RESGATAR A LIDERANÇA

 

Conceituada originalmente como fenômeno econômico de maior integração entre mercados produtores e consumidores de países diversos, a globalização está tomando outros enfoques, quer sociais, culturais e até religiosos. De abrangência internacional está se reduzindo a aspectos nacionais e até locais, associada a outros fenômenos paralelos ligados aos transportes, às comunicações, e, graças à Internet, às conexões. Nunca a "aldeia global" de Marshall McLuan, futurologista combatido e até classificado como charlatão, esteve tão próxima de sua realidade final. Nunca um sonho deu origem a uma "realidade jamais sonhada" como essa.

De uma forma ou de outra, a globalização nesse sentido amplo e original, como no sentido restrito ou local, exige, cada vez mais uma definição de espaços a serem ocupados e missões a serem cumpridas pelas instituições e pelos indivíduos. Em outras palavras, "quem é quem", "quem faz o quê", "quando e onde", assim por diante. Pode também ser vista como uma ordenação das ações que, dentro de limites e contornos definidos, exige o tradicional e decantado "trabalho em equipe", busca por novos significados, visão compartilhada e, se necessário, ousar a desafiar o estabelecido. Novos tempos...novos homens...novas idéias...novos sonhos...novas realidades.

O Rotary se visto como uma entidade viva dentro de nossa comunidade não escapa ás influências desse fenômeno mundial. Se escapar pode ser considerado morto. O Rotary estará acompanhando essa mudança radical, na medida em que procura e acha seu espaço e seu tempo nos dias atuais. No mundo, no Brasil, no nosso Distrito, em Tietê.

Eis aí nosso grande desafio. Desde resgatar nossa real posição como clube de líderes na nossa comunidade até reverter esse sombrio cenário de redução dos quadros sociais de nossos clubes. A esse preocupante fenômeno da atualidade são atribuídas diferentes causas desde problemas de ordem financeira até redução de disponibilidade de tempo para o trabalho voluntário.

Estas possíveis causas, entremeadas por outras, são na realidade efeitos dessas ausências de definições ou de identificação do nosso real papel no contexto social, político e até econômico junto as nossas comunidades.

É um princípio por demais elementar que, para a resolução de um dado problema, é fundamental que se comece pelo seu equacionamento. Inclusive, alguns afirmam que o problema identificado com clareza e equacionado é meio problema resolvido. Outros , ainda até exageram, garantindo que o problema se extingue quando visualizada sua solução.

No nosso caso específico, a identificação do problema se inicia pela formulação de algumas questões iniciais :

  1. Hoje, agora, qual é o real papel do Rotary em nossa comunidade?
  2. Como estamos cumprindo esse nosso papel?
  3. Quanto somos reconhecidos e respeitados pela nossa ação junto à comunidade?
  4. Quais são nossos principais "clientes" e parceiros?

Não restam dúvidas que quanto mais claro e definido for nosso papel, mais eficaz e produtiva será nossa ação e daí, mais fácil reconhecimento e projeção terá nosso movimento. Conclusão óbvia disso tudo: mais fácil será arregimentar novos sócios que, mais motivados, tenderão a permanecer no clube. Unimos o útil ao agradável : aumento do quadro social e redução de baixas. Em outras palavras, estabilização do quadro social. E muito importante também, a preocupação com a qualidade estará assegurada pois a estabilidade do quadro social aparece como conseqüência natural de um clube mais atuante e globalizado. Numa situação dessas é possível se aplicar a regra de ouro do crescimento do clube : deve aumentar em quantidade até o limite da sua qualidade preservada.

As vantagens para Rotary e, mais importante que isso, os benefícios para a comunidade, serão incalculáveis.

Numa situação ideal dessas é possível entender as palavras de Paul Harris quando escreveu em 1917 :

"O Rotary, mesmo em seus momentos mais ativos, nunca chegou a utilizar todo o seu potencial. Em nenhuma ocasião foi demonstrada a força conjunta de todo o Rotary. Deveremos, algum dia, desferir um sopro gigantesco e a partir de então, saberemos quem somos."

O companheiro James Lacy, presidente do RI deste nosso ano rotário de sonhos e realidades, também se refere a Paul Harris, na sua mensagem de abertura da Assembléia Internacional em março deste ano : " Conhecimento pessoal ( que podemos chamar de companheirismo ou amizade) e prestação de serviços são os ingredientes básicos para obter sucesso...Somente alcançaremos verdadeiro sucesso se transformarmos nossas centenas de conhecidos em verdadeiros amigos. Isso é possível. Como? Através da prestação de serviços...Aprendendo a servir com o coração".

 (Outubro de 1998)

 

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