Jardim de Cima

 I
Um quarteirão, uma praça, um jardim,
Um coreto, água e as patas. Ah...as patas!
Árvores imensas, sombras fartas, um paraíso.
Pareciamais o quintal da igreja.

 II 
Os moços fazial o movimento dos ponteiros do relógio,
As moças, lindas, faceiras, contrariavam os ditos ponteiros.
Casais passeavam no círculo interno.
Bancos de madeira, antigos, todos na cor verde.

III
Quantos olhares se cruzaram por ali.
Juras de amor às centenas, risos verdadeiros.
Inícios de amores que logo se findaram.
Casos de amores onde muitos se casaram.

IV
Recanto de vida, de pensamentos, de esperança.
Andava-se se medir distância, nada de canseira.
Vários pares de olhos ligeiros, castanhos, verdes, matreiros.
Difícil escolha, deseja-se um sem querer perder os demais.

V
Parte integrante da vida dos jovens, moças e rapazes.
Nada de namoro, apenas olhares que riam.
Cada volta eram vários baques no coração.
Desejo ardente de que a volta fosse rápida.

   VI
"Hoje ela está de branco". Era a noiva sonhada.
"Aquela de verde". Mais sonhos e ilusões.
Cinturas finas, pernas torneadas, cabelos lindos.
Imaginação, cálculos, tudo era místério, amor.

    VII
Era o centro social e romântico da cidade.
Ali marcavam-se os encontros, decidiam-se amores,
Nasciam ciúmes, davam-se as mãos, diziam-se sim ou não.
Jardins mais de amores do que flores.

VIII
O tempo  reformistas, veio a devastação.
Fil de romances, de olhares, de piscadelas.
Não há mais coreto e nem patas, só desamor.
Traçado esquisito, sem chances para o romantismo.

   IX
Hoje o jardim de cima está todo mudado.
Amor, romance, olhares, matéria escassa.
Homenageia riopedrense da gema, tradicional
Décio Orestes Limongi é o novo nome da praça.

    X
A praça perdeu seu misterioso charme.
Ela só enfeita, não convive, está sem vida.
Eu sou feliz, todos da minha época também,
Conhecemos a verdadeira praça, o Jardim de Cima.


10 de julho de 2013
119º aniversário da emancipação 
política de Rio das Pedras

Voltar