Arnaldo, filho de família muito pobre, quase sem recursos,  era um  indivíduo  de muito  caráter e um  grande  lutador. Nada o demovia de sua conduta exemplar. Sua falta de sorte era muito grande, tanto no trabalho como nos    "empreendimentos", e até nas amizades. 
     Era trabalhador devotado e muito  invejado pelos colegas  de profissão. Por isso mesmo, várias vezes,  viu-se desempregado por culpa dos “companheiros”.
     Tentou montar um barzinho, e na primeira semana de funcionamento foi roubado. Nada restou no pequeno espaço que era seu bar.
     Sua única e maior sorte foi conhecer e se casar com Creusa. Jovem também pobre mas lutadora, honesta e decidida.
     Moravam numa edícula de dois cômodos, nos fundos da casa da patroa de Creusa. Limpa e decorada com uma simplicidade sem tamanho, parecia a antecâmara do Paraíso. Foi aí que nasceu o primeiro e único filho do casal, um menino chamado Pedro.
     Por uns dez anos tudo correu ao sabor das ordens divinas; muita dificuldade e muita luta, derrotando-se às duras penas os obstáculos.
     Pretendendo, pela primeira vez, dar um presente de Natal ao filho, Arnaldo  guardava desde o começo do ano um pequeno valor todos os meses. Uma bicicleta era o seu objetivo.
     Tudo era feito apenas com o conhecimento de Creusa; Pedro não sabia de nada. Seria uma surpresa, uma grande surpresa.
     Mas, sempre destacando-se o azar de Arnaldo, Creusa caiu doente. Todo o dinheiro da bicicleta foi usado com remédios, taxis, etc.
     Depois de uma luta muito grande , ajudados pela patroa de Creusa, esta, já no fim do ano, beirando o Natal, recuperou-se e passou a fazer, aos poucos e devagar, todo o trabalho que desempenhava antes da doença.
     Sem  falar  sobre  o  projeto  da  bicicleta,  Arnaldo  explicou  ao filho  que este  era  mais  um Natal  sem  presente.  Ao abraçar o filho,  ouviu, emocionado até as lágrimas:
     - Eu sabia das economias para comprar a bicicleta, mamãe já me havia falado sobre isso. Deixa  tudo  isso  pra lá,  há muita felicidade no ar. Nós dois recebemos um grande presente de Natal: a nossa "rainha do lar" recuperou a saúde.

Nota do Autor: Conto de pura ficção.