“Bis”
Moravam no
mesmo bairro, iam à mesma escola, frequentavam as mesmas festinhas
de aniversário, enfim, estavam sempre juntos. Nasceu entre
eles uma relação afetiva muito grande. No ginásio
já andavam de mãos dadas, trocavam os primeiros beijos e
davam motivos reais para que recebessem a admiração e os
elogios de todos : os dois eram bonitos e formavam um par muito gracioso.
Terminaram o ginásio,
o colegial e a faculdade sempre juntos. Ele se empregou bem e começou
a juntar algum dinheiro para o casamento. Ela dizia que não havia
tanta pressa.
Era um namoro de
mais de dez anos. Na cidade onde moravam não pairavam dúvidas:
aquele casamento só precisava de uma data.
Na véspera
de Carnaval, fantasias do bloco já prontas, ele quebrou o pé,
ficando impossibilitado de participar. Ela, com a compreensão total
do namorado, dançou e brincou todas as noites, tendo como par um
amigo da família que vinha à cidade nessas ocasiões.
Conversaram bastante, o riso era fácil, parecia que se conheciam
há muito tempo. Trocaram endereços, deram significativos
apertos de mão e, na Sexta-feira Santa já andavam de mãos
dadas, abraçados, enamorados.
O já antigo
namorado sofreu com a separação por vários meses,
quase um ano. Não frequentava bailes, festas, reuniões. Somente
trabalhava e permanecia em casa.
Sua revolta e seu
desespero aumentaram quando os convites de casamento da ex-namorada foram
distribuídos a amigos e parentes. Por algum tempo descuidou-se da
aparência, barba sempre por fazer, nó da gravata afrouxado
e assim por diante.
Ninguém conseguia
trazer de volta aquele moço alegre e bonito, participante e decidido
que todos conheciam e admiravam.
Mudou-se para outra
cidade, trocou de emprego, fez novas amizades, enfim, aprumou-se novamente.
Não foi difícil encontrar um novo amor na própria
firma onde trabalhava. Ela era separada do marido com quem vivera por oito
anos, sem filhos, ainda jovem e muito bonita.
Aquele novo contato
fez renascer o moço de antigamente que sabia amar, divertir-se,
que era alegre, bonito e jovial.
Já se passavam
dois anos daquele novo relacionamento, vários carnavais já
pertenciam ao passado, a primeira namorada já havia caído
do pedestal e dado lugar à nova inquilina.
Muitos planos já
estavam no papel e outros já postos em prática. Seriam comprados
um imóvel e móveis. Não haveria casamento, viveriam
juntos tendo apenas o amor como “documento” legal daquela união.
Corria o mês
de junho, época de bailes, festas, quadrilhas e ele, sentado, tomando
um aperitivo no bar do clube à espera da companheira, despreocupado
e observando os enfeites do salão, quando...
... um casal entra correndo e
eufórico pelo clube adentro : o marido de sua atual namorada e ela
declaram em alto e bom som que ambos estavam se juntando novamente e partindo
para uma nova lua de mel.
N. do A. : conto de pura ficção.
15 de Outubro de 2010 - Dia
do Professor
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