APRENDER FAZENDO

 

" Vem, vamos embora...

que esperar não é saber.

Quem sabe, faz a hora...

Não espera acontecer!"

Geraldo Vandré

 

            A literatura rotária, muitas vezes, associa ação e conhecimento. Entre outras, são comuns afirmativas do tipo : " O conhecimento sobre Rotary é importante para nossa ação" ou " É fundamental conhecermos Rotary para praticarmos Rotary", e ainda "Rotariano bem instruido realiza o trabalho de forma mais eficaz".

            Não restam dúvidas que a instrução e habilitação, partes integrantes do conhecimento, são de indiscutível valia para a realização de qualquer atividade. Quanto maior a complexidade, responsabilidade ou risco, maior é a necessidade do conhecimento : ninguém, em sã consciência, espera que um cirurgião do coração se aventure a uma operação sem dominar os aspectos teóricos e práticos da cirurgia e nem que um piloto de jato se candidate ao cargo tendo adquirido sua habilitação empinando papagaio e lendo diversos livros sobre aviões. Inclusive porque um sem número de profissões modestas e atividades corriqueiras exigem um mínimo de conhecimento, o que nos parece óbvio.

            Porém, não vamos exagerar, principalmente no Rotary. O "Dar de Si Antes de Pensar em Si", conceito básico do trabalho rotário não exige conhecimentos profundos mas, unicamente, uma decisão íntima e assumida de "querer fazer alguma coisa". As "coisas" a serem feitas são tantas e tão diversificadas que não há tempo para "filosofias" : temos que "fazer a hora, não esperar acontecer". Temos que fazer e ir aprendendo. É voz corrente que é preferível errar tentando que não fazer nada com medo de errar.

            O "fazer rotário", através das Avenidas de Serviço, se esconde atrás de algumas premissas aparentemente falsas "...Não estou preparado para ser... ou assumir...", "... fulano é muito novo em Rotary para ser...",  "Recomenda-se colocar rotariano experiente no cargo de ... ou na comissão de ...". Com essas "verdades estabelecidas" os dirigentes rotários se veêm, muitas vezes, em situações complicadas para montar uma simples comissão, um Conselho Diretor e até uma equipe de Governadoria.

            Apesar de ideal, não há como esperar que o rotariano complete seu "curso de graduação ou pós-graduação" para se envolver no trabalho rotário. Além disso, a exemplo de nossas escolas, muitos abandonam o curso porque não vêm objetivo, desafio ou motivação nesse aprendizado. Por outro lado, ninguém mais duvida da importância de se associar a teoria à prática.

            O mesmo deve acontecer no Rotary. Ao ser admitido, o sócio, como um líder da comunidade, já deve  trazer consigo um mínimo de qualificações para o trabalho, pelo menos na própria comunidade. Isto posto ele deve ser "convidado" a trabalhar, no dia seguinte à sua posse, dentro de suas preferências, aptidões ou vocações. Se recusar, houve um problema de comunicação e o mesmo entrou no clube por engano. Recomenda-se reparar o mal-entendido: a secretaria do clube possui um formulário destinado à comunicação de baixa ao Rotary International.

            Em resumo, o trabalho rotário pode anteceder, ou caminhar em paralelo, ao saber rotário. Com uma grande vantagem pois o trabalho é extremamente motivador, inclusive para aumentar o conhecimento. A própria literatura rotária, principal e inesgotável fonte de conhecimento, é também a mais preciosa fonte de inspiração para a ação, pois o exemplo nos faz correr ou voar, enquanto a palavra nos faz andar. Porém, não há dúvida alguma, que sua eficácia e mil vezes maior sobre aqueles que já estão fazendo alguma coisa, por pequena que seja.

            Parodiando o que é voz corrente, "vivendo e aprendendo", diríamos "vivendo e aprendendo...fazendo". Geraldo Vandré que nos desculpe, mas QUEM FAZ, SABE A HORA...

(Fevereiro de 1998)

 

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