“Natual” (*)
I
Presentes presentes,
Mesa cheia, cabeça vazia.
Amor distante,
Natal virou mania.
II
Mania de grandeza,
Idéia de disputa.
Chora o fraco,
Só ri quem não luta.
III
Felicidade esquisita,
A prazo, à vista, à prestação.
Ilusão frágil, comercial e momentânea,
Oca como toda decepção.
IV
Comércio puro e rápido;
Só lucro, olho no ativo.
Crianças, jovens e adultos,
Massificação sem lenitivo.
V
Tudo colorido e musicado,
Loas a quem deveria ser o primeiro.
Bobagem, tudo impossível
Porque trocou-se Deus pelo dinheiro.
VI
As trocas são frias,
A meia-noite parece distante.
Presente barato não se valoriza.
O Rei, só, não é o bastante.
VII
Alguns anos sem Natal,
E toda a humanidade “dança”.
Tudo irá melhorar, clarear, haverá
luz.
Quando o Aniversariante for a esperança.