OS JOVENS COMO SONHO ROTÁRIO
Na mensagem proferida durante a
nossa visita oficial ao Rotary Club de Rafard destacamos um dos sonhos do
Rotary. Falamos sobre o Programa PolioPlus que se tornará realidade quando, em
2005, na comemoração do centenário de nossa instituição, o vírus da
poliomielite estará erradicado da face da terra. Só dependerá de nosso esforço
e empenho.
Nesta oportunidade quero focalizar outro sonho do
Rotary desde longa data : os jovens, uma das prioridades deste ano rotário.
Isso, aqui e em especial visitando o Rotary Club de Hortolândia que realizou a
proeza, ou talvez, teve a ousadia de fundar num mesmo ano, um Interact e um
Rotaract Club.
Desde há muitas décadas o jovem tem estado no centro
das preocupações de Rotary International. Como prova disso, o Manual de
Procedimento (nossa "bíblia" rotária) traz um capítulo especial
denominado "Atividades Pró-Juventude" no qual são apresentados seus
objetivos e uma série de sugestões. Estas atividades tanto podem ser destinadas
aos jovens visando sua formação intelectual e física como transformá-los em
agentes de promoção humana de outros jovens e melhoria da comunidade a nível
local e internacional.
No ano de 1996-97 nosso Distrito dava seus primeiros
passos. O Presidente Luis Giay registrou na sua mensagem de ano novo :
"Para mim esta é uma nova era do Rotary. As Novas Gerações representam
para a nossa organização um investimento no futuro. Devemos começar a construir
esse futuro, trabalhando com e para as Novas Gerações, conscientes de que os
jovens serão os arquitetos do destino da humanidade".
O próprio lema daquele ano rotário , CONSTRUA O
FUTURO COM AÇÃO E VISÃO, alicerçava esta ênfase especial : como construir o
futuro se se descuidar dos "construtores" de hoje que são os jovens?
Ao que nos parece o jovem passou a ser visualizado de forma diferente pelo
Rotary : de "matéria-prima", motivo de grandes preocupações e
apreensões, para "sócios ou parceiros".
Tanto é assim, que os interactianos e rotaractianos,
como nossas esposas nas Associações e Casas da Amizade, já são conhecidos ou
nomeados como "Parceiros no Servir" desde muitos anos atrás. A
novidade é que os mesmos passaram a ser visualizados como parceiros não mais
para "ajudar" os rotarianos a atender o presente, mas para construir
o futuro. Temos a certeza que isto dever ser um grande estímulo para o
engajamento dos jovens no nosso movimento, mercê de seu idealismo.
Juventude sempre foi sinônimo de idealismo não no
sentido daquilo que somente existe na idéia, ou como sonho, mas no seu aspecto
prático e objetivo de vê-lo transformado em realidade, como nos pede o
Presidente James Lacy, através do lema "TORNE REAL SEU SONHO DE
ROTARY" .
O que nós, rotarianos, pregamos como "Dar de Si,
Antes de Pensar em Si", o jovem já tem no seu íntimo : só precisa ser
descoberto ou revelado.
Esse idealismo é a chave mestra para o surgimento de
líderes e empreendedores, além de inúmeros "dom quixotes" que, entre
outras coisas, pretendem, somente, modificar o mundo da forma mais rápida e
perfeita possível!
Se é assim, por que tem diminuindo, cada vez mais, as
lideranças entre os jovens? É a pergunta que fazemos aos mesmos, durante os
cursos de liderança que vimos realizando.
As respostas sobre os fatores inibidores ou
desestimulantes podem ser agrupadas em duas vertentes : a primeira se refere a
comunidade dos próprios jovens e a segunda diz respeito a sociedade como um
todo ( a família, a escola, a igreja, os poderes constituídos, os grupos
sociais, etc.). Vamos nos deter na análise deste segundo grupo.
Uma extensa lista de razões, apresentadas pelos
próprios jovens, pode ser resumida em quatro tópicos :
a) Falta de apoio, estímulo, oportunidade e espaço;
b) Discriminação apoiada numa série de justificativas
como : o jovem é inexperiente, irresponsável, individualista, comodista,
preguiçoso, incompetente, etc;
c) Pressão contra qualquer movimento jovem que possa
alterar o "status-quo" ou "perturbar a ordem constituída";
e
d) Mau exemplo ou má influência do "mundo dos
adultos". Abrindo um parêntesis, não é sem motivo que Rotary estabeleceu
como um de seus lemas : "Todo rotariano, um exemplo para a
juventude".
Existirá alguma verdade nestes argumentos ou o jovem
está ficando maluco?
Por outro lado, os jovens ainda não conhecem, com detalhes,
o "Mundo do Não", muito comum no ambiente rotário : "Não faça,
que eu já tentei", "Não adianta, que não vai dar em nada",
"Não espere colaboração, que você vai se frustar", e por aí afora. A
"tropa de choque" dos verbos ligados ao "não" é imensa :
... pode, ... funciona, ... vai, ... fale,... se meta, etc.
Neste particular, os jovens estão mais próximos, o
que parece óbvio, do "Reinado das Crianças" que possui uma pergunta
clássica : "Por que não ?". Isso explica porque o jovem é muito mais
voluntarioso, ousado e cara-de-pau que o adulto. Muitas atitudes juvenis, se
tomadas por um adulto, faz com que o mesmo seja confundido com um oportunista
ou pilantra, senão imaturo ou doido. Talvez, por isso, seja cada vez maior a
distância entre o mundo dos jovens e dos adultos.
O único grande e real problema é quando o "por
que não?" descamba para a contestação de valores (individuais e sociais) e
leis (da física, química, biologia, instituições estabelecidas, etc.). Nestes
casos, o "caso" passa para outras órbitas desde psiquiátricas até
policiais.
Companheiros e parceiros : Tornemos Real Nosso Sonho
de Rotary de trabalhar com e para a juventude. O que eu, como rotariano, o que
nós, como Rotary Club podemos fazer para tornar realidade esse nosso sonho?
Talvez, começar "voltando a ser jovem"...E por que não ?
(Agosto de 1998)