O TRABALHO DO ROTARIANO NA
COMUNIDADE
Depois do seu negócio ou do dia-a-dia da sua
profissão, a comunidade é o local onde o rotariano mais tem oportunidades de
praticar o Ideal de Servir. É o local onde pode exercer o Objetivo do Rotary
através do seu terceiro item: " a melhoria da comunidade pela conduta
exemplar de cada um na sua vida pública ou privada".
Na prática, e na
maioria das vezes, "a conduta exemplar" é confundida (no bom sentido)
com uma série de virtudes como a caridade, a filantropia, o assistencialismo e
o paternalismo. A caridade é a maior virtude teologal e está associada à
benevolência, motivada por compaixão e visualizada, muitas vezes, como esmola.
A filantropia implica numa certa dose de dedicação humana e reflete altruísmo
por parte do praticante. O assistencialismo é associado a auxílio e,mesmo
socorro, enquanto o paternalismo lembra a figura paterna quando provedor de
proteção e defesa.
Estas virtudes se não
forem bem exercidas ou não devidamente assumidas, como modo de vida, podem ser
ou se tornar:
1. Forma de massagear o
ego quando leva a auto-conclusão de que sou uma pessoa sensível e muito humana;
2. Oportunidade para
desfrutar emoções passageiras e até se deslumbrar de como é gratificante
"Dar de Si Antes de Pensar em Si. Alguns até exageram e trocam o
"antes" por "sem". Depois de algum tempo, às vezes minutos,
a sensação passa e só deverá retornar no próximo Dia da Criança ou nas festas
do próximo fim de ano; e
3. Forma de mostrar
superioridade (humana e material), ascendência social e até status.
Da parte do
beneficiado, o grande risco que se corre, se o processo não for bem conduzido,
será humilhá-lo.
Em função disso, os
movimentos sociais atuais, e o Rotary não fica à margem deles, propõem uma
alternativa conhecida com SOLIDARIEDADE : qualidade inerente a aqueles que
assumem responsabilidade mútua e interesse recíproco. Dentro desta ótica, todas
as mazelas da comunidade são problemas dela e do próprio Rotary Club que a tem
representada através dos integrantes do seu quadro social. Cabe ao Rotary Club
colaborar no equacionamento e resolução dos seus problemas. Essa colaboração
nunca pode perder de vista, tanto nos macro como nos micro problemas, o
auto-desenvolvimento do ser humano como garantia da sustentabilidade das ações.
Talvez foi por isso que
o Presidente 1996-97 do RI, Luis Vicente Giay, nos desafiou a trabalhar para e
com as Novas Gerações olhando a construção do futuro com ação e visão.
Talvez foi por isso que
o atual Presidente Glen Kinross lançou duas forças-tarefas, uma contra a
pobreza e fome e outra para a alfabetização e aritmética. Em ambas é
fundamental o envolvimento do cidadão-alvo como paciente e, mais importante ,
como agente do seu desenvolvimento.
E então?
Abandonamos, por isso, a caridade, a filantropia, o assistencialismo e o
paternalismo? Lógico que não! Antes de fazer parte do rotariano, essas virtudes
fazem parte do cidadão, e antes dele, do próprio ser humano. O detalhe é que
para o rotariano como rotariano, essas virtudes pouco lhe acrescenta : ainda é
muito pouco pelo que ele representa como líder na comunidade e representante de
sua profissão ou negócio. Por outro
lado, é muito se ele se contenta de, com isso, dormir em paz.
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(Janeiro de 1998)