”. ( 17-1-82)

Falando em política (I) ─ O mais importante no Brasil é acabar com a corrupção, evitando que o fisco e o poder judiciário sejam manietados, sob suborno, pela burguesia e pelos poderosos sonegadores de impostos e infratores da leis, em se querendo, as velhas e existentes já são sobremodo suficientes. Dessa maneira, o candidato a candidato a presidente da república, Paulo Salim Maluf, até que poderia ser um bom chefe do futuro governo brasileiro, isto depois de completa moralização da política nacional, em todos os campos e sentidos. Trata-se de um cidadão que se hoje é um dos homens mais ricos do país, a sua fortuna, na maior parte, é fruto de heranças e do seu próprio trabalho como administrador inteligente e denodado. Trabalha diariamente muito mais, em tempo e pontualidade, do que a maioria dos brasileiros. E sendo rico, pouco se lhe aproveitará, nos seus futuros vinte, trinta, quarenta ou cincoenta anos de vida, roubar ainda mais ( se é que tem roubado...) através de falcatruas. Portanto, se tem constas a acertar na justiça, que se compelido a pagar, na forma da lei, o que roubou ou desviou da farta messe a disposição dos que querem se aproveitar do nosso desafortunado e endividado Brasil do momento. Mas que os fiscais apurem e os tribunais imponham, sob pena de prisão imediata, sem  quaisquer mordomias, a quitação de seus débitos. Assim os nossos tribunais , revestidos de austeridade, espírito sadio de brasilidade, que exijam de toda essa cambada de maus políticos, administradores capciosos, bem como todos os negocistas e sonegadores que proliferam por aí, que paguem o que devem ao poder público e ao povo. Depois disso, saneados os costumes, sejam alijados de todo e qualquer cargo ou função administrativa, oficial ou não, aqueles que, comprovadamente, vinham prejudicando os interesses da nação, isto é, da população carente, em sua quase totalidade. Depois disso tudo, se ficar comprovado que o cidadão Paulo Salim Maluf, realmente não roubou nada, até que poderia ser aproveitado no futuro governo, para tentar aproveitar com a sua inteligência e trabalho, reconduzir o Brasil aos seus destinos gloriosos. ( 17-7-83)

Falando em política (III) ─  Só existe uma saída capaz de salvar o Brasil da crise que o assola e envergonha no momento: trabalhar! Assim, ninguém poderá receber vencimento, salário, pró-labore, ajuda, etc. se não provasse que está trabalhando ou já trabalhou, comprovando “onde”, “como” e “quando”. É óbvio que não mais seriam concedidas as famigeradas “mordomias”, desgraçadamente até agora tanto mais polpudas quanto maiores influências desfrutar o agraciado nas esferas oficiais,e, por isso mesmo, possuindo apenas “cargos” e nenhum encargo! ( 6-9-83)

Falando em política (IV) ─  Para abaixar a inflação só existe, na prática, um caminho: aumentar, através do trabalho honesto e organizado, a produção e a oferta de bens de consumo e de uso pessoal, familiar e coletivo: alimentos, vestuário, moradias, meios de transporte, ensino e assistência social e tudo mais de que necessita a criatura humana, para desfrutar de uma vida condigna. Assim, barateando o custo de vida, estaria contido o círculo vicioso em que se delapidam os dois custos: o da mercadoria porque “aumentou os salários” aplicado na produção, e já, em seguida, o do salário para fazer face do produto que foi aumentado de preço... O que é preciso, pois, é maior produção de produtos essenciais, em garantia de preço mínimo e transporte aos centros consumidores, e que seja refreada a ganância e a influência nefasta dos atravessadores. Por último, o tabelamento criterioso de preços, a perseguição severa aos transgressores. Convém ressaltar que é necessário atrelar o preço do produto ao valor do salário e jamais o salário ao preço desordenado dos gêneros de primeira necessidade, como erroneamente tem sido feito até hoje, em nosso querido Brasil! ( 13-9-83)

“O trabalho não é castigo; é a santificação das criaturas” ( Ruy Barbosa) ─ A própria Natureza comprova ao homem que ele, dentre todos os demais animais, deve trabalhar se quiser alimentar-se, vestir-se, ter uma moradia, desfrutar de amenidades e diletantismos. Enquanto isso, a maioria dos animais tem nas selvas e nos campos, onde sobrevivem, a oferta de frutos, ervas, e, dentro da sua irracionalidade, a caça a outros indefesos animais. Mas, a criatura humana, podendo, tem obrigação de trabalhar, sob pena de perder o direito de comer, como proclamava, há dois mil anos, o apóstolo Paulo. ( 29-10-83)

