COLETÂNEA LITERÁRIA

 

CAPÍTULO 1

 

Abnegação – Alma – Altruísmo – Amigos – Amor – Anedotário – Anonimato – Anchieta –Aparência - Aprender – Aristocracia – Arrependimento – Arrufos – Arte – Árvores - Aspereza – Ateu – Avarento – Avante – Avô

 

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Um homem de valor pensa em si mesmo em último lugar.( Schiller )

 

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Depois de haveres feito bem a um homem, que queres ainda? Não te basta haver praticado uma ação conforme a tua índole!? Queres, além disso, um galardão,como se os olhos tivessem que ser pagos porque enxergam e os pés porque andam?( Marco Aurélio)

 

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Há homens que possuem alma bastante apenas para impedir que se lhes apodreça o corpo. São tais homens que acusam inocentes atirando-lhes a lama das mais abjectas infâmias. ( O. W. Holmes)

 

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Dá-me almas, tira-me o resto. ( Dom Bosco)

 

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Nada faz o homem morrer tão contente quanto recordar-se  que nunca ofendeu a ninguém, mas, antes beneficiou a todos. ( Maquiavel)

 

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Muito mais faz quem pede para dar, do que quem dá daquilo que tem. ( Pe. Antonio Vieira)

 

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O amigo é como o dinheiro: antes de precisarmos dele  já lhe sabemos o valor. ( Sócrates)

 

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Quem encontrou um amigo encontrou um tesouro. ( Salomão)

 

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AMIGOS ( Camilo Castelo Branco)


Amigos, cento e dez ou talvez mais,
Eu já contei: vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.


Amigos, cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.


Um dia adormeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.


O que vamos — diziam — lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver! ...
—Que cento e nove impávidos marotos!

 

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A verdadeira amizade consiste mais em participar das dores daquele que se ama do que partilhar das suas  alegrias. ( Nietzsche)

 

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Os maus só têm cúmplices; os libertinos têm sócios de devassidão; os homens ociosos têm relações; apenas os homens virtuosos  têm amigos. ( Voltaire)

 

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O de que de mais precisamos na vida é de alguém que nos leve a realizar aquilo que podemos fazer. Nisso reside a função de um amigo. ( Emerson)

 

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O infortúnio é benéfico: ele nos faz conhecer nossos amigos. ( Honoré de Balzac)

 

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Vale a pena a gente conservar os velhos amigos, mesmo hoje gostando ou não deles.( Andy Rooney)

 

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A única salvação para o homem é o amor. ( Nelson Rodrigues)

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UMA CANÇÃO DE AMOR ( Friedrich Ruckert)
 
Vais me dizer, querida, se é verdade
Que ontem à noite, cheia de saudade,
A sós contigo, tu disseste assim:
“Como saudoso ele há de estar de mim!”
 
Muito te enganas, meu amor, somente
Se tens saudades de quem anda ausente,
E por força do muito imaginar
Chego a te ver, e chego a te escutar.
 
Tal e qual se estivesses ao meu lado,
Eis porque muito embora apaixonado,
Não tive ontem saudades, companheira:
— Estiveste comigo a noite inteira.

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O verdadeiro amor é luminoso como a aurora e silencioso como um túmulo. ( Victor Hugo)

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O amor é rei dos moços e o tirano dos velhos. ( Machado de Assis)

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O AMOR ( Guerra Junqueira)

O amor é uma escada sublime,
vasta, imensa, luminosa,
que prende o filho do crime
ao doce olhar de Jesus.
É língua de fogo eterno,
que ascende vertiginosa,
dos sorvedouros do inferno
aos sorvedouros de luz.
 
Se o fogo de mil crateras
tombasse sobre o universo,
E mar e homens e feras,
ficasse tudo submerso...
Embora! Passado um dia,
N’algum ângulo de rocha,
onde a urze desabrocha,
o Amor desabrocharia!

