REGISTROS
HISTÓRICOS
NÚMERO 04
DEPOIMENTOS REGISTRADOS
PELOS TIOS OLÍVIO, RUTH E DIRCE
28
de agosto 2002
No período 1886-1900,
segundo Darcy Ribeiro, vieram para o Brasil, mais ou menos, 911.000 italianos.
Em outros períodos, até 1960, mais espaçadamente, vieram outros 708.000,
perfazendo um total de 1.619.000.Acreditamos que nesse primeiro período, vieram
os nossos parentes.
Os primeiros que vieram foram Giovanni
Barrichello e mais seus três irmãos: Guiseppe, Santo e Felício.
Giovanni, o mais velho, teve os filhos: Luis, Eugênio,
Jacob, Laura, Angelina, Santina e José
Luis (seu apelido era Gijo ou Gengibirra) residiu em Rio das
Pedras, teve como filhos: Amélia, casada com Humberto Rosato; Maria, casada com
Eugênio Lúcio Vendramin e Luisinho.
Eugênio teve os filhos Anita, Lúcio e Aparecida das quais a
gente se recorda. Morou tempo em Rio das Pedras e era açougueiro.
Jacob era o terceiro filho, com o apelido de “Cheu”, ou “Pio
Cheu”, que queria dizer “o mais novo”, porque na família Barrichello aqui no
Brasil já havia outro Jacob Barrichello que era mais velho. Para que não
houvesse confusão com o mesmo nome é que ficou apelidado como “Pio Cheu”. Ele
era casado com Maria Marim Fernandes, que era irmã do Paco, outro morador de
Rio das Pedras. Jacob teve os filhos: Alcides, Rubens, Wilson, Leonel e Laura.
Rubens é o avô do Rubinho, corredor. O pai do Rubinho também se chama Rubens.
Portanto, dizemos: Rubão ( avô), Rubens ( pai) e Rubinho ( filho). Cheu morou
em Rio das Pedras durante algum tempo. Ficou viúvo e resolveu ir com os filhos
morar em uma fazenda experimental, Escola Agrícola de Tupi e finalmente com os
filhos maiores resolveu ir morar em São Paulo onde faleceu.
Angelina, casada com Virgílio Guidolim, que foram pais da esposa
do Lino Miori e avós de Oswaldo Miori, etc.
Santina era a filha caçula e foi casada com José Farah e
residiram também em Rio das Pedras por muito tempo.
José também morou em Rio das Pedras e negociava com
miudezas ( vendedor ambulante).
Giuseppe era casado com Ursulina e tiveram os filhos: Giacomo(Jacob),
Girolamo (Jerônimo), Luis, João e Anunciata
Giacomo, o mais velho, foi casado com Cristina Tegom, também
filha de imigrantes. Residiram em Rio das Pedras e tiveram os filhos: Luiza (
apelido Nenê) casada com Maneco Rossa; José ( apelido Bepim) casado com Flora,
era alfaiate e foi trabalhar em São Paulo, onde se casou; Luiz (Luizinho)
casado com Marta Calil, também filha de família riopedrense; Adelina (solteira)
vive até hoje em São Paulo; Mário que faleceu jovem ainda; Maria ( apelido
Quica), casada com Artur, viva ainda e reside em São Paulo; Antonio e Helena,
filha caçula foi casada com Alberto Leisa
Girolamo ( avô, pai e bisavô de todos nós). Jerônimo Ernesto
Barrichello casou-se com Palmyra Catarina Mardegan ( apelido Nina), filha de
Luige e Luigia Mardegan, também imigrantes que se instalaram em Rio das Pedras.
Tiveram 11 filhos: José, Jacintho, Maria, Augusto, Olívio, Inês, Ermelinda,
Euclydes, Ruth, Dirce e Luisinha ( caçula que, em homenagem às avós recebeu o
nome de Luisa Ursulina). José casou-se com Carmela Marino Limongi; Jacintho com
Leonor Mazoni, Maria com Valério Tosello, Augusto com Jamile George, Olívio com
Leonilda Justolim, Ignês com Luiz Kalil, Ermelinda com Atta Calil, Euclydes com
Leonor Charantola, Ruth com Alcindo Cortelazzi, Dirce com Raphael de Souza
Campos e Luizinha com Cosme Antonio S. Rimoli.
A família de
Giuseppe veio para o Brasil logo depois da família do Giovanni. Quando Giuseppe
veio só era permitido trazer filhos maiores e tivessem condições para
trabalhar. Portanto, nessa ocasião, nosso avô só trouxe os dois filhos mais
velhos: Giacomo e Girolamo e ao mais novos ficaram na Itália com a mãe ( vovó
Ursulina). Quando chegaram em São Paulo não havia mais vaga para imigrantes
trabalharem. Daí tiveram que ir para Minas Gerais para trabalharem como
colonos. Foi lá que aprenderam a ler e escrever com seu pai. Trabalhavam em
casa em serviços domésticos, cozinhavam, faziam horta e levavam a refeição para
a roça. Aprenderam tudo com seu pai que lutava para sobreviver longe da esposa.