É tudo uma luta... O escritor luta, luta noite adentro, isolando-se do borburinho mundano e escreve boas coisas... O pintor luta, luta isolando-se em clarabóias, em ateliers, em quartinhos de fundo de quintal e executa lindos quadros... O compositor luta, luta a maioria das vezes em recolhimento, buscando em horas mortas a inspiração e produz inolvidáveis peças musicais... O cientista luta, luta em pesquisas e experiências e conforta-se, ao final, constatando que seus esforços representam avanços para o bem da humanidade... O jornalista luta, luta principalmente quando a cidade começa a repousar para que, no dia seguinte, os leitores sejam informados sobre o que aconteceu nas cercanias e no mundo, sendo denunciados, paralelamente, os enganos, as mentiras, e promovida a defesa do bem, da verdade e da justiça... E assim, em centenas de outras atividades, as criaturas humanas procuram, no seu dia a dia, contribuir para que no grande mundo, homens, mulheres, crianças e idosos possam viver num sempre almejado mundo melhor. Mas, no fim ( todos teremos o nosso último momento na face da terra) se, um a um e todos nos deixarem, além dos generosos frutos  dos seus trabalhos e esforços, algo de bom em benefício também dos que não puderam ler os seus livros, admirar as suas pinturas, ouvir as suas músicas, desfrutar dos benefícios da ciência, ser alcançados pelas campanhas vitoriosas da imprensa, enfim usufruir um pouco das muitas coisas boas feitas, exibidas, promovidas por uma minoria de predestinados que, por suas missões, atribuições e funções se constituem numa espécie de elite da comunidade, então, repetimos, se estes não deixarem realizado algo em favor dos deserdados da sorte, que sempre existirão, pouco ou quase nada valeram os seus lindos trabalhos, os seus esforços, os seus suores, os seus sacrifícios, certo que, ao final, ficou esquecida a principal parte, a parte do amor ao próximo, traduzida na mensagem do Divino Mestre, quando recomendou” “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. E os ricos e os milionários, enfim os afortunados da indústria, do comércio, da agropecuária, do capitalismo, da oligarquia, do oportunismo e centenas de profissões autônomas e liberais que aqui não são mencionadas expressamente, em que ponto poderiam ser convocados a cumprirem seus de solidariedade humana? Mas não apenas com as migalhas que lhes caem de suas fartas mesas a que se refere o Evangelho de Cristo. Sinceramente ninguém sabe até onde, quando, como, quanto essa convocação poderia produzir seus resultados... Entretanto, uma coisa é certa: bastaria que a consciência de cada um, na fase crepuscular de sua vida, fosse tocada por uma voz do alto e sentisse como é importante até para os mais descrentes e ateus dos homens fecharem os olhos, na extrema hora,  sentindo  a convicção de que cumpriram, em vida, com os seus deveres  perante os seus  familiares, igualmente perante os seus amigos e conhecidos, inclusive seus semelhantes , criaturas anônimas, neste grande mundo de Deus. ( 16-1-84)

Por três vezes, no mínimo, Diógenes nos deu demonstração de sua descrença quanto aos homens do seu tempo, certo de que não lhes reconhecia, nem aos do povo nem aos do governo, qualquer respeitabilidade ou eficiência. 1ª) Quando saíra pelas ruas de Atenas, em pleno dia, conduzindo uma lanterna acesa, e perguntado o que significava aquilo, respondeu: “Procuro um homem honesto”. 2ª) Estando, de manhã, sentado ao sol, à porta de sua casa-tonel, veio visitá-lo o poderoso rei da Macedônia, Alexandre Magno, que colocando-se a sua frente, do alto do seu garboso corcel, lhe indagou; “O que podeis desejar de mim?Replicou o filósofo: “Que não me tireis o que não podes me dar: o meu sol”. 3ª) Em outra ocasião bradou alto e bom som: “Ei! Homens!”. Quando várias pessoas acorreram ao seu encontro, expulsou-as clamando:Chamei homens, não chamei vermes!”. Meditando sobre esses episódios, que aconteceram em lugares públicos, concluímos que vem de muitos séculos atrás o desconforto dos pensadores com relação aos homens do povo e dos governos. Verificamos que hoje muitos homens honestos ( “não vermes”) labutam  como que em trincheiras, na imprensa, no rádio, na televisão, em tribunas públicas ou reservadas, enfim através de palavras escritas ou faladas, por todos os meios, protestando contra as imoralidades, contra as injustiças, contra todos os egoísmos, e se cada um de nós, homens comuns, fizesse a sua parte, a partir do próprio lar, dignificando a família, com sólidos princípios de moral, de trabalho e de amor ao próximo, quem sabe se Diógenes redivivo poderia arrepender-se de suas idéias pessimistas quanto aos homens do povo e do governo ( 2-2-84)

“Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Dentro desse princípio do sábio Lavoisier (1743-94), a criatura humana deve usar da sua inteligência, da sua imaginação, do seu espírito de trabalho e colaborar com a natureza, com os elementos de que dispõe ao alcance de suas mãos e aperfeiçoar, modificar, reaproveitar as coisas, os objetos, os materiais tidos como abandonados, quase perdidos, tornando-os apreciáveis, talvez melhores, procurando contribuir assim para a construção de decantado mundo melhor. Que adiantaria ao “pobre homem”, tendo desde crianças o hábito de tirar fotografias, e, agora na velhice, possuí-las em mais de mil, deixá-las desorganizadas, avulsas, ou esquecidas em dezenas de mini-álbuns, em fundos de gavetas?... Que lhe adiantaria, também, ter escrito milhares de pequenas idéias e ter copiado outros tantos sábios pensamentos e poesias de mais de uma centena de homens de letras e deixar tudo isso “perdido” em quatro pobres cadernetas, que as tem guardado ciosamente? Garanto que Lavoisier, do alto dos céus, ou do fundo se sua sepultura, lamentaria tamanha displicência... ( 29-9-84)

Ao avançar em anos, deveria o homem limitar, de certo modo, em tamanho e duração, o volume de seus trabalhos. Comparando, eu diria não ser aconselhável a um escritor, começar  duas obras e dentro de algum tempo tê-las redigido pela metade... Nesse momento, em papel e tinta, se executada apenas uma, esta estaria pronta...Por isso é que existem obras inacabadas... O mais certo seria, principalmente ao homem idoso, apenas rever o que tem preparado, a fim de melhor organizá-lo, deixando assim as suas coisas, como se costuma dizer, “em dia”! ( 14-10-84)

Já escrevi anteriormente que Proudhon muito exagerou quando afirmou: “A propriedade é um roubo”, uma vez que a grande maioria dos homens, principalmente os de bom senso, entende que os bens materiais, frutos do trabalho honesto, de qualquer natureza, ou ainda recebidos por herança, constituem, pelo contrário, direito legítimo de uso e posse, por parte de seus detentores, representando até incentivo para preservá-los e ampliá-los. Roubo seria desviar coisa do verdadeiro dono. Portanto, segundo Proudhon, se o que o proprietário tem foi roubado, entendo que as vítimas do roubo só podem ser os que não trabalharam, não herdaram, faltaram-lhe ou deixaram as oportunidades e, agora, nada possuem... Complicado, não?! Mas, na verdade, roubo é a sonegação, em qualquer parte do mundo, dos impostos devidos e, muito maior ainda, roubo vergonhoso ( criminoso e lamentavelmente no Brasil, e em outras republiquetas, impunes) é o peculato, a corrupção ativa e passiva, o suborno, o desfalque, as negociatas, as sinecuras, as “mordomias” e um sem número de descaminhos de coisas e valores pertencentes à nação, ao povo, não havendo dúvida de que uma centésima parte disso tudo valeria muito, se aplicada, criteriosamente, em socorro da pobreza desvalida. Roubo clamoroso é isso, por falta de consciência, por falta de amor ao próximo, por falta de respeito ao Bom Deus! (15-9-85)

Agora que, graças o Bom Deus, atravessei a barreira dos 72 anos de idade, procurarei poupar-me da leitura de diversas revistas semanais e, diariamente de mais de um jornal de Piracicaba e de São Paulo, Capital, certo que, afinal, reconheço que isso agora pouco ou nada acrescentaria aos meus conhecimentos, escassos, mas indispensáveis a qualquer criatura. As notícias momentosas, todos os jornais as publicam e outros resumos e detalhes os obtenho através das transmissões feitas pelo rádio e pela televisão locais. O mesmo direi quanto ao cinema, cujo entretenimento sempre me agradou, mas que pouco proveito representa para mim, nesta fase de minha vida. Portanto, o melhor a fazer, é tentar ensinar ou deixar escrito lições de vida, citando exemplos, rasgos de otimismo, de trabalho, de nobreza e do que muitos benefícios podem advir para aqueles que, mais novos, tem pela frente numa vida inteira, e assim podem ser ajudados pelos que pretenderam, antes, acertar em suas atuações no grande palco da vida. (12-10-85)

