VERDADE

Sonhos, Risos e Lágrimas ( a Francisco Otaviano – 1825-1889)

Quantas vezes chorei de felicidades!

Quantos risos ocultaram-me o pranto!

Quantos sonhos acreditei realidades!

Quantas mágoas eu sofri no próprio encanto!

 

Quão feliz me senti chorando de saudades!

Quão triste fui ao rir sem mostrar espanto!

Quão sublimes foram meus sonhos sem verdades!

Quão descrente nos fez um ideal tão santo!

 

Os risos seriam cruéis; então chorei...

As lágrimas me envergonhariam; então ri...

As verdades seriam duras; então sonhei...

 

Hoje, sinto saudades das dores que sofri...

E quando me lembro dos instantes que gozei,

Vejo: não só passei pela vida, mas vivi! ( 26-6-31)

A maior parte  dos homens prefere agradar a maioria poderosa! Se Pilatos, que dispunha do poderio, quisesse ter sido honesto, teria impedido a morte de Jesus. E assim, pelo contrário, deveria ter ordenado que o povo seguisse o Mestre, seus ensinamentos de paz, amor e perdão! Mas, é que a populaça, cúmplice dos despeitados sacerdotes, estava possuída da volúpia do mal e ao governador da Judéia interessou mais a sua posição política perante os homens, do que  a sua consciência perante a verdade, perante Deus! ( 10-9-52 )

E a vida continuará! Desde que o mundo é  mundo quantas desgraças tem as criaturas humanas suportado, percebendo após a tormenta, que “tudo passa” e que o tempo, grande médico, professor, mágico, tudo cura, tudo ensina, tudo resolve. “Morrer não é nada; deixar de viver é que é medonho” disse Vitor Hugo. E é verdade. Porque não vivendo deixamos de participar das alegrias e tristezas que cercam a vida dos nossos entes queridos A nossa vida se resume no convívio entre nossos semelhantes. Não vivendo mais, uma falta será sentida pois, mesmo idosos, quando bons  e justos, sempre poderíamos ser úteis, aos que nos cercam. Simples conselhos valem muito aos que são moços. E os que morrem deixam de padecer, pois a agonia há de ser um sofrimento, e nem se poderia admitir a morte provocando ânsias de gargalhadas. Portanto, a criatura deixa de sofrer após o desenlace. Mas, e os que ficam no mundo? Chorarão desde logo, chorarão de saudades depois, sofrendo em suma, sem o nosso consolo. E depois, nossos dias virão, o tempo irá passando; novas esperanças, novas tristezas, novas decepções, novas ilusões, e na realidade dos dias que irão passando todos reconhecerão: a vida continuará! (8-5-55)

“O dinheiro não traz felicidade”, é verdade. Até pode provocar desgraças. É muito comum saber-se de pessoas ricas que trocariam suas fortunas pelo sossego de espírito. Mas... o dinheiro quando em mãos de criaturas cumpridoras de seus deveres, contribui sempre para o bem estar próprio, de seus familiares e, até, de seus semelhantes. Esta segunda verdade, que a contestem aqueles que, por falta de dinheiro, sofrem, no recesso do lar ou nas estradas da vida, as maiores privações. ( 20-05-55 )

Mas se novas ofensas nos ferirem, sem possibilidades de desmascararmos nossos detratores, então devemos reagir, mesmo com risco de nossa vida ou liberdade; no primeiro caso, nos estertores da agonia, bem como no segundo caso, detrás das grades de uma prisão, sentiria nosso pobre coração momentos de conforto com as lembranças de que, amanhã, o sol da verdade, iluminaria o pensamento dos homens, que compreenderão então que nosso gesto representou uma lição aos maus e um exemplo aos bons. ( 11-4-56)

“O que é a verdade?” — É o objeto ser 100% igual à qualificação que se lhe dá. Mas, a verdade, pura e simples, há de ser a situação ideal, isto é, a perfeição, sob todos os aspectos. Assim, quando Jesus disse “Eu sou a verdade”, afirmou: “Eu sou a justiça, a virtude, a bondade, a coragem, a fortuna, a serviço do bem comum” ( 10-7-56 )

Até o lodo pode brilhar à noite, ao reflexo da lua. Porém, ao esplendor da aurora, à luz de verdade, voltará a provocar o que lhe é natural: repugnância. (10-11-57)

Pena de Morte — A justiça não pode, a  princípio, perdoar os criminosos. Seu funcionamento há de ser como o de um filtro, que, deixando passar a pureza, separará a maldade. Se os maus obtivessem livramento acabariam desestimulando, pervertendo ou exterminando os bons. Mas nada de pena de morte! “É uma vingança estúpida praticada em nome da justiça”, cuja missão, em verdade, é absolver ou condenar, sem matar ninguém. E perguntamos: será a morte uma condenação? Não seria, para o criminoso, o fim de seus sofrimentos e (...) , em prisão perpétua, mas vivo. Morto, talvez, seja esquecido mais depressa, perdendo-se, inclusive, para sempre, a possibilidade de faze-lo arrepender-se e “trazer aos Céus mais alegrias pela sua conversão do que a perseverança de 99 justos”. Portanto, criminosos verdadeiros são ( ou serão considerados em futuro próximo) os juízes, os sábios, os doutores da lei que demorada e meticulosamente  deliberaram interromper a vida de um semelhante — criatura de Deus! Não! A justiça que sacrificou Jesus, Joana D’Arc, Tiradentes, não era no seu tempo “justiça”!? Não! Neste século XX, em que o homem revelou tanta inteligência, inventando, criando, descobrindo e aperfeiçoando prodigiosas maravilhas em benefício da humanidade, e chega agora ao supremo interesse de sondar se existe vida em outro planeta, não poderia, esse mesmo homem querer, aqui na terra, voluntariamente, matar o seu irmão! ( 16-7-59)

A modéstia não deve ocultar a verdade necessária. (4-8-59)

As Quatro Colunas — A coletividade humana vive como que num planalto, que chamaríamos de “planalto de moral”, onde todas as  criaturas, por princípios éticos, religiosos ou psicopatológicos, procuram justificar, cada um de per si, suas diferentes maneiras de proceder. Por terem sido criados à semelhança de Deus — portanto superiores aos animais irracionais — os homens, desde os extremados conservadorismos até aos insolentes existencialistas, esforçam-se em provar que suas atitudes são as mais justas, certas e convenientes possíveis. Esse “planalto” é sustentado por quatro colunas mestras constituídas por cidadãos que, por suas teorias, competências, procedimentos ou missões, devem afastar-se da turba para poder reflexivamente orientá-la, classificá-la, ensiná-la, ampará-la. As quatro colunas são: os Filósofos, os Juízes, os Professores e os Sacerdotes, cuja linha de conduta, salvo pequenas e inevitáveis exceções, tem sido e continuará sendo exemplo de pureza, clarividência, sabedoria a abnegação. São quatro categorias de indivíduos que, pelo desassombro de suas elevadas faculdades, não se envolvem em transações escusas ou conchavos indignos. Altruístas, são capazes de todos os sacrifícios e desprendimentos, não permitindo que a desonra manche a alvíssima vestimenta das sua concepções ideológicas. Eis que, sobre o grande planalto, todos querem ter razão: os que erram e depois são punidos julgam-se injustiçados, vítimas da maldade humana; os viciosos dizem que não tem forças para reagir; os que não trabalham alegam que não tem disposição para isso; os que não pagam as suas dívidas afirmam que ganham pouco, ou sofreram afrontosas cobranças; os que não cumprem seus compromissos  justificam-se com “motivos de força maior”; os que se exasperam com facilidade e ofendem os que estão em derredor defendem-se com alegações de que “ficaram cegos de raiva” e quando isso acontece “perdem o controle”. E assim todos querem ter razão... Entretanto se as quatro colunas fraquejam, não resistindo ao impacto da corrupção, então virá abaixo o edifício da sociedade humana. É verdade que existem, entre a coletividade humana, criaturas que, embora sem nenhuma instrução, manifestam idéias realmente sábias e estóicas; há os que, sem conhecimento dos códigos e das leis, demonstram critério e bom senso próprios de juízes; ainda os que, não possuindo cátedra, vivem a distribuir ensinamentos aos que o cercam; e finalmente, os que, sem ter recebido ordenação religiosa, são verdadeiros apóstolos, tal a sagrada missão que desempenham, amando seus semelhantes, na prática da caridade, da bem-querença e do perdão! Estas anônimas “boas almas” compensam, certamente com sobras, os possíveis desfalques que os responsáveis pelas quatro colunas sofrem, às vezes em suas hostes, por deserção de uns ou decadências de outros. Mas, como nas lutas santas, apesar das baixas, a resistência continua e continuará sempre! E que seria da humanidade sem Filosofia, Sem Justiça, sem Ensino, sem Deus? ( 25-1-60)

Os Filósofos pensam e definem...

