SERVIÇOS INTERNACIONAIS ‑ MAIS E SEMPRE

 

"Tomou pois o Senhor Deus o homem, e colocou‑o no paraíso

de delicias para que o cultivasse e guardasse”.

Gen. 2, 15

 

A ocupação crescente do globo é um fato irreversível e quer queiramos, quer não, teremos que aprender a conviver dentro deste mesmo barco, desta nave espacial que é a Terra.

Aliado ao crescente avanço tecnológico, o mundo está se tornando cada vez menor e em conseqüência acentua‑se a interdependência entre as nações do globo.

Rui Barbosa, no seu livro Teoria Política já afirmava que:

"Nos tempos de hoje, com a internacionalização dos interesses nacionais, com a permeação mútua que as nacionalidades exercem umas nas outras, com a interdependência essencial em que vivem umas das outras nações mais remotas, a guerra já se não pode insular nos Estados entre quem se abre o conflito. Suas comoções, seus estragos, suas misérias repercutem ao longo, sobre o crédito, o comércio, a fortuna dos povos mais distantes. É mister, pois, que a neutralidade receba uma expressão, uma natureza, um papel diverso de outrora. A sua noção moderna         já não pode ser a antiga".

Isto posto cada ano que passa torna‑se maior a necessidade de se romper os rígidos esquemas dos limites geográficos e de formar entre os países, grandes grupos de vida e de ação comum nos campos sociais, políticos, econômicos e culturais.

A tendência, pois, é do BEM COMUM UNIVERSAL prevalecer ou predominar sobre o BEM COMUM NACIONAL e este sobre os INTERESSES INDIVIDUAIS.

Em outras palavras se torna cada vez mais urgente a formação de uma COMUNIDADE MUN­DIAL que fundamentalmente depende da continui­dade espacial, existência de serviços básicos comuns e participação numa obra comum. Ou seja a comunidade mundial dependerá de uma ação co­mum de todos os homens usando os mesmos meios e trabalhando para os mesmos objetivos.

            A continuidade espacial tende a ser conseguida pela ocupação física da terra que aumenta dia a dia e pelas crescentes facilida­des de transportes e comunicações. Não estamos longe de sermos aquela "aldeia global" acentu­ando‑se cada vez mais aquela interdependência citada.      

            A existência de serviços básicos comuns é decorrência dessa crescente interdepen­dência política e econômica. São exemplos típicos as criações de organizações como o Mercado Comum Europeu (MCE) a Associação Latino­Americana de Livre Comércio (ALALC) e          mais recentemente a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). E como o mundo é afetado por decisões tomadas por esses organismos internacionais! Haja visto como as decisões de comércio tomadas pela OPEP mudaram totalmente as perspectivas econômicas mundiais.

Devido a esse mútuo envolvimento das nações é mister a participação de todos numa obra comum podendo ser citado, como exemplo, a crescente preocupação das nações pela paz e  melhoria das condições sócio‑econômicas da humanidade.

Acrescente‑se a tudo isto a constante aproximação das nações através das correntes migratórias que proporcionam uma verdadeira e total mistura demográfica e conseqüente assimilação dos valores morais e culturais dos povos envolvidos.

            Jacques Maritain no seu livro 'O         Homem e o      Estado" destaca:

"O fato fundamental é a interdependência, já hoje indiscutível das nações, fato esse que não é garantia alguma de paz, como muita gente por certo tempo acreditou, por querer acreditar, mas antes uma expectativa de guerra. Por que isso? Porque essa interdependência das nações é, por excelência, uma interdependência econômica, não uma interdependência politicamente organizada, desejada e construída. Em outros termos, é por ter surgido essa interdependência em virtude de  processos meramente técnicos ou materiais e não em conseqüência de um processo simultâneo genuinamente político ou racional”.

 

Caros Companheiros...

Por outro lado, o desarmamento bélico é garantia pouco segura duma paz duradoura se não for acompanhada pelo desarmamento dos espíritos em termos de ódio, cobiça e ambição, de predomínio dos homens sobre seus semelhantes. Aquele que une demais a questão da paz com a das armas materiais comete o erro de descuidar o aspecto principal e espiritual do perigo de uma guerra.

            Pio XII numa alocução proferida         nos idos de1942 destacava que:

“A verdadeira paz não é o resultado, por assim dizer, aritmético de uma proporção de forças, mas em seu último e mais profundo significado,uma ação moral e jurídica".

 

Companheiros...

 

O Rotary nos oferece no seu Objetivo uma oportunidade ímpar de nos engajarmos nos trabalhos para essa não‑distante COMUNIDADE MUNDIAL, quando prevê "a aproximação dos  profissionais de todo o Mundo, visando a consolidação das boas relações, da cooperação e da paz entre as nações”.