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A redução do universo a um único ser, a dilatação de um único ser até Deus, eis o que é o amor.( Victor Hugo)

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O amor é saudação dos anjos aos astros. ( Victor Hugo)

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Oh! O amor! É ser dois e ser um só.Um homem e uma mulher que se fundem num anjo. É o céu. ( Victor Hugo)

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A mulher só ama sinceramente um homem se este tiver condições de protegê-la.  ( Victor Hugo)

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As mães amam muitas vezes, de preferência, o filho que mais as faz sofrer.( Victor Hugo)

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O SEGREDO DA FREIRA ( S. Belem)

Pálida, duma palidez marmórea,
Porém mais bela do que a própria Vênus,
Tinha impressa na face merencórea
A coragem dos mártires serenos.
 
Se seus anos vividos foram plenos
De alegria ou continham negra história,
Ninguém nunca o soubera, nem ao menos
Se do passado seu tinha memória.
 
Mas um dia adoeceu... Viram-na então
Tirar do seio um breve que escondia,
E apertá-lo com força ao coração.

Morreu... Alou-se às regiões astrais...
O breve abriram... dentro dele havia,
Com sangue, escrito um nome, nada mais.

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TEU NOME ( Fagundes Varela)
 
Na tênue casca de verde arbusto
gravei teu nome, depois parti;
foram-se os anos, foram-se os meses,
Foram-se os dias, acho-me aqui.
 
Mas, ai! O arbusto se fez tão alto,
teu nome erguendo, que mais não vi!
E nessas letras que aos céus subiam
meus belos sonhos de amor perdi.

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AMOR ( Luiz de Camões)
 
O amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter, com quem nos mata, lealdade.
 
Mas como causar pode seu favor
Nos mortais corações conformidade
Sendo a si tão contrário o mesmo amor?

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O amor não consiste em conservar os olhos fitos um para o outro, mas em ambos olharem para o futuro, na mesma direção. ( Saint Exupery)

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AMOR ( Manoel Bandeira)

Amor, chama, e, depois, fumaça...
medita no que vais fazer:
o fumo vem, a chama passa...
Gozo cruel, ventura escassa,
dono do meu e do teu ser,
amor, chama, e, depois, fumaça...

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Eternidade ( Shakespeare)

Do mármore não sei, nem de áureos monumentos
Que sobrevivam ao meu canto poderoso;
O tempo mancha a pedra, enquanto em meus acentos
Tu sempre ostentarás um brilho vigoroso.

Quando estátuas a guerra infrene derruir
E as próprias construções das bases arrancar,
Não poderão espada ou fogo destruir
Este arquivo imortal que te há de relembrar.

Indiferente à morte e ao olvido hás de viver,
E encontrará guarida o teu louvor supremo
No olhar das gerações que se hão de suceder.

Até que o mundo atinja o seu momento extremo
Assim até o Juízo em que despertarás
Em meus versos e no olhar dos que amam viverás.

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OUVIR ESTRELAS ( Olavo Bilac)
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que para ouvi-las, muita vez desperto
E abro a janela, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas!

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Encontrei na rua um rapaz paupérrimo que amava: seu chapéu era velho, a casaca muito usada, e levava os cotovelos rotos; a água passava-lhe através dos sapatos e os astros através da alma.( Victor Hugo)

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FRUSTRAÇÃO ( Osmar Barbosa)

Numa ponte de Florença
passa Dante apaixonado
passa Beatriz distraída.

Meu triste coração pensa:
Quantos assim tem passado
na frágil ponte da vida!

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AMAR ( Tobias Barreto)

Amar é fazer um ninho
Que duas almas contém,
Ter medo de estar sozinho
Dizer com lágrimas: vem!
 
Flor querida, noiva, esposa,
Cabemos na mesma lousa!
Julieta eu sou Romeu!
Correr, gritar: aonde vamos?
 
Que luz! Que som! Onde estamos?
E ouvir uma voz: no céu!
Vagar em campos floridos,
Que a terra mesmo não tem;

Chegarmos loucos, perdidos
Onde não chega ninguém...
E, ao pé de correntes calmas 
Que espelham virentes palmas;

Dizer-te: senta-te aqui.
E, além, na margem sombria,
Ver uma corça bravia,
Pasmada, olhando prá ti.