Os Professores acolhem e propagam...

Os juízes apreciam e selecionam...

Os sacerdotes amam e consagram...

O que?

A VERDADE! ( 30-6-60)

Somos colhedores — Tudo o que sentimos, possuímos, é fruto, colheita de nossos atos passados. “Igual gera igual”. Mas quando sofremos uma ingratidão, ai existe a sagrada vontade de Deus que nos escolheu para exemplo de nossos semelhantes, aos quais devemos estimular a caminharem pela estrada espinhosa da resignação, da virtude, da bondade , da justiça, em suma, da Verdade. ( 30-4-1961)

A verdade é a síntese de todas as virtudes. ( 12-5-61)

Soneto

Bendita Democracia! Oh! Santa Liberdade

que reconhece ao homem o direito de pensar,

o direito de reunir, o direito de falar

com a franqueza magnífica da Verdade.

 

Bendita Democracia! Regime de Igualdade

que garante às criaturas direito d’esperar

o prometido “mundo melhor” e nele desfrutar

todas alegrias da mais pura Eternidade.

 

Bendita Democracia! Que abomina a opressão

e que estabelece ao governo e aos governados

leis que correspondem aos anseios da população.

 

Bendita Democracia! Sustentáculo da luz

que há de conseguir com que os homens irmanados,

sigam os excelsos ensinamentos de Jesus! ( 1-6-61)

Das virtudes isoladas a mais gloriosa — porque é altiva e autônoma e impossível de ser criticada — é a Justiça; naturalmente a Justiça ensinada e recomendada por Jesus. A honestidade, o amor, a fé, o estoicismo, o perdão e até a coragem e a caridade serão insustentáveis se lhes faltar o amparo da Justiça — sentimento ativo e demarcador de qualidade. A Justiça, inspiração divina, tem sobre si apenas a Verdade, que é uma virtude coletiva, reunião de todas as virtudes, inclusive a própria Justiça. Mas, a verdade, sendo um conjunto, exige definições explicativas, enquanto que a Justiça, por ser absoluta, tem de ser acatada, mesmo quando ferir a minoria incontentável. Por isso que se diz que a Justiça é como o sol: pode encobrir-se, tardar,mas ao surgir convencerá plenamente. ( 18-7-61)

De quase todas ofensas e humilhações podemos defender-nos; da ingratidão não, porque ela é impalpável como a ausência, o silêncio, o esquecimento. Dolorosa verdade! ( 13-4-63)

Continuação da meditação do “pobre homem” quanto aos perigos de uma mudança na estrutura econômica e social do País — Sendo o trabalho a primeira demonstração de capacidade individual, feliz a criança que, desde tenra idade, já encontra dedicação e perseverança nos estudos. O pequeno estudante, assim trabalhando, com método e esforço, perceberá os primeiros salários em conhecimentos e personalidade. Uma criança de seis ou sete anos, que não sabe ainda o que significa a honra, o patriotismo e a civilidade, principia a trabalhar muito e proveitosamente se for estudiosa. O trabalho não é apenas o esforço muscular. Os feitos dos intelectuais e cientistas resistirão infinitamente mais que as sólidas obras de engenharia e arquitetura. As suas realizações diretas ou reflexivas, jamais serão desbotadas ou carcomidas pelo tempo. E no entanto muitos pensadores foram, em vida, considerados ociosos. Os estudos, as meditações, os cálculos, as pesquisas, sobretudo quando resultam em escritos ou elementos palpáveis, são trabalhos importantíssimos  porque sobre os seus alicerces se assentarão os edifícios da produção, do progresso, da prosperidade. Ademais o trabalho é um dever social do homem. O inverso poderia e deveria sempre ser considerado contravenção penal. Além disso estão certos os que afirmam que o trabalho é um remédio para todos os males, uma solução para todos os problemas. Em verdade o trabalho é de inspiração divina. Basta olhar a vegetação das plantas, o desabrochar das flores e o amadurecimento dos frutos para sentir o maravilhoso trabalho do Senhor. Para vencer na vida basta apenas e principalmente ser trabalhador. Não é o bastante ter saúde, ser ajuizado e virtuoso. Temos mesmo que reconhecer, com pesar, ser muito comum vencerem os velhacos e tratantes, graças às suas condenáveis atividades, Mas vencem,e, imiscuindo-se entre os trabalhadores honestos, conseguem fazer boa figura e desfrutar de algum respeito. E poderão inclusive, um dia, iluminados pelo Altíssimo, abandonar a “estrada de Damasco” e penitenciando-se e dignificados ser admitidos no convívio dos justos. Enquanto que os outros, os vagabundos e negligentes, sem que se possa xingá-los de desonestos, afundar-se-ão no desprestígio, na miséria e, muitas vezes, na senda dos vícios, como conseqüência da ociosidade... E assim concluiu o “pobre homem”: Por que hei de preocupar-me com a situação política nacional, mesmo que o Brasil venha a ser uma segunda Cuba se, quando moço e até agora continuo trabalhando. Alguns bens que recebi de herança foram preciosas sementes que multipliquei com o meu trabalho. E meus filhos, melhor defendidos do que eu na vida --- pois se Deus quiser possuirão inclusive estudos e diplomas --- não desmentirão a tradição e o sistema de trabalho de seus ancestrais, e por certo continuarão nesse afã, seja qual for o regime no futuro, também prosperarão e terão direito à felicidade. ( 18-5-63)

Certas reivindicações de empregados ¾ tidos como incontentáveis e ingratos ¾ devem ser interpretadas como defesa de seus legítimos interesses. Os patrões ¾ que também defendem seus interesses  pleiteando e majorando os preços de seus produtos ¾ erram quando, aborrecidos com os pedidos constantes de revisão salarial, pretendem cortar benefícios, até então concedidos por “mera liberalidade”. Esses benefícios, verdadeiras ninharias se comparados com os ônus dos impostos e taxas pagos anualmente, não deixam de ser pequenos estímulos para que o seu servidor sinta-se como um bom colaborador, como em verdade deveria ser. ( 19-04-64)

A família é sempre a última a saber... das doenças e das traições que a rondam... Mas é quase certo que, pelo menos no caso das doenças, grande parte da responsabilidade disso cabe à própria família. Por medo da desgraça retarda conhecer a dura verdade... e omite-se. Quando o assunto prende-se a estranhos, o cidadão tem até volúpia em saber e propalar os mexericos.. Entretanto, quando lhe toca de perto faz-se de desentendido e passa ao largo... Como o mau pagador, cuja consciência lhe manda mudar de itinerário para evitar o vexame da cobrança... ( 16-10-64)

Segredo e Enigma ¾ Segredo é muito difícil de ficar muito tempo encoberto, debaixo do sol, quando duas ou mais pessoas o conhecem. Por imprudência de uns e adivinhação gradativa de outros, quilo que se desejava permanecesse oculto, acaba se revelando, e mesmo que negado várias vezes, termina por não resistir à evidência da verdade. Enigma, esse sim, pode permanecer insondável, porque o mistério que envolveu apenas uma pessoa, consciência ou fator, por falta de repetição, confissão ou provas, acaba se perdendo, com o correr dos anos, nas malhas do incógnito. ( 23-07-65)

Felicidade...

