Faleceu Helládio do Amaral
Mello, um dos ícones da Silvicultura Brasileira.
Professor dotado do incrível dom de transformar idéias em ideais, ideais em realizações. De uma forma instantânea e altamente contagiosa. Privilégio dos líderes predestinados. Uma aula de silvicultura se transforma numa disciplina. Uma disciplina se transmuta numa Cadeira que, num passe de mágica, se transfigura num Departamento, hoje de Ciências Florestais. Cursos de graduação em Engenharia Florestal e de pós-graduação em Recursos Florestais. Estações Experimentais de Anhembi e Itatinga. Uma utópica integração universidade-empresa, dos anos 60, se materializa no Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Engenheiro Agrônomo pela Esalq em 1943, retornou à Escola como professor, em 1954, com o declarado propósito de se dedicar à área de silvicultura, até antes inexpressiva no contexto das demais matérias relacionadas ao ensino e pesquisa. O seu sonho começou a se concretizar em 1962 com a criação da Cadeira de Silvicultura para a qual prestou concurso e assumiu a liderança na condição de Professor Catedrático. Começava a ser reescrito um novo capítulo nos anais do setor florestal brasileiro. A subseqüente montagem da equipe de professores trazia consigo um objetivo maior qual seja criação de mais um curso na Esalq: menos de uma década depois, era criado o Curso de Engenharia Florestal, em 1971. Ainda era pouco. E a pós-graduação? Cinco anos depois era criado o Curso de Pós-graduação em Engenharia Florestal, nos dias de hoje ampliado para Curso de Pós-Graduação em Recursos Florestais, a nível de mestrado e doutorado. Um poeta escreveu que “um sonho sonhado por um é apenas um sonho... um sonho sonhado por muitos é uma realidade”. Precisando agregar outros sonhadores-realizadores, baseando-se numa experiência de uma faculdade americana, ainda na década de 60, lançou a idéia de potencializar o relacionamento da universidade com o insipiente setor florestal da época. Como resultado, fundava-se o IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais em 1968, ainda hoje o principal mecanismo de integração universidade-empresa do Brasil, representado por 25 grupos empresariais de destaque no setor florestal brasileiro. A área reservada pela Esalq à Cadeira da época, hoje Departamento de Ciências Florestais era, e continua sendo muito pequena (um verdadeiro minifúndio no contexto dos demais departamentos da instituição). Solução? Sim: abrir novas frentes, novos horizontes. Após inúmeras marchas e contra-marchas, em 1974 era incorporada uma área de 600 hectares no município de Anhembi e, em 1988, 2.200 hectares no município de Itatinga. Nascem as Estações de Ciências Florestais e a área da USP, em Piracicaba, passa de 800 para 3.600 hectares. Um verdadeiro latifúndio à disposição da ciência e tecnologia florestal do Brasil e do mundo. Perdemos um grande mestre, um grande líder. Mais importante que seus trabalhos publicados, orientados, títulos obtidos e homenagens recebidas, foi o exemplo deixado de dedicação, determinação, honestidade, devoção a uma causa e a um ideal. A bênção, Mestre Helládio. |