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SONETO ( Camões)

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas, não servia ao pai, servira a ela,
Que só a ela por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dera Lia.
 
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada sua pastora
Como se a não tivera merecida.
 
Começou a servir outros sete anos
Dizendo: Mais servira, se não fôra
Para tão longo amor tão curta a vida.

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À ESPERA ( Batista Cepelos)

Com sua voz, assustadinha e doce,
Doce como um trinar de passarinho,
Ela me disse que esperá-la fosse,
Fosse esperá-la à beira do caminho.

Mas, o tempo de espera prolongou-se,
Prolongou-se demais. E eu tão sozinho!
Passou-se o dia,veio a tarde e trouxe,
Trouxe o arrulhar de amor de ninho em ninho.
 
Desespero. O silêncio me tortura!
Mas, de repente, alvoroçado, escuto
Um farfalhar de folhas na espessura:
 
E ela chega, tão linda! De maneira
Que, só para gozar esse minuto,
Eu a esperaria a vida inteira!

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REVELAÇÃO ( Wenceslau Queiroz)

Nada te disse nem te direi, mas penso
Que meu olhar, quando nos teus olhos pousa,
Te revela, em, segredo, alguma cousa,
Alguma cousa deste amor imenso...

Minha boca, bem vês, qual uma lousa,
É muda, embora, num beijo intenso,
Arda meu coração como um incenso,
Envolto no mistério em que repousa...
 
Que outras proclamem seu amor, em frases
De fogo, alçando a voz enternecida,
Cheias de gestos e expressões falazes!
Eu não. Nada te disse nem te digo,
Mas saibas que este amor é minha vida,
E que, em segredo, morrerá comigo!

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QUERER BEM ( Colombina Martha)
 
Querer bem é guardar dentro d’alma, escondida,
Como num relicário a lembrança de alguém;
É sonhar acordado e ter suspensa a vida
Num olhar, que nem sabe o encanto que ele tem.
 
É aquela crença forte e nunca desmentida,
Naquele que se  espera e que talvez não vem;
É aquela dor atroz e sempre incompreendida
Que a gente vai sofrendo e não conta a ninguém.
 
Querer bem é perdoar o que ninguém perdoa;
Melancolia do céu que dentro d’alma soa,
Evangelho de luz que o coração ensina.

É a vontade de ser feliz, que nos maltrata;
É a esperança que anima, a dúvida que mata;
É a saudade depois quando tudo termina.

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SONETO ( Álvares de Azevedo)

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
 
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
 
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando,
Por ti — Nos sonhos morrerei sorrindo!

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SONETO DA FIDELIDADE ( Vinícius de Morais)

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encanta mais meu pensamento.
 
Quero vivê-lo em cada vã momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derrubar meu pranto
Ao seu pesar, ao seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive,
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu posa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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SUPREMA GLORIA ( Rodrigues de Abreu)

Seja, depois de tanto amor, corrido
Como um pária, às pedradas e às pedradas
Fugindo, deixe, triste essas estradas
Por onde eu for, cheias do meu gemido!
 
E, soluçando, coração ferido
Sangre exposto do público às risadas...
E esquecido de ti, entre as amadas
A maior, vá de todos esquecido...

Embora! Nesta dor a recompensa
Levo de todo o horror desta descida
Do sonho à lama, levo a glória imensa.

Que às outras glórias todas anteponho:
Amei!... E, ao menos, um momento, a vida
Glorifiquei, em cantos, no meu sonho...

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Perguntaram a Diógenes a razão porque certas pessoas davam dinheiro a mendigos, recusando-o aos filósofos:
— “É”, respondeu ele, “porque julgam mais provável que cheguem eles próprios a ser mendigos do que a ser filósofos”.