Um casal enamorado

Sob a proteção da lei

E dos princípios da virtude.

Em um lugar afastado,

Longe da agitação do mundo...

Felicidade...

Noite calma...

Lá fora o arvoredo é tocado por leve brisa,

Enquanto no céu límpido, enluarado,

Cintilam milhões de estrelas...

O homem pergunta: É feliz?

A mulher responde: Sim. E és também?

As suas mãos continuam entrelaçadas,

Cherchez la femmediz o ditado francês. E, fatalmente, na vida de um homem comum, sempre existirá uma mulher ¾namorada, esposa, amada ou amante ¾ a nortear-lhe, bem ou mal, consciente ou subconscientemente, o seu modo de proceder. É bem acertada designação de “cara metade” para a esposa porque é ela, em verdade, a outra metade da vida de um homem. Vem dos tempos imemoráveis a preocupação do homem quanto aos problemas do sexo. Por isso que Moisés, em nome de Deus, entre os dez mandamentos, depois de enunciar os pecados contra a castidade, destacou um dirigido aos homens: “Não desejar a mulher do próximo”! ( 28.06.66)

A criatura humana, ao morrer, despoja-se de todos os seus bens materiais, A única coisa que leva para o túmulo é a sua indumentária e essa também, dentro do sepulcro, em breve se irá consumindo juntamente com o seu corpo em decomposição, nada resistindo afinal à ação implacável do tempo. Primeiro, uma porção de massa informe, pouco anos após um esqueleto ainda perfeito, depois um monte de ossos indefiníveis e por fim alguns resíduos e o Nada... Portanto o que se leva deste mundo, em verdade,   é unicamente é a memória daquilo, que, ao morrer, se deixou realizado, com entusiasmo, em favor de seus semelhantes, principalmente de seus familiares e amigos, fidedignas testemunhas de toda a sua boa ou má fortuna, em vida.

( 05-08-66)

A verdade é que, pelo menos, duas coisas são propícias e indispensáveis para o homem vencer espetaculosamente na vida: honestidade e dinheiro. Mas, depois, se um destes dois atributos faltar, começa a periclitar a vitória da prosperidade... ( 7-7-67)

Dizia o velho Ângelo Scroca: “Quem não defende seus direitos, não defende sua honra”, ou a própria vida! E o direito de dizer a verdade deve ser exercido mesmo quando essa verdade representa um elogio a um nosso ente querido e, em caso imperioso e esclarecedor, a nós mesmos. ( 28.4.68)

Existem pessoas que, possuindo dependentes ou subalternos tolhem-lhes toda a iniciativa e até a liberdade de ação, quando vigiando os seus trabalhos, censuram e  reformam intempestivamente tudo o que está sendo feito...Afinal, se o censurado for bronco, tratando-se de empregado, deve ser dispensado, depois de pagas todas seus haveres; em se tratando de um parente, quem deve discutir com ele é um médico psiquiatra... Por outro lado e em verdade, como “a criatura humana foi feita à semelhança de Deus”, há de ter, logicamente, probabilidade de, em alguma ocasião, escrever direito em linhas tortas, como fez muitas vezes o magnânimo Criador! Assim, o melhor é ter um pouco de paciência e aguardar... (6-4-69)

Sim, em verdade, a vida é uma luta: enquanto jovens procuram as criaturas humanas prosperar a fim de ganhar algum recurso para o futuro, quando suas forças escassearem... Mas, atingindo o homem a idade de 55/60 anos, se viveu com saúde, honestidade, inteligência e proteção divina, e com isso pode guardar algum bem material, é lógico que deve começar a pensar em diminuir a intensidade do seu trabalho lucrativo... e abrigar-se  num recanto acolhedor,de onde, descansando um pouco, poderia observar e orientar,e abençoar a luta dos que ainda são moços! Se não, mais tarde, bem no fim da vida, teria que reconhecer que a sua “luta” foi inglória e impiedosa... (18-4-69)

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” ( João 13:34, Mateus 22:39) eis o novo, o grande, o eterno mandamento, a mais linda oração que Jesus nos poderia ter ensinado! Cristo proferindo esse apelo aos seus apóstolos, há dois milênios, recomendou para todo o sempre, às criaturas humanas, aquele amor que somente as mães, os pais, os filhos, os amigos sinceros podem sentir em relação aos seus entes queridos! Isto é, amor humilde, amor espontâneo, amor corajoso, amor comovido! As tradicionais orações e demais práticas religiosas, em verdade, são excelsas, quando traduzem votos, renúncia, sacrifício, e não apenas “papagaiadas e macaquices” como, infelizmente fazem muitos “boatos de fancaria”... (3-4-69)

Falando de vícios, pecados, em fim da decadência dos costumes, entendemos que a maior responsabilidade pela sua propagação cabe à própria malícia, fraqueza, morbidez sentida pela "vítima", em face de situações aparentes, maldosas umas e de outras que, na intenção do autor e quiçá, em verdade, podem ser, de fato, inocentes... Entretanto, na volúpia do "espectador" são maus exemplos, tentações a provar... e a seguir, e descambando, lamentavelmente, para o mal... (3-12-69)

Oh! Quantas vezes caímos no "conto do vigário" em pequenas coisas, na vida! Por isso, o certo é não fugirmos nunca da linha da honestidade e da correção, mesmo quando, aparentemente, estamos levando vantagem na solução proposta e defendida pela outra parte... Fazendo-nos de desentendidos  em certos casos, em que parece estarmos lucrando, até por insistência e burrice do "prejudicado", pode acontecer que, mais tarde, venhamos a constatar que, em verdade, nós é que fomos logrados! E se formos reclamar faremos o ridículo papel do famigerado "otário mal intencionado"... (5-1-70)

Em política, todos que lutam por um ideal, e mesmo que esses ideais sejam de extrema esquerda, merecem respeito. Sempre há um pouco de razão nas suas teorias, uma vez que do "outro lado", existem, em verdade, imperfeições e erros possíveis de correções... Se assim não fosse, tais idealistas seriam apenas débeis mentais, candidatos e futuros internos de manicômios... Entretanto, como interessa aos governos "defender os interesses do povo", é mais que certo, logo se implantará um "regime conciliatório", acatando parte daquilo que os "esquerdistas"  pretendiam e desse modo estarão sendo diminuídas as denunciadas desigualdades sociais... desigualdades que a história vem comprovando serem, gradualmente, sempre menores... ( 3-2-70)

Na vida sempre há alguém procurando ajudar alguém! Portanto, toda criatura, vez por vez, é “alguém” que precisa ser ajudado, se não puder ajudar ninguém! Assim, havendo compreensão dessa verdade, não haverá interrupção da corrente da solidariedade humana! ( 20-3-70)

Em matéria de caridade, todos temos nossos “necessitados particulares” muitos dos quais comparecem habitualmente a nossa porta, pedindo roupas usadas, alimentos,e algumas dessas pessoas são até nossas conhecidas antigas, compadres, “parentes longes”... Mas isso não pode, em absoluto, motivo de recusa de colaboração aos necessitados avulsos, ou as campanhas populares que se fazem no Natal, no inverno, bem como aquelas que, ocorrendo uma calamidade pública (enchentes, secas, incêndios, desabamentos) são promovidas para minorar os sofrimentos dos atingidos pelo infortúnio. Em verdade, é uma grande desgraça que os governantes ( federais, estaduais, municipais, etc.) não tomem a si, na maior parte, a obrigação de socorrer aos necessitados em geral, forçando-os então a, humilhados, recorrerem à “generosidade popular”... Entrementes, é uma desventura ainda maior aquela provocada, nessas ocasiões, pela atitude de certos “ricos” ¾ os tais a que se referiu Jesus Cristo no Sermão da Montanha ¾  e que, também por isso, não estarão no Reino dos Céus! (12-4-70)