Jesus ( 01-33), Voltaire ( 1694-1778), Comte ( 1798-1867). Victor Hugo ( 1802-1885), Garibaldi ( 1807-1882), Karl Marx ( 1818-1883), Engels ( 1820-1895)... combateram os privilégios e defenderam a igualdade dos direitos e deveres entre os homens. De todos, Jesus e Victor Hugo estavam mais certos: o primeiro mandamento mandando dar a “César o que é de César”, e o segundo reconhecendo o “direito de propriedade” desde que fruto de trabalho honesto, o que não acontece sob regimes comunistas, em que o “capitalismo” é exercido pelo próprio governo-ditador. ( 26-6-89)

Hoje, em que os brasileiros se encontram a menos de 30 dias da posse do novo presidente da república ─ Fernando Collor de Mello ─ escolhido por votação direta, em dois turnos, depois de quase 30 anos sem eleições legítimas, alteiam-se para a maioria dos brasileiros novas esperanças. Novas esperanças, porque o atual governo ─ Sarney ─ encontra-se em melancólico final, depois de cinco anos de corrupção, sinecuras e impunidades. Por isso, neste momento, gostaria de recordar que há mais de quarenta anos, quando era vereador em Rio das Pedras, liderei a elaboração de uma mensagem ao Congresso Nacional e que foi remetida em 12 de junho de 1948, em cinco extensas laudas. Quatorze anos depois, em 13 de julho de 1962, a revista Visão publicou na sua 4ª página, uma carta em que, inclusive, fiz referência ao fato do Congresso nacional, até então, não haver dado a mínima resposta à aquela mensagem. Nessa carta à Visão, é óbvio, novos apelos foram feitos, mas que se perderam no vazio do descaso e do impatriotismo. Enfim, no próximo dia 15 novas esperanças começarão a acalentar, mais uma vez, os corações sofredores da maioria dos brasileiros, e permita Deus que as frustrações anteriores não se repitam. Entrementes, o Congresso nacional, de acordo com a nova constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, tem poderes amplos para aprovar as leis, decretos e medidas provisórias emanadas do chefe do governo, atendendo aos interesses do povo, exclusivamente. Basta que os senhores senadores e deputados federais, que, na sua maioria, até aqui, só tem defendido seus interesses particulares, basta que eles, agora, tenham mais pudor para, pelo menos, darem quorum nas votações dos projetos e proposições que visem retirar a nação do caos em que tem vivido nos últimos anos. Quanto ao presidente Collor ─ o mais jovem dos que já governaram, de mal a pior, a nação até hoje ─ o povo confia que não lhe faltará a proteção divina para acertar, como ele próprio tem vaticinado. Desassombro e virtudes pessoais, o futuro presidente as possui, bem como, e sobretudo, tradição de família. Seu avô paterno Lindolfo Leopoldo B. Collor, jornalista gaúcho, descendente de alemães, estivera exilado três vezes ( 1932, 1937 e 1942) por defender os ideais democráticos do povo brasileiro. Seu pai, senador alagoano, Arnon Afonso de Farias Mello, também jornalista, revelou muita coragem ao comparecer ao senado, depois de jurado de morte por outro senador alagoano, Péricles Góis Monteiro, e na iminência de ser atingido, atirou primeiro, enquanto o agressor se agachava acovardado, indo a bala perdida vitimar outro senador, que se lhe achava atrás. Fernando Collor, que também é jornalista, como seus ascendentes, possui suficiente experiência política-administrativa para resgatar e comandar a nau dos brasileiros ao seu verdadeiro destino de justiça, austeridade, honradez, trabalho e de progresso. De minha parte ─ enquanto são aguardados novos métodos na política governamental, que venham  garantir dias melhores para toda a nação, e de modo especial a favor da grande maioria de deserdados da pátria ─ irei fazendo revisão, com inclusão de novos pensamentos aos já por mim selecionados, a fim de, futuramente, mandar editar um LIVRO DE PENSAMENTOS, como é um antigo desejo meu. Trata-se de uma coletânea por mim iniciada há mais de cinqüenta anos, destinando-se oportunamente, o resultado da venda dos livros a favor do fundo pró-construção do Lar de Velhinhos de Rio das Pedras, sob os auspícios da Conferência do Senhor Bom Jesus de Rio das Pedras da benemérita Sociedade São Vicente de Paulo. Ao Bom Deus, em Quem desde minhas primeiras reflexões do tempo de menino, sempre confiei e devotei minhas esperanças e estoicismo, rogo e espero apenas, as suas bênçãos, a fim de que possa, inclusive, com a ajuda de minha querida família, levar a bom termo aquele ideal. ( 16-2-90)