A rainha das Artes Abril de 2014
Certo fim de tarde, o sol nos últimos estertores do dia, céu prateado, dourado, núvens maravilhosas, paisagem divina e encantadora. Obra arquitetada e construída por Deus. Alguns milênios já ficaram para trás e o Criador ainda achava que aquilo tudo estava incompleto. Num instante de um dos seus dias de maior inspiração Deus apontou para o alto, dedo em riste e, com movimentos ágeis, inteligentes e sendíveis, traçou nas lousas celestiais sinais originais, únicos, carregados dos mais agradáveis sons. Eram sinais gráficos e também sonoros. E a partir daí Ele passou a colocar no planeta Terra, com muito cuidado e carinho, seres dotados da capacidade de ver e ouvir aqueles sinais. Os primeiros que aqui chegaram com a propriedade de entender os sinais, verdadeiros hierógrifos, resolveram, para se entenderem, nominá-los: claves, notas dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, colcheia, semicolcheia, pautas, etc. Daí os homens começaram a juntar os sons daqueles sinais. Para isso criaram "objetos" de sopro, corda e percussão. Os homens que entendiam os sinais dos céus concluíram rapidamente que esses "objetos", trombones, clarinetas, bombardinos, violinos, pianos, violões, pistões, baterias, pratos, arpas, etc., se reunidos, poderiam produzir um som especial, harmônico, cadenciado e melodioso. Surgiu então a rainha das artes: a música. A música invadiu o Universo, fazendo morada cativa na Terra. Em Rio das Pedras ela também fez parada e se fixou. Zico Pompeu e todos os músicos da antiga banda tivedram chance de ler os sinais sonoros e juntar todos eles na Corporação Santa Cecília. Essa banda tocava nos coretos dos jardins, com a criançada correndo e dançando aos seus redores, nos eventos cívicos no salão da Sociedade Cultural Riopedrense, antiga Sociedade Pátria e Lavoro e, também fechando as procissões, de uniforme branco, toda espartana, eclética, magnífica. O tempo passou e levou consigo constumes, leis, regras, pessoas, ideias, faqtos e atos mas, como surpresa agradável, deixou esparramados pelos céus aqueles sinais divinos, dando chance a que novos riopedrenses se interessassem por eles e funadssem um real conservatório musical: a Banda Antenor Cortellazzi. Não existem mais os coretos, os eventos cívicos não são mais comemorados no salão da Sociedade Cultural Riopedrense. Muita coisa mudou, sumiu, se transformou, mas a rainha das artes, de forma definitiva, habita de corpo e alma nossa cidade. Hoje a cidade toda se transformou num coreto imenso, "vendo" e ouvindo os sinais sonoros além da melodia viva passando sensibilidade e emoção, através da caminhada de dezenas de jovens músicos comandados por lúcido, enérgico e capaz artista: Maestro Denizar. N.A. : O conto é de ficção mas os personagens são reais. Não foram citados os nomes de músicos riopedrenses para evitar que algum fosse esquecido. |