Ao ter que interpretar o significado de uma leitura, cujo sentido poderá suscitar  controvérsias, o certo é, antes de emitirmos nossa opinião, meditarmos um pouco sobre aquilo que quis ou não quis dizer o autor... A dedução precipitada poderá nos conduzir a afirmativas errôneas e injustas, diferentes do que, em verdade, foi escrito! (8-5-70)

O sofrimento humano é agora muito menor do que há 100 anos, quando Fleming (1881-1955) não havia ainda nascido e Pasteur (1822-1895) começava a desvendar os mistérios dos microrganismos e punha em prática eficientes  métodos de prevenção e combate às infecções bacterianas. Portanto faz pouquíssimo tempo que o mundo sofredor passou a se beneficiar com as descobertas da moderna medicina. Aqui mesmo, em nosso querido Brasil, no início desta fabuloso século XX, quase houve uma revolução, quando a maioria da população da Capital de República recusava-se a aceitar a política saneadora do diretor da saúde pública, Oswaldo Cruz ( 1892-1917) que havia, com o apoio do presidente Rodrigues Alves instituído a vacina obrigatória. Tal disposição teve de ser revogada em 1904 sob ameaça de derrubada do Governo! Mas, como dizíamos, não há dúvida que o sofrimento humano é agora menor do que mesmo há 50/100 anos. No passado ¾ além da ignorância, da miséria, do desamparo social, do atraso da medicina, da ausência da eletrônica e da moderna mecânica ¾ o homem era explorado pelo próprio homem porque não existiam leis que condenassem tal exploração. Hoje, entretanto, em pleno último terço do século XX, como as velozes máquinas de produção fazem riquezas gigantescas e são poucos os homens que fazem fortuna assim rapidamente, os outros, os operários, que ficam muito para trás, analisam a situação e reclamam, comparando-se com os poucos privilegiados... E os que reclamam, protestam, fazem escândalo, não são os “miseráveis”, certo que estes, inclusive, são tímidos, apáticos, parecendo até conformados... A verdade é que o mundo de hoje é menos sofredor que o de ontem e o mundo do amanhã estará mais próximo da inatingível perfeição... Só o tempo poderá ir corrigindo a mentalidade daqueles que, por culpa própria, não entendem que “somos todos irmãos” (25-5-70)

É doloroso para nós, pobres criaturas humanas, termos que perdoar a quem, embora desvendando verdades, põe em relevo pequenas fraquezas nossas, que, a todo custo, desejávamos ficassem ocultas. ( 29-7-70)

Se não nos for possível, ao relatarmos fatos, dizer toda a verdade, pelo menos aquilo que dissermos que seja verdadeiro, ( 14-11-70)

Devemos prestar atenção nas verdades nuas que as crianças dizem através de suas perguntas inocentes. Muitas vezes os adultos ocultam, por delicadeza e bondade, as nossas deficiências intelectuais e físicas e comentam depois, à boca pequena, tais anormalidades... Mas, as crianças, que tudo observam, com as suas indagações ingênuas, costumam, à queima roupa, desvendar segredos... e nisso fazem concorrência às pessoas chamadas “pobres de espírito”. ( 26-5-71)

Ao falar de sexo com o filho ou a filha adolescente e de outras questões do comportamento, usando e abusando da moderna fórmula de diálogo, os pais deveriam iniciar esse diálogo com três perguntas: 1) O que você acha da função animal do sexo? 2) O que você sabe existir de divino na ligação entre um homem e uma mulher através do sexo? 3) O que você sabe dos perigos do sexo? Em torno do assunto, a conversa deve ser mantida em lugar reservado, onde o diálogo possa prolongar-se pelo tempo necessário às conclusões, e num clima onde reine a máxima franqueza e lealdade. É que os costumes evoluem e, logicamente, o que era avançado para os pais, em matéria de procedimento dos casais de namorados, hoje, 20 ou 30 anos depois, aquele procedimento é considerado ingênuo e superado. Atualmente existe uma facilidade enorme para os jovens tomarem conhecimento das coisas, através dos livros, revistas, rádio, televisão, namoricos e bate-papos descontraídos,e ainda, em conseqüência do meio ambiente dos salões sociais e de espetáculos, passeios em automóveis  e andanças não-vigiadas... E quando os pais, ao tentarem, pela primeira vez, falar com os filhos sobre sexo, invés de darem orientação, recebem destes, muitas vezes, informações e relatos “prafrentex” que os deixam boquiabertos, diante de tanta surpresa e “perdição do mundo moderno”... Hoje existem métodos e recursos para tudo. E, na verdade, os filhos e filhas, na atualidade, sabem muito mais que os velhos pais em matéria de sexo... E daí? O mais prudente é começar o diálogo com perguntas complementares assim: “Por que?”, “Quando?”, “Como?”, “Onde?”... Só depois que os filhos se abrirem totalmente, em plena exposição sobre o que sabem, do que pensam e do que querem ainda saber, é que os pais devem começar a conversar dissimuladamente. Dizer logo no início; “isso não pode...isso não deve... isso não convém...isso não permitirei...”, não é diálogo, é apenas dar recados, fazer imposições. Jamais comunicabilidade entre criaturas humanas, entre semelhantes, pais e filhos. Pode até ocorrer que os pobres pais, do fundo de sua boa fé, simplicidade e alheiamento aos problemas do mundo moderno, venham ser taxados de ignorantes!... E para evitar que nesse tipo de diálogo, feito antes de um passeio ou depois de uma viagem em que o filho participou, haja estremecimento, é melhor primeiro conversarem sobre o assunto os pais e depois, os três em conjunto, fazerem a entrevista, tipo mesa redonda, e desse diálogo muita orientação útil poderá advir evitando-se assim os traumas, as incompatibilidades e desajustes, com reflexos negativos tanto no lar, como na sociedade, onde os jovens, isso sim, deveriam desfrutar de uma vida tranqüila e feliz. ( 16-10-71)

Quando ouvimos dizerem: “fulano está louco”, mas vemos depois o pobre diabo circulando por aí, concluímos que nada existe de pior; entretanto, se disserem: “fulano está fazendo loucuras, então o caso é mais grave... e a clara verdade, como o sol, logo surgirá no horizonte... ( 14-2-72)

As aparências enganam...Mas, em desconfortável caminhão “pau de arara” que transporta esquálidas criaturas que, de sol a sol, trabalham na roça, quando é ultrapassado na estrada, por um vistoso ônibus que conduz estudantes que realizam pesquisas no campo, dá bem a idéia de como, muitas vezes, as aparências são tristes verdades, que vão ficando para trás... (24-4-72)

Finados ¾ O homem nasce! E chora porque alguma coisa mudou ou falta em sua vida! Depois vai crescendo! E começa a observar, a sentir, a pensar! E a querer bem a todos que o cercam, em primeiro lugar os mais próximos. Depois quer fazer-se entender com olhares, com sorrisos, com carrancas, com gestos, com palavras balbuciadas! E ao iniciar os primeiros passos mais parece um autômato desequilibrado... E demonstra ter medo do escuro, dos gritos, dos estrondos! E chora de novo! Depois, aprendendo com os outros, deseja distinguir as coisas boas das coisas más. Depois os mestres lhe ensinam as primeiras ciências, enquanto a própria vida vai ensinando as demais. Depois vem a juventude, as primeiras fascinações, os primeiros sonhos, os primeiros amores, as primeiras contrariedades, os primeiros desenganos. Depois, dentro da realidade do mundo, novos anseios e novas frustrações! E chora em segredo... Depois a procura da verdade! E, filosofando, analisa a própria existência e a dos seus semelhantes: quanta quimera, egoísmo, tristeza, desespero nos corações dos homens, que bem poderiam, todos eles, ser felizes. Há os que vencem e os que fracassam. Os que caem e depois se reerguem. Há os que tombam para sempre! Pausa! No fim, o obre homem, velhinho e com lágrimas nos olhos, volta o seu pensamento para o passado, já que não pode mais alcançar o amanhã inatingível! E para definitivamente... E, nesse momento, sempre haverá alguém, que com amizade e em nome de Deus, chorará por ele! ( 2-11-72)

