DIA
DA ARVORE
Inicialmente, em nosso nome particular e em nome do nosso
clube, desejamos cumprimentar o Rotary de Itu‑Convenção pelo seu
aniversário e nossos votos de uma vida longa e profícua dentro do ideal de
"dar de si antes de pensar em si".
Desejo também parabenizá‑los por ligarem a data do
aniversário do clube ao dia 21 de setembro, Dia da Arvore. Rotary pode ser
comparado a uma frondosa árvore que embeleza, dá sombra, ampara e
reconforta, protege e espalha frutos de
amizade, companheirismo e amor ao próximo. Parodiando a parábola do semeador,
Paul Harris saiu a semear e as sementes que caíram em terra boa vingaram e
produziram cem por um, mil por cem em e um milhão por mil. Hoje somos um milhão
de rotarianos...
Companheiros...
Dentro de instantes estaremos plantando um JEQUITIBA‑ROSA
, uma espécie florestal natural de nosso País e das mais valiosas. Esta
espécie, cujo nome científico é Cariniano
legalis", pertence a família das Lecitídeas
sendo também conhecido por jequitibá-vermelho, pau-carvão, pau-carga e
sapucaia de pito. Ocorre desde Pernambuco até São Paulo. Em nosso estado é
comum na região da serra da Mantiqueira. Prefere terras de boa qualidade só
ocorrendo dentro das matas. 0 jequitibá é uma árvore de primeira magnitude,
florescendo de dezembro a janeiro. Sua madeira é leve , como cerne róseo, com
gosto e cheiro indistintos. É usada para tabuados em geral, carpintaria,
artigos escolares, saltos de sapato, toneis e mobiliário em geral.
A exemplo de outras madeiras de lei está em franca
extinção..
Mas, caros companheiros, gostaríamos de dizer algumas
palavras sobre a floresta, como uma comunidade biológica composta por plantas e
animais que devem viver em harmonia e equilíbrio entre si e com o meio . A
floresta protege o solo, evitando a erosão, mantendo a fertilidade e regulando
a quantidade e fluxo de água das nascentes, rios e lagos. Por outro lado, a
floresta influi no clima, na temperatura do ar e solo, no ritmo das chuvas, na
intensidade e direção dos ventos. Finalmente a floresta protege a fauna desde
os grandes animais até microscópicos insetos.
Houve tempo em que as florestas cobriam muito maior área
de terras que atualmente. Sua destruição parcial ou total em algumas regiões
tem sido motivada por várias razões, porém, na maioria das vezes tem ocorrido
como conseqüência do desbravamento de áreas para a produção de alimentos. Desde
a descoberta de nosso país, graças a uma agricultura errante, a ocupação e
cultivo de muitas terras tem durado pouco, sendo depois abandonada por outras
de maior fertilidade. Quando em escala reduzida essa agricultura nômade pode
deixar de ser a causa de qualquer destruição apreciável das florestas. Contudo,
com o avanço da civilização e com o aumento da população, certas regiões
florestais se tornaram mais e mais vulneráveis à destruição.
O nosso País que tem seu nome ligado ao de uma árvore,
pau brasil, é reconhecido no mundo todo como possuindo, ainda, uma das maiores
extensões territoriais de florestas. A floresta amazônica, uma floresta
tropical, ocupa cerca de metade de nosso território. Importante é nos
conscientizarmos da sua importância como patrimônio brasileiro e da humanidade.
E agir de forma direta e constante, mesmo que seja numa ação modesta a
despretenciosa do simples plantio de uma árvore. Tudo isto para que a história
não se repita. Vejam nosso estado, o estado de São Paulo, nos últimos cem anos,
viu sua cobertura florestal reduzir‑se de 80‑85% para irrisórios 3
a 5%, freqüentemente ameaçados pela depredação do homem, exploração irracional
e mesmo pelo fogo.
Por outro lado, nosso país é também reconhecido como um dos líderes
mundiais do reflorestamento que permitiu e tem permitido a evolução do parque
industrial baseado na madeira e produtos florestais, Criticado por muitos, o
reflorestamento é uma solução para a reposição florestal e única alternativa
para minimizar a pressão sobre as reflorestas naturais remanescentes
principalmente para o abastecimento de lenha e carvão nos estados mais
desenvolvidos.
Dizíamos que a floresta é uma comunidade em harmonia e
equilíbrio. Cabe indagar qual o papel do homem em tal equilíbrio. 0 prof.
Robert Molinier, renomado cientista francês, afirma que não é, certamente inútil insistir cobre as conseqüências
desastrosas da péssima gestão, por parte da humanidade, dos recursos florestais
de que dispõe. A perda de um capital basta para justificar o fracasso das
empresas humanas, e a declaração da falência, neste caso, é uma prova
implacável. Para além do esgotamento das reservas florestais, alinham‑se
os perigos ligados a erosão dos solos, ao estancamento das águas, a progressão
das zonas desérticas , a desolação, a fome, a morte ... da vida.
No entanto, a tomada de consciência, mesmo que tardia,
por parte do homem, da necessidade de poupar doravante todas as riquezas de
economia natural, abre o caminho para as esperanças e estabelece as bases de
uma nova gestão, equilíbrio e racionalmente repartida, de um patrimônio
universal que a humanidade se vê na obrigação de não desperdiçar. Esta nova
atitude será, sem dúvida, considerada uma das mais construtivas etapas da
evolução do pensamento humano, a serviço de uma coletividade que se quer livre
e fraternal.
Conclui, o ilustre professor: no século de cimento
armado, do aço e dos materiais sintéticos, a madeira conserva ainda um lugar de
honra entre as matérias‑primas. Uma economia inteligente, sábia e
prudente deveria permitir que os homens tirassem proveito dela indefinidamente.
(Setembro de 1986)