Rua Rangel Torta de Baixo Pestana 117° Aniversário de emancipação
Essa rua começa junto ao antigo armazém da E.F.S. , hoje sede da Guarda Municipal, e vai até o moinho de Egídio Justolim, este de há muito desativado. Historicamente, Rua de Baixo, porque realmente ficava na parte mais baixa da cidade, logo após a Estação da E.F.S. e, para se diferenciar de outra rua também importante da cidade, a Rua Prudente de Morais, conhecida por Rua de Cima. Fisicamente, Rua Torta, porque como o próprio nome indica, é realmente “torta” e, para destacá-la mais ainda, é a única rua da cidade que não segue os padrões normais de alinhamento, O seu desalinho todo se deve, provavelmente, a um leito carroçável nada reto, que lhe valeu o nome de Torta. A sua vizinhança próxima demais aos trilhos da E.F.S. e ao Rio Tijuco Preto, talvez não tenha permitido alterações em seu traçado; espremida entre a E.F.S. e o Rio Tijuco Preto seguiu, na época, o melhor traçado que se poderia desejar. Além do traçado sinuoso a Rua Rangel Pestana apresenta um espaçamento pequeno entre as duas calçadas, sendo seu leito carroçável muito estreito, dificultando o trânsito de veículos. Duas medidas importantes foram tomadas para diminuir estas dificuldades: rua de mão única e estreitamento em alguns pontos das calçadas, criando bolsões em favor do alargamento da rua propriamente dita, facilitando possíveis estacionamentos (1956/57 — na gestão do Prefeito Gramani). É uma rua que não possui quarteirões e a única travessa existente, Travessa Paschoal Limongi, atende apenas a um dos lados da rua, podendo ser considerada como “meia travessa”. As construções não respeitam nenhum afastamento ou recuo, possuindo até hoje o aspecto das ruas mais antigas do início do século passado. Outra característica dessa rua é a falta de entradas para automóveis; alguns portões que aí encontramos serviam de entrada às antigas carroças, troles, charretes ou animais. No aspecto social pode-se dizer que até o início da segunda metade do século passado (1960 mais ou menos), a Rua Torta ainda apresentava condições favoráveis para o desenvolvimento de um contato bem próximo e familiar pois a maioria dos residentes era de proprietários que ali habitavam há um tempo razoável. Eram amigos, parentes, velhos conhecidos e a proximidade era a tônica. Pelas mudanças de muitas famílias para outras ruas ou cidades, pela chegada de famílias novas vindas de distantes e diferentes lugares, naturalmente esse aspecto mudou um pouco. A rotatividade de seus moradores também contribuiu para essas mudanças. No aspecto comercial, antes da mudança social, essa rua possuía vida própria atraindo compradores e fregueses que movimentavam seus armazéns, padarias, fábricas de macarrão e bebidas, açougue, barbearias, lojas, etc. As Coletorias Estadual e Federal, numa mesma época, fizeram parte do conjunto fisico-financeiro-comercial da Rua de Baixo, acompanhadas da Caixa Econômica Estadual e da Agência do Correio. Várias curiosidades dão maior destaque a essa via pública e, entre elas, a biquinha que além de fornecer água para o uso pessoal servia também às pessoas que vinham da zona rural aí lavarem os pés para depois calçarem os sapatos. Hoje essa biquinha somente existe nas reminiscências da cidade. O muro que separa os quintais do terreno pertencente à ferrovia, foi construído na década de 40 (1943/44 mais ou menos) com um alicerce de pedra com mais de um metro de altura, vindo a seguir a construção de tijolos numa altura normal. Esse muro ainda pode ser observado nos dias de hoje. Outra característica marcante é que muitas casas do lado par tinham nascentes de água e quase sua totalidade possuía porões. Nada disso acontecia no lado ímpar. Uma curiosidade única na nossa cidade e que faz parte dessa rua é que a antiga Fábrica de Bebidas Limongi, em toda a sua extensão, tem o Rio Tijuco Preto como companheiro bem próximo, no seu subsolo. Outra situação interessante e única da Rua Torta é que ela somente se encontra com outras ruas nas suas extremidades: Avenida José Augusto da Fonseca e Rua Horácio Limongi no final, Ladeira José Leite Negreiros no início. Foi ainda nessa rua que aconteceu um assassinato que se tornou famoso na cidade por várias décadas: o Aiça atirou no Mansur, provavelmente em 1937, devido a rivalidades comerciais. Encerrando, alguns moradores e estabelecimentos
antigos e tradicionais da Rua Rangel Pestana, Rua Torta ou Rua de Baixo,
de conformidade com minha frágil memória. A partir de seu
final: oficina de Guilherme Perozza; moinho de Egídio Justolim;
fábricas de bebidas e macarrão de Horácio Limongi;
fábrica de bebidas Marino; Antônio Rovina, cesteiro; armazém
da família Justolim; Antônio Andrade (Tói), famoso
juiz de futebol; Luizinho Vallerini, barbearia, permanente e tingimento
de cabelos; Nicolau Marino, armazém (em depósito de sua propriedade
realizavam-se grandiosas festas juninas com fogueiras e quadrilhas); Mário
Cavicchiolli, músico; Horácio Limongi, padaria; Silvio Froner,
alfaiate; Paschoal Limongi, fazendeiro; família Franceschini, cestinhas
de guloseimas nas épocas de crisma, além da confecção
de coroas de flores na época de finados; Palma, tintureiro; família
Cibim; Antônio Vasques, verduras sem agrotóxicos e loja; Aquilino
Galante, loja; Luiz Cruzato, funcionário da E. F. S.; família
Rosamiglia, fabricantes de móveis; dona Maria Franco, funcionária
do Grupo Escolar “Barão de Serra Negra”; Manoel Domingos Rossa,
comerciante; Vitório Begiato, alfaiate; Mansur, loja de armarinhos;
Paschoal Consolmagno, loja de artigos em geral e selaria; Guilherme Perozza,
ferramenteiro e marceneiro; Pedro Piacentini, cesteiro; Antônio Schiavon,
pedreiro; Manoel Maria de Andrade, comerciante; Idalina de Andrade Leone,
professora; Ferrucio Galante, comerciante; Nagib Chamma, comerciante; Evaristo
Franceschini, agente do Correio e grande ator humorista; Anísio
Floriano, funcionário da E.F.S.; Fábio Louzada, diretor do
Grupo Escolar “Barão de Serra Negra”; Etore Tegon, açougue;
Orlando Rubinato, comerciante; Zico Pompeu, seleiro e maestro da Banda;
Rubens de Abreu, coletor federal; Urbano de Oliveira, famacêutico;
família Lucchi; Antônio Laino, ferroviário e família
Pôncio, comerciante.
N.A. : Francisco Rangel Pestana, jornalista
e político:
|