“É uma vergonha: existe fome, existe guerra, existe proliferação da toxicomania, existe a decadência dos costumes”.  Muitos condenam... Mas dos acusadores, quantos estão cumprindo a sua parte, colaborando positiva, valentes e abnegadamente para a solução desses angustiantes problemas? Quantos são os que na hora do balanço da  verdade podem provar que, de sua parte, tomaram a iniciativa de socorrer os seus “mais próximos” necessitados, perdoaram os que os provocaram para iniciarem uma demanda tola, vigiaram e orientaram, até ao sacrifício, os seus dependentes impúberes, quando ao atingirem a idade de 13 a 15 anos, começaram a enfrentar as tentações  desse mundo de deslumbramentos, de falsas amizades e de corrupção? Os que condenam e clamam agora, compareceram antes disso com a sua cota de generosidade, de advertências, de ensinamentos para a segurança da família e da sociedade que julgam em perigo? Os que puderam responder “sim”, esses merecem as bênçãos de Deus! ( 30-1-73)

A vida

A vida

Tão Querida,

Como o tempo que passa,

É igual à fumaça,

Que esvoaça,

Para depois subir

E no espaço sumir...

 

Mas a saudade,

Essa imensa verdade

Que conosco fica,

Se edifica,

Em nosso pensamento

E em nenhum momento

Nos deixa,

Apesar de nossa desejosa queixa

De olhar aos Céus

E perguntar a Deus:

Por que?...

... Por que?! ( 10-10-73)

O nosso mundo é a nossa terra, a nossa casa,  a nossa gente. O nosso tempo é o momento que passa, entrelaçado ao nosso amanhã sem receios e ao nosso ontem sem arrependimentos. E tudo isso só será verdade se, crendo em Deus, aceitarmos sua onipotente vontade e agirmos segundo seus sacrossantos preceitos. ( 4-9-76)

Não é justo que o homem seja, simplesmente, bom. Bom mesmo seria se o homem fosse, sobretudo, justo. O primeiro julgamento sobre Jesus, após a sua morte, foi feito por um humilde centurião romano que, vendo-o expirar, disse: “Na verdade, este homem era um Justo” ( Lucas 23, 47) ( 13-11-77)

Não é justo nem honesto o costume que certas pessoas tem de dar méritos somente ao que de bem sucedido os estranhos executam ou dizem executar... Acontece que esses censores maldizentes ignoram quantas lutas e fracassos tiveram antes os paradigmas dos hoje exaltados como exemplo de perfeição... Isso, quando, em verdade, tais sucessos não passam de boatos a aureolar efêmeras experiências... ( 3-9-78)

Força é força ¾ A revolta popular é, em verdade, impressionante mas se por trás e depois à frente não houver apoio militar, progredirá até que os detentores do poder, “explicando” à opinião pública de que precisaram usar de violência policial, para conter o avanço das ideologias extremistas, espúrias e subversivas, que visavam, com a ajuda de “potências estrangeiras”, perturbar os gloriosos destinos da pátria... Portanto, havendo desmando e corrupção por parte dos governantes da nação, o “povo” ( pelo “povo”) depois, quando puder contar com o indispensável e ostensivo apoio da maioria das forças armadas, sairá às ruas e pedirá, “democraticamente” a derrubada do governo. ( 18-2-79)

Minhas  Crenças ¾ I) Creio em Deus  II) Creio em dois Céus: no primeiro, de que nos fala a Bíblia e  do qual muitos duvidam; e no segundo, que todos devem respeitar, constituído pela consciência do Povo, que o concede ou o nega a cada um, segundo o seu procedimento durante a vida terrena. III) Creio nos milagres do amor: do amor de todos os amores, do amor sublime entre os homens, criaturas de Deus; do novo amor, que se inicia quando a jovem mãe sente pulsar em seu seio a vida do filhinho querido; do amor verdadeiro que sente o pobre velho quando, nos seus últimos momentos, deseja ter em torno de si todos aqueles a quem sempre trouxe em seu coração.  IV) Creio nos milagres da Humildade que faz o homem reconhecer no seu próximo um seu semelhante e, por isso, infunde em seu coração o desejo e o dever de dispensar-lhe fraterna e até abnegada consideração. Humildade que impõe ao homem teimar apenas sobre aquilo que sabe; não sonegar aos outros o que sabe e lhes é útil; confessar sua ignorância e perguntar, inclusive às criaturas mais simples , sobre o que tem obrigação ou necessidade de saber. V)  Creio nos milagres do Trabalho, honrado e perseverante, que, se antepondo ao desânimo, produz benefício a quem o executa e, ao mesmo tempo, extensivo aos seus próprios entes queridos, membros da comunidade universal. VI) Creio nos milagres da Honestidade, que desde os primórdios da criação do homem, vem sendo exaltada nas páginas da história, quanto aos que a praticam com nobreza e sinceridade. E há de continuar representando na existência de cada um, para a própria consciência, supremo conforto, ainda que as calúnias e as mentiras humanas pareçam deslustra-lhe a reputação.  VII) Creio nos milagres da Renúncia, que faz a pobre criatura tolerar e perdoar as ingratidões humanas, ainda que não as possa, voluntariamente, esquecer, talvez assim evitando sua maldosa reincidência; creio na renúncia de que nos  o Divino Mestre: “Ao que lhe disputar a túnica, cede-lhe também a capa’ ( Mateus 5:40).  VIII) Creio nos milagres da Bondade, que começa com um sorriso e termina com uma lágrima, bondade que torna melhor o nosso mundo interior e procura levar a possível felicidade ao mundo dos outros; bondade que é luz, calor, amparo, caridade, amor e que, em certos momentos, encherá nosso coração e emoção e nossos olhos de lágrimas, quando a dor, às vezes sem remédio, atingir vidas e coisas criadas por Deus para o bem estar da coletividade terrena.  IX) Creio nos milagres da Justiça, aureolada pela bondade cristã que, em nome da verdade, sem omissão e com honradez, procura exaltar a virtude e condenar o vício, infundido nas criaturas humanas fé e confiança no futuro, assegurando-lhes a proteção necessária e sã liberdade em suas andanças por este “vale de lágrimas”.   X) Creio, de novo, agora e sempre, em Deus, na sobrevivência da alma e na vida eterna, onde estarão juntas as pobres criaturas humanas que tanto se amaram neste mundo. ( 12-6-79)

Pensamentos ¾ (I) É mais provável que uma criatura seja surpreendida pela morte estando em um leito de hospital ¾ e não no leito de seu dormitório ¾ ou ainda deitada em uma mesa cirúrgica, invés de se achar em torno de uma mesa de refeição... (II) Encontrando-nos frente a um quadro mal pintado não devemos acusar a má qualidade das tintas e sim, apenas. A incompetência do pintor. (III) O homem não é bom porque é feliz, mas sim feliz porque é bom. (IV) Causam menos males à humanidade os ignorantes, os simplórios, do que os sábios malignos. (V) Certo mesmo Sá dá coisa certa. É difícil transacionar sem correr os riscos do negócio; se não seria negociata... pior ainda se descoberta... (VI) Só perde aquele que tem o que perder... Só podemos retirar coisa de onde existem coisas. Assim, quando nos acusam de sermos vítimas de aproveitadores, paciência! Felizes os que conseguem ter certeza de que, o que dizem de mau a seu respeito, é verdade, a fim de que, depois, melhor estruturados, possam assim evitar as reincidências... (VII) Quando dois homens, vivendo na cidade do interior, mas desconhecidos entre si e que, no íntimo, se julgam pessoas importantes, um dia, ao se defrontarem em um passeio público, ambos se cumprimentam amavelmente... cada qual pensando que o outro o reconheceu como aquele “ilustre cidadão” que se julga... o que não ocorre quando, invés dos dois, um apenas é o “Tal”... visto que, no caso, o outro não lhe dá bola e vai em frente... ( 6-3-80)

