Neste ano em que a Engenharia
Florestal, no Brasil, comemora seu Jubileu de Ouro, seria muita pretensão
começar este editorial com a expressão: “ Como todos sabem,
sou um agrônomo-silvicultor formado pela Esalq em 1966...”. Perdão,
leitores... mas, já comecei...
Naquela época, a Engenharia Florestal no Brasil engatinhava ou dava os primeiros passos e a história da Silvicultura Brasileira ainda estava sendo escrita pelos agrônomossilvicultores e ótimos escritores, muitos vivos e atuantes ainda nos dias atuais. É interessante fazer um “flash-back” àquela época e imaginar este tipo de mensagem sendo escrito e divulgado, como realmente aconteceu... “A floresta é uma comunidade biológica composta por plantas e animais que devem viver em harmonia e equilíbrio entre si e com o meio . A floresta protege o solo, evitando a erosão, mantendo a fertilidade e regulando a quantidade e fluxo de água das nascentes, rios e lagos. Por outro lado, a floresta influi no clima, na temperatura do ar e solo, no ritmo das chuvas, na intensidade e direção dos ventos. Finalmente a floresta protege a fauna desde os grandes animais até quase invisíveis microrganismos. Houve tempo em que as florestas cobriam muito maior área de terras que atualmente. Sua destruição parcial ou total em algumas regiões tem sido motivada por várias razões, porém, na maioria das vezes tem ocorrido como conseqüência do desbravamento de áreas para a produção de alimentos. Desde a descoberta de nosso país,
graças a uma agricultura errante, a ocupação e cultivo
de muitas terras tem durado pouco, sendo depois abandonada por outras de
maior fertilidade. Quando em escala reduzida essa agricultura nômade
pode deixar
O nosso País que tem seu nome ligado ao de uma árvore, pau brasil, é reconhecido no mundo todo como possuindo, ainda, uma das maiores extensões territoriais de florestas. A floresta amazônica, uma floresta tropical, ocupa cerca de metade de nosso território. Importante é nos conscientizarmos da sua importância como patrimônio brasileiro e da humanidade. E agir de forma direta e constante, mesmo que seja numa ação modesta a despretenciosa do simples plantio de uma árvore. Tudo isto para que a história não se repita. Vejam nosso estado, o estado de São Paulo, nos últimos cem anos, viu sua cobertura florestal reduzir se de 80 a 85% para irrisórios 3 a 5%, freqüentemente ameaçados pela depredação do homem, exploração irracional e mesmo pelo fogo. Por outro lado, nosso país é também reconhecido como um dos líderes mundiais do reflorestamento que permitiu e tem permitido a evolução do parque industrial baseado na madeira e produtos florestais, Criticado por muitos, o reflorestamento é uma solução para a reposição florestal e única alternativa para minimizar a pressão sobre as reflorestas naturais remanescentes principalmente para o abastecimento de lenha e carvão nos estados mais desenvolvidos. Dizíamos que a floresta
é uma comunidade em harmonia e equilíbrio. Cabe indagar qual
o papel do homem em tal equilíbrio. O prof. Robert Molinier, renomado
cientista francês, afirma que “não é, certamente inútil
insistir cobre as consequências desastrosas da péssima gestão,
por parte da humanidade, dos recursos florestais de que dispõe.
A perda de um
Para além do esgotamento das reservas florestais, alinham se os perigos ligados à erosão dos solos, ao estancamento das águas, a progressão das zonas desérticas , a desolação, a fome, a morte ... da vida”. No entanto, a tomada de consciência,
mesmo que tardia, por parte do homem, da necessidade de poupar doravante
todas as riquezas de economia natural, abre o caminho para as esperanças
e estabelece as bases de uma nova gestão, equilíbrio e racionalmente
repartida, de um patrimônio universal que a humanidade se vê
na obrigação de não desperdiçar. Esta
Conclui, o ilustre professor: “no século de cimento armado, do aço e dos materiais sintéticos, a madeira conserva ainda um lugar de honra entre as matérias primas. Uma economia inteligente, sábia e prudente deveria permitir que os homens tirassem proveito dela indefinidamente”. Dado e passado no dia 21 de setembro do ano da graça de mil novecentos e sessenta e sete. Amém! |