Reboco, História
e Arte
I
Mãos calosas de pedreiros sábios,
Tijolos frios de um barro santo.
Trabalho pesado, difícil e artístico.
Arte, força e labor, receita para o
encanto.
II
Com o reboco bem batido e pesado
Constrói-se, modela-se, chega-se à
vitória
Lerdamente, aos passos, tudo contado,
Chega-se a fazer época, nasce a história.
III
Ele chega a ser o cartão de visita
De uma cidade que já foi assombrosa.
Mudanças gerais sem nenhuma grita.
A queda do reboco a torna menos famosa.
IV
O reboco velho, centenário, vai ao
chão,
Mexe com o morador antigo e leal.
Todas as razões ficam sem razão.
Somente fica a lembrança do que era
real.
V
Enfeite de uma praça rica,
De um coreto que já morreu.
Moldura de uma época cristalina,
De uma cidade no apogeu.
VI
Rio das Pedras ficou mais órfã
historicamente,
Riopedrenses lamentam e choram.
Nada a fazer, nada sinceramente.
Algumas idéias novas chegam e chocam.
VII
Resta a lembrança de tudo que inexiste.
Fica a história falada, história
lapidada.
Tudo vai em frente enquanto o coração
resiste,
E a alma da cidade fica mais machucada.