Não é ateu aquele que, mesmo não crendo em Deus ¾ Criador, Onipotente e Onipresente ¾ acredita, com firmeza e amor, em determinadas coisas e teorias postas em dúvida pela grande  maioria dos homens. Essa crença já é uma demonstração anti-ateista. Ateu, em verdade, é aquele que, descrente de tudo, encara o mundo e a vida com indiferença e, até, aversão. ( 23-3-80)

Se é preciso voltar para reparar um erro, restabelecer a verdade, ou até mesmo para pedir desculpas a alguém, devemos fazê-lo com firmeza e prontamente, compreendendo que tal atitude, invés de um ato humilhante, representa uma demonstração de altivez e nobreza de caráter. ( 20-7-80)

O valor material das coisas, como  a própria verdade, deve aparecer desvestido de quaisquer fantasias. Só mesmo os hipócritas, os embusteiros, os enganadores, é que procuram encobrir a realidade. Portanto, de certo modo, a pública exibição de poderio econômico, deveria produzir, pelo contrário, efeitos benéficos, quando compreendemos que, paralelamente representa um encorajamento para que as pessoas ou entidades carentes de recursos se aproximem desses “poderosos” a fim de pleitear e obter cooperação, em volume superior aos de outros, notoriamente, menos aquinhoados pela fortuna. ( 16-8-80)

A justiça, como a verdade, deve ser praticada e defendida, em quaisquer circunstâncias, ainda que o resultado disso venha a ser positivo ou negativo para o próprio agente. ( 21-9-80)

Somente em 1970, mais ou menos em março, depois que adquiri um Dodge-Dart modelo novo, um dos primeiros que foram expostos no salão de vendas de revendedor local ( Piracema). É que comecei a perceber, entre alguns velhos conhecidos,  a atribuição de relativo prestígio pessoal e então fui convidado, pela primeira vez,  depois de quase quinze anos ( 12-01-56) de Lions Club Piracaba-Centro, a ocupar um cargo de Diretoria ( 2º tesoureiro). E percebia que, em verdade, o “Zé-povão” prestava mais atenção em um Dodge-Dart-70 do que em mim próprio e foi a partir daí, associando minha pessoa, meu nome, como “dono do carrão novo”, é que comecei a ser considerado “respeitável”, “importante”, etc.... No ano seguinte fui eleito, surpresa enorme para mim e para minha querida “domadora”, presidente desse prestigioso clube de serviço, cujo cargo desempenhamos com significativas realizações e, ao final do mandato, em junho de 1972, comparecemos à Convenção Internacional na Cidade do México, e, depois de conhecer várias cidades mexicanas, fizemos um tour pelos Estados Unidos, em companhia de um grupo de Leões gaúchos, com os quais mantemos até hoje sincera amizade. Nosso ano leonístico (julho de 71 a junho de 72) foi para nós de muitas alegrias e, porque não dizê-lo, até de orgulho, pois fizemos novas amizades aqui em Piracicaba, mantidas até hoje,com muito carinho. Depois disso tenho sido até convidado a aceitar “honrarias” especiais, títulos nobiliárquicos, desses que, dizem, é possível obter-se pagando alguns milhares de cruzeiros, em troca... Felizmente, sempre recusei tais honorabilidades, mas do “prestígio” que comecei a desfrutar, a partir do “carrão novo”, não tenho podido desvencilhar-me , até hoje, quando me chamam de “doutor” e coisas mais!!! ( 21-04-81)

Ninguém cria nada de nada, nem nada faz sem o apoio de coisas ou elementos existentes. Disso, somente o Bom Deus, que não teve principio nem terá fim, é capaz. O próprio filho de Deus, Jesus, Deus feito homem, contou, em sua vida pública, com a cooperação e assistência de apóstolos e discípulos, criaturas humanas imperfeitas, algumas das quais não creram nele e até o renegaram, de início. Para fazer o seu primeiro milagre, nas festas da bodas de Canaã, contou com a ajuda dos empregados dos noivos, que lhe trouxeram jarros contendo água pura, quando o vinho que era servido se havia acabado... Por isso, enganam-se, redondamente, os homens que se julgam donos da verdade, mais sábios e capazes do que seus semelhantes. Muitas vezes, quando simples problemas, sujeitos a várias interpretações, lhe são apresentadas, impõem soluções precipitadas e condenáveis, invés de, com um pouco de humildade, solicitar a opinião de outros  interessados e conhecedores do assunto, procurando assim encontrar a solução final, se não absolutamente correta, pelo menos a melhor no momento, em face da situação e com a vantagem de dividir responsabilidades... ( 20-5-82)

Somente agora ─ quase dois mil anos depois que o Divino Mestre legou a todos os povos a sua sacrossanta doutrina, defendida primeiro por seus apóstolos de discípulos, depois divulgada pelos seus quatro evangelistas, por São Paulo e por milhares de outros homens de fé e de letras ─ é que a filosofia cristão vem sendo posta em prática em sua essência. E hoje, na maioria das vezes, contra o poder  de governantes ditatoriais, voltando assim as suas verdadeiras origens, em defesa das criaturas carentes de pão e de justiça. Durante os primeiros trezentos anos os ensinamentos do Divino Mestre viveram quase que na clandestinidade, até quando o imperador Constantino, pelo Édito de Milão, no ano de 313, considerou a religião cristã como oficial do Império Romano, atribuindo-se, entretanto, “oficialmente”, a condição de grande pontífice e chefe da nova Igreja, proclamando, desde logo, que seu governo monárquico era de “direito divino”. Infelizmente, já naquele tempo, o sacrossanto símbolo cristão, a cruz, começou a ser utilizada para fins belicistas, havendo o próprio Constantino mandado desenhar a cruz em seus estandartes, adotando também, o lema “In Hoc Signo Vencis” recrudescendo então novas guerras de conquista, esquecendo, portanto, do que havia afirmado o próprio Jesus diante de Pilatos: “Meu reino não é deste mundo”. As próprias cruzada, que se arrastaram pela Idade Média afora e que sacrificaram milhares de vidas inocentes, se desviaram da filosofia de Cristo, expressa especialmente no Sermão da Montanha. Depois, outra página negra foi escrita em nome do catolicismo, ao tempo da nefanda Inquisição, comandada por imperadores e, também, por altos dignatários da própria Igreja, quando, a título de combater heresias, foram cometidas inomináveis barbaridades, devendo aqui mencionar apenas um exemplo: o sacrifício de Joana D’Arc, queimada em praça pública na cidade francesa de Rouen. Não devemos omitir as perseguições sofridas por pensadores e filósofos nos últimos tempos, levadas a efeito pela tirânica aliança Estado-Igreja, citando apenas três nomes: Spinoza, no século XVII, Voltaire, no século XVIII e Victor Hugo, no século XIX. Graças a Deus, principalmente depois da Encíclica do Papa Leão XIII, “Rerum Novarum”, publicada em 15.05.1891 e do Concílio Ecumênico Vaticano II, a posição assumida pela Igreja Católica, em verdade. É de defesa dos humildes, dos carentes, dos sofredores, dos injustiçados, recomendando a todos, ao mesmo tempo, pobres e ricos, fracos e poderosos, a prática real da virtude, do amor e do perdão, segundo os ensinamentos de Cristo Jesus. Disso vem dando provas, as mais evidentes e insofismáveis, o Papa João Paulo II, que atacado e mortalmente ferido pelo terrorista turco Mehemet Ali Agca, durante uma concentração na Praça de São Pedro, em 13.05.81, já no hospital e ainda sob sério risco de vida ─ disse, referindo-se ao criminoso: “ Dele não guardo mágoas e sinceramente o perdôo”. Um ano depois, em Fátima, onde comparecera para comemorar o 65° aniversário da aparição da Virgem Maria a três jovens pastores ( 1..05.1917) o mesmo João Paulo II fora novamente ameaçado e quase atingido a baioneta por um sacerdote tradicionalista ( portanto a favor da mentalidade antiga da Igreja Romana) ordenado que fora pelo bispo rebelde francês Marcel Lefèbvre. Percebendo, o Santo Padre, que alguém havia tocado em sua batina, voltou-se e fitando o seu agressor, já contido por policiais, o abençoou fazendo o sinal da cruz. Finalmente, é digno de menção o que vem acontecendo com os padres franceses Aristides Camiô e Francisco Gouriou, quando toda a Igreja do Brasil toma corajosa e desassombrada posição contra o julgamento do Conselho de Sentença do Exército da 8ª Circunscrição da Justiça Militar de Belém do Pará, que condenou ambos os sacerdotes a 15 e 10 anos de prisão, respectivamente, e pretende agora que os mesmos sejam expulsos do país. Mas a Igreja não cruzou os braços diante disso e vem clamando por todos os meios ao seu alcance, inclusive pela imprensa falada e escrita a favor de humildes roceiros marginalizados naquele longínquo Estado da Federação e que vem seno amparados pelos dois padres católicos em suas justas aspirações quanto a posse da terra devoluta onde moram há muitos anos. Assim devemos todos reconhecer que agora a Igreja voltou a cumprir e a recomendar obediência aos santos ensinamentos do Divino Mestre, graças a Deus! (30.6.82)