Sem dúvida alguma, nós, os rotarianos podemos ser os agentes catalisadores para a humanidade atingir essa desejada meta. Temos o privilégio de ter a indispensável continuidade espacial representada por mais de 760.000 rotarianos em aproximadamente 16.300 clubes, em 151 países. Somos unidos por serviços básicos comuns apoiados em nosso Objetivo e traduzidos pelas Avenidas de Serviços. Finalmente participamos duma obra comum no ideal de Servir, participamos duma obra comum no “Dar de si antes de pensar em si".

Por conseguinte, o Rotary espera que cada rotariano adquira uma mentalidade universal:

a) Os seus interesses irão além do patriotismo nacional e compartilhará da responsabilidade para o desenvolvimento da compreensão, boa vontade e paz internacionais.

b) Resistirá a qualquer tendência para agir em termos de superioridade nacional ou racial.

            c) Procurará encontrar e desenvolver bases ­comuns para chegar a um acordo com os povos.de outras nações.

d) Apoiará a ação orientada no sentido de melhorar os padrões de vida de todos os povos, compreendendo que a pobreza em qualquer lugar ameaça a prosperidade em todos os lugares.

e) Sustentará os princípios de justiça, para com a humanidade, reconhecendo que são  fundamentais e de cunho universal.

f) Esforçar‑se‑á sempre para promover a paz entre as nações e estará disposto a fazer sacrifícios pessoais por esse ideal.

g) Promoverá e cultivará um espírito de compreensão das crenças de todos os outros homens, como um passo para a boa vontade universal, reconhecendo que há certos padrões morais e espirituais básicos que, quando pratica dos, assegurarão uma vida mais nobre e  mais completa.

As oportunidades de trabalho são múltiplas e a ninguém é dado o direito de se julgar imprescindível. Talvez tenha chegado o momento exato de sacudirmos a letargia, a insensibilidade e a inércia. É tempo de que todos os bons, todos os solícitos pelo destino do mundo se­ conheçam e cerrem fileiras. Sobretudo é preciso ir além das fronteiras rotárias visando in­cluir outras pessoas que não são rotarianas,envolvendo‑as ativamente nos trabalhos para a efetiva aproximação dos povos .

            Caros Companheiros. . .

Como vocês podem observar a nossa responsabilidade é enorme e as oportunidades         da

compreensão entre os homens de boa vontade de­pendem de nós.

Através da Fundação Rotária temos as Bolsas Educacionais de Pré‑Graduação, Pós.‑Graduação, Treinamento Técnico e Pro­fessores de Excepcionais e Intercâmbio de Gru­pos de EstudoS. A Fundação Rotária depende           do apoio financeiro dos rotarianos. Porém, e o que é mais importante, espera a nossa participação efetiva ajudando a encontrar os melhores candi­datos para as bolsas, proporcionando hospitali­dade aos bolsistas, servindo voluntariamente numa sua sub‑comissão e promovendo seus objetivos e realizações.

Os Serviços à Comunidade Mundial incluem o Emparceiramento entre Distritos ou Clubes, feito em base voluntária onde os rotarianos que estejam colaborando poderão estabelecer amizades duradouras através deste intercâmbio e ampliando as relações entre cidades de diferentes países. Destaque‑se também o Programa de Voluntários de Rotary no Exterior onde os rotarianos têm a oportunidade de compartilhar a sua experiência profissional, tornando‑se úteis ao desenvolvimento do pais que os acolhe.

            O Intercâmbio Internacional de Jovens e Estudantes é um excelente meio de promover a compreensão internacional. Estes jovens atuam como "embaixadores da boa vontade" e além     de,

seus estudos eles aprendem muito sobre a vida do país através dos contatos que são estabelecidos. Ao regressarem aos seus países têm a oportunidade de contar a respeito de suas expe­riências e com isso estreitarem ainda mais os laços de compreensão e amizade entre os povos.

Como podem perceber os companheiros, a nossa instituição através desses projetos vitoriosos não está estática ou alheia aos anseios da humanidade que procura atingir a sonhada condição de uma comunidade mundial.

                E o nosso papel como rotariano dentro do nosso clube?

Nas palavras do Presidente de Rotary International, o brasileiro Ernesto Imbassahy de Mello:

"Cabe a nós, todos os rotarianos, contribuir para dignificar o ser humano, de tal forma que possamos resolver os grandes problemas do ódio, da falta de compreensão e da destruição os quais estão em oposição com os objetivos da vida, amor, compreensão e criatividade.

"Temos de enfrentar com realidade os problemas do nosso tempo, não somente de modo provinciano, mas de maneira global com uma perspectiva do futuro. Os problemas são grandes, mas o homem é ainda maior e capaz de resolver esses problemas e assim fazendo, ele será inspirado a dignificar o ser humano".

A gama de atividades rotárias é enorme e tende a crescer cada vez mais. Multiplicando-as através do que temos em comum, Rotary estará haurindo tesouros no manancial inesgotável de entusiasmo e vibração dos homens de boa vontade. E, sobretudo, estará dando sua inestimável contribuição em prol da paz universal.

Para que tudo isso seja alcançado, Rotary, instituição nossa, conta conosco, mais e sempre.

 

Voltar