Um gol de saudades

I
Dentro de um retângulo verde
A magia primeira de uma bola de couro.
Um grupo de atletas respeitáveis
Escreveu com classe uma época de ouro.

II
Amor às cores da camisa,
Camisa tricolor de uma cidade.
Nas tardes de sol de domingo, sem brisa,
Alegrava senhoras, senhores e toda a mocidade.

III
Podia perder ou empatar,
Mas havia luta, até inglória.
Mesmo na derrota, nada a empanar
O esforço e o desejo de vitória.

IV
Natim, Sinhá e Zé Marino.
Defesa de classe, de ferro, madura.
Último reduto, jogo duro mas fino.
Leal, firme, decidida e segura.

V
Ruggia, Áureo e Pitta,
Linha média, meio de campo de categoria.
Luta, suor, apoio e fibra.
Defendia e atacava. Ave maria !

VI
Armindo, Orlando e Luizinho Paris,
Miolo de ataque arrematador.
Milton Preto e Vadão,
Pontas de um time avassalador.

VII
Zizi, Núncio, Furlan, Luiz Calil,
Renato, Álvaro, Paulo e Joãozinho.
Ernesto, Loli, Zé do Joca, Isaías,
Dito Boi, Tufi e Eduardinho.

VIII
Futebol claro, clássico, emotivo.
Pela vitória, luta insana.
Os adversários conheciam e temiam
Um rei, o Cacique da Ituana.

IX
Meio século, o tempo voou.
As cortinas do palco verde se cerraram.
Ficaram raras lembranças, quase nada.
Muitos se foram, poucos ficaram.

X
A . A . Riopedrense de sempre, de todos.
Do azul, do branco e do vermelho ao vento.
Hoje hibernando, quieta, calma,
Mas de um passado rico e glorioso, cem por cento.

Notas do autor : 

1) Aos 4 de abril de 1954, há exatamente 50 anos, a  A . A . Riopedrense  derrotou o  São Martinho F. C. de Tatuí, na  cidade de Capivari, por 2 X 0 (gols de Zé do Joca e Orlando), sagrando-se Campeã do Setor 9 do Campeonato Amador do Estado de São Paulo. Dos 11 atletas que jogaram naquela tarde, Natim, Luizinho Paris e Zé do Joca moram em Rio das Pedras. Zé Marino, Ruggia e Áureo têm residência em Piracicaba. A Orlando, Sinhá, Pitta, Armindo e Vadão, as nossas lembranças e saudosos cumprimentos.

2) Era Diretor Técnico na época o saudoso e ferrenho riopedrense sr. Nilo Cortellazzi, a quem a equipe toda abraça e agradece, com orgulho e saudade.

3) Foi relacionado, ao lado da equipe dos anos 50, um atleta dos anos 20/30, lembrado até hoje com muito carinho, merecidamente reconhecido como verdadeiro craque. Ele comemoraria, neste ano de 2004, seu centenário de nascimento (*). Pelo seu espírito superior, sua bondade, lealdade e simplicidade, a cidade de Rio das Pedras se curva respeitosamente e o cumprimenta de coração aberto. Parabéns Dito Boi. 

(*) Vide crônica de Toninho Martins, “Beque de Espera”, publicada em 13 de fevereiro de 2004  pelo “A  Tribuna”.

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