PEGA E FAZ

 

            Em nosso vocabulário existem diversas palavras, ou mesmo expressões, de fácil entendimento e difícil explicação. Uma dessas frases é "pegar e fazer". Quanto ao "fazer" não há dúvida alguma, porém o "pegar"... Talvez signifique "assumir", "se comprometer" etc.

            Porém, mais complicado que entender a semântica, é por em prática a expressão num grupo de pessoas que devem trabalhar em conjunto. Numa situação dessas são identificados, a princípio, quatro tipos de indivíduos :

 

            1º tipo : não pega e não faz . Pouco atrapalha o trabalho do conjunto principalmente quando devidamente identificado. Geralmente, quando isso acontece, reclama que tem sido marginalizado. Com um pouco de esforço recupera, facilmente, o "prestígio", quando não se afasta concluindo que está no grupo errado. Num outro grupo poderá ser o "faz tudo", admirado e elogiado por todos.

 

            2º tipo : não pega e faz . Considerado como "peso morto" no conjunto, muitas vezes surpreende o grupo trazendo sua colaboração de forma espontânea. Pode atropelar alguém que estava encarregado de determinada tarefa para a qual o indivíduo se antecipou. Normalmente não causa trauma se não for acusado de oportunista ou de alguém que quer aparecer pois esses casos são comuns de ocorrerem quando as ações já deixaram os bastidores e vieram para o centro do palco.

 

            3º tipo : pega e não faz . Caso grave. Não sabe dizer não, coloca  o falar como prioridade ao pensar e fazer. Se ainda merecedor de algum crédito, causa transtornos irreparáveis à equipe e desestrutura o trabalho conjunto. Altamente nocivo. Tem absolvição parcial se, em tempo, justifica a impossibilidade e, mais importante que isso, arruma por sua conta e risco, seu substituto. Extremamente patético quando tenta justificar a falha algum tempo depois.

 

            4º tipo : pega e faz . Dispensa apresentações. Mas merece alguns comentários. É o exemplo do indivíduo para o trabalho conjunto quando não exorbita e "quer fazer tudo".Julgando os outros incompetentes, ou dando isso a entender, extrapola suas atribuições e responsabilidades. As más línguas classificam-no de "forte candidato a alguma coisa qualquer", narcisista e outros adjetivos correlatos. Dentro dos limites do bom-senso, excelente membro para o grupo. Poderá ser seu líder, aliás, um notável líder,  se descobrir a existência de um 5º tipo : pega, faz e faz os outros fazerem.

               

 

 

 (Março de 1998)

 

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