ESTABILIZAÇÃO
DO QUADRO SOCIAL
Nas assembléias que vimos realizando nestas visitas
oficiais, e já participamos de 36 delas, temos apresentado como um dos grandes
desafios distritais a estabilização de nossos quadros sociais.
Quando questionado sobre as causas atuais dessa
redução do número de companheiros em muitos clubes, temos insistido que as
razões são múltiplas e interdependentes.
Numa primeira instância somos levados a concluir que
a causa principal é de ordem financeira e daí associada às mensalidades que os
clubes aplicam aos seus sócios.
Pela nossa observação ( e até meditação e discussão
em torno do problema ) isto se aplica em casos isolados ou pontuais pois, para
a quase totalidade dos clubes, os níveis de desembolso mensal estão dentro do
suportável.
Mais relevantes e abrangentes que essa, outras causas
são localizadas como veremos a seguir.
Nunca como hoje, a "luta pela
sobrevivência" parece ser uma frase que beira o exagero, afeta ou atinge
os profissionais mais jovens e que estão se iniciando nas suas carreiras ou
negócios. É freqüente encontrá-los se envolvendo com mais de uma atividade,
procurando alternativas múltiplas para uma vida mais segura e estável. Inclusive
a modernização tecnológica, que, na teoria, veio para facilitar nossa vida, na
prática, está tornando-a mais complexa ou complicada.
Resulta disso um problema de ordem financeira, pouco
relacionado com a mensalidade em si, mas associado à necessidade de aumentar o
tempo necessário para se atingir um nível de remuneração, ou ganho mensal,
considerado mínimo ou ideal pelo indivíduo.
Como o tempo é um bem inelástico, acaba nos faltando
horas no dia, dias no mês ou meses no ano para o trabalho voluntário que é a
essência do ideal rotário. Da mesma forma, falta ânimo e disposição para
enfrentar os problemas comunitários se os problemas pessoais estão se tornando
insolúveis...
Resultante disso tudo há uma natural tendência da
redução do espírito de solidariedade e desprendimento que são as faces visíveis
do nosso lema "Dar de Si Antes de Pensar em Si". Daí, nosso ideal
permanece, como na semântica da palavra, só na idéia, uma quimera, algo
fantasmagórico ou quixotesco.
Felizmente há uma saída prevista no próprio Objetivo
do Rotary : é sermos rotarianos no nosso dia-a-dia como profissional e como
cidadão. Recordando, o Objetivo diz que devemos promover e apoiar "o
reconhecimento do mérito de toda ocupação útil e a difusão das normas de ética
profissional " e "a melhoria da comunidade pela conduta exemplar de
cada um na sua vida pública e privada".
Aliás, em 1917 Paul Harris afirmava em uma palestra
no Rotary Club de Nova Orleans : " Depois de ter vivido com o Rotary
durante os doze anos de sua existência posso, com fervor e sinceridade, dizer
que minha fé em seu futuro tem aumentado constantemente, desde o dia de seu
nascimento.
" Embora o Rotary seja e sempre tenha sido um
tanto avançado para a sua era, nunca deixou de acompanhar as tendências de seu
tempo. O Rotary não é, assim como outros movimentos, tão distanciado dos
problemas práticos do quotidiano como se deles estivesse totalmente
desconectado. O Rotary é simples e genuíno, sincero. O Rotary abomina a
falsidade e a pretensão e prefere correr o risco de subestimar-se a correr o
risco de superestimar suas virtudes".
Na seqüência, Paul Harris, apresenta a solução de 81
anos atrás e ainda aplicável nos dias de hoje : " A missão do homem é ser
um bom rotariano, e aquele que viver de acordo com esse preceito será um bom
vizinho, um amigo gentil, um marido amoroso, um pai companheiro e um bem
inestimável à comunidade onde vive".
Simples, não?
O único detalhe, positivo ou negativo, é que essa
ação rotária, incorporada como um modo de vida, não aparece nas estatísticas
das atividades do clube e graças ao seu anonimato, como deu a entender Paul
Harris, não concede reconhecimentos nem prêmios. Só resta a satisfação íntima e
pessoal do dever cumprido, do bom exemplo dado e a colaboração para um mundo melhor.
De responsabilidade dos clubes a principal causa é a
ausência de projetos definidos e consistentes que motivem e envolvam os sócios
em muitos clubes. Associada a isso é a admissão de novos sócios desvinculada de
um projeto de engajamento no trabalho rotário em função de suas habilidades,
vocações ou capacitações. Temos insistido que a melhor instrução rotária é
conseguida "fazendo Rotary" e o novo sócio deve ser convidado a
trabalhar pelo seu clube ou pela sua comunidade, no dia seguinte a sua posse. É
extremamente desalentador constatarmos baixas de sócios se declarando
desiludidos com nosso movimento por inércia ou apatia de nossos clubes.
James Lacy, Presidente deste nosso ano rotário, nos
dá um alento contra o desânimo e nos conclama para sonhar e lutar para
concretizar nossos sonhos.
Na sua primeira mensagem aos governadores de distrito
nos diz : " Não há a menor dúvida de que Paul Harris, fundador do Rotary,
também era um sonhador que não se assustava com os riscos. A concretização de
seu sonho inicial de companheirismo deu origem a outros sonhos mais audaciosos
que nos serviram de guia até o dia de hoje. Desde o início, o valor dos sonhos
rotários resultou de sua relação com os princípios básicos de Rotary
---companheirismo e prestação de serviços".
E encerra sua mensagem com um pedido : " E é
assim que, com o companheirismo e a prestação de serviços como pedras
fundamentais em 1998-99, e utilizando o poder máximo de nossas mãos e corações,
peço a cada um de vocês que Torne Real Seu Sonho de Rotary!" Assim seja.
(Novembro de 1998)