O desenvolvimento do conhecimento florestal
no Brasil
Segundo informações na literatura especializada, a liderança da sistematização do conhecimento florestal pertence às universidades alemãs no fim do século XIX. O ensino formal só chegou ao Brasil na década de 1960, através da Escola Nacional de Florestas, inicialmente em Viçosa-MG e posteriormente transferida para Curitiba-PR. Constituiu-se um esforço conjunto do Governo Federal da época com a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. Porém a coleta de informações
sobre a realidade florestal brasileira iniciou-se décadas antes.
Os primeiros estudos divulgados sobre as florestas nativas se iniciaram
através das expedições naturalistas à Amazônia,
ainda no século XIX, de pesquisadores europeus (alemães,
italianos, franceses, ingleses e russos) e estadunidenses. Data de 1866
a primeira entidade, cujos objetivos incluíam estudos florestais
e era denominada Associação Philomatica. Anos depois, em
1871, era criado o museu Paraense, que, a partir de 1893, passou a ser
dirigido pelo zoólogo suíço Emílio Goeldi.
Mercê de seu trabalho notável à frente da instituição,
esta passou a denominar-se Museu Goeldi, em sua homenagem.
Após alguns anos de intensa pesquisa nos hortos de Jundiaí-SP e Rio Claro-SP, passou a divulgar, através de publicações técnicas e científicas, os primeiros resultados, mostrando a superioridade do eucalipto. Com isso, nascia a outra vertente da realidade florestal brasileira, apoiada nas florestas plantadas com espécies exóticas. A gênese do conhecimento florestal esteve apoiada, durante décadas, nas ciências agronômicas, e os profissionais pioneiros eram denominados “engenheiros agrônomos-silvicultores”. Com os conceitos básicos da agronomia, os primeiros passos foram dados através de tentativas e erros. Resultados positivos e negativos eram divulgados,
conhecimentos, compartilhados pelos primeiros “plantadores de florestas”
no Brasil. Fazem parte dessa primeira fase inventário e manejo de
florestas nativas, utilização de seus produtos florestais
para serraria e energia; incipientes plantios de espécies exóticas,
incialmente o eucalipto e posteriormente o pinus; primeiros estudos de
genética visando à seleção de sementes melhoradas
e práticas de plantio e manejo, procurando utilizar as técnicas
agronômicas correntes à época.
As empresas que venceram essa segunda fase
o fizeram investindo em pesquisas de escolas, institutos, sociedades e
centros, além de pesquisas próprias. Há que se ressaltar
que foi decisiva a intensa colaboração entre as empresas
florestais da época e investimentos dentro do binômio universidade-empresa.
Nesse particular, quando se procura justificar o sucesso da silvicultura
nacional no concerto das demais nações, há que se
reconhecer a qualidade dos profissionais das empresas florestais, grande
parte com nível pós-graduado. Dessa maneira, conseguem interagir
eficazmente com as competências docentes das escolas e com os pesquisadores
das entidades de pesquisas.
As entidades de ensino e pesquisa que patrocinam as citadas revistas contribuem para um valioso Banco de Teses e Dissertações defendidas nos seus programas de pós-graduação: 5 da região Norte, 4 da região Nordeste, 7 da Região Sudeste e 5 da região Sul. Outro fator importante na disseminação do conhecimento florestal para a formação de aperfeiçoamento na área tem sido o aprendizado não formal. Com raras exceções, os cursos existentes oferecem estágios nos diferentes departamentos e em empresas e instituições de pesquisas com os quais mantêm convênios ou simples parcerias. Fato relevante é a imensa quantidade de eventos oferecidos para graduandos e graduados em engenharia florestal (seminários, congressos, simpósios, workshops, etc.), com uma participação expressiva de palestrantes ligados às empresas florestais. Estamos ingressando na terceira fase, quando, nas competências estabelecidas para os engenheiros florestais, as demandas futuras do conhecimento exigem uma adequada formação em gestão florestal, principalmente no aprofundamento dos conceitos administrativos e financeiros para entender melhor o negócio florestal além de desenvolver habilidades para trabalhar com equipes. Será uma garantia para a procurada e desejada sustentabilidade dos empreendimentos florestais nos aspectos econômico, social e ambiental. |