Vale mais quem faz do que quem dá ─ Quem dá alguma coisa a alguém, procurando assim livrar-se da presença “incômoda” do necessitado ( suplicante ou não)faz, em verdade, quase nada, o que, perante os Céus, às vezes, não passa de uma heresia. O certo é fazer alguma coisa em favor de alguém, que sirva de estímulo, de combate ao desânimo, de um novo ponto de partida. Se Luiz Vicente de Souza Queiroz fizesse como a quase totalidade das criaturas e tivesse naturalmente deixado a sua fazenda em Piracicaba, como herança a seus sucessores legais, hoje os piracicabanos certamente não teriam a sua gloriosa ESALQ, como outras cidades maiores, mais ricas ou importantes do Brasil, não tem escolas como a nossa, tanto na história benemérita de sua fundação como pelos extraordinários frutos produzidos, em benefício da agricultura e especialmente do povo brasileiro. Mas Luiz de Queiroz não a deixou simplesmente e sim a doou ao Estado com a condição altruística de nela ser construída uma escola de agronomia, nos moldes das existentes, na ocasião, em países da Europa que havia visitado. Falemos agora igualmente de Alfredo Nobel ( Suécia 21.10.1833 e falecido na Itália em 10.12.1896) que se tivesse dado toda a sua fortuna, ou a deixado aos seus herdeiros, hoje seria mais um entre milhões de homens que fizeram ou inventaram alguma coisa, morreram ricos ou pobres e o povo os esqueceu... Mas, Alfredo Nobel preferiu deixar, por testamento, a maioria de seus bens (adquiridos com os lucros de sua fábrica de dinamite gelatinosa industrial) a favor de uma fundação a ser constituída, com a finalidade precípua de conferir prêmios anuais aos homens e mulheres que se destacassem em

Falando em política (V) ─  O nosso querido Brasil está se transformando como se fosse uma imensa  área de arrendamento, tipo República Soviética, em que os seus proprietários ou governantes submetem a quase totalidade da população e um regime de semi-escravidão. A exceção é feita aos donos de bancos que escorcham a todos que a eles recorrem e não produzem nem um quilo de nada em benefício do povo... e só compram terrenos caros para estacionamento... Em seguida vem as multinacionais, as estatais e um pequeno número de indústrias privilegiadas, como as de óleo de soja, leite em pó, medicamentos, etc. E enquanto isso, os salários dos trabalhadores são achatados porque a indústria em geral , o comércio e a agricultura são cada vez mais sobrecarregados de impostos, taxas e outros gravames. Entretanto às classes dominantes são atribuídas mordomias, sinecuras deixando impunes até os mais deslavados assaltantes do erário público e da bolsa do povo. Para buscar um pouco de consolo só mesmo recordando o que clamava Castro Alves no século passado: “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me Vós, Senhor deus, se é loucura...se é verdade... tanto horror perante os céus? ( 20-9-83)

Colaboração-Protesto enviada ao jornal "O Estado de São Paulo" e publicada na COLUNA DOS LEITORES em 28 de outubro de 1983 ¾ República Soviética do Brasil ¾ Sr. O nosso querido Brasil está se transformando como se fosse uma imensa área de arrendamento ¾ tipo República Soviética ¾ em que os governantes ou proprietário submetem a quase totalidade da população a um regime de semi-escravidão. A grande maioria do povo não possui nada e a classe média está descapitalizando o pouco que possui. À exceção feita aos donos dos bancos ¾ que escorcham a todos que a eles recorrem e com seus lucros não produzem nem um quilo de nada em benefício do povo e só compram terrenos centrais e caros para estacionamento "confortável" aos seus exauridos clientes... Em seguida aos bancos, vem as multinacionais, as estatais e um pequeno número de indústrias privilegiadas, como as de óleo de soja, de leite em pó, de medicamentos, etc. Enquanto isso os salários dos trabalhadores são achatados, ao mesmo tempo em que as indústrias de um modo geral, o comércio e a agricultura são cada vez mais sobrecarregados com impostos, taxas e outros gravames. Mas as classes produtoras e o povão não merecem ser condenados a arcar com os ônus da nossa dívida externa, feita, em sua maior parte pelo próprio governo e suas devastadoras estatais. Com isso são asfixiadas as fontes de produção e geradoras de empregos. Se o governo precisa de dinheiro deve diminuir os seus próprios gastos, com usinas nucleares e procurar, isso sim, recuperar as vultuosas importâncias desviadas nos famigerados escândalos ¾ adubo-papel, mandioca, polonetas, Capemi, Coroa-Brastel e quejandos que permanecem impunes. Para buscar um pouco de consolo só mesmo recordando o que clamava Castro Alves no século passado, em face da escravidão negra que imperava no Brasil: "Senhor Deus dos desgraçados,/ Dizei-me vós, senhor Deus,/ Se é loucura...se é verdade? Tanto horror perante os céus?" L. A. Barrichello, Piracicaba-SP

É tudo uma luta... O escritor luta, luta noite adentro, isolando-se do borburinho mundano e escreve boas coisas... O pintor luta, luta isolando-se em clarabóias, em ateliers, em quartinhos de fundo de quintal e executa lindos quadros... O compositor luta, luta a maioria das vezes em recolhimento, buscando em horas mortas a inspiração e produz inolvidáveis peças musicais... O cientista luta, luta em pesquisas e experiências e conforta-se, ao final, constatando que seus esforços representam avanços para o bem da humanidade... O jornalista luta, luta principalmente quando a cidade começa a repousar para que, no dia seguinte, os leitores sejam informados sobre o que aconteceu nas cercanias e no mundo, sendo denunciados, paralelamente, os enganos, as mentiras, e promovida a defesa do bem, da verdade e da justiça... E assim, em centenas de outras atividades, as criaturas humanas procuram, no seu dia a dia, contribuir para que no grande mundo, homens, mulheres, crianças e idosos possam viver num sempre almejado mundo melhor. Mas, no fim ( todos teremos o nosso último momento na face da terra) se, um a um e todos nos deixarem, além dos generosos frutos  dos seus trabalhos e esforços, algo de bom em benefício também dos que não puderam ler os seus livros, admirar as suas pinturas, ouvir as suas músicas, desfrutar dos benefícios da ciência, ser alcançados pelas campanhas vitoriosas da imprensa, enfim usufruir um pouco das muitas coisas boas feitas, exibidas, promovidas por uma minoria de predestinados que, por suas missões, atribuições e funções se constituem numa espécie de elite da comunidade, então, repetimos, se estes não deixarem realizado algo em favor dos deserdados da sorte, que sempre existirão, pouco ou quase nada valeram os seus lindos trabalhos, os seus esforços, os seus suores, os seus sacrifícios, certo que, ao final, ficou esquecida a principal parte, a parte do amor ao próximo, traduzida na mensagem do Divino Mestre, quando recomendou” “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. E os ricos e os milionários, enfim os afortunados da indústria, do comércio, da agropecuária, do capitalismo, da oligarquia, do oportunismo e centenas de profissões autônomas e liberais que aqui não são mencionadas expressamente, em que ponto poderiam ser convocados a cumprirem seus de solidariedade humana? Mas não apenas com as migalhas que lhes caem de suas fartas mesas a que se refere o Evangelho de Cristo. Sinceramente ninguém sabe até onde, quando, como, quanto essa convocação poderia produzir seus resultados... Entretanto, uma coisa é certa: bastaria que a consciência de cada um, na fase crepuscular de sua vida, fosse tocada por uma voz do alto e sentisse como é importante até para os mais descrentes e ateus dos homens fecharem os olhos, na extrema hora,  sentindo  a convicção de que cumpriram, em vida, com os seus deveres  perante os seus  familiares, igualmente perante os seus amigos e conhecidos, inclusive seus semelhantes , criaturas anônimas, neste grande mundo de Deus. ( 16-1-84)

