Com certa freqüência
é questionada a preferência para o uso do eucalipto (uma espécie
"exótica”!!!) como matéria-prima de fibra curta pela indústria
brasileira de celulose. A resposta, praticamente óbvia, é
de que, simplesmente, não há alternativa técnica e
econômica para poucas espécies deste gênero que são
aceitas pela indústria.
Em situações ou ocasiões pontuais e especiais, outros gêneros foram tentados: Gmelina (de triste lembrança no megalomaníaco projeto do fim da década de 60) e Acacia, além de bagaço de cana-de-açúcar, palhas de cereais e alguns gêneros “nativos” como, por exemplo, Mimosa (bracatinga), etc. Em todos os casos, por problemas de ordem silvicultural/agrícola ou por não apresentarem, a nível industrial, um grande diferencial sobre o eucalipto, foram deixados para segundo plano. Por outro lado, com exceção da Araucaria, o nosso Pinheiro do Paraná, que não serve de referência porque fornece fibra longa, não foi encontrado, até o momento, um gênero nativo que pudesse competir com o eucalipto. Se tivesse aparecido tempos atrás, e sido aplicado todo arsenal de recursos humanos e financeiros na pesquisa e desenvolvimento, como utilizado para o eucalipto, teríamos outros “desertos verdes” de “nativas brasileiras”. Que paradoxo, não? Outra forma de responder a questão é entender que a preferência está apoiada na tecnologia desenvolvida tanto a nível florestal como industrial. Desde o fim da década de 60 criou-se um círculo virtuoso: melhoria da qualidade da madeira de eucalipto provocando melhorias no processo industrial que, por sua vez, passou a demandar outras melhorias na qualidade da madeira provocando... e assim por diante. Em resumo, os esforços foram todos concentrados no eucalipto e, de certa forma, ficamos “reféns”(no bom sentido) de um único gênero exótico (para desprazer e paranóia de muitos). Até o momento este gênero não apresentou problemas que não pudessem ser enfrentados (às vezes a duras penas!) e solucionados ou contornados. Todavia, resta-nos a expectativa sobre as “doenças da desinformação” sobre o gênero e as decorrentes “ pragas agressoras de grupos organizados contra porque são contra”, sabe-se lá orquestrados por quem. Raciocinando por absurdo, só o tempo dirá se o gênero será capaz de sobreviver, mais uma vez, a estes ataques. Se não sobreviver, como alternativas para obtenção de matéria-prima, devastaremos o pouco que resta da Mata Atlântica, grande parte da Floresta Amazônica e assemelhadas. A propósito, muitos países europeus utilizam misturas de madeiras de nativas com grande sucesso em termos de qualidade da celulose produzida. Como outra alternativa poderemos “voltar ao passado” desde a escrita cuneiforme nas pedras até o papiro ou papéis de trapos de linho ou algodão “reciclados” de tecidos. De forma inconteste, o Brasil é um dos principais países no tocante à quantidade e qualidade das pesquisas desenvolvidas pelas universidades, institutos e centros de pesquisas e pelas próprias empresas dos setores florestal e industrial. No setor florestal, em especial, grande parte das pesquisas é conduzida dentro de um modelo de integração universidade-empresa. O motivo do desenvolvimento local das pesquisas é um tanto óbvio face à necessidade de desenvolvermos pesquisas aplicadas e tecnologias adaptadas e adequadas a nossa realidade. Por outro lado é imprescindível que essas pesquisas sejam companhadas ou tragam como resultante a capacitação científica e tecnológica dos nossos recursos humanos a nível superior, médio e básico. Na área florestal, os resultados mais relevantes se relacionam ao aumento da produtividade de nossas florestas, aumento da uniformidade das árvores e madeira produzida, resistências a pragas e doenças e adequação das características da madeira à demanda e parâmetros industriais. Na área industrial, os
resultados mais destacados estão ligados ao aumento de rendimento
de processo, melhoria da qualidade da celulose, diversidade de tipos de
celulose, redução da poluição e novos esquemas
de branqueamento (principalmente com a eliminação completa
do uso do cloro).
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