COLETÂNEA
LITERÁRIA
LUIZ
AUGUSTO BARRICHELLO
(
1913-1994 )
No fim da década de 1920 Papai passou a se interessar pela literatura e, em especial, romancistas, poetas e filósofos. Com relação aos primeiros, seu autor dileto foi Victor Hugo. Nas suas anotações de muitas décadas, relata como chegou a conhecê-lo no ano de 1929. Transcrevo suas observações registradas em julho de 1952:
Como conheci Victor Hugo Freqüentava eu a Escola de Comércio Moraes Barros, de Piracicaba, no ano de 1929, quando um dia encontrei-me com outro aluno da mesma escola, no velho jardim público daquela cidade. E, ali mesmo, na calçada fronteiriça da Igreja de Santo Antonio, debaixo de uma árvore enorme, esguia e de pouca ramagem, começamos a conversar. Nunca pude me recordar do nome daquele meu passageiro amigo, lembrando-me, porém, sempre da conversa que mantivemos e parece-me vê-lo ainda, de terno azul, atravessar a praça, afastar-se e sumir debaixo do arvoredo lateral, depois de olhar para trás e me ver, estático, absorto, no mesmo lugar em que nos havíamos despedido. É que estivéramos falando de romances amorosos e ele me dissera no final da conversa: Eu não... eu não gosto desses romances! Eu só leio romances históricos! É pena que esses romances não são para qualquer um. A maioria não os lê porque não entendem facilmente o que está lendo, escrito. Por exemplo, os livros de Victor Hugo são assim. A gente está lendo, de repente muda completamente, dando impressão até de que faltam folhas. Para explicar uma coisinha de nada, tem 20, 30 ou 50 ou mais páginas. Sei de muita gente que não leu até o fim, não porque os romances eram muito grandes, mas sim pela dificuldade de os compreender. Eu Não! Eu leio tudo, não deixo uma linha sequer, porque esses é que são romances elevados, neles é que se nota a inteligência, a sabedoria e a capacidade do escritor... Aquelas palavras me impressionaram tanto que, meditando sobre as virtudes de tais romances eu fiquei ali imobilizado,encantado! Anos depois, achando-me em Santos, deparei com um livro do misterioso escritor. Não há dúvidas que comprei o volume Os Homens do Mar demorando muito para terminar a sua leitura, uns 19 ano talvez. Mas, me agradava tanto a sua maneira de descrição que eu assinalava todos os trechos, as sentenças, os pensamentos que mais fundo calavam em meu espírito. Mais tarde o reli, e comprei novos volumes do mesmo autor, e tão grande se tornou minha admiração por seus escritos, que em todas as livrarias que eu visitasse, ia logo perguntando: Tem aí algum livro de Victor Hugo? Foi assim que, através de palavras singelas de um amigo anônimo travei conhecimento com as obras de Victor Hugo e aquele meu amigo, no dizer do próprio pensador francês se assemelhou ao humilde lanterneiro que, andando pelas estradas da vida, em noites escuras, iluminava, não só a sua rota, mas também, sem o querer, as coisas que se achavam à margem do caminho. ( 20-06-52) |
CAPÍTULO
1
Abnegação Alma Alruísmo
Amigos Amor Anedotário Anonimato Anchieta Aparência
Aprender aristocracia Arrependimento
Arrufos Arte Árvores Ateu Avareza
Aspereza Ateu Avarento Avante Avô
CAPÍTULO
2
Barcos Beijo Beleza Bem Bênção
Beneficência Bias Bíblia
Bocage Bondade Buda Bravura-
CAPÍTULO
3
Calúnia - Canalhas Capricho Caráter
Caridade Casamento César Chaplin
Ciência Cigarra Cisnes Citação
Cólera - Compaixão - Comparação -
Compreender - Comunismo Condenação
Confúcio Conhecimento Conselhos Consciência
Conta e Tempo Coração Correção
Crer Criança Cristo Crueldade Culpa - Cultura
CAPÍTULO
4
Defeitos Democracia Derrota Desconhecido
Descuido Desepero
Desigualdade Desilusão Deslumbramento
Despedida Desprezo
Destruição Deus Dever
Direito Disraeli Distância Dizer
CAPÍTULO
5
Educação Egoísmo
Ensino Erro escravidão Esmola Esperança
Esquecimento Estátuas Estoicismo
Eternidade Excomunhão Exemplos - Expriência
CAPÍTULO
6
Fama Fatalismo Favor Fazer o Bem Felicidade
Feras Filhos
Fingimento Flores Fogo Fome Formosura
- Fraqueza Futuro
CAPITULO
7
Ghandi Glória Governo Gratidão
Guerra Hipocrisia Homem Honra Ideal Idéia
Ignorância Ilusão Império
Imprensa Imprudência Incontestével Infância
Infelicidade
Ingratidão Inimigo Injúria
Inocência - Inovação Ira Irritação
Insurreição Intenções Inteligência
- Inveja
CAPITULO
8
Jesus José Américo de Almeida
José Juramento Justiça Juventude Kipling Lar
Ladrão Lágrimas - Lealdade
Lei Lembrança Liberdade Lisonja Livros Loucura Luxo
Luz
CAPITULO
9
Mãe Mal Maldade Manoel Bandeira
Maldição Maldizentes
CAPÍTULO
10
Mãos Mar Mediocridade Medo
Memória Mendigos Mentira Miséria Mocidade
Moradia Morte Mulher Mundo Música
Nada Natal Necessidade
Nobreza Nulidade Obediência Ociosidade
Ódio Olhos
CAPITULO
11
Opinião Pública Oração
Pai Palavra Parar Pátria - Paulista Pecado Pensamento
Perdão Pérolas Perfeição
Perseverança Perversidade Pítaco
Plágio Pobreza Pobreza de Espírito Poderio Poesia
Política Posteridade
Prazer Preguiça Presunção
Problemas Profetas Prosperidade Provérbio Povo
CAPITULO
12
Pureza Querer Razão Realização
Reencontro Relógio República Renúncia Reputação
Respeito Retrocesso
Revolução Ricos Rosas
Rui Barbosa Santidade Saudade Santidade Semeador
CAPITULO
13
Servir Silêncio Simpatia Simplicidade
Sinseridade Sócrates Sofrimento
Solidão Sólon Sombra Sonho
Sorriso Suicídio Suspeita Tirania Tolice
Trabalho Trevas Vaidade Velha de Siracusa
Velhos Verdade Viagem Vícios Vida
Vigilância Vingança Virgem
Maria Virtude