Prefeito Gramani  ( * )

     Paulista de Dourados, o oitavo de onze irmãos, chegou a Rio das Pedras nos idos de 1948 com a família toda, tendo como sustento aquilo que a Farmácia Santo Antônio poderia lhe oferecer. Seus filhos eram ainda crianças e ele era o único canal que provia a todos. Além da farmácia possuía um furgãozinho ano 1934, Renault, verde, utilizado para a venda de envelopes contendo pó para refrescos. Os filhos, todos, foram alunos do Grupo Escolar “Barão de Serra Negra”. 
     Dono de um bom humor espontâneo e inteligente, rapidamente se fez e conseguiu amigos. Era prático e decidido, só morar em Rio das Pedras e trabalhar como farmacêutico era muito pouco. Seu espírito empreendedor exigia mais, muito mais. 
     Esclarecido, culto e religioso, através de um trabalho persistente, leonino, dia a dia, tijolo a tijolo, conseguiu construir o prédio principal de nosso hospital e a Vila Vicentina. Esta, há bem poucos anos atrás, ele conseguiu reformar integralmente, apesar da idade que já começava a pesar. 
     O amor que aprendeu a sentir pela nossa cidade foi a mola propulsora que o lançou na política, candidatando-se a prefeito. Foi derrotado. Não se abalou, até festejou a vitória do oponente.
     Partiu para a eleição seguinte e, com um trabalho de formiguinha, foi amealhando as condições que o levaram à vitória: o farmacêutico, o construtor do hospital e da Vila Vicentina, era agora também o  prefeito.
     Passou a pertencer  à “turma do contra” que, além desse tratamento, era conhecida também como “caiçara”. As pequenas coisas não o importunavam. Seu temperamento progressista formava uma couraça que não permitia chegar até seus pensamentos e idéias qualquer coisa que tentasse demovê-lo do caminho do progresso e do desenvolvimento.
     Apesar de toda dificuldade e da luta política contrária o novo prefeito conseguiu colocar Rio das Pedras de “roupa nova”: todo o encanamento da rede de água foi trocado, implantou-se a rede de esgoto, nossas ruas receberam calçamento, além de que as calçadas passaram a enfeitar a cidade, todas com o mesmo desenho formado por pedras portuguesas.
     Uma nova represa foi construída em terras da Fazenda Viegas, cuja água era e é bombeada para o filtro: mais água e, agora, tratada.
     Muitos dirão: “a cidade era muito menor, tudo era mais fácil”.  Na verdade tudo era muito mais difícil e, com ele, a cidade cresceu.
     Homem honesto, conseguiu a estima e o reconhecimento de antigos adversários políticos. Hoje, quando visita nossa cidade, é cumprimentado por todos, e os mais velhos falam para os mais novos: “aquele é o Gramani”. Com isso, e somente com isso, também explicam o que é um estadista.
     Noventa anos de trabalho humanitário, pensando mais no semelhante do que em si mesmo. Uma vida realmente exemplar e que merece ser aplaudida.
     Eu, que não sou riopedrense nato, mas de coração, apenas o abraço, o cumprimento e lhe agradeço por ter sua amizade. Já Deus, alegre, feliz e de braços abertos, com toda certeza o abençoa.

( * ) NA: Caetano Oscar Waldemar Gramani, filho de  Caetano Gramani e de Madalena Gramani, nasceu a 6 de julho de 1913 em Dourados, SP.  Cursou o primário na cidade de Glicério, SP, e o ginásio e o colégio na cidade de São Paulo, Capital. Formou-se farmacêutico pela Escola de farmácia “Dr. Prudente de Morais” em Piracicaba. Casou-se com Ana Negri Gramani em 31 de dezembro de 1935 na cidade de Piracicaba. Chegou a Rio das Pedras em 1948. Governou Rio das Pedras de 1956 a 1959
 

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