"Uma boa ação"
No apartamento
modesto o casal terminou de jantar e, justamente após a sobremesa,
ao servir o licor nos cálices de cristal barato, a esposa Lucila
virou-se para o marido e disse: "Já faz algum tempo que não
saímos para um passeio, penso que nós dois já estamos
achando falta disso. Depois que vierem os filhos tudo será nais
difícil".
Vamos até
a praça, tomamos um sorvete e, de lá damos um pulo até
a casa de nossos amigos Saulo e Elvira. Apronte-se, que eu já estou
com a melhor roupa que posso ter, disse o marido.
A praça era
bem perto dali e a casa dos amigos logo mais adiante. Chegaram, cumprimentaram
Elvira e foram até a sala para um bate-papo que Lucila e seu marido
Carlos gostavam.
Cadê o Saulo?
Quero fazer umas piadinhas com o time dele, falou Carlos esfregando as
mãos com vigor, pois estava alegre com a vitória de seu time
no dia anterior.
Elvira ficou triste
e disse que Saulo estava tomando um banho frio e que logo após tomaria
um café bem forte. Com sinais deu a entender às visitas que
seu marido havia tomado "algumas" a mais e estava suavemente alterado.
Conversaram longamente,
relembraram fatos alegres, tomaram um gostoso cafezinho até que
resolveram se despedir, pois todos trabalhavam cedo para enfrentar o batente
no dia seguinte. n
Nas despedidas Elvira combinou que telefonaria
à amiga para uma conversa mais íntima, ou feminina, como
ela mesma declarou.
No telefone a coversa
foimuito mais do que íntima, foi preocupante e sofrida, ficando
claro para todos que Saulo cada dia mais abusava da bebida, chegava sempre
tarde em casa, tinha companhias indesejáveis e, o pior, em casa
dava continuidade aos drinques, reclamava de tudo,
caía pelos cantos e nem se barbeava.
Mais alguns meses
e o seu comportamento piourou: caía pelas ruas, dormia horas nas
calçadas e servia de chacota dos amigos e dos vizinhos. Já
havia recebido advertências por ineficiência no trabalho. Sua
vida apresentava quadros tristes e desanimadores.
Elvira, Carlos e
Lucila tomaram uma atitude e partiram para a ação,
tenetando tirar Saulo daquela situação a qualquer custo.
Não medindo sacrifícios Carlos passou a esperar Saulo na
saída do trabalho e, muitas vezes, também ia aos bares onde
tomavam um a peritivo. Depois o levava para casa para longas conversas.
Chegou a fotografá-lo no estado de embriagues para que o mesmo se
visse na situação que ficava. Isso tudo parece que pouco
adiantava.
Carlos tomou uma
decisão, sempre o amigo estivesse sóbrio, ele tomaria pileques
gigantescos para servir de exemplo, a fim de que Saulo sentisse todo o
drama e todo o espetáculo que um bêbado pode apresenar. Muitas
e muitas vezes essa cena foi repetida, cada vez mais forte.
Saulo "acordou" e
viu que seu estado de embriagues era degradante para ele, para a família
e para os amigos. Que iriam dizer seus filhos quando viessem a saber que
o pai era um alcólatra? Nessa época sua esposa já
estava grávida de seu primeiro filho.
Resolveu dali em
diante que nãobeberia mais e assim foi feito. A alegria tomo conta
do casal, tudo voltou ao normal, as situações vexatórias
sumiram e, finalmente, a felecidade retornava àquele lar.
Após alguns
meses de muita paz e alegria Saulo voltou-se para sua esposa e falou: "Devemos
praticar uma boa ação e fazer de tudo para que o Carlos deixe
de beber".
Natal: a nossa "rainha do lar" recuperou a
saúde.
Rio das Pedras
Agosto de 2017
Nota do Autor: Conto de pura ficção.
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