Passado algum tempo vieram para o estado de São Paulo e ficaram em Rio das
Pedras na Fazenda de Vicente Melchior.
Quando nosso
avô já havia ganho algum dinheiro, recebeu autorização para ir buscar o
restante da família na Itália. Deixou os dois filhos em Rio das Pedras e
embarcou para a Itália. Mas, infelizmente, por uma fatalidade, aconteceu um
acidente. Por necessidade financeira arrumou um serviço no navio durante a
viagem e trabalhava para que sua passagem ficasse mais em conta. No seu
trabalho sofreu um acidente, uma queda cujos ferimentos foram graves causando-lhe
a morte. E foi sepultado nas águas do mar. Após o acontecido, recolheram todos
os seus documentos e reservas monetárias que foram entregues a sua família. Com
isso os demais familiares vieram para o Brasil para se juntarem ao Giacomo e
Girolamo. Portanto nossa avó Ursulina veio com os menores que eram Luis, João e
Anunciata.
O terceiro
filho, Luis, irmão de papai morreu muito jovem, no ano de 1898, e está
sepultado em Rio das Pedras. Consta que numa tarde saiu a cavalo para
encontrar-se com a namorada e não voltou mais para casa. Depois foi confirmado
que durante a caminhada caiu com o cavalo em uma lagoa da Fazenda do Vicente e
morreu afogado. Após baixarem o nível da água, seu corpo foi encontrado preso
em uma cerca.
O quarto
filho, João, residia também em Rio das Pedras e era casado com Amabile
Penati e teve os filhos: Maria, casada com José Gomes, Idinha, casada com
Marcelo Galante ( única viva dessa família), Emílio que foi casado com Maria
Brandó e teve a filha Cidinha e ficando viúvo casou em segundas núpcias com
Olga Charatola. Seguindo, Romualdo (Zico) que casou-se com Antonia Bordi,
Iracema (Nina) que foi casada com Vildes Barnabé.
A quinta
filha, Anunciata, casou-se com Aureliano Antonelli. Como tinha uma
oficina, onde fabricava cadeiras, seu apelido era “Caregueta”, que em italiano
que dizer: “fabricante de cadeiras”. Tiveram os filhos Luis ( Gijo) casado com
Aurora Rosato, Hermínio casado com Maria Sferra, Maria, casada com Romualdo
Perrone e Palmira.
Família
de Santo Barrichello – instaram-se em Piracicaba e são seus
descendentes ao Pedro e Laura
Família
de Felício Barrichello – instalaram-se em Saltinho onde estão até hoje.
São seus descentes Benjamin ( Bele) e João
Agora
um acontecimento interessante que papai nos contava: como ele já sabia ler e
escrever regularmente, dava aulas na Fazenda do Vicente para algumas crianças.
Naquela época era muito difícil freqüentar a escola, porque havia poucas nas
cidades. Tinha diversos alunos e entre eles uma menina muito bonita de 9 anos,
muito esperta e de olhos azuis. Imaginem que, ele apesar de ser 10 anos mais
velho, apaixonou-se por ela e com o passar do tempo tornou-se sua esposa. Essa
aluna era Nina, nossa querida mãe, avó e bisavó. Casaram-se e continuaram
morando na Fazenda do Vicente, pois os pais de nossa mãe também eram colonos de
Vicente Merchor. Essa fazenda era conhecida como Fazenda de Vicente Amaral
Mello. Papai contava que ele e o Tio Jacob eram os professores, davam aula em
qualquer cômodo da casa, pois iam aprendendo entre si, e todos os alunos
demonstravam grande interesse.
Outro fato interessante mamãe nos contava
que, logo que casou-se, ela e o papai continuaram morando na Fazenda do
Vicente. O papai trabalhava na roça e a mamãe fazia o serviço da casa dos
patrões como doméstica. Quando ficou grávida do José, nosso irmão, continuou
trabalhando e ele nasceu prematuro, tão pequeno que cabia numa caixa de sapatos
revestida de algodão para que ficasse aquecido e sobrevivesse. Foi criado com
carinho e amor vivendo conosco até mais de 80 anos. Com o passar dos tempos,
papai e mamãe começaram a comercializar por conta própria, diziam eles,
vendendo bananas. Foram vitoriosos criando e encaminhando 11 filhos.
Como existe, principalmente
entre os mais novos da família, a curiosidade sobre o parentesco com o Rubinho
Barrichello, pelo exposto, podemos concluir que seu bisavô, Cheu Barrichello
era primo-irmão nosso pai, avô de nossos filhos, bisavô de nossos netos e
triavô dos bisnetos. Como vemos, faz parte da mesma árvore genealógica de
nossos pais vindos da Itália.