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Sendo-lhe proporcionado visitar a casa luxuosamente mobiliada de um homem ordinário, pediram-lhe aí que não cuspisse sobre qualquer objeto que poderia assim prejudicar. Diógenes cuspiu para a cara do dono da casa e perguntando-lhe alguém o motivo desse ato, respon deu-lhe: “Eu senti vontade de cuspir e não havia outro lugar mais próprio”.

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Platão definiu o homem como sendo um bípede sem penas. Diógenes arrancou as penas a um frango e levou-o à escola deste dizendo: “Eis aqui um dos homens de Platão”.

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Uma vez foi passear de dia pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa na mão. Tendo-lhe perguntado o motivo, Diógenes respondeu:  “Procuro um homem honesto”.
Noutra ocasião gritou:  “Eh! Homens!” Quando acorreram, desancou-os com uma acha gritando: “Chamei homens, não chamei vermes!”
Dizia Diógenes que a educação servia de bom comportamento aos novos, de conforto aos velhos, de riqueza aos pobres, e de adorno aos ricos.

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Após a batalha de Issus, Dário da Pésia ofereceu a Alexandre Magno as maiores regalias se ele consentisse em afastar-se da Pérsia. Parmêmio, um dos seus generais, disse:  “Fosse eu Alexandre, aceitaria”. Alexandre respondeu:”Também eu se fosse Parmênio”.

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Um dia, achando-se Diógenes sentado ao sol, veio vê-lo Alexandre, o Grande. Colocou-se em frente do filósofo, encobrindo um pouco os raios de sol e perguntou-lhe qual o maior favor que lhe poderia conceder?
— “Não me tires o sol que não me podes dar”, foi a resposta do filósofo.

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Felipe II, pai de Alexandre, foi aconselhado a banir certo cortesão que falava mal dele.
—“É preferível”, respondeu, “que ele fale onde nos conhecem a ambos, a que o faça em sítio onde nem um nem outro é conhecido”... ( Diógenes)

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“O anonimato é o recurso das almas mesquinhas e baixas que pretendem manchar aqueles que tem o valor de lutar frente a frente. ( Victor Hugo)

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PRECE A ANCHIETA ( Guilherme de Almeida)

Santo: ergueste a cruz na selva escura;
Herói: plantaste nossa velha aldeia;
Mestre: ensinaste a doutrina pura;
Poeta: escreveste versos sobre a areia!
 
Golpeia a cruz, a foice inculta e dura;
Invade a vila multidão alheia;
Morre a voz santa entre a distância e a altura;
Apaga o poema a onda espumante e cheia...

Santo, herói, mestre e poeta: Pela glória
que destes a esta terra e a sua História,
Pela dor que sofremos sempre sós;

Pelo bem que quisestes a este povo,.
o novo Cristo deste mundo novo,
Padre José de Anchieta, orai por nós!

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MAL SECRETO ( Raymundo Corrêa)

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma e destrói cada ilusão que nasce;
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse.

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da mascara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
 
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
 
Quanta gente que ri, talvez, existe,
cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

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Vou ficando velho aprendendo coisas novas todos os dias. ( Solon)

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O aprendizado mais necessário é não desaprender o que já aprendemos. ( Aristóteles)

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É melhor aprender coisas inúteis do que não aprender nada.( Sêneca)

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As leis foram feitas em favor dos aristocratas; desde o princípio eles próprios estão acima da lei, sendo esta a razão pela qual tem a lei exclusivamente em suas mãos.( Franz Kafka)

ÚLTIMOS VERSOS ( Bocage)

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu astro vai parar desfeito em vento...
Eu, aos céus ultrajei, ó meu tormento!
Leve me torne, sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura!
 
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria...

Outro Aretino fui... A santidade,
Manchei!...Oh! Se me creste, gente ímpia,
 Rasga meus versos, crê na Eternidade.

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ARREPENDIMENTO ( Bocage)

Meu ser evaporei na lida insana;
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah! Cego, eu cria. Ah! Mísero, eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.
 
De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas, eis sucumbe natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.
 