Poderão, alguns dos que lerem as ponderações contidas nestas quatro pobres cadernetas, afirmar que são idéias inconseqüentes, apenas bem intencionadas... Seja! Mas ainda assim, é preferível a nada pensar, nada dizer, nada fazer. Se é “tempo perdido”, que o seja com propósitos otimistas!... “Desde que o mundo é mundo, existe dor, existe fome, existe guerra, existe o mal”, dirão e “assim será sempre!” Não! Não! Não! Pois se isso fosse verdade, verdade cruel e irremediável, melhor seria então destruir tudo o que foi feito de bom pelo homem, pondo abaixo todas as doutrinas de moral, de virtude, de bondade, de justiça. “Nada de artes, nada de ciência, nada de música, nada de poesia, nada de beleza, nada de ternura com as crianças, nada de respeito com os velhos! Morte para os famintos e infelizes! Rua para os enfermos! Para a infância, o desamparo e para a juventude, a corrupção!” Deus bondoso, perdoai tanta falta de caridade! Não! Mil vezes, não! Benditos os visionários que crêem e  lutam por um mundo melhor. (30-4-85)

A Pátria é o Estado, o Município, a família e o próprio indivíduo. Portanto, a pátria será grande, dentro e fora de suas fronteiras, somente quando todas as criaturas humanas forem atendidas em seus direitos, postos a sua disposição no ambiente doméstico em que vivem, isto é, nos seus municípios, onde a produção nacional é, em verdade, realizada. É preciso acabar, com urgência,  com o erro de subtrair, de desviar recursos das pequenas cidades para aplicá-los, em sua maior parte, nas capitais, nos grandes centros, que assim ficam cada vez mais “enfeitados”, enquanto que as menores, com suas extensas áreas rurais vão sossobrando no desamparo e no desestímulo. O certo seria os grandes centros industriais não esgotassem, eles próprios, todo o seu poderio econômico e deixassem parte para a abertura e conservação de estradas, formação de novas lavouras, incentivos para a pecuária, a favor, principalmente das regiões norte e nordeste deste imenso Brasil. Havendo produção abundante e transporte organizado e seguro, acontecerá o sonhado barateamento do custo de vida nacional, isto é, redução da inflação. ( 12-5-85)

Já escrevi anteriormente que Proudhon muito exagerou quando afirmou: “A propriedade é um roubo”, uma vez que a grande maioria dos homens, principalmente os de bom senso, entende que os bens materiais, frutos do trabalho honesto, de qualquer natureza, ou ainda recebidos por herança, constituem, pelo contrário, direito legítimo de uso e posse, por parte de seus detentores, representando até incentivo para preservá-los e ampliá-los. Roubo seria desviar coisa do verdadeiro dono. Portanto, segundo Proudhon, se o que o proprietário tem foi roubado, entendo que as vítimas do roubo só podem ser os que não trabalharam, não herdaram, faltaram-lhe ou deixaram as oportunidades e, agora, nada possuem... Complicado, não?! Mas, na verdade, roubo é a sonegação, em qualquer parte do mundo, dos impostos devidos e, muito maior ainda, roubo vergonhoso ( criminoso e lamentavelmente no Brasil, e em outras republiquetas, impunes) é o peculato, a corrupção ativa e passiva, o suborno, o desfalque, as negociatas, as sinecuras, as “mordomias” e um sem número de descaminhos de coisas e valores pertencentes à nação, ao povo, não havendo dúvida de que uma centésima parte disso tudo valeria muito, se aplicada, criteriosamente, em socorro da pobreza desvalida. Roubo clamoroso é isso, por falta de consciência, por falta de amor ao próximo, por falta de respeito ao Bom Deus! (15-9-85)

Um dia a tampa vaza e o mau cheiro do conteúdo se propaga para a circunvizinhança. É o mesmo que acontece com o subconsciente e algumas pessoas: a válvula da hipocrisia não resiste à contínua pressão da força da verdade ou do remorso e aquilo que estava oculto não é mais segredo. ( 14-8-88)

“To be or not to be(Shakespeare 1564-1616) ─ O que torna o homem receoso e tímido é o fato de precisar lembrar-se, antes de dizer “verdades” publicamente,  de que seus protestos contra políticos ou homens influentes e poderosos, podem provocar reações incômodas, represálias e até processos judiciais. Não basta saber das falcatruas e abusos praticados, à socapa, por pessoas importantes e ter a seu favor muitas testemunhas ocasionais. O que é necessário mesmo é apresentar, se interpelado, provas concretas e insofismáveis dos fatos denunciados, sob pena de passar de acusador a réu.. Consola apenas, ao pobre homem, lembrar-se que, entrementes, cumprindo seus deveres para com Deus, com a família e a sociedade, estará assegurando para o final de seus dias, um pouco d bem estar espiritual e consciência tranqüila. ( 19-2-89)

As três molas propulsoras da felicidade humana são representadas por estas inegáveis forças: Amor, Saúde, Dinheiro. Essas três forças poderão proporcionar, a felicidade completa. O amor, essencialmente, é o relicário de todas as virtudes. Por isso, em quaisquer circunstâncias, o amor não,poderá deixar de estar presente no coração da criatura humana. O amor sozinho poderá trazer razoável felicidade, sobretudo espiritual. Por isso, o indivíduo, na face da terra, sem amor no coração e sem algum amor de seus semelhantes, esse, em verdade, será um desventurado. ( 23-2-91)

“O mundo só terá conserto quando os bons exemplos partirem de cima e a justiça começar em casa”, como clamam muitos honestos patriotas. Mas, desgraçadamente, o que se observa no Brasil é o inverso: quando mais importante for a posição do político, maior é a corrupção e impunidade em que se envolve, e quanto mais abastado for o industrial, negociante, agropecuarista, especulador, etc. maior é a ganância, salvo raras exceções. Não escapa dessa desastrosa regra, desde os mais altos dignatários da nação até a maioria dos prefeitos e vereadores, sediados nos menos assistidos municípios do país. A descarada “lei de Gerson” ( levar vantagem em tudo, em benefício próprio e de seus apaniguados) não passa hoje de uma cínica verdade. Os que aspiram ver o Brasil assemelhar-se às modernas potencias internacionais, devem orar muito para que o Bom Deus ilumine os nossos políticos a cumprirem com seus deveres pátrios e exigirem, como se fôssemos uma grande família, constituída de pais, filhos e irmãos, em que é primordial que os interesses coletivos e de cada um sejam defendidos acima dos interesses individuais e de grupelhos. Nações, como a Alemanha, Japão e Itália, que sofreram a catástrofe das guerras, hoje fazem parte do rol das grandes potências. Por isso os que clamam hoje não devem desanimar. ( 10-3-91)