Já pensou em trabalho
sem retorno...sentido de inutilidade... frustração?
Todo líder rotário, mais dia, menos dia, se sente
“falando sozinho ou com as paredes”. Nessa hora é acometido de sentimentos
expressos no título desta matéria.
É impossível que todos comunguem das mesmas crenças,
objetivos e visões em todo o momento. Outras preocupações e ocupações se
sobrepõem o que resulta em certo descompasso no espaço e tempo. Períodos você
sente que está falando para multidões e momentos depois que está falando
sozinho. Ou com seus botões.
Como consequência, sobrepõem-se momentos de entusiasmo e
de extrema decepção. No Rotary esse fenômeno é comum com qualquer companheiro
que ocupa desde elevados cargos como governador, passando por presidente de
clube até o mais simples presidente da mais modesta comissão. É aí que mora o
perigo! É aí que mora a decepção! É aí que mora o desinteresse! É aí que mora o
pedido de demissão!
Em novembro de 1998, na primeira metade da minha
governadoria ( “Torne Real seu Sonho de Rotary”) tive
a graça ( divina?) de estabelecer um paralelismo a essa situação de angústia
com a Parábola do Semeador. Escrevi na época o que se segue e que me “persegue”
a todo o momento:
“Se o semeador tivesse analisado as
previsíveis perdas de sementes à beira da estrada, sobre as pedras e entre
espinhos, e atendendo ao “bom senso” do mundo atual NUNCA TERIA SAÍDO PARA
SEMEAR. E, hoje, a quantidade de desertos ( de terras,
ideias e ideais) seria, lamentavelmente bem maior. Felizmente ele a fez pela
terra fértil, que mesmo em quantidade reduzida, produziu até cem por um”.
Se bem analisado o que significa nosso lema “Dar de si
antes de pensar em si”?
O que consola é que, no Rotary, isso não é novidade.
Ocorre desde sua fundação em 1905 por Paul Harris. Reproduzo trecho do seu livro “Meu Caminho para Rotary”,
publicado em 1945:
“Era,
para mim, quase uma frustração, o fato de que a maioria dos meus companheiros concebia, como um sonho fantástico a expansão do movimento
rotário através do mundo. Nada é mais desconcertante que o olhar frio e o ar de
mofa de amigos, de quem se espera apoio e colaboração. Compreendi, desde logo,
que eu próprio, com minha ação pessoal, teria que provar a exequibilidade do
meu ideal. Pus-me, pois, ao trabalho de tentar implantar Rotary em outras
cidades do país. O meio único disponível era-me a correspondência. Os alvos
foram os meus colegas dos bancos universitários de Vermont, Princeton e Iowa e os amigos e relações que fiz, durante os cinco anos
de peregrinação aventureira, antes de fixar-me em Chicago. Foi um período longo
de dolorosa expectativa. Sofri desesperanças amargas, alternadas por fases de
vibração e otimismo sem, contudo, poder abandonar o meu trabalho de firmar-me
na profissão.”