Prazeres, sócios meus e meus tiranos
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos;

Deus, Oh! Deus... Quando a morte a luz me roube
Ganhe um momento o que perdera anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

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ARRUFOS ( Arthur Azevedo)

Não há no mundo quem amantes visse
Que se quisessem como nos queremos...
Um dia, uma questiúncula tivemos
Por um simples capricho, uma tolice.

“Acabemos com isto”, ela me disse,
E eu respondi-lhe assim: “Pois acabemos!”
E fiz o que se faz em tais extremos:
Tomei do meu chapéu como fanfarrice.
 
E, tendo um gesto de desdém profundo,
Sai cantarolando.. .(Está bem visto
Que a forma, aí contrafazia o fundo).

Escreveu-me... Voltei. Nem Deus, nem Cristo,
Nem minha mãe, volvendo agora ao mundo,
Eram capazes de acabar com isto!

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O ódio ao luxo não seria um ódio inteligente, porque traria consigo a decadência das artes. ( Victor Hugo)

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Já é alguma coisa ser capaz de pintar determinado quadro ou esculpir uma estátua, e assim fabricar objetos belos... Mas, muito mais admirável possuir o dom de modelar e colorir o ambiente em que vivemos e o nosso próprio conceito de vida. Influir sobre a qualidade do dia — essa é a maior das artes.( Henry Thoreau)

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VELHAS ÁRVORES ( Olavo Bilac)

Olha estas velhas árvores — mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas
Tanto mais belas, quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fome e de fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E a alegria das aves tagarelas...

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

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A ÁRVORE ( Ricardo Gonçalves)
 
Ama-a; toda árvore é sagrada,
ama esta esplêndida morada
de abelhas de ouro e aves gentis!
Busca entender tanta poesia;
e faze coro à sinfonia
da natureza que a bendiz!
 
Ama-a na glória matutina,
entre os vapores da neblina,
que toda a envolvem, como véus,
cheia dos prantos da alvorada,
ou melancólica estampada
no ouro e na púrpura dos céus..,

E reza, então: “Benditas sejas,
por tuas frondes benfazejas,
pelos teus cânticos triunfais;
pelas tuas flores e perfumes,
pelos teus pássaros implumes
por tuas sombras maternais!”

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Somos atenciosos para os estranhos e servimos para os nossos hóspedes, mas muitas vezes tratamos com aspereza aqueles que mais amamos. ( O.S. Marden)

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Acho possível que um indivíduo contemplando a terra se torne ateu. Parece-me inconcebível que, esse mesmo indivíduo, ao olhar para o céu possa dizer que não existe um Criador. ( Lincoln)

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Os homens, em sua maioria, são donos da sua riqueza; o avarento é escravo dela. ( Juvenal)

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Os avarentos guardam os seus tesouros, como se fossem realmente seus; mas temem desfrutá-los como se, na realidade, pertencessem a outrem. ( Plutarco)

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Sempre avante! Se Deus tivesse querido que o homem recuasse, ter-lhe-ia posto um olho na parte trazeira da cabeça. Olhemos sempre para lado da aurora, do desabrochar, do nascimento. O que cai encoraja o que sobe. O ranger da árvore velha é um apelo à árvore nova. ( Victor Hugo).

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O AVÔ E O NETO ( Fernando Pessoa)

Ao ver o neto a brincar
Diz, o avô entristecido:
“Ah! quem me dera voltar
A estar assim entretido!

Quem me dera o tempo quando
Castelos assim fazia,
E que os deixava ficando
Às vezes prá o outro dia.

E toda a tristeza minha
Era, ao acordar prá vê-lo,
Ver que a criada já tinha
Arruinado o castelo”.

Mas o neto não o ouve
Porque esta preocupado
Com um engano que houve
No portão para o soldado.

E, enquanto o avô cisma, e triste,
Lembra a infância que lá vai.
Já mais uma casa existe
Ou mais um castelo cai.

E o neto, olhando afinal,
E vendo o avô a chorar,
Diz: “Caiu, mas não faz mal:
Torna-se já a arranjar”.

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