INAUGURAÇÃO LQCE – LABORATÓRIO DE QUÍMICA, CELULOSE E ENERGIA

 

 

Dignas autoridades

Colegas e amigos

Senhoras e senhores

 

É comum depararmos com pessoas que se declaram “vítimas das circunstâncias”. Agradeço a Deus por poder considerar-me uma exceção ou como exemplo de “privilegiado pelas circunstâncias”.

 

Por isso sou agradecido.

 

Em primeiro lugar pelo fato de meu avô paterno, ainda menino, imigrar da Itália e começar sua vida em terras brasileiras segurando um cabo de enxada e carpindo café. Muitos anos depois, muitos sóis e suores depois, no fim de sua vida era um importante comerciante em Rio das Pedras, minha terra natal.

 

Meu pai, ao lado de 10 irmãos, transformou aquele humilde cabo de enxada de madeira num mastro tendo no topo a bandeira do empreendedorismo ( quando essa palavra ainda nem existia na década de 50). Líder nato ao nível familiar, profissional e social aposentou-se como um destacado industrial na área sucro-alcooleira de nosso estado e de nosso país.

 

Por isso sou agradecido.

 

Em segundo lugar ao Mestre Helládio do Amaral Mello, dotado do incrível dom de transformar idéias em ideais, ideais em realizações. De uma forma instantânea e altamente contagiosa. Privilégio dos líderes predestinados. Uma aula de silvicultura se transforma numa disciplina. Uma disciplina se transmuta numa Cadeira que, num passe de mágica, se transfigura num Departamento, hoje de Ciências Florestais. Cursos de graduação em em Engenharia Florestal e curso de pós-graduação em Recursos Florestais. Anhembi e Itatinga, latifúndios sagrados e admirados da USP. Uma utópica integração universidade-empresa, dos anos 60,  se materializa no Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais.

 

Por isso sou agradecido.

 

Em terceiro lugar, ao Mestre Ronaldo Algodoal Guedes Pereira que,  visionário, no fim da década de 50 já previa a posição de destaque que o Brasil ocuparia, décadas depois, na silvicultura de florestas plantadas e na produção e exportação de celulose de eucalipto. Sua fé, sua dedicação, seu entusiasmo chegava ao aparente cúmulo, na época, de afirmar  que o engenheiro agrônomo ocuparia lugar de destaque no cenário da indústria de celulose e papel de nosso país. Agrônomos, de antigamente,  engenheiros florestais dos dias atuais confirmam sua premonição.

 

Por isso tudo sou agradecido.

 

Como os senhores  puderam verificar,  tive excelentes professores. Meu único mérito foi ter sido um aplicado aluno e, confesso, os tempos se passaram e nunca virei professor. Consegui iludir a todos e após 30 anos de uma disfarçada carreira docente, continuei sempre um aluno dedicado e atento.

 

Só mudei o ângulo de visão: passei a aprender com uma plêiade de jovens... passei a aprender com futuros profissionais que a academia denomina como alunos.

 

Por isso, sou agradecido a eles. Muitos e muitos, inadvertidamente me agradecem. Outros homenageiam. Nada mais impróprio. Nunca devemos agradecer ou homenagear  a alguém “privilegiado pelas circunstâncias”.

 

São tantos ....

 

Daí porque me rebelei contra esta homenagem. Lamento informar-lhes que, por pura incompetência, não consegui reunir argumentos suficientes para convencer os amigos e colegas, Francides e José Maria da impropriedade desta homenagem.

 

Apesar de tudo, sou agradecido a eles porque, em última instância, eles me deram esta oportunidade de homenagear meus familiares e mestres e aos  meus outros professores que, talvez, permanecem na ilusão de que foram meus discípulos.

 

Grato a todos vocês.

 

(25.04.2008)